Metamorfose Mortal escrita por Pégasus


Capítulo 1
Capítulo 1




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Gaia dormia profundamente, perdida em bons sonhos os quais não se lembraria pela manhã. Então ela acordou assustada com o despertador do celular gritando e preenchendo o silencio do quarto. Sentou-se na cama e olhou em volta desnorteada, pegou o celular e desativou o despertador, mexeu nos cabelos negros e ondulados que iam ate os seios, olhou para seus pés por um instante, observando sua pele pálida. Sempre que acordava listava as coisas que não queria fazer durante o dia e as que teria que fazer. “coisas que eu não quero fazer “ começou ela “ ir para a escola. Coisas que eu vou ter que fazer: Ir para a escola". Ela escovou os dentes e penteou os cabelos, colocou uma calça jeans que já não estava muito justa e pôs a blusa da escola, seu pai a esperava no carro, ela entrou no carro sem dizer uma palavra para seu pai do inicio ao fim do percurso. Haviam 4 pessoas morando na casa de Gaia, mas nenhuma delas se falavam, nem seu pai nem sua irmã, nem a própria Gaia, exceto pela sua mãe que conversava com todos, ate que Gaia decidiu parar de falar com ela pois a culpava por não se importar com a dor que sentia dentro do peito todos os dias, essa era sua forma de gritar para que fosse notada. A família de Gaia estava quebrada, e ela aprendeu a se acostumar com isso.

Gaia estudava em uma escola federal de ótima infraestrutura, só lamentava pelas pessoas que estudavam lá não serem tão ótimas assim. Chegando em sua sala, sentou na ultima carteira do fundo encarando a janela e com fone de ouvidos, haviam poucas pessoas na sala, já que faltavam 10 minutos para a aula começar de fato, os alunos chegavam enquanto os minutos passavam, cada grupo ia se formando a medida que os alunos iam chegando, e Gaia continuava ali, sentada encarando o mundo do outro lado da janela. Quando o professor finalmente chegou a sala se organizou, Gaia geralmente não prestava atenção em nada e por isso suas notas vinham se afundando de uns tempos para cá, mas ela não se importava. O professor de física passou a matéria no quadro e a explicou, olhou para Gaia perdida em pensamentos enquanto explicava.

- Gaia - Ela o encarou quando ouviu seu nome - Pode me dizer quando a aceleração de um corpo será nula?

- Claro, será nula quando a velocidade for igual à zero ou constante.

Ele ficou em silencio.

- Suas notas tem caído muito nos últimos bimestres, mas eu acredito que isso seja por que você quer. A partir de hoje você sentará nessa primeira carteira aqui, e irá participar da aula queira ou não.

Gaia olhou indignada, ela sabia a resposta certa, não fazia ideia de por que isso era necessário, mas saiu de seu lugar e sentou onde o professor mandou. Odiava sentar na frente, era como se estivesse no centro de mundo aonde não tinha privacidade. Enquanto o professor terminava de fazer a chamada uma menina gritou:

- Gaia, abaixa a cabeça ai!

Gaia olhou quem era Julia, uma garota que ela não fazia a mínima questão de ter em sua lista de amigos por razões compreensíveis. Julia fazia parte do trio parada dura da sala, ela e suas outras duas amigas adoravam falar mal das outras pessoas da sala quando não estavam por perto, sem falar que quando se juntavam com os garotos babacas da sala, os apelidinhos saiam da base covarde e eram usados para atingir as pessoas diretamente.

- Não, por que você não levanta a sua? - respondeu.

Ela não podia ver a expressão da garota após essa resposta, mas Julia olhou para sua amiga e revirou os olhos " odeio essa garota" Julia comentou baixinho com a amiga do lado.

Enquanto tudo isso acontecia, Luz observava de forma admirada o pequeno dialogo entre Gaia e Julia. “essa garota não tem medo de nada” pensava, Luz era o tipo de garota ofuscada da sala, que não se enturmava muito, ainda assim, se enturmava mais que Gaia, pelo simples fato de que Gaia não se enturmar com ninguém. A aula acabou e Luz guardou seu material e se levantou para ir atrás de Gaia, acreditando que ambas tinham um inimigo em comum, mas Gaia já havia sumido da sala antes que percebesse.

Gaia desceu ate o jardim de sua escola e sentou em um dos bancos mais isolados, ela tinham mandando uma mensagem para Kyle indicando aonde estava e logo ele apareceu e sentou a seu lado

- Você esta com uma cara ótima, Gaia, que horas foi pra cama? Duas?

Gaia lhe deu um olhar serio. Então Kyle a abraçou

- Seu sorriso me tira o folego – Disse ele ironicamente

- É por isso que eu não sorrio.

- Hum, argumento invalido, você é a pessoas mais sorridente do mundo, menos pela manhã.

- Eu sou infeliz o dia inteiro, você não sabe nada de mim.

- É mesmo? – Ele começou respirar perto do ouvido de Gaia, que se contorceu sentindo os nervos em seus ossos, ela riu. – Você esta infeliz agora?

- Sim – Ele a agarrou e beijou seu pescoço sentindo que aquilo era uma afronta. Gaia se contorceu ainda mais, sem conseguir evitar rir por completo.

- Sua infelicidade me comove.

- Estou chorando por dentro.

- Você é tão falsa e orgulhosa.

- Você é tão babaca

- Ok, vou embora – Gaia segurou seu braço enquanto ele se levantava

- Fique, por favor, só mais 5 minutos – Ela disse com uma expressão seria. Ele se sentou novamente, Gaia colocou a cabeça em seus ombros e Kyle a massageou.

- Como estão as coisas em casa? – Perguntou ele.

- Do mesmo jeito de sempre

- Você devia falar com sua mãe.

- Talvez um dia.

- Nenhuma mãe merece isso, Gaia.

- Não há nada que eu posso fazer.

- Não há nada que você queira fazer – corrigiu Kyle

Gaia pensou um pouco

- Exatamente. Nem toda família é dócil como a sua, nem todas as pessoas nascem sortudas assim como você, mas ha pessoas piores, por isso não reclamo.

Kyle nunca sabia como ajudar quando o assunto era esse, não conseguia imaginar como era viver na casa de Gaia, então os dois continuaram ali parados em silencio, ate que o sinal batel, e eles voltaram para sala.

***

Rosa, sempre arrumava o quarto da filha quando ela saia para a escola, mas ultimamente ela esperava Gaia sair para poder procurar algo bem especifico. Já fazia algumas semanas que varias laminas ensanguentada foram encontradas no quarto de Gaia, vários remédios na cozinha haviam sumido também, e estava mais que obvio que Gaia estava tentando se matar, mas Rosa não sabia como lidar com isso, afinal de contas a filha nem olhava em sua cara a algumas semanas. Então sofria em silencio com todas aquelas laminas nas mãos.


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