Me Apaixonei pela Pessoa que Eu Odeio escrita por Bibiana CD


Capítulo 43
A garota invisível


Notas iniciais do capítulo

Oi gente! Obrigado pelos reviews, amei todos eles!!!
Desculpem pela demora a postar, mas queria que esse capítulo ficasse perfeito pois para mim ele é especial.
Espero realmente que gostem!



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Camila PDV

 

            Me olhei no espelho do banheiro. Vi apenas uma garota invisível. Mas como será que uma garota invisível consegue ser tão feia, gorda e odiada? Meu cabelo castanho estava ainda pior do que o normal. Ele parecia nunca se decidir entre ser liso ou ser cacheado, e ficava nesse meio termo horrível e volumoso demais. Meus olhos castanhos iguais aos de mais da metade da população mundial.

            O que eu era? Apenas mais uma ninguém. E era assim que eu seria para sempre. Nunca conseguirei ser mais do que isso. Já fiz de tudo, já pintei meu cabelo e já o alisei. Mas do que adiantou, se mesmo assim eu continuo invisível aos olhos da pessoa que mais me importa? Pior do que ser invisível é ser odiada.

            Me lembro do ano passado. Ele era da outra turma, e eu apenas o via no recreio e no refeitório. Seu cabelo loiro sempre bagunçado, seus olhos azuis como uma tarde de verão sempre tão alegres e seu jeito sempre tão inocente. Lucas era tudo que eu sempre sonhei, o príncipe que eu precisava na minha história. Só que pelo jeito eu não sirvo para princesa. Comecei a ficar amiga dele, conversávamos tanto. Cada vez que ele vinha sentar perto de mim meu coração batia mais rápido e as palavras pareciam que sumiam. Ele vinha e falava qualquer coisa, podia ser sobre a aula ou sobre alguém. Ou apenas se eu tinha visto o novo filme que tinha saído no cinema. E parecia de repente que o sol estava brilhando mais forte, e que quem sabe eu não fosse assim tão invisível. Como eu fui uma idiota iludida.

            Tudo parecia que ia tão bem, esse ano estávamos na mesma turma. Então chegou o aniversário da Ana Clara. E lá estávamos nos dois conversando em um banco no jardim da casa dela. Era abril e fazia calor. Me lembro de sua camiseta azul ressaltando seus olhos. Tudo parecia perfeito. Até que eu estraguei tudo. Cheguei mais perto dele e fiz aquilo que tinha sonhado fazer tantas vezes, quase todos os dias antes de dormir. Fechei meus olhos enquanto encostava meus lábios nos seus. Por segundos imaginei que tinha conseguido, que já não era mais invisível, pensei que depois de conseguir vencer todos os meus medos tudo começaria a dar certo. Mas então suas mãos me afastaram gentilmente. Abri meus olhos e dei de cara com os seus, que agora estavam confusos.

            Tudo que eu queria era poder sumir. E ali estava a garota invisível querendo mais do que tudo ser realmente invisível. Era a coisa mais obvia do mundo que o cara perfeito não fosse querer nada com ela, mas ao que tudo indica ela foi burra demais para perceber isso. As lágrimas desceram naquela tarde pelos meus olhos ao se darem conta do que estava acontecendo. Eu só tinha esquecido que ele era o príncipe, e príncipes sempre fazem tudo certo. O jeito como ele disse para mim não chorar, que a única coisa é que ele não gostava de mim daquele jeito mas sim apenas como amiga.

            Por que céus, ele tem que ser sempre assim, tão perfeito?

            Mas no fim eu consegui o convencer, o convencer de que eu podia fazê-lo gostar de mim. Mas do que fazê-lo acreditar nisso eu mesma me fiz acreditar que podia, podia sim fazer o garoto dos meus sonhos se tornar o garoto da realidade.

            E as coisas estavam indo muito bem. Até que Elizabeth começou a implicar comigo. Com aquelas suas roupas estranhas e seu cabelo rosa Pink. Quem tem coragem de pintar o cabelo dessa cor? Mas ela era, e ainda é, a melhor amiga dele. Tentei ser sua amiga, mas toda vez que eu tentava conversar com ela, Elizabeth me tratava mal, como se eu fosse algum tipo de idiota. Só por que eu não gostava das mesmas coisas que ela não quer dizer que tínhamos que ser inimigas.

            Mas no fim ela conseguiu me tirar do sério. Brigamos feio e ela fez Lucas acreditar que a culpa era toda minha. Lucas acabou tudo comigo e lá estava eu novamente, a garota invisível agora nem amiga do príncipe era mais. Mas também, quem mandou sequer imaginar que um dia o príncipe pudesse ser seu?

