Os vampiros que se mordam escrita por Gato Cinza


Capítulo 20
Prisioneira de loucos




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Bonnie esperava arrependimento, autocensura ou raiva de si mesma, mas não conseguia sentir nada disso, olhava para o teto tentando ajustar as ideias. Como podia estar tão envolvia com uma pessoa á quem ela sempre teve certeza que odiava, depois foi forçada á uma convivência que os tornou amigos. Amigos, ela até podia ser amiga dele sem causar problemas, afinal desde que se conheceram a história deles se resumem á brigas e alianças para salvarem a Elena... Elena, como será que a sua melhor amiga estava agindo com o fim do namoro?

Seu celular tocou em algum lugar no chão. Se perguntando como o aparelho foi parar no chão ela se levantou. Ouviu um suave tinir metálico e o braço de Damon se ergueu com o dela.

– Não acredito nisso.

Olhou para a algema que a prendia á Damon, não sabia se gritava ou se tentava se soltar. Ao ver o sorriso nos lábios do vampiro, resolveu que ia mata-lo primeiro:

– Por favor, me diga que isso é algum tipo de fantasia sexual ridícula.

– Te prender na cama nua... não é má ideia.

– Damon me solte, agora.

– É para sua segurança.

Bonnie abriu a boca sem saber o que falar. Como assim para a segurança dela, desde quando ficar presa á um vampiro era seguro?

– Acha que sou estúpida de sair por ai, sozinha, com um maluco atrás do meu coração? Sinto em te decepcionar, Damon, mas não sou nenhuma donzela inofensiva idiota que fica a espera de um herói. Agora seja bonzinho e me solta.

Damon sorriu e a puxou novamente para a cama.

– Por que tanta presa, minha companhia é tão desagradável assim?

Bonnie tentou causar um aneurisma nele, mas para sua surpresa não funcionou.

– O que fez comigo?

– Pedi á Jo um suvenir do clã gemini, uma algema para bruxas.

Irritada a bruxa, debilitada, mordeu a mão de Damon com força bastante para fazê-lo sangrar. Damon puxou a mão com força para se livrar dos dentes humanos e perigosos da bruxa, se ele não fosse um vampiro e pudesse se regenerar, ficaria com um pedaço da mão faltando e uma cicatriz bizarra.

– Ficou doida?

Limpando o sangue do vampiro da boca, ela não respondeu. O celular voltou a tocar.

– Preciso me vestir, Damon. Não podemos ficar o dia todo na cama sem roupas.

– Podemos sim.

– Preciso comer e você beber sangue.

– Desculpe, Bonnie, mas vai ter que tentar outro argumento.

– Preciso ir ao banheiro.

Damon ia responder que podiam tomar banho juntos, mas pelo olhar de Bonnie entendeu que não era isso que ela queria fazer no banheiro.

...

– Por que o Enzo está te ligando? – Damon perguntou assim que ela saiu do banheiro, limpa e vestida.

– Enzo? como vou saber por que ele está me ligando se não o atendi ainda?

Bonnie pegou o celular no exato momento em que ele tocava novamente.

– Boa tarde, Enzo.

“Que demora, achei que tivesse com problemas”

– Estava meio presa – disse ela olhando para Damon – O que aconteceu?

“Problemas com sua amostra de sangue, preciso de mais”

– Que tipo de problema?

“Problema no transporte, o sangue coagulou e agora é inútil”

– Vou resolver isso, e tente não matar ninguém enquanto estiver ai

O vampiro estalou a língua e encerrou a ligação. Damon que ouviu tudo sem entender nada pediu explicações sobre o que Enzo estava fazendo com o sangue dela, Bonnie explicou que estava usando o sangue dela para fazer uma cura permanente para o vampirismo, mas que até agora não tiveram muito sucesso.

– Como assim produzir uma cura?

– Quando voltei do mundo prisão trouxe comigo á cura. Usei magia e ciência para fazer um soro e tomei. Agora meu sangue é literalmente a cura para o vampirismo. Enzo está buscando um meio criar a cura á partir do meu sangue.

– Enzo quer ser humano? – perguntou Damon cético.

– Claro que não. Mas há dezenas de vampiros que querem voltar a ser humanos e Enzo resolveu me fazer cumprir a promessa de que eu ajudaria as pessoas á se curarem, pelo menos aqueles que quiserem.

– Á quem fez uma promessa idiota dessas?

