A Marca Dos Deuses escrita por Danny Stan


Capítulo 2
Boa Garota


Notas iniciais do capítulo

Hey meus amores, como estão?
E chegamos finalmente no primeiro capítulo, espero que gostem :)



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O sol da manhã invadia o amplo quarto cor de rosa, a brisa entrava no quarto e tocava suavemente a pele da jovem que dormia tranquilamente. Até que o som alarmante do despertador começou a soar fazendo com que Avery despertasse imediatamente, ao se virar para o aparelho no intuito de desligá-lo levou um susto. Em menos de uma hora seria sua tão esperada entrevista para Yale.

Ela se levantou depressa e correu até o banheiro fazendo sua higiene matinal, em seguida tomando um rápido banho. Ao sair do banheiro, começou a vestir as roupas que sua mãe havia separado para a ocasião. Ela vestia a saia ao mesmo tempo em que calçava seus sapatos e tentava ajeitar o cabelo de uma maneira mais formal. Ela agia o mais rápido possível para não se atrasar e ter que ouvir pela milésima vez o discurso de sua mãe sobre a importância de ter responsabilidade.

— Avery Harper, cadê você? — ela ouviu o grito impaciente de sua mãe vindo do andar de baixo.

Sem mais delongas, apanhou sua bolsa e ela se olhou brevemente no espelho, sua saia preta, o scarpin e a blusa social branca lhe davam um ar sofisticado, a fazia parecer mais adulta mas seu rosto juvenil a revelava como ainda sendo uma pirralha insegura, como ela costumava de se denominar. Ela desceu as escadas se deparando com a mulher alto de cabelos ruivos e expressão irritada com as mãos na cintura.

— Você está atrasada! — exclamou ela. Avery detestava a rigidez com que sua mãe a tratava. Nunca aceitando um errinho sequer.

— Me desculpe. — murmurou cabisbaixa, dando alguns passos na direção de sua mãe que amoleceu sua postura rígida diante do arrependimento da filha.

— Avery, você sabe que eu sou firme com você para o seu bem. Uma garota tão inteligente, generosa, bondosa e forte como você merece somente o melhor. — disse ela acariciando brevemente o rosto da filha — Essa entrevista é a sua chance de conseguir entrar em uma ótima universidade, precisará dar o seu melhor para conseguir, entendeu? — Avery assentiu com a cabeça, e sua mãe sorriu satisfeita.

— A Charlotte conseguiu entrar em Yale ela me mataria se eu não conseguisse. — Avery sorriu timidamente, ela nunca entendeu o porquê de nunca conseguir ser ela mesma ou fazer algo sem se sentir receosa diante de sua mãe. Era estranho. Algo parecia separá-las. Era como se Erin Harper fosse uma completa estranha para ela.

— Está na hora de irmos. — informou Erin dando alguns passos na direção da porta, repentinamente ela parou de andar e se virou para Avery franzindo a testa. — Você não tomou café da manhã, mocinha.

— Aqui está meu café da manhã. — Avery apanhou uma maçã e deu uma mordida enquanto sua mãe franzia ainda mais a testa em reprovação.

— Só não desmaie na frente do decano por causa de sua má alimentação. — advertiu Erin.

Ambas saíram da casa e caminharam até o carro, adentrando no veículo. Avery respirou fundo desejando de todo o seu coração que ela conseguisse entrar na Universidade. Era isso o que esperavam dela, ela não poderia desapontá-los de maneira alguma.

— Algum problema? — indagou Erin se sentando ao lado da filha.

— Não. Nada. — respondeu ela, dando um rápido sorriso. Em poucos segundos o veículo foi colocado em movimento e a jovem passou a observar a vista da janela se perguntando o que havia de errado com ela.


— Ótimo. Você está esplêndida! — exclamou Erin sorridente ao avaliar a aparência da garota.

— Obrigado, mãe. — ela deu um sorriso acanhado e suspirou tomando coragem para fazer finalmente a tão aguardada pergunta a sua mãe — Mas e se eu não conseguir passar? — Avery fitou o revirar de olhos de Erin contrariada.

— Não diga bobagens, você vai conseguir. Agora entre, já está na hora. — Erin se aproximou de Avery e lhe deu um ligeiro abraço — Boa sorte, querida.

Avery sorriu em agradecimento e caminhou em direção ao gigantesco prédio. Ela andou cautelosamente pelo edifício entrando no elevador sentia seu corpo inteiro estremecer. Sempre quando enfrentava alguma situação que ia contra a sua vontade ela sentia sua estranha marca de nascença em seu braço doer como se estivesse queimando. Talvez fosse pelo nervosismo, que a fazia ter esta impressão.

As portas do elevador se abriram e Avery começou a caminhar em direção a sala do decano que estava a poucos metros a sua frente. Engolindo todo o seu nervosismo e preocupação ela passou a caminhar em passos firmes se aproximando da mesa da secretária.

— Eu sou Avery Harper. — informou ela dando um sorriso simpático.

— Ah! Sim, por favor entre. — a moça se levantou de sua mesa e abriu a porta para Avery.

Ao adentrar na ampla sala surpreendentemente se deparou com ela vazia. A secretária havia feito sinal para que ela esperasse por alguns segundos, pois em breve o decano estaria de volta. Avery considerava aquele um excelente momento para fugir. Entrar em uma universidade, trabalhar na mesma área pelo resto da vida, casar ou ter filhos não era bem o que Avery esperava de seu futuro.

Ela sempre teve consciência de que está é a vida que muitos desejam mas algo dentro dela sempre foi contra tudo isso, era como se ela tivesse algo mais importante para fazer. Ela se considerava diferente dos outros, ir para aquela entrevista, entrar numa universidade parecia um erro aos olhos dela.

— Você está começando a ficar lunática, garota. — murmurou ela a si mesma. O barulho da porta se abrindo a despertou de seu devaneio.

— Olá Srta. Harper, eu sou o decano Edgar Winston. — apresentou–se formalmente o homem de cabelos grisalhos vestindo um elegantíssimo terno escuro.

— É um prazer conhecê-lo. — sorriu ela ao cumprimentá-lo. O homem deu a volta em sua mesa se sentando na cadeira de couro.

— Sente-se. — disse ele gentilmente. Enquanto Avery se sentava ele se ajeitou em seu assento e entrelaçou os dedos levando o olhar até ela — Srta. Harper devo dizer que fiquei impressionado com suas notas. São excelentes, sem falar que prática ótimas atividades extracurriculares. Posso garantir que será uma honra ter uma aluna tão aplicada. Então, porque não me fala o motivo de querer entrar em nossa universidade? — Avery respirou fundo, ela já esperava por esta pergunta e já havia praticada diversas vezes o que responder.

— Bem... — ao levar o olhar na direção do decano não pode deixar de reparar no repentino surgimento de uma coruja na janela.

— Algum problema, senhorita? — indagou ele estranhando o espanto no rosto de Avery.

— Não. Bem, eu gostaria de entrar em Yale porquê... — novamente ela interrompeu sua resposta ao ouvir a ave passar a emitir um som irritante, ela notou que o decano não parecia se importar com a coruja e por isso decidiu também ignorá-la. Quando estava prestes a continuar uma leve batida na porta chamou sua atenção. Era a secretária trazendo uma importante ligação para Edgar.

— Me dê um minuto. Com licença. — sorriu ele se retirando temporariamente da sala.

—Sério? Uma coruja? — murmurou Avery indignada, ao olhar na direção da janela se deparou com a ausência do animal. Ela suspirou aliviada mas logo levou um susto ao nota-la pousada em seu ombro. — Sai! — gritou enxotando a ave que voltou novamente para a janela a encarando.

Aquele era o fim do poço para Avery. Além de estar sendo obrigada a fazer a vontade de sua mãe, agora estava fazendo papel de idiota na frente de um homem importante por culpa de uma coruja que resolveu azucriná-la. Lá estava a ave, diante de seus olhos a encarando tão fixamente que era como se a conhecesse. Avery até mesmo olhou minuciosamente para o animal tentando lembrar se já a havia visto, mas não. Era uma completa desconhecida. Logo ela voltou a atenção para si, não acreditando que estava mesmo tentando reconhecer uma coruja. A porta do escritório novamente se abriu e o decano estava de volta, ele retornou ao seu lugar e a olhou ainda a espera de uma resposta.

— Como eu dizia... — prosseguia ela tentando ignorar a ave que começava a se manifestar — Yale é uma universidade maravilhosa que.... — o barulho feito pelo animal aumentava cada vez mais e ela já havia perdido por completo a paciência. — Me desculpe, mas essa coruja está me atormentando! — exclamou exasperada apontando para a janela. Ele se virou e observou como se não enxergasse o que ela o mostrava.

— Que coruja? — perguntou ele com total incompreensão.

— Como assim? Você não está vendo? Ela está bem na sua frente. — respondeu ela sem entender como ele não havia notado a ave que permanecia no mesmo lugar fazendo o mesmo irritante barulho. Ele novamente olhou para a janela e ainda sem ver o que ela insistia em mostrá-lo se levantou caminhando até Avery.

— Srta. Harper, acho que não está passando bem. Que tal remarcarmos a sua entrevista para um dia em que estiver se sentindo melhor? — indagou dando um sorriso sem graça diante da estranha situação.

— É uma excelente ideia. — concordou ela constrangida.


Avery saiu da sala abismada. Como era possível que ele não tivesse enxergado a coruja? Talvez ela a tivesse imaginado, mas ela não parecia nem um pouco com algum delírio pelo contrário era real. Não, isso é impossível. Ela não havia comido praticamente nada talvez estivesse com fraqueza e por isso seu cérebro começou a inventar coisas malucas como uma coruja perturbada. O pior é que sua entrevista estava arruinada. Ninguém iria querer uma maluca como ela em uma Universidade como Yale.

Ao entrar no elevador ela se encostou na parede, suspirando. Levou a mão até a bolsa pegando seu celular, ela tinha que pedir para sua mãe vir buscá-la. Mas ela não tinha a menor vontade de ouvir um dos discursos de sua mãe. Ela decidiu ligar para sua melhor amiga.

— Ora, alguém finalmente se lembrou da minha existência. — atendeu Charlotte com seu habitual tom irônico.

— Não seja dramática, Charlie. — suspirou ela — Minha entrevista foi um fiasco.

— Oh, não! Por que? — indagou ela arrasada.

— Por culpa de uma coruja. — respondeu Avery, ainda morrendo de ódio do animal que ela nem sabia se era real ou não.

— Coruja? Como assim?

— Uma coruja apareceu na janela e ficava fazendo um barulho insuportável. Eu não consegui dizer uma frase sequer e além do mais acho que eu era a única que a enxergava. — Avery saiu do elevador e passou a caminhar pelo saguão do edifício.

— Então, você imaginou uma coruja? Meu deus! Você enlouqueceu. — a voz dramática de Charlotte fez com que Avery revirasse os olhos.

— Acho que foi porque eu não comi nada hoje.

— Tenho certeza que foi pelo fato de você ter passado a noite em claro com um certo rapaz de cabelos escuros, olhos azuis e uma tatuagem no pescoço. — retrucou Charlotte. Avery suspirou prevendo o início da implicância de Charlotte com seu namorado.

— Não começa. Eu e o Aaron estamos finalmente nos acertando.

— Você faz mal em ficar perdendo o seu tempo com aquele idiota.

— Ele não é um idiota, ele é um cara incrível talvez se você passasse menos tempo o julgando e se dedicasse a conhecê-lo pensaria de outra maneira. — disse Avery repreendendo a amiga que ficou por alguns segundos em silêncio.

— Pode dizer o que quiser mas Aaron Lewis sempre será um marginal para mim. — imediatamente toda a raiva de Avery pela coruja foram direcionadas para Charlotte — Tenho que desligar, meu querido irmãozinho chegou. Até amanhã, beijos.

— Até amanhã. — sorriu Avery aliviada por não ter que ouvi-la xingando seu namorado.

Ao chegar na saída do prédio se deparou com o rapaz vestido de preto, com os cabelos escuros sendo levemente balançados pela brisa. Ele tinha um olhar sedutor que a chamava para ele. Avery caminhou surpresa até a moto dele, olhando atentamente para os lados checando se sua mãe havia chegado.

— O que está fazendo aqui? — indagou ela preocupada.

— Eu vim te ver. — suspirou ele, dando um sorriso de canto — Então, como foi a sua entrevista?

—Então agora você se importa com a minha entrevista? — disse ela notando o falso interesse dele.

— Não. Eu só estava tentando ser gentil, mas isso definitivamente não combina comigo. Que tal darmos uma volta? — perguntou Aaron arqueando uma sobrancelha, ansioso pela resposta dela.

— Eu não posso. Minha mãe disse que ia vir me buscar e até onde ela sabe eu terminei com você.

— Até quando ela vai me odiar? — bufou ele irritado — Avery você vai completar dezessete anos, até quando vai fazer tudo o que a sua mãe quer?

— Eu não faço tudo o que ela quer. — retrucou, exasperada diante de suas palavras.

— Sim, você faz. Esse é o nosso último ano, talvez ano que vem você entre nessa Universidade de riquinhos e eu só vou poder te ver nos finais de semana, isso se você ainda me quiser. — sorriu ele a puxando pela cintura.

— Não seja bobo, é claro que eu vou continuar com você. — respondeu ela depositando um leve beijo nos lábios do rapaz.

— Então vem comigo. — pediu Aaron novamente e mesmo correndo o risco de ser descoberta por sua mãe ela concordou. Ela subiu na garupa da moto e Aaron acelerou se afastando do prédio.


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam?