Eu, você e elas escrita por Lola Carvalho


Capítulo 10
A Bronca


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!
Esse é meu capítulo favorito :3



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– Senta aqui, vamos conversar - Lisbon disse

– Mãe, olha, eu sei que foi errado o que eu fiz, mas-

– Violet, calma - Lisbon a interrompeu - Não vou ficar brava com você até eu entender toda a história. Me conta o que aconteceu - Violet respirou fundo

– Começou com uma brincadeira de desafio, na hora do intervalo. Eu e a Charlie ainda não tínhamos sido desafiadas, mas ninguém tinha percebido. Isso foi até o dia que teve prova de matemática, e eu me recusei a passar cola para uma menina. E então, no intervalo, ela desafiou eu e a Charlie a beijarmos o Eric e o Brandon, só que na mesma hora que ela falou, o sinal tocou e a gente teve que voltar para a sala. Aí ela mandou mensagem no grupo do WhatsApp da sala dizendo que a gente ia ter que cumprir o desafio no dia seguinte. A Mary ficou falando um monte na nossa orelha, e eu sei que a Charlie não queria fazer isso. Eu também não queria. Então a gente foi pra escola com a mãe da Mary. Ela entrou e eu e a Charlie ficamos lá fora conversando. Quando ninguém estava olhando pra gente, nós fugimos e fomos para o seu trabalho.

– E então o Jane levou vocês para a escola, e vocês nem sequer pensaram que isso não era uma boa ideia? Por que você não me contou?

– Nem deu tempo! - ela argumentou - E não é como se nós conversaremos sobre essas coisas, também...

– Filha, você pode conversar sobre tudo comigo.

– Não é o que parece as vezes.

– Como assim?

– Toda vez que a gente toca em algum assunto mais pessoal, você faz questão de mudar de tópico , ou encerrar a conversa.

– Quando foi que eu fiz isso?

– Toda vez que eu falo sobre o papai ou o tio Patrick, por exemplo.

– Mas isso diz respeito a mim. Como isso pode interferir na sua vida?

– Oras! Se você não confia em mim, como você quer que eu confie em você?

"Droga!" Lisbon pensou. Violet tinha razão. Como ela esperava que a filha tivesse um comportamento, que ela não havia ensinado?

A morena respirou fundo.

– Você está certa. - ela abraçou a filha - Desculpe.

– Tudo bem...

– Eu ainda estou brava com você - Lisbon esclareceu - Mas vamos combinar uma coisa?

– O que?

– Vamos contar tudo uma para a outra daqui para frente, ok?

– Combinado.

– Então, me conte: Você gosta desse menino... Qual é o nome dele mesmo?

– Brandon Johnson. Foi ele que eu beijei. Mas eu não gosto dele... Quero dizer, ele é bonito, e gosta de mim, mas eu não sei...

– Entendo... Você não deve se sentir pressionada a gostar de alguém que você não gosta, só porque os outros acham que você deve gostar.

– Eu sei - a menina sorriu - Eu gosto mesmo do Aaron.

– Aaron? Aquele que veio aqui em casa fazer trabalho com você?

– Ele mesmo… - Violet suspirou - Mas, vamos lá, agora é a sua vez.

– Está bem. O que quer saber?

– Primeiro: Como foi que você e o papai se conheceram?

– Mas eu já te contei sobre isso

– Eu quero detalhes!

– Está bem… - Lisbon respirou fundo - Eu tinha mais ou menos a sua idade, tinha acabado de entrar em uma escola nova. Foi logo depois que sua vó morreu. Eu tinha que cuidar da casa e dos seus tios, por isso quase não tinha tempo para fazer nada. Era ir para a escola e depois voltar direto para casa. Até que um dia um menino que eu nunca nem tinha reparado veio falar comigo quando eu estava saindo da escola…

“ - Olá! Você é a Teresa, não é?

– Sim, quem quer saber? - ela respondeu ríspida

– Joshua Davis - ele estendeu a mão para a morena - É um prazer.

– O prazer é meu - respondeu com educação

– Sabe, eu estava te observando…

– Me observando? - ela o interrompeu

– É, eu… Estava pensando se, talvez, você e eu pudéssemos ir ao cinema qualquer dia desses…

– Ah… Desculpa, mas… Eu não tenho tempo para essas. coisas- ela respondeu e saiu correndo”

– E aí, o que aconteceu? - Violet perguntou animada

– Bem… Eu achava que isso era uma brincadeira de mau gosto. Mas todos os dias, na hora do intervalo, ele vinha falar comigo…

“ - Sabe, não é nada educado deixar uma pessoa falando sozinha e sair correndo. Sua mãe não te ensinou isso?