Bonnie baixou a cabeça. Podia mentir ou ignorar a pergunta de Damon. Entretanto respondeu objetiva e sincera:

– Liz Forbes me procurou quando soube que eu tinha a cura para o vampirismo, mas não queria para si, antes de matá-la prometi que encontraria um meio de fazer com que todos que quisessem ser curados do vampirismo voltassem a ser humanos.

– Mata-la?

– Enzo disse a Liz que eu tinha a cura do vampirismo, ele esperava que a xerife tomasse a cura e morresse de câncer como deveria ser. Mas Liz não queria desperdiçar a ultima dose de cura para morrer algumas semanas depois. Ela pediu que eu a matasse de modo rápido e sem dor. Enzo estava presente e quando Caroline apareceu ele pegou o coração da xerife e assumiu a culpa.

Agora fazia sentido Bonnie ser a única quem não julgara Enzo e que de certo modo o defendia das acusações. Caroline havia tentado matar Enzo varias vezes desde então. Enzo “confessara” que a xerife havia o mandado mata-la por que ela não queria ser vampira sentindo á dor eterna de estar morrendo e nunca morrer. Damon levou semanas para poder voltar a conversar com Enzo novamente sem se lembrar do que ele havia feito. Para todas as outras pessoas Liz havia morrido por causa do câncer, saber que era a Bonnie...

– Mas por que Enzo fez isso?

– Pela Caroline, por que mais? Como ela agiria se soubesse que a mãe procurou sua melhor amiga para que a matasse? Odiar Enzo doeria menos nela que saber a verdade. Para compensar ele resolveu me perturbar para que eu cumpra minha promessa á Liz.

– Encontrar uma cura para os vampiros. Por que não me disseram isso?

– Por que quando aconteceu você estava ocupado tentando fazer a Elena reviver o passado que ela fez Ric apagar, Stefan estava consolando a Caroline e Matt estava meio paranoico em se manter longe de seres sobrenaturais. Só me havia sobrado Enzo para me ajudar. E concordamos que seria melhor se ninguém além dele e eu soubéssemos.

– Melhor para quem?

– Damon, faz ideia de quantos vampiros não querem uma cura? Imagine se isso se espalhasse e as pessoas erradas ouvissem? Não seriam apenas vampiros, mas seriam lobisomens, bruxas, caçadores e humanos atrás da cura ou de impedir a cura. Enzo e eu estamos trabalhando em segredo á quase um ano e deve continuar assim.

Emburrado Damon concordou que manter segredo era melhor, e Bonnie o fez jurar que aquela conversa não sairia dali, apenas eles deviam saber para evitar caos como houve na primeira vez em que a cura foi mencionada anos antes.

– Tem mais algum segredo que precise me contar? – perguntou de má vontade

– Não que eu me lembre.

Bonnie fez menção de sair do quarto, mas foi puxada por Damon que a beijou novamente a levando para cama.

– Pare com isso, Damon... estou com fome...

– Eu sei, posso ouvir seu estomago roncar.

Antes que Bonnie respondesse ao comentário dele, ouviu-se um click.

– De novo, não – ela ergueu o braço preso novamente ao braço de Damon – Achei que tivéssemos concordado que não vou sumir.

– Eu confio em você Bonnie, confio mesmo. Mas não acredito que não vá fazer nenhuma...

O vampiro parou de falar ouvindo algo no andar inferior.

– O que? – sussurrou Bonnie irritada por não ter mais aquela habilidade de ouvir á longa distancia.

– Tem alguém na casa.

– Stefan?

Ele apenas negou lentamente com a cabeça a ajudando se levantar da cama. Desceram juntos, Damon teria descido em um piscar de olhos agora que tinha seu corpo de vampiro novamente, mas por estar algemado á Bonnie ele preferiu caminhar devagar tentando ouvir quem estava lá em baixo, irritantemente á pessoa tinha respiração suave ou talvez não respirasse.

– O que está ouvindo?

Bonnie estava imaginando se aquela cena, onde dois dos sobrenaturais mais fortes da cidade estavam andando pé por pé na mansão ás três da tarde de sábado, não pareceria uma coisa ridícula se a vida deles fosse um filme de terror.

– Só escuto tambores – respondeu o vampiro – Abafados e ritmados tambores.

A bruxa parou no meio do hall, só conhecia uma pessoa que parecia que fazia barulho de tambores quando estava em completo silêncio. Olhou para os lados atenta e perguntou:

– Por que nunca bate na porta como uma pessoa normal?

