Sos mi más bello error escrita por Giih Santiago


Capítulo 18
Nothing matters


Notas iniciais do capítulo

Cara, to postando mais fast porque é férias e tal... E esse capitulo vocês vão amar! Mas eu queria que comentassem mais... Não só pra ter um monte de reviews, e sim porque eu gosto de saber o que vocês acharam ao ler o capitulo, amo quando vocês comentam tipo "NOSSAAA NÃO ACREDITO QUE ELE FEZ ISSO" ou "MEU AQUELA CENA EU RI MUITO" ou "amei a parte que bla bla bla"........ enfim, eu sei que dou mt mancada com vocês em relação ao meu tempo de postagem mas é porque eu to a um ano de prestar vestibular então to tendo que focar em outras coisas, mas eu vou terminar a fic nem que eu poste só nas férias, pfvr tenham paciência comigo): e comentem ):



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– ANGELEEEEEES! - Violetta já havia se cansado de esmurrar a porta da casa da tia. Olhou o relógio e respirou fundo ao ver que estava ainda mais atrasada que antes. Assim, a menina desceu os quatro degraus que havia para subir e chegar na porta de entrada do sobrado e buscou pedrinhas pelo chão da calçada, que estava molhada pela chuva da madrugada. Ao juntar pedrinhas o suficiente em suas mãos, jogou-as para cima a fim de acertar a janela da tia no segundo andar. Repetiu a jogada três vezes até que a mulher abrisse a janela, encarando a sobrinha com a cara amassada de sono.

– Que é, Vilu? - murmurou cansada. A garota riu.

– Olha, eu não queria te acordar, mas eu preciso ir para o Studio com a letra da música pronta, e você está com ela! - Violetta falou alto.

– Tá, espere aí que vou descer - Angie disse, fechando a janela em seguida. Se enrolou em um roupão quentinho, pois fazia frio lá fora. Violetta estava com uma calça jeans, uma blusa clara e apenas uma jaqueta verde com um cachecol fino para se proteger do frio. Quando a loira chegou até a porta, abriu-a e sorriu para a sobrinha. - Está aqui - Angie entregou-lhe uma pasta com uma folha e um CD dentro. - Eu gravei a melodia também, se você quiser está aí no CD...

– Aw, tia, você é demais! - Vilu pegou a pasta e pulou nos braços da tia em seguida. - Sério, muito obrigada.

– Imagina, meu amor - a mulher sorriu carinhosa. - Você não quer entrar? Comer uma torrada? Ah, tem pão de queijo também..

– Não, Angie, eu meio que estou hiper atrasada - a mais nova riu. - E você também, minha querida professora!

A loira murmurou preguiçosa - Ah, eu falo com o Pablo. Ele vai entender.

– Certo, espertinha - Violetta riu novamente. - Bem, vou indo então.

– Espera! - Angie exclamou enquanto via a menina descer os degraus. Vilu virou-se. - Tá frio pra você sair com essa jaqueta fina! Não quer que eu te empreste um casaco?

– Não precisa, tia, estou bem - ela sorria, andando de costas para conseguir olhar para a mulher.

– Mas.. - a loira mordeu os lábios.

– Relaxa, sério, no Studio é quentinho! - Violetta sorriu e mandou um beijo de longe pra ela. - Estou indo, te vejo lá. - e então a garota saiu correndo pela calçada, na direção da escola de música.

– Violetta! Não corre, vai escorregar nas poças! - Angeles gritou vendo a menina já meio longe, mas mesmo assim ela não deveria nem ter escutado. A loira então deu de ombros e entrou de volta em sua casa.

Trancou a porta e respirou fundo. Pão de queijo, casaco, não correr... Ela não era mãe de Violetta para tratá-la assim, pensou pra si. Então, balançou a cabeça.

– Não sou mãe dela, sou tia e tias não agem assim - falou consigo mesma, jurando nunca mais tratar a menina daquela maneira. Mas algo ainda a incomodava. Tinha um imenso pressentimento de que a menina ia sim passar frio daquele jeito. Então, por precaução, guardou um casaco mais grosso em sua bolsa para levar ao Studio e emprestar para Violetta.