– Desculpe. Mas minha mãe me ensinou a não falar com estranhos - Joshua riu

– Isso você aprendeu bem - ele brincou

– O que você quer, afinal?

– Já disse. Quero ir ao cinema com você.

– Olha, um monte de coisas estão acontecendo na minha vida agora, então, se você me der licença, eu não tenho tempo para brincadeirinhas”

– E mesmo assim - Lisbon continuou contando - todos os dias ele vinha falar comigo. Até que viramos amigos…

“ - Por que não veio ontem a escola? - ele perguntou

– Por nada. Só estava cansada…

– Cansada de quê?

– De… Nada. Deixa para lá.

– Olha, se você tem tanta ‘coisa acontecendo na sua vida’ assim, por que não me deixa te ajudar?

– Obrigada, mas… Acho que você não entenderia.

– Claro que entenderia. Já tenho 16 anos. E se você que tem 13 entende, então eu também vou entender.

– As coisas não são bem assim, Josh.

– Por quê? O que acontece na sua vida de tão grave assim? - Lisbon ponderou por um instante

– Nada. Olha… Eu preciso ir. Minha aula já vai começar. Tchau! - e ela saiu correndo. De novo.”

– Então um dia ele resolveu fazer uma surpresa para mim, e foi até a minha casa, com ingressos para o cinema e umas rosas…

“ - Josh! O que faz aqui? - ela perguntou horrorizada

– Vim te resgatar das milhões de coisas que você tem que fazer, para te levar ao cinema.

– Vai embora! Eu já disse que não posso sair. Vai embora, agora!

– Teresaaaa! - o pai dela gritou - Quem está na porta?

– É o seu pai? Eu posso entrar para me apresentar? - Joshua perguntou dando um passo a frente

– Não! Sai daqui! - Teresa o empurrou

– Teresa! - o pai dela gritou novamente

– Joshua, vai embora - e ela fechou a porta atrás de si.

Do lado de fora, Joshua pôde ouvir:

– Era engano, pai. Não tinha ninguém.

– Teresa. Se mentir para mim… - e então ouviu-se um grito e o barulho de algo se quebrando.”

– Meu Deus! - Violet exclamou - Deve ter sido horrível, mãe…

– E foi… Eu fiquei três dias sem ir para a escola, e quando eu finalmente voltei, lá estava ele com a cabeça borbulhando de perguntas…

“ - Teresa! Graças a Deus! Você está bem? - ele a abraçou pela primeira vez e Teresa, apesar de todas as barreiras, se deixou ser abraçada e se sentiu confortável e protegida nos braços de seu amigo, embora ela não o tenha abraçado de volta.

– Estou bem - ela respondeu apenas

– Quando você me disse que não podia sair, eu pensei que… Pensei que estivesse apenas arrumando uma desculpa. Não sabia que…

– Está tudo bem, ok?

– Não. Não está tudo bem, Teresa. Você precisa sair daquela casa, precisa...

– Olha, obrigada pela preocupação, mas eu não posso.

– Por quê?

– Porque meus irmãos estão lá. Eu não posso deixá-los sozinhos.

– Mas, Teresa…

– Não tem ‘mas’. A vida é assim… Quando eu fizer 18 anos eu vou pegar meus irmãos e sumir de lá, mas por enquanto, não tem nada que eu possa fazer a não ser o que já estou fazendo.

– Me deixa te ajudar?

– Não.

– Por favor!

– Olha, se quer mesmo me ajudar, então não conte nada disso para ninguém. Está bem? - o menino ficou em silêncio - Prometa!

– Está bem… Eu prometo. Mas só se você me deixar eu te ajudar com alguma coisa.

– Eu vou pensar em algo. Agora preciso ir para a aula.”

– Alguns meses depois, no dia do meu aniversário - Lisbon prosseguiu com a história - ele pediu para eu ficar um pouco depois da aula, porque ele tinha uma surpresa para mim. Como seus tios tinham aula de educação física, e ficariam mais tempo na escola naquele dia, eu concordei.

– E o que ele fez? - Violet perguntou

– Ele me levou até um parque, um pouco longe da escola, e quando a gente chegou lá, ele tirou de dentro da mochila um cupcake…

“ - Feliz aniversário, Reese!