Damon ouviu a voz indiferente que veio da cozinha:

– Por que não sou normal. E vocês estão encrencados.

Ao entrarem na cozinha acharam Mina sentada á mesa com um livro – como sempre – e as panelas, pratos, copos, conchas e talheres indo de um lado para o outro. A mesa estava se arrumando sozinha.

– Te ouvi dizendo que estava com fome, Bonnie. Espero que goste de ovos mexidos e café. Sentem-se a cozinha termina as coisas sozinhas.

Bonnie ainda olhando para as coisas flutuando de um lado para o outro, sentou-se diante da ruiva apavorante, Damon sentou ao seu lado, sem perder a chance de provocar disse:

– Quero suco de laranja e panquecas com cauda de sangue.

A geladeira e os armários se abriram fazendo as coisas voarem na direção da pia, balcão e fogão.

– Não tem laranjas, Damon, vai ter que se contentar com café – comentou a ruiva virando a página.

Mina terminou de ler o capitulo em silêncio enquanto o casal impaciente faziam perguntas á si mesmos, aos poucos seus pratos foram servidos. Então a ruiva fechou o livro e foi direto ao assunto:

– Quem foi que deu permissão para vocês quebrarem o feitiço?

– Nem sabíamos como desfazer o feitiço, apenas aconteceu.

– Aconteceu? Bonnie, faz ideia do risco que vai correr agora?

– Quer saber Mina, eu não sei se realmente corro perigo com Q’rey, até agora é você quem tem me causado problemas, me enfeitiçado e me perturbado.

A ruiva abriu a boca para discutir, mas mudou de ideia e deu apenas um de seus sorrisos bizarros.

– Quer saber por que ele não está se dando ao trabalho de te perseguir pela cidade com flores e sei lá o que? Ele não precisa disso, ele já conseguiu de você que queria, agora só precisa te preparar e deixa-la imortal.

– Conseguiu? Achei que ele queria me conquistar.

Mina se levantou, suspirou longamente e entrou em combustão. O casal esperava que ela sumisse, mas em vez disso ela mudou de forma. Na frente deles apareceu uma copia idêntica de Él-Lir Q’rey. “Ele” estendeu a mão para Bonnie que automaticamente se levantou como se estivesse hipnotizada por sua presença, quando percebeu que estava presa á Damon, deu um puxão que o fez cair da cadeira. Mina deu um passo para trás fazendo com que a bruxa tentasse se soltar de Damon para tocar na imagem do bruxo. Então “ele” entrou em combustão e voltou á ser Mina. Bonnie piscou confusa, perturbada com rua própria reação, perguntou acusadora o que a ruiva havia feito com ela.

– Você é uma bruxa, Bonnie, não possuo nenhum poder sobre bruxas de nenhum tipo, logo eu não fiz absolutamente nada com você, apenas mudei de forma e você reagiu ao que viu como foi programada para agir.

– Ela foi programada? Por quem? – interrogou Damon impaciente.

– Por quem mais? Él-Lir – o olhar zangado de Bonnie fez a ruiva rir – Não me olhe assim, garotinha, foi você quem me chamou aqui, agora seja paciente e escute.

– Não me chame de garotinha, projeto de Rumplestiltskin. Te chamei aqui por que Damon achou que posso estar com problemas por termos quebrado o seu feitiço de trocas e não para me perturbar com... Q’rey.

– Rumpelstichen? Eu lá pareço ser irlandesa? E pela sua reação ao ver Él-Lir eu posso confirmar com 99% de certeza que você está com problemas.

Bonnie revirou os olhos voltando a comer, embora tivesse perdido por completo o apetite com a pequena demonstração de Mina sobre o controle que Q’rey exercia sobre ela, não ia ficar sem se alimentar.

– Como ela foi “programada”? – Damon questionou ignorando o repentino mau humor da bruxa morena.

– Psicologia comum. Quando Bonnie me vê ela já espera alguma surpresa desagradável ou uma noticia bizarra e ruim, por que eu somente causo problemas para ela. Quando ela vê Él-Lir ela se sente bem porque tudo que sabe sobre ele são as coisas que eu falo e o pouco tempo de convivência entre eles, foi o bastante para que ele a fizesse se sentir feliz.

Bonnie riu.

– Ele me programou para gostar dele me fazendo ficar feliz?

