Ouija - Não Saia Sem Pedir Permissão escrita por Miarah


Capítulo 4
Capítulo 4 - Take my hand.


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, primeiramente gostaria de pedir desculpa pela demora, porque sei que tem gente que se incomoda bastante com isso (e entendo perfeitamente), em segundo lugar gostaria de pedir desculpas se passar algum erro, escrevo sempre que arrumo um tempo, mas se eu for ficar revisando como devido vou demorar mais ainda pra postar. E em terceiro lugar, quero agradecer pela paciência e pelo interesse nessa história, e pedir que deixe um comentário no final me dizendo sua opinião, porque é muito gratificante saber a opinião de vocês! No mais, bom capítulo, e, vejo vocês no final!



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– Nós temos que fazer alguma coisa. – Disse Mary fitando o braço cortado de Clara.

– Eu vou ver se consigo achar uma bandagem para colocar no braço dela. – Respondeu Giu, se levantando imediatamente e deixando apenas as duas na cozinha.

Mary abraçava Clara enquanto ela gemia de dor.

– Vai ficar tudo bem, Clara, eu vou te ajudar, eu prometo. Essa casa está tirando nossa sanidade, mas não há nada sobrenatural aqui. Essas coisas não existem. Eu vou tentar telefonar para alguém e pedir ajuda, então nós vamos dar o fora daqui e nunca mais olhar para trás, tudo bem?

Clara não a respondeu – apenas a encarou por alguns segundos com seus olhos lacrimados que obsecravam por ajuda e baixou a cabeça, inspecionando seu braço: Sentia muita dor e tremia, pela provável hipotermia que se precipitava.

Observou Mary se retirando da cozinha, enquanto sentia sua testa suar e sua pressão cair.

Mary seguia seu caminho em direção aos quartos, mais assustada do que nunca. Não era uma mulher fraca, mas quase não conseguia manter-se em pé naquela hora. Observava com cuidado cada detalhe que aquela casa sombria escondia. E os passos pareciam curtos: era como se quanto mais ela andava, mais se distanciava. Sentiu estar sendo observada por alguém e até chegou a ouvir uma respiração, mas ignorou e continuou andando.

Chegou ao pé da escada e segurou forte no corrimão, que naquela hora sustentava mais seu corpo do que qualquer músculo ou osso que possuía no corpo. A madeira velha da escada rangia a cada degrau que ela subia. Ignorando a tontura, conseguiu chegar ao degrau final e se dirigiu ao seu destinado quarto. Abriu a porta com medo do que podia encontrar, mas pela sua sorte, não viu nada fora do normal e seu corpo enrijeceu ao soltar um suspiro.

Logo localizou o telefone marrom e correu a ele, colocando-o no ouvido.

Não havia linha.

Apenas alguns chiados e ruídos que pareciam ser de linha cruzada, mas que continuavam repetindo a mesma frase como um disco arranhado. Mary tentou focar-se no que as vozes diziam, mas não conseguia entender – parecia um código, ou uma língua diferente daquela na qual falava.

E o ruído agravou.

Ficou tão alto que ela conseguia ouvir as mesmas palavras com o telefone fora do ouvido, e em um impulso, puxou o fio do telefone que se desconectou com sucesso da tomada.

O ruído não parou.

Mary rapidamente pegou seu celular, abrindo o gravador e gravando aquela pequena frase que era repetida por centenas de vozes diferentes, e às vezes, ao mesmo tempo. Sentiu uma fincada dolorosa na coluna quando ouviu a porta abrir, e ao olhar rapidamente, era Giu.

– Não consegui achar uma bandagem em nenhum dos quartos até agora, só falta o seu. – Giu explicou.

– Tudo bem, olhe na gaveta. – Mary apontou.

– O que está fazendo? – Giu questionou.

– Estou gravando esses ruídos, quero entender o que estão dizendo.

– Que ruídos, Mary? – Giu olhou com os olhos arregalados.

Mary rapidamente se virou para Giu.

– Você está brincando? Não está ouvindo essas vozes?

– Mary, você está bem? Não há nenhuma voz. – Giu se afastou um pouco.

E o ruído desapareceu.

– Você está insinuando que eu estou ficando louca? Pois quem está é você! Eu gravei as vozes. – Acusou Giu enquanto entrava na seção “áudio” de seu celular.

Ao carregar, apertou no único áudio que havia sido gravado, e para sua surpresa, estava mudo. Nenhuma voz ou ruído. Sentiu sua cabeça doer, tendo que se sentar na cama por alguns instantes.

– Eu... eu não estou louca. – Assegurou Mary.

–Eu sei que não. – Giu aproximou-se a abraçando por alguns segundos. – Temos que sair daqui, O.K? Então vamos pegar essa bandagem logo e sair daqui.

Mary concordou com a cabeça.

