– Como assim? – perguntei incrédulo.

– Bem, eu sou ninja médica, precisam de mim lá. – ela disse terminando de por a mesa do jantar.

– Mas e a Sarada? – continuei insistindo.

– Ficará com você, Sasuke-kun, é o pai dela. – ela se apoiou na bancada e olhou para mim.

– Eu sei que sou o pai dela, mas eu não...

– Não está acostumado a ter tanta responsabilidade. – Sakura estava irritada.

– O que você quer dizer? Eu sou muito responsável! – também me irritei.

– É o que você pensa. – ela colocou as mãos na cintura em completa desaprovação – quase nunca está em casa, sua filha vai acabar crescendo sem amor paternal.

– Isso é uma completa babaquice! Sabe que eu sempre sou enviado em missões longas, quer culpar alguém? Culpe o Naruto, é ele quem me envia.

– Mas não significa que você tenha que aceitá-las.

– Você está sendo egoísta. – cerrei os dentes.

– Não mesmo! O único egoísta aqui é você. Quando eu fiquei grávida, nós fizemos um acordo de que eu não deixaria de trabalhar como ninja médica por causa da Sarada e nem você deixaria de andar pelo mundo nas suas missões. Mas também concordamos que nós dois seriamos presentes na vida dela – ela apontou para a sala, onde Sarada dormia no cercadinho rosa que ganhara de sua madrinha Ino. – só que você parece ter se esquecido da segunda parte do acordo, já que você só se importa com suas missões idiotas!

– Missões idiotas? – cerrei os punhos, me preocupar com o fato de ela não entender o significado que aquelas “missões idiotas” tinham pra mim era irrelevante agora – Sakura, eu estou aqui caso não tenha percebido, eu estou presente sim na vida dela! – praticamente gritei.

Eu não tinha percebido que havia me aproximado dela, então ela piscou um pouco quando eu elevei a voz, sem falar que Sakura era quase duas cabeças mais baixa que eu, o que a obrigava a levantar bastante o queixo para discutir comigo.

Ela abriu a boca para dizer algo, mas fechou quando ouviu um choro vindo da sala.

– Parabéns, você a acordou com seus berros. – ela me fuzilou com o olhar e seguiu para a sala.

Eu a segui e observei enquanto ela tirava Sarada do cercadinho e a segurava gentilmente. De repente, toda aquela irritação que ela estava sentindo pareceu sumir e ela abriu um lindo sorriso para o nosso pequeno bebê de oito meses.

– Dormiu bem meu amor? Está com fome? – ela fez aquela maldita voz de criança.

– Ela não entende você. – falei.

– Não que você saiba – ela me olhou de cara feia.

Enquanto Sakura acalmava Sarada eu repassei toda nossa discussão na minha mente. O principal motivo era fato de Sakura ter sido chamada para uma missão rank "S" que a afastaria da vila por um tempo indeterminado, aparentemente havia um tipo de vírus que estava matando muita gente em uma pequena vila, e por Sakura ser uma das melhores médicas do mundo, eles a queriam por lá. Tudo bem, isso é nobre da parte dela, ir lá e ajudar as pessoas, mas eu não tenho a mínima ideia de como cuidar de um bebê sozinho, nunca fiz isso sem ajuda dela. E pra piorar, parte de mim sentia certo receio de deixá-la ir e ficar exposta a esse tal vírus, só que essa parte era bem orgulhosa e eu nunca admitiria isso.

No entanto, nossa discussão tomou outro rumo, e ela começou a me acusar de ser um pai irresponsável, a partir daí eu também fiquei irritado e acabou dando nisso: ela zangada comigo e eu com ela.

Era muito raro a gente brigar, principalmente depois de tanta coisa que nós passamos... Eu sinceramente me sentia mal quando Sakura não falava comigo, mas, como sempre, era orgulhoso demais pra admitir.

– Vamos passear com a mamãe? – Sakura a levantou acima da cabeça e sorriu mais ainda.

– Nós não terminamos nossa conversa. – eu sei que isso é um pouco chato da minha parte, mas eu não consigo evitar.

– Claro que nós terminamos. Eu vou aceitar a missão, vou com Tsunade para aquela vila e você cuidará da Sarada por uns dias. Simples assim.

– Eu não me lembro de concordar com nada disso.

– Qual o seu problema com ela afinal?

– O quê? – perguntei confuso.

– Por que não quer ficar com a Sarada?

– Não é que eu não queira, só que eu... – não consegui terminar a frase, uma vez que aquele orgulho ridículo não deixava.

– Tudo bem, esquece. – ela colocou a pequena no carrinho e caminhou para a porta.

– Sakura, eu a amo, não pense besteiras. – tentei suavizar a voz.

Ela respirou fundo e me olhou.

– Por que você não esfria a cabeça? Conversamos quando eu voltar.

Ela saiu para seu passeio com Sarada e eu me joguei no sofá. Parte de mim queria correr e dizer a Sakura que eu sentia muito e que estava mesmo sendo um hipócrita egoísta, e outra parte – uma parte bem grande – achava que era melhor esperá-la se desculpar primeiro.

****

Sakura's POV

Eu levei Sarada para passear pelo parque de Konoha, ela parecia se acalmar ao ar livre, assim como eu.

Eu não queria brigar com Sasuke-kun, mas não era justo ele passar todo o tempo em missões e esquecer-se de nós! Ele já fora muito mais atencioso, principalmente quando descobrimos que iríamos ter um bebê.