            O mundo é cruel, mas do que isso. Como se não bastasse tudo que estava acontecendo ela apareceu. Com aquele jeito de coitadinha e aqueles olhos verdes ou azuis, não sei dizer. Tão magra e tão estupidamente bonita. Por que eu não podia ser daquele jeito? Por que eu tive que nascer assim? Desde o primeiro momento em que vi os dois, o jeito que Lucas olhava para Joanne soube que tinha o perdido.

            O jeito que ela me tratou quando nos conhecemos, eu só perguntei seu nome e ela já foi sendo mal educada comigo. O que eu tinha feito a ela? Joanne Summer com seu complexo de superioridade. Aquela sua cara fingida de menina órfã solitária. Que desprezava Lucas, mas mesmo assim ele corria atrás dela.

            Descobri de onde ela tinha vindo, e de como seus pais morreram em um acidente de carro causado por seu namorado. O jeito como todos diziam que ela é quem tinha armado tudo para ficar com a herança de sua família.

            Mas mesmo assim quando contei isso a todos tudo que recebi foi aquele olhar de Lucas. Nunca vou me esquecer com ele parecia me odiar. E a partir daí minha vida se tornou um verdadeiro inferno. Eles dois ficaram juntos.

            E o que eu poderia fazer? Eu era apenas a garota feia e gorda enquanto ela devia ser anorexia alem de linda. Aqueles cabelos pretos sempre arrumados e aquela sua pele sempre sem espinhas. Como eu odeio Joanne Summer e toda aquela sua perfeição idiota. Quem ela pensa que é para se intrometer assim na minha vida e me transformar de princesa em bruxa malvada?

            A história era minha e o príncipe meu. O que custava a ela conseguir outro? Por que Lucas, por que logo ele? Carlos e tantos outros ficariam com ela sem pensar duas vezes. E quando eu notei tinha me deixado levar pela raiva. Raiva de tudo e todos, raiva do meu cabelo, do meu corpo, de Joanne, de Elizabeth, de meu pai que não passa de um covarde que batia em minha mãe e até dele. Sim, eu senti raiva de Lucas.

            Hoje de manhã, o jeito que ele passou por mim. Não pude deixar de ver seu braço na cintura de Joanne. O jeito dos dois, tão felizes. Presumi que ela o tinha perdoado. Não sei o que senti. Os dias em que eles ficaram brigados Lucas estava tão estranho, seus olhos sempre tristes. Não pude deixar de sentir remorso pelo que tinha feito, mas vê-los juntos era como enfiar uma estaca no meu peito. Não sei como eu sobrevivo.

            Hoje é meu aniversário, e apenas duas pessoas lembraram. Minha mãe e minha melhor amiga, Ana Clara. Mas elas não contam, pois para elas eu não sou a garota invisível. O que eu fiz comigo mesma? Será que é culpa de Joanne a garota invisível ter se tornado a bruxa malvada ou será que a garota invisível se tornou a vilã por que quis?

            E agora eu estou aqui, na frente do espelho do banheiro da minha casa. Vejo as lágrimas já tão conhecidas descendo pelo meu rosto. Não sei se elas são de tristeza ou de raiva. Por que eu tenho que ser assim?

            Bati no espelho com toda minha força e ele quebrou. Senti a dor latejante na minha mão, que agora tinha adquirido um tom de vermelho por causa do sangue. Mais lágrimas, agora de dor, desceram pelos meus olhos.

            Como explicarei para minha mãe o espelho quebrado? E a minha mão machucada então? Ai, só eu mesma para fazer coisas assim, sempre tão idiotas! Abri o armário atrás de um curativo e dei de cara com alguns remédios da minha mãe, contra dor. Abri o frasco com minha mão esquerda e coloquei todos os comprimidos na minha mão.

            -Feliz aniversário para mim.

 Falei enquanto um sorriso torto se formava no meu rosto, engoli todos os comprimidos de uma vez só. Eu estava com dor, mas ela estava prestes a acabar.

            No reflexo a garota invisível estava desfigurada por causa do espelho quebrado. Ou seria por seus atos? De repente, comecei a sentir muito sono e tudo ficou escuro. Com felicidade recebi a inconsciência. Que bom que a gente dorme.


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Notas finais do capítulo

Gente, que tal o ponto de vista da Camila sobre tudo que aconteceu?
Mandem suas opiniões, estou muito curiosa!
Beijoss
Bibi