Giu se aproximou da gaveta, e quando a abriu, gritou de pavor: havia uma mão decepada lá dentro, segurando uma chave. Um odor fétido invadiu suas cavidades nasais, causando uma enorme ânsia de vômito.

Mary aproximou-se rapidamente e perdeu o ar quando sentiu sua traqueia fechar ao ver aquela mão inchada e completamente roxa e rígida que portava uma chave.

– Meu Deus, Jô? – Mary perguntou, caindo de joelhos no chão e levando as duas mãos ao rosto. Chorar foi sua única defesa.

Giu ignorou o cheiro e pegou uma peça de roupa que havia em cima da gaveta, enrolando em sua mão, logo pegando a chave. Ao avaliar a mão mais de perto, vira um traço preto que despertara sua curiosidade. Logo, pegou um lápis e virou a mão, que revelou dezenas de larvas em movimento decompondo o que sobrara dali, e junto à mão, a prova de que aquela não pertencera à Jô: havia uma tatuagem de uma cruz na parte inferior.

– Não é a Jô, tem uma tatuagem. – Disse Giu fechando logo a gaveta e se deixando desmoronar por alguns segundos: Sentou ao lado de Mary e deitou a cabeça em seu ombro.

Seus cabelos caíam; suas lágrimas escorriam acompanhadas de suor; seu corpo inteiro tremia, sua visão ofuscava. Tentava regular sua respiração, sem sucesso.

Clara estava sozinha na cozinha. Sentia frio e um pouco de dormência nos membros. Com seu braço coberto por um pano improvisado, sabia que precisava de uma blusa de frio.

Levantou-se com dificuldade, segurando nas bancadas e indo em direção ao quarto da governanta em busca de algo que a aquecesse enquanto aguardava o retorno de suas amigas, e ao chegar à porta, girou a maçaneta para a direita, dando-a acesso ao pequeno quarto escuro que pertencia à Lúcia. Ao acender a luz, vira que o quarto estava consideravelmente bagunçado: a cama desarrumada, o rádio ligado com um volume extremamente baixo, e um prato com sobras de comida em cima da escrivaninha.

Sem pensar muito no assunto, se dirigiu ao armário buscando algo que a fosse servir. Havia poucas peças, e apenas uma que aparentava ser suficientemente quente. Puxou do cabide com o braço que não foi ferido e a vestiu, com muito cuidado para que não a machucasse mais. Ao ouvir trovões, sentou-se na cama da governanta e entrou debaixo dos lençóis para que a tremedeira parasse.

Quando se mexeu na cama, ouviu um barulho de algo amassando e tateou até achar um pedaço rasgado de papel dentro do bolso da blusa que pertence à Lucia. Ao abrir, vira que era um mapa, mas não um mapa comum: Um mapa da casa marcado com um X no que parecia ser o quarto que ela estava. Sua boca tremia, não só pelo frio, mas também pelo pânico.

Permaneceu alguns minutos parada, apenas focando no som da chuva lá fora e de estalos que já estava acostumada de ouvir naquela casa, quando ouve passos e rapidamente grita:

– Meninas, estou no quarto da governanta.

Ouviu os passos de suas amigas aproximarem e, rapidamente entraram com um pedaço de roupa limpa e Giu foi logo amarrando em seu braço, que já não sangrava mais.

– Me desculpe, não conseguimos achar nada melhor. – Giu se desculpava com os olhos possuídos por ondas de lágrimas que segurava com dificuldade.

– Está tudo bem? – Clara questionou, ao ver que Mary estava tão assustada quanto Giu.

As duas se olharam e resolveram contar para Clara o que havia acontecido há minutos atrás.

Clara abraçou os joelhos e abaixou à cabeça, ninguém conseguia entender o que se passava naquela casa, estavam pela primeira vez com medo do desconhecido.

Tentando recuperar a sanidade, Clara disse:

– Eu achei esse mapa dentro da blusa da governanta – e entregou o mapa para Giu que olhava, sem entender nada.

– O que está acontecendo aqui? – completou.

Todas ficaram caladas enquanto Mary avaliava o mapa com atenção e disse:

– Tem algo nesse quarto.

Giu colocou a mão no bolso da calça para sentir a chave que tinha encontrado na gaveta.

– Então vamos descobrir. – Giu completou.

As duas amigas começaram a vasculhar todos os detalhes do quarto: embaixo do tapete, dentro do armário e dentro das gavetas, e nada.

Clara conseguiu recompor um pouco da sua força e começou a ajudar na investigação, quando tirou o quadro grande da parede que revelou uma porta.

– Giu, me dê a chave. – Clara ordenou.


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Notas finais do capítulo

Se chegou até aqui, gostaria de agradecer muito pelo seu tempo e, deixe um comentário! Mil beijos, até a próxima!