– Sim. Vocês humanos são fáceis de manipular, se eu tivesse tempo e disposição teríamos nos tornado boas amigas antes que eu começasse a te usar para meus planos. Mas tempo é algo que não tenho. Por isso te coloquei no corpo do vampiro, um toque em Él-Lir seria reduzida á cinzas, ficaria longe dele mesmo que não quisesse.

– Sabia do efeito que ele causa em mim e me colocou no corpo de um vampiro, mesmo sabendo que podia morrer?

– Achei que tivesse deixado claro que sua vida não me interessa. De qualquer modo agora que é mulher novamente, tome cuidado. Um passo em falso e te mato. Mais alguma pergunta?

Damon trocou um olhar com Bonnie. A bruxa parecia mais zangada com Mina do que amedrontada pela obvia ameaça que a ruiva representava, e os três sabiam que não tentariam nada contra ela á curto prazo, não sem saber o que podia afetá-la.

– Como mato Q’rey? – perguntou ele de repente.

Mina ergueu a sobrancelha e sorriu.

– Separando a cabeça do corpo.

– E por que você ainda não o matou?

– Por que ele é protegido por uma barreira mágica que me impede de chegar á dez metros dele sem ser eletrocutada. Por que ele está com o Livro Luz, uma fonte ilimitada de poder. Por que da última vez que o matei ele se levantou e me mandou para a Groelândia. E por que para mata-lo eu preciso do Livro que ele roubou.

– Do livro? Não disse que é preciso apenas arrancar a cabeça dele?

Mina assentiu. Abriu a bolsa e começou a tirar objetos de dentro, livros, uma ampulheta, um chakkar, uma lança indígena, um par de sais, mais livros, uma frigideira, velas, uma caixa de metal, frascos de vidro com líquidos coloridos, uma estaca e uma pequena pedra branca parecida com as que se encontra na margem de um rio.

– Por que tem uma frigideira na bolsa?

Damon olhou para Bonnie com ar incrédulo.

– Ela retirou praticamente um museu da bolsa e está interessada na frigideira?

– Eu entendo ela carregar armas, livros, poções e canalizadores. Mas por que uma frigideira se ela nem cozinha?

– Frigideiras são ótimas para bater na cabeça das pessoas – informou Mina fazendo um circulo em volta da pedrinha – Arată-mi Cartea de Lumina.

A pedra se incendiou produzindo uma fumaça verde que ganhou forma, viram um livro dourado cujas letras nas paginas pretas brilhavam como brasa, depois Q’rey. Mina acenou para ele e a imagem desapareceu.

– É difícil espia-lo sem que ele me veja. Se ele se distraísse eu poderia achar o Livro, aquele livro não devia existir, devo destruí-lo também.

– Se aquele livro não devia existir por que existe?

– Por que meu bisavô era escriba, ele tinha a ambição de reunir toda magia do nosso povo em um livro. Infelizmente para mim, ele conseguiu. O livro foi passado á meu avô, depois á meu tio e quando meu tio morreu eu herdei as responsabilidades da família. Culpa do meu tio, se ele tivesse se casado ou pelo menos tido filhos eu não seria responsável por nada além de mim mesma... Mais alguma pergunta?

– Como é que sabe tanto sobre ele? De onde se conhecem? Quem são vocês dois exatamente? – questionou a bruxa olhando a ruiva guardar as coisas em sua bolsa.

– Él-Lir pertence a uma raça poderosa de seres sobrenaturais que eram eternos. Mas o povo dele era ganancioso e sempre queriam mais do que já tinha, viviam em discórdia e suas guerras por poder acabou por extermina-los. Él-Lir era jovem quando os seus semelhantes deixaram de existir, então ele vagou em busca de outros como ele. O mais perto que conseguiu encontrar foi meu povo, não somos semelhantes á ele, mas temos a mesma fonte de poder. Él-Lir me conheceu quando eu ainda era criança e me ensinou sobre a magia do povo dele e contou historias. Cresci ao lado dele aprendendo e o ensinando, até que um dia ele me pediu em união eterna. Eu aceitei.