Mandou uma mensagem para Pablo falando que se atrasaria, inventando uma desculpa qualquer por não ter dormido a noite. Ela não diria que era porque ficara até três da manhã compondo a letra para sua sobrinha. Então, apenas disse que chegou tarde da casa de German e que não conseguira pegar no sono depois disso. Feito isso, tirou o roupão e entrou debaixo da água quente no chuveiro, iniciando assim sua higiene matinal antes de ir para o trabalho.

XX

– Bom dia! - a mulher entrou sorridente na sala dos professores, já no segundo horário de aulas. Encontrou Pablo, Gregório e Eraldo, o dono da gravadora que German arrumou e que os havia contratado. - Algum problema? - ela estranhou ao ver que os três homens a olharam tensos.

– Eraldo estava nos comunicando sobre um imprevisto... - Gregório começou.

– O que aconteceu? É algo muito ruim? - a loira deixou a bolsa em uma cadeira e se aproximou dos homens, já se preocupando.

– Não, é só que.. Como você sabe, os alunos fariam shows de divulgação do CD em Sevilla no final de outubro, como ficou combinado. - Pablo respirou fundo - Mas Eraldo estava nos contando que não haveria datas para show nessa época. Ele teve que adiantar, então precisaremos ir para Sevilla semana que vem.

– Semana que vem?! - Angeles exclamou, desesperada. - Mas.. mas os alunos não estão prontos! Tudo bem, estamos ensaiando todos os dias faz quase um mês mas...

– Eu sei que é complicado - Eraldo suspirou - Eu não tive outra escolha.

– Podíamos adiar então, sei lá, marca para novembro, dezembro, que seja! - a mulher gesticulava. - Mas agora? - soltou um suspiro.

– Angie, você tem toda razão em se preocupar - Pablo se aproximou da amiga. - Mas vamos ter que arriscar. E confiar no potencial dos nossos alunos.

– Eu confio neles, Pablo! Mas não é assim, eles estão se preparando para algo que iria acontecer daqui um mês, e não daqui alguns dias!

– Sim, é evidente que é complicado, vamos ter que dobrar os ensaios e correr ainda mais, acontece que não temos outra alternativa! Ou é isso, ou falimos - Gregório bufou.

– E aliás, quantas vezes imprevistos assim apareceram e nossos alunos nos decepcionaram? - Pablo encarou Angie. Ela respirou fundo.

– Nenhuma vez. Eles sempre surpreendem. - a loira abriu um meio sorriso, sem mostrar os dentes.

– Viu? Nós vamos conseguir fazer isso. Se acalma... - o amigo a abraçou, consolando-a.

– Tudo bem, você tem razão. Eles não vão nos decepcionar. - Angeles soltou um suspiro mais calmo. Pablo a soltou e os três professores voltaram seus olhares para Eraldo.

– Pode confirmar tudo, Eraldo - Pablo concluiu. - Hoje mesmo vamos reunir todos no Zoom para dar a notícia.

XX

O Studio estava tumultuado. Um mar de alunos se dirigia ao mesmo tempo para o Zoom, haviam sido comunicados por alto falante que o diretor precisaria passar uma notícia. Curiosos, todos pararam o que estavam fazendo para ir até lá.

– Pessoal, por favor, se ajeitem e fiquem em silêncio! - Pablo gritava no meio do falatório. Angie estava impaciente ao lado do amigo. - Vamos, gente! Estão todos aqui?

Mas a voz do homem era baixa comparada a toda aquela multidão falando. Angie, irritada, pegou um microfone que estava ali e balançou-o no ar, fazendo com que um som extremamente agudo e alto saísse pelos altos falantes. Todos gritaram e tamparam os ouvidos, ficando quietos em seguida.

– Ahá, muito obrigada! - a loira agradeceu, agora encarando os alunos silenciosos.

– É importante que prestem atenção, pessoal. Tivemos um imprevisto em relação a Sevilla. - Pablo continuou. Apenas com essa frase, murmúrios já voltaram a preencher o ambiente. Angie ameaçou fazer aquilo de novo com o microfone, mas os adolescentes perceberam e se calaram novamente.