– Josh… Não precisava.

– Claro que precisava. É seu aniversário… Agora só faltam 4 anos para a sua liberdade - Teresa riu

– Obrigada.

– Vamos! Assopre a velinha. Faça um pedido…”

– O que você pediu? - Violet perguntou

– Eu não pedi nada… Só assoprei a velinha.

– E depois, o que aconteceu?

– Depois, ele disse…

“ - Quer saber de uma coisa?

– O que?

– Hoje faltam 4 anos para a sua liberdade, certo?

– Certo.

– Então, daqui a quatro anos, eu vou me casar com você.

– Josh, não diga bobagens…

– Não é bobagem, Resse - ele se aproximou ainda mais dela e sussurrou - Eu te amo.

Em seguida ele a beijou nos lábios, doce e calmamente.

– Eu também te amo - ela sussurrou de volta”

– Você me disse que só tinham começado a namorar depois do baile, quando você tinha 15 anos - Violet reclamou

– Isso foi porque nós brigamos, no dia seguinte do beijo. Ficamos sem nos falar até dois meses antes do baile, porque ele disse que ainda queria ser meu amigo. Eu também sentia a falta dele, então voltamos a conversar.

– E então ele te chamou para ser o par dele no baile?

– Isso. Ele já tinha 18 anos… Era o baile de formatura dele.

– E como foi?

– Bem, primeiro eu achei que ele queria se despedir de mim, já que ele estava indo para a faculdade. Ele me fez ir com ele ao shopping, com a desculpa de que ele precisava de ajuda para escolher o smoking, mas quando a gente chegou lá, ele quase me obrigou a experimentar uns vestidos. Eu disse que não precisava e que eu já tinha um vestido para usar na formatura, mas ele era muito teimoso quando queria ser. E não aceitou não como resposta…

“ - Josh, já disse que eu tenho vestido para ir!

– Não importa o que você disse. Vamos levar este. Ficou lindo em você.

– Eu não posso aceitar.

– Claro que pode. Somos amigos, não somos?

– Sim, mas isso não significa que eu possa aceitar presentes seus.

– Olha, nem é algo tão grande assim. Não estamos comprando o vestido. Só alugando. Está bem? - ela nada respondeu - Por favor. Se você não vai fazer isso por você, ao menos faça por mim.

Lisbon bufou.

– Está bem!”

– E então, no baile de formatura ele me pediu em namoro…

“ - Josh, não dá. Como você pretende namorar comigo, estando na faculdade na Califórnia?

– Sabe? Você deve aprender a dizer mais ‘sim’ para as coisas. Desde que nos conhecemos, você só diz ‘não’.

– Eu não tenho culpa. Você só me pergunta coisas difíceis.

– E eu não perguntei se ‘dava’ para a gente namorar. Eu perguntei se você ‘quer’ namorar comigo.

– Josh, eu-

– Teresa - ele a interrompeu - Eu não esqueci da promessa que eu te fiz.

– Que promessa?

– De que quando você fizesse 18, nós nos casaríamos.

– Josh, isso é impossível!

– Não. Não é impossível.

– Como não?

– Eu vou para a faculdade. Nos feriados e festas, eu vou estar aqui de volta, e nós podemos fazer isso funcionar - ele pegou as mãos dela e as colocou entre as suas - E quanto ao casamento… Bem, eu já vou estar no último ano da faculdade, e você pode vir com seus irmãos morar na Califórnia comigo. O que me diz?

– Eu não sei…

– Eu te amo, Teresa.

Ela titubeou um pouco antes de responder.

– Eu também te amo, Josh - ela sorriu - E, sim. Eu aceito namorar com você.”

– Awn… Que fofo! E o que aconteceu depois?

– Tudo como ele prometeu: Nos feriados e festas, ele estava de volta em Chicago. Nos meus aniversários ele me mandava chocolates e cartões, sempre escritos “Faltam tantos anos para sua liberdade e para o nosso casamento”. E quando eu fiz 18 anos, eu coloquei seu avô em uma clínica de reabilitação, peguei seus tios e fui para a Califórnia, fazer uma surpresa para seu pai.

– E aí?


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Notas finais do capítulo

O que vocês acharam?

No próximo capítulo:
— Jane pega uma conversa no WhatsApp da Violet e da Charlotte O.o
O que será que ele encontra? :3
hehehe.
Quarta feira sai a promo lá no blog (lola-carvalho.blogspot.com)


Beijinhos :*