– Foi casada com ele? – Bonnie interrompeu, incrédula

– Mais ou menos isso. Él-Lir sempre me dizia que seriamos imortais quando fossemos um só, que teríamos mais poder que qualquer criatura viva e poderíamos ser regentes supremos de meu mundo. Imortais. Até o último minuto eu temia pela minha escolha, ele me jurou seu amor eterno e eu devia fazer o mesmo... Quando o ritual de união fosse encerrado seriamos imortais, então em vez de fazer o juramento de amor eterno e dar a ele meu coração eu arranquei o coração dele e congelei seu coração, caímos os dois em sono profundo. Ouve um acidente e El-Lir acabou acordando. Ele matou centenas entre meu povo e quando não tinham mais esperança para se salvarem, minha irmã me despertou, o confrontei e descobrimos que nosso Elo ainda existia. Éramos imortais. Passei os últimos sete anos estudando meios de matar um imortal. Infelizmente eu não fui a única que estudei, Él-Lir descobriu que se eu estava viva era por que ainda estava com o coração dele. Tentou recupera-lo várias vezes e não teve sucesso. Quando compreendeu que ter o coração de volta não seria possível ele fez seus planos. Conseguir outro coração. Mas entre meu povo ninguém seria idiota de ama-lo, assim sendo ele viajou para um mundo distante onde as pessoas não eram tão diferentes de nós, onde haviam pessoas que usavam magia. E há quatro anos ele tenta achar um coração que o aceite, mas a magia do povo dele é poderosa demais para as bruxas-humanas, nem todas tem a capacidade de suportar as sombras e o fogo ao mesmo tempo...

– Então ele conheceu a altruísta Bonnie Bennett capaz de fazer qualquer monstro sem coração se apaixonar – prosseguiu Damon – Mas por que ele pensa que ela é capaz de suportar o que outras bruxas não foram capaz?

– Simples, Bonnie já salvou muitos á custo da vida de outros. Já se sacrificou e foi sacrificada. Já esteve entre os mortos e retornou. Conhece as trevas e a luz. O fogo e as sombras. Ela pode ser imortal e sobreviver sem o coração.

O casal mais uma vez trocou um olhar duvidoso, era difícil saber se a ruiva mentia ou não, Bonnie não queria falar de Klaus na frente de Damon, mas não encontrou outra opção.

– Se está com o coração de Q’rey por que pegou o coração do imortal?

– Não estou com o coração de Èl-Lir, eu o destruí. Mas ele tem uma fonte interminável de magia que o permite estar vivo. Sem um coração eu precisava de outro para continuar viva.

– Você não tem coração?

Ela deu de ombros.

– Não. Él-Lir arrancou meu coração quando nos encontramos após o despertar, então usei o coração dele até pouco tempo atrás quando encontrei outro coração.

– Que criatura vocês são que vivem sem coração? – Damon perguntou confuso.

– Somos seres mágicos que usam uma fonte ilimitada e instável de energia.

– Calor – concluiu Bonnie – Por isso sinto frio quando estou perto de você e por isso quase nunca aparece a noite.

E Mina estava sempre se incendiando ou colocando fogo nas coisas.

– Mais alguma pergunta que não seja á meu respeito?

O casal não tinha mais nenhuma pergunta a fazer para a bruxa ruiva. Mas ela tinha ainda o que perguntar a eles.

– Por que estão algemados?

– Essa é a ideia de Damon para que eu não saia de perto dele. Me prender á ele e tirar meus poderes.

– Isso não vai dar certo – ela comentou rindo.

...

– Ela é louca – disse Bonnie minutos depois, quando Mina desapareceu – E perigosa.

– Concordo. Ela é louca, perigosa e ainda acho que diz a verdade.

– Por que tem tanta certeza que ela não inventou toda essa história apenas para justificar o fato de ser maluca?

– Por que ela não faz sentido nenhum. Em todos meus quase duzentos anos de existência, ela é única pessoa sem lógica e que ainda assim não parece ser um mentiroso compulsivo.

– Mentiu sobre a troca de corpos.

– Tecnicamente não mentiu, ela nunca disse que não tinha feito nada. Disse apenas que não sabia reverter e talvez não saiba, mesmo.

Bonnie revirou os olhos dando um puxão no braço para obrigar o vampiro a andar.

– Poderia pelo menos parar de defendê-la já que teremos que ficar presos.

Damon parou e puxou Bonnie para si.

– Não gostei nada do modo que ficou quando viu a cópia do Q’rey.

– Oh! está com ciúmes?

Damon sorriu e a beijou. Bonnie então deixou toda sua cisma e irritação com a visita de Mina, prá lá. Enlaçou o pescoço de Damon e se deixou levar pelo breve momento de tranquilidade que ele podia lhe proporcionar. Línguas e mãos tinham movimentos livres naquela troca de desejo, ouviram um arfar...

– Elena! – disseram juntos ao verem na porta a vampira que os olhava chocada.


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