– Ainda vamos viajar? - Leon ergueu o braço, perguntando.

– Vamos sim - Pablo assentiu - Mas não mais daqui um mês, e sim daqui cinco dias.

– CINCO? - alguns gritaram. Outros ficaram estáticos, logo em seguida começando a protestar uns com os outros, desesperados.

– Gente, gente, por favor! - Angie gritou - Eu sei que é loucura, sei que é uma bomba que estamos jogando aí no meio de vocês, mas a vida de um artista é assim! Talvez isso faça até bem para vocês irem se acostumando a aprender lidar com mudanças drásticas. - ela falou, enquanto eles paravam de falar e prestavam atenção em suas palavras. - Ensaiamos muito no último mês. Sabemos que vocês são capazes disto. - mulher tentava transmitir confiança para os olhares desesperados que alguns lhe lançavam.

– Sim, e ainda ensaiaremos até lá, vai dar tudo certo. - Gregório se manifestou.

– Isso mesmo, mas como está muito em cima da hora, precisamos resolver os assuntos da viagem hoje. Portanto, daremos o dia de folga para que vocês tragam aqui ainda hoje os passaportes, cópia dos documentos, autorização dos pais e a taxa de dinheiro que já passamos por email para vocês. Por favor, precisamos desses documentos para que possamos comprar as passagens e fazermos o check-in no hotel. Vocês tem até o final do dia pra trazerem tudo aqui. - Angeles concluiu.

– Acho que é isso, certo? - Pablo olhou para os outros professores, se certificando de que nenhum deles gostaria de falar mais alguma coisa. Ninguém se manifestou. - Sim, é isso. Podem ir, vai, corram!

O diretor concluiu sua fala e os alunos voltaram a falar uns com os outros, angustiados, enquanto se retiravam do Zoom e juntavam suas coisas para ir para casa correr atrás dos documentos. Quando estava tudo vazio por ali, Angeles caminhou até a sala dos professores para começar a organizar os assuntos da viagem. Foi quando viu a sobrinha, sozinha na sala da canto, dedilhando alguma coisa no violão. A loira sorriu e se dirigiu até a menina.

– Olá - ela se aproximou. Violetta ergueu os olhos e sorriu para a tia.

– Eu amei a música! Ficou tão profunda - a garota riu - Que difícil foi nos amarmos e voltarmos a nos amar... - ela leu um trecho que a tia havia escrito. - Estava inspirada, hein!

– Estava mesmo - a mulher mordeu os lábios, pensando em German. Vilu riu, divertida. - Mas o que está fazendo aqui?

– Eu preciso ensaiar, Angie. Tenho cinco dias pra aprender essa música e deixá-la perfeita. - a mais nova suspirou. - Eu já liguei pro papai vir aqui e trazer meus documentos, fica tranquila.

– Hm, entendi - a loira sentou-se do lado da sobrinha e mexeu nos cabelos dela. - Fica tranquila você também, em relação a música. Você pega rapidinho. - ela sorriu.

– Você é tão otimista, admiro isso em você - Violetta sorriu triste.

– Não é otimismo! É confiança. Eu confio em você. Confio na sua capacidade de se superar sempre. Você é quem não percebe, mas eu te vejo agora e percebo o quanto cresceu e evoluiu desde a primeira vez que entrou nesse Studio e cantou pela primeira vez. Tímida e nervosa naquele pequeno palco, sem tirar os olhos de mim por ser a única jurada que conhecia. - Angeles continuava a acarinhar o cabelo da menina. A garota sorriu sem mostrar os dentes. - Olhe pra você agora! É independente, corajosa, conquista tudo e todos apenas com esse seu olhar e sua humildade. Você enfrentou tantos obstáculos e não parou por causa deles. Usou-os para se tornar cada vez melhor. Por isso, Violetta, eu confio em você e no seu potencial. Talvez, a menina de três anos atrás não conseguisse deixar a música perfeita em cinco dias. Mas a mulher que você se tornou hoje com certeza consegue.

A morena encarou a tia por eternos segundos, depois que ela concluiu a fala. Ficou sem palavras, e tudo o que pode fazer foi soltar o violão e abraçar com toda a sua força aquela mulher.

– Você é um anjo que caiu do céu, Angeles - Violetta dizia, sem querer soltá-la. - Te amo incondicionalmente.

– Acredite, princesa, eu te amo mais. - a loira sorriu emocionada. Vilu soltou-a e riu.

– A propósito, estou com frio - ela disse, gargalhando. Angeles ergueu as sobrancelhas e soltou uma risada.

– Ahhhh, mocinha, eu disse que ficaria com frio! Da próxima vez escute a sua tia - a mulher se levantou, caminhando até sua bolsa e tirando um casaco dela. Jogou-o para a sobrinha, sorrindo. - Eu sabia que precisaria.

– Prometo escutar - a menina ria, vestindo o casaco.

– E aí - uma voz grave veio da porta, assustando as duas ali presentes. Angeles sorriu grande ao ver German entrar na sala de canto. - Com quem eu deixo isso? - ele mostrou um envelope em suas mãos.

– Hmmm, não sei, o que tem aí? - Angie sorriu boba.

– Um passaporte, uma cópia de RG, um cheque e uma autorização. - ele sorriu para ela também. Violetta olhou-os e balançou a cabeça.

– Vocês são muito melosos - ela murmurou baixinho.

– Que melosos o que! Seu pai é maior molenga, isso sim - a mulher ria, pegando o envelope das mãos de German. - Isso fica comigo, baby - mandou um beijo no ar para ele - Preciso trabalhar, até mais! - então saiu da sala.

–Ei, espera, eu vou ajudar também! - German saiu atrás dela, fazendo a filha rir e balançar a cabeça.

– Ai, esses dois - ela mordeu os lábios, pegou o violão novamente e voltou a ensaiar.

XX

Angie e German passaram o dia inteiro ali, enfornados sozinhos na sala dos professores. Angeles recebia os alunos trazendo os envelopes com os documentos, depois deixava todos em pilhas em ordem alfabética. Existia a pilha dos As, dos Bs, dos Cs, e assim por diante. German pegava os envelopes e computava os dados de um por um em seu computador. A loira separava o dinheiro em bolinhos de acordo com o tipo de nota ou cheque. Estavam tão concentrados que mal falavam.

O ponteiro apontou dez da manhã, uma da tarde, três da tarde, e não demorou muito para chegar às cinco. Os minutos voavam para os dois que nem almoçado tinham. German chegou a um ponto que a dor de cabeça tomou conta dele. Então, se apoiou no teclado e fechou os olhos.

– Angie, pelo amor de Deus, vamos pra casa - murmurou.

– Vinte e quatro mil e trezentos, vinte e quatro mil e seiscentos, vinte e quatro mil e novecentos... - a mulher começou a contar alto, para mostrar para German que ela não podia parar para falar agora. O homem bufou e arrancou o dinheiro da mão dela, fazendo-a abrir a boca para protestar.

– Você vai ficar louca desse jeito! - German exclamou.

– German, você me fez perder a conta! Eu não vou contar tudo de novo! - Angeles choramingou.

– Você parou em vinte e quatro mil e novecentos. - o homem anotou o número em um papel qualquer que havia sobre a mesa. - Isso é dinheiro pra caramba.

– Trezentos por aluno - a loira deu de ombros, suspirando. German amarrou o dinheiro já contado e guardou-o em uma gaveta, deixando o que ainda faltava contar em outra. Juntou todas as autorizações na mesma gaveta que deixara o dinheiro contado e em seguida trancou todas com cadeado. Depois, voltou-se para seu notebook, salvou a planilha com os dados dos documentos digitalizados e abaixou a tela do aparelho.

– Vamos pra casa, vem - ele ajudou Angie a ficar em pé. - O que você tem?

– Sono, mal dormi esta noite. E claro, fome. Estou sobrevivendo com o pão de queijo que comi antes de sair de casa. - ela riu fraco.

– Vamos lá, eu vou te levar no McDonalds. Você precisa comer. - German pegou a bolsa dela e ajeitou-a nos ombros da mulher.

– McDonalds, que romântico - a loira soltou uma risada.

– Caladinha, eu sei ser romântico até no lixão, ok? - ele exclamou indignado. Angie cruzou os braços.

– Hm, então prova! - ela sorria. O homem sorriu cafajeste. Encostou Angie de costas na mesa da sala, encurralando-a com seu próprio corpo. Estando colados o suficiente, German encostou as testas e a viu fechar os olhos. Tirou a bolsa da mulher das mãos dela e deixou o objeto de lado. Repousou seu braços ao redor da cintura de Angeles, sem nenhuma pressa. Ela, por sua vez, enroscou os braços atrás do pescoço dele. Assim posicionados, German finalmente beijou-a da forma mais calma e carinhosa que podia.

Era um beijo apaixonado e longo. Não era de língua nem nada. Era apenas um beijo. Um beijo profundo e ao mesmo tempo... romântico. Ficaram minutos daquela maneira, até que, de repente, Pablo entrou na sala dos professores e se deparou com a cena de sua melhor amiga se amassando com outro cara.

– UOU - Pablo exclamou assim que viu aquilo, tapando os próprios olhos. German e Angie partiram o beijo, para olhá-lo. A loira caiu na gargalhada.

– Pablo! O que você veio fazer aqui? Some, vai, vaza! - Angeles exclamava, vermelha de vergonha. German ria da situação, sem nem se afastar da mulher que rodeava.

– Calma, eu venho em paz! - o amigo de Angie ergueu os braços em sinal de inocência. - Eu trabalho aqui, pra sua informação! Vim buscar minha carteira que esqueci, já estou saindo. - continuou, também meio constrangido. Correu para pegar sua carteira no armário ao lado da mesa. - E pensar que quando eu falava que você estava apaixonada por ele, três anos atrás, você negava até a morte...

– Não estou apaixonada, que isso! - a mulher tentou disfarçar a situação.

– Ow! - German exclamou - Claro que está, você disse ontem que me amava! - ele sorriu vitorioso.

– Você disse? - Pablo escancarou a boca, brincando estar surpreso.

– PABLO. SAI. DAQUI. - Angeles atirou uma bolinha de papel que havia sobre a mesa no amigo. - Interromper o momento dos amigos é muito feio, sabia?

Os dois homens só sabiam rir do desespero de Angie.

– E por sinal, você também disse que me amava, viu? Você acha que eu não ouvi mas eu ouvi sim! - a loira tentou se defender, dizendo isso pra German.

– Talvez seja porque eu amo mesmo - este deu de ombros, beijando amorosamente o queixo da mulher sem se importar com a presença do outro ali.

– Ih, sobrei - Pablo soltou uma risada. - Aqui minha carteira, já estou saindo! - ele ia falando com o casal, que já havia voltado a se beijar. Se sentindo ignorado, Pablo bufou e gritou mais uma vez antes de sair da sala: - Só não façam coisas inapropriadas na mesa onde a gente trabalha, eu agradeço!

E finalmente saiu.

– Sabe, sempre interrompem a gente. Da próxima vez vou te levar para o meio do nada, aí não tem como ninguém interromper. - German falou baixinho, em um intervalo entre os beijos. Angie riu baixinho.

– Para de se preocupar, vem cá - ela puxou-o de volta para juntar os lábios.

O casal continuou ali por mais um tempinho, e enfim saíram para ir ao McDonalds. Angeles pediu um Mc Lanche Feliz e se divertia com o brinquedo do Minions que tinha ganhado. Ficaram ali por um bom tempo, rindo e falando de qualquer coisa. Quando ficou tarde, ele a deixou na casa dela e ela não pensou duas vezes antes de ir dormir.

O dia seguinte era um sábado ensolarado que fazia praticamente toda a Buenos Aires acordar de bom-humor. Era um dia perfeito para levar o cachorro para dar uma volta, levar o filho a um parque, para ter um passeio em família, sair com os amigos, ou fazer algum programa ao ar livre com o namorado. Nada mais justo depois de uma semana chuvosa como fora aquela.

Angeles acordou com o celular tocando no criado mudo ao lado de sua cama.

– Ai, German, se for você me ligando essa hora acabou o amor - a mulher murmurou pra si mesma, levantando-se para desconectar o celular do carregador e atender quem ligava. - Alô? - disse preguiçosa, coçando os olhos. Nem se deu o trabalho de ver quem era.

– Angie! - uma voz simpática disse do outro lado. Angeles reconheceu a voz e abriu um enorme sorriso.

– Jane!!! - ela mordeu os lábios, entusiasmada. Janette, esposa de um dos amigos de German, havia pegado seu número no dia daquela festa. - Quanto tempo!

– Sim, pois é! - a mulher tinha a mesma animação que Angie. - Estive pensando em você. Como está? E o German?

– Estou bem, Jane! Ele também está, estamos cada vez melhores - a loira sorriu divertida, escutando a outra rir do outro lado. - E a família aí?

– Está tudo bem sim... - Janette sorria - Mia principalmente. Hoje o dia está lindo, estava pensando em sairmos para dar uma volta, o que acha?

– Acho uma ótima ideia!

Uma hora depois, lá estavam elas. Angeles, Janette e Mia, filha de Janette, no parque. A garotinha de cinco anos corria e brincava com outras crianças enquanto Angie e Jane conversavam, sentadas em um banco. A loira achava incrível como conhecendo Janette há tão pouco tempo pudessem ter tantos assuntos e tanta liberdade pra falar. Ela tinha ganhado uma amiga, tinha certeza disto.

– Então ele disse que te amava! Ah, Angie, que lindo! - Janette mordeu os lábios.

– Sim, você estava certa - a outra riu. - E agora estamos assim, indo com calma. Por enquanto não somos nem namorados nem nada, eu quero que ele me peça em namoro de um jeito mais concreto e tal. Mas estou feliz mesmo assim!

– Eu imagino. Faz dez anos que eu e Davi estamos casados e eu não consigo esquecer de jeito nenhum o jeito que ele me pediu para namorarmos, treze anos atrás. É algo marcante.

– Com certeza. E sabe, eu e German temos mania de brigar muito. Sei lá, ele é o único que me tira do sério fácil. Mas nem isso está me deixando receosa agora, eu estou totalmente entregue a ele - Angeles sorria observando Mia correr.

– Bom, sempre costumamos brigar muito com a pessoa que nos atrai. Eu brinco que é uma forma de equilibrar as coisas. - Janette riu - Amamos tanto alguém que pra compensar vivemos brigando com ela também.

– Sabe, não duvido que seja isso mesmo. Nosso cérebro maluco não sabe viver de amor demais - Angie fez careta. De repente, Mia tropeçou em um degrau e caiu no chão de concreto, ralando os joelhos. A menina começou a chorar freneticamente - A Mia!

Janette rapidamente olhou para a filha - Mia, meu amor! - a mulher dos cabelos cor de mel se levantou e correu até a garotinha. Angie foi atrás. - Ai, eu não acredito...

– Machucou muito? - a loira chegou perto e então viu o sangue escorrer pela pequena perna da menina - Ai, ok, já vi que sim.

– Angie, fica com ela aqui rapidinho? Eu vou pegar o antisséptico no carro - Janette, que estava agachada ao lado da filha, levantou-se.

– Ahm, claro - Angeles assentiu, sem nem saber como fazer uma criança parar de chorar. A amiga agradeceu e saiu correndo em direção ao carro estacionado na rua. Mia berrava de dor e lágrimas rolavam pelos seus olhos. - Ei - Angie tentou fazer alguma coisa, ajoelhando-se ao lado da garota. - Calma, já vai passar, mamãe foi pegar um spray que vai fazer parar de doer...

– Não! - a menina gritou brava - Aquele spray só faz arder mais! - e continuava a chorar.

A loira olhou ao redor, tentando ter alguma ideia. Então, avistou um carrinho de sorvete.

– Hum, então o que você acha de um sorvete mágico? - ela mordeu os lábios, esperando que funcionasse.

– Um sorvete mágico? - a menina parou de chorar no mesmo instante, encarando confusa a mulher a sua frente.

– Sim, está vendo aquele homem? - Angie apontou para o dono do carrinho. - Ele é um feiticeiro que faz sorvete mágicos para crianças que se machucam. Passa a dor na hora e é uma delícia!

– Uau! Eu quero um desses! - Mia abriu um sorriso esperançoso.

– Aê, então vem cá - a mulher deu a mão para a criança e as duas foram andando de mãos dadas até o carrinho de sorvete. Mia ia mancando devido ao joelho ralado. - Moço! Me vê um sorvete mágico, por favor! - ela disse. O senhor olhou para ela com o cenho franzido. Angie quis rir por dentro, ele devia achar que ela estava louca.

– Sorvete mágico? - ele respondeu.

– Sim, aquele que faz passar a dor de machucados! - Angeles apontou para o joelho de Mia e piscou para que o homem entendesse. Por sorte, ele rapidamente sacou a situação.

– Ah, claro! O sorvete mágico! - abriu o carrinho de sorvetes e tirou dois picolés de lá. - Existe o para dores fracas e o para dores fortes! Qual é a sua, mocinha?

– Forte! - Mia respondeu, choramingando.

– Então é este aqui - o senhor entregou o picolé nas mãos da criança. Esperançosa, ela desembrulhou o sorvete e logo deu a primeira lambida. Angie tirou o dinheiro da bolsa e pagou o cara.

– Obrigada - sussurrou para ele, que respondeu com um sorriso.

As duas então se afastaram do carrinho, silenciosas. Mia tomava o sorvete animadamente, alegando que nem sentia mais dor. Então, Janette voltou correndo com uma caixinha de primeiros socorros em mãos.

– Aqui, filha - a mulher chegou perto das duas.

– Ah, mamãe, não precisa mais! Não está mais doendo! - Mia sorriu grande com a cara toda lambuzada de sorvete de chocolate. - A tia Angie comprou um sorvete mágico pra mim, que cura machucados! E funciona!!!

Janette franziu o cenho e olhou para a amiga, que soltou uma risada.

– E um viva ao efeito placebo - Angeles ria, logo acompanhada por Janette.

– Você é bem criativa, hein - Janette balançou a cabeça, sorrindo. - Sorvete mágico, essa foi ótima.

– Muito obrigada - a loira riu mais uma vez. - Mas vem cá, por que você ainda com uma coisa dessas no carro? - disse se referindo a caixa de primeiros socorros.

– Ah, Angie, você nem imagina, essa menina é quase um moleque - Janette rolou os olhos - Vive se machucando.

– Ê, Mia, tem que tomar mais cuidado! - Angeles sorriu para a menina.

– Nem adianta falar, ela nunca toma - a mãe da garotinha deu de ombros. Mia soltou uma risada.

Logo que ela acabou o sorvete, voltou a brincar como se nada tivesse acontecido. E quase uma hora depois, se cansaram e decidiram ir pra casa. A menina dormiu na cadeirinha no carro, enquanto Janette e Angeles iam conversando na frente.

– Você vai ser uma ótima mãe um dia, Angie - a mulher mais velha sorriu - Obrigada por hoje. Depois te reembolso pelo sorvete - ela riu.

– Imagina, Jane, uma nota de três não vai fazer diferença nenhuma na minha vida - a loira sorriu.

– Devíamos sair mais vezes, com as outras meninas também!

– Sim, com certeza. - Angeles assentiu - Vocês são demais. Vou até agradecer ao German por ter me levado naquela festa!

Janette riu - Ai, meu Deus. E falando nele, você está pronta pra assumir um compromisso então? Sem mais receios?

– Sim! Estou! - Angeles respondeu animada, mas estranhando a pergunta. - Por quê? Do que você sabe, menina?!

– Eu?! Sei de nada não, mulher! - ela mordeu os lábios, escondendo um sorriso. - Olha, chegamos na sua casa.

– Janette! Você sabe alguma coisa! E está me escondendo! - a loira exclamou indignada