Hermes voava o mais rápido possível passando pelos abismos aterrorizantes do submundo, as almas condenadas tentavam segurá-lo e impedir que ele prosseguisse.

Hades o seguia, cada mais se aproximando, sua expressão revelava um ódio voraz. Ele sabia que se fosse capturado estaria morto, mas ele precisava manter aquela chave longe do poderoso deus.

Seus olhos se mantinham atentos em tudo ao seu redor, de repente ele avistou um misterioso portal a poucos metros dele, ele se libertou das almas que o agarravam e voou atravessando o portal.

Ele caiu de bruços em um corredor branco, se levantando de imediato, ele observou o local e logo o reconheceu, era um hospital. Ainda examinando o lugar notou um anuncio em uma parede.

Bem-vindo ao hospital de Portland

—Portland? — murmurou ele pensativo a si mesmo. O portal o havia trazido para o mundo dos humanos.

O portal permanecia aberto, em poucos segundos Hades chegaria até ele. O jovem mensageiro correu pelo longo corredor e parou diante de uma sala com alguns bebês. Ele adentrou na maternidade silenciosamente para não assustar os recém-nascidos. Eram seis crianças, Hermes sabia que era algo perigoso mas ele não tinha escolha, se Hades recuperasse a chave todos iriam morrer, inclusive aqueles pequenos que haviam acabado de chegar ao mundo.

Ele pegou a chave e se aproximou do berçário, fechando os olhos passou a segurar o objeto no alto.

—Este objeto possui o poder de libertar nossa destruição, só há um lugar seguro para ela neste momento, me perdoem pequeninos, mas eu teria que fazer isto. Pelos deuses, do céu, da terra e do mar, em nome daquele que governa no Olimpo, lhe lanço um feitiço. Repouse no coração mais puro entre estes seis pequeninos.

A chave que ele segurava, se tornou invisível aos olhos e como ordenado foi repousar no coração de uma das crianças, nem Hermes, Hades ou qualquer deus do Olimpo seria capaz de descobrir qual deles a chave havia escolhido. Como esperado Hades entrou furioso atacando Hermes, ele o jogou contra a parede, com tamanha força que a fez rachar. Hades se preparava para mais um ataque, mas foi impossibilitado de se mover, era como se algo o segurasse. Uma alta voz surgiu, imperceptível aos ouvidos humanos.

—Hades, como ousa atacar um semelhante? É proibido atacar um olimpiano e sabe perfeitamente que não pode sair do mundo dos mortos sem minha permissão. — Hermes imediatamente reconheceu a voz trovejante de Zeus.

—Hades planeja libertar o kraken, ele se rebelou contra os deuses. — gritou ele, temendo que os deuses o tratassem com misericórdia e o traidor fosse libertado.

—Seu maldito, eu vou matar você. — vociferou Hades tentando a todo custo se libertar do poder de Zeus.

—Tentar libertar aquela fera abominável é uma traição imperdoável contra os deuses. Você será exilado durante dois milênios no submundo, Hades. — decretou Zeus. Hades pôde sentir seu poder sendo arrancado dele, ficar no exílio por tanto tempo o impossibilitaria de cumprir seu propósito, ele observou as crianças e uma ideia maquiavélica veio a sua mente.

—Vocês podem tentar me aprisionar, mas por meio desta criança eu retornarei mais forte do que nunca. Ele carregará meu poder e eu sobreviverei nele. — gritou Hades passando o poder que lhe restara para uma das crianças. Em seguida ele liberou um grito de dor e desapareceu sendo arrastado novamente para as profundezas.

Hermes se levantou e correu até a criança. Era um menino, em seu pescoço surgiu uma marca negra, era a prova de que ele havia sido tocado por um deus. Os deuses levaram seus olhos até o bebê e o viram como uma ameaça, por meio dele Hades iria retornar.

—Ele precisa ser destruído, esta criança irá trazer Hades de volta. —a voz poderosa de Poseidon se revelou.

—Por favor, eu lhes rogo, poupem a vida desta criança. — implorou Hermes. Surpreendendo aos deuses com seu pedido inesperado.

—Hermes, você sabe que se ele viver Hades irá retornar por meio desta criança. O mundo ficará em grande perigo, se ele morrer agora todos estarão salvos. — explicou Poseidon numa tentativa falha de fazê-lo mudar de ideia.

—De que basta salvar tantas vidas enquanto a de um inocente é sacrificada. Fui eu quem vim para este lugar, eu sou o culpado pelo que aconteceu a ele, se este garoto morrer por minha culpa jamais irei me perdoar. — o mensageiro se arrependia amargamente por ter atravessado aquele portal, ele havia trazido Hades até eles, e agora uma jovem criança corria perigo. Após alguns minutos de insuportável silêncio, mesmo relutantes os deuses tomaram uma decisão.

—Hermes, você sempre foi fiel a nós, este é o primeiro pedido que nos faz, sendo assim permitirei que a criança viva. Mas saiba que nós, os deuses, não iremos interferir quando Hades retornar.

—Mas quem irá lutar contra ele?

—Estas crianças diante de você. — respondeu Zeus. Repentinamente uma luz branca pairou sobre as outras cinco crianças, ao desaparecer marcas surgiram no corpo deles. — Eles foram marcados por cinco deuses, herdarão seus poderes e terão que lutar.

—Muito obrigada, senhores. — agradeceu Hermes, notando que os deuses se retiravam. Ele observou as seis crianças com um olhar esperançoso. —Avery, Christian, Charlotte, Liam, Brooke e Aaron, a vida não será fácil, vocês precisarão ser fortes...Mas não se preocupem, os deuses estão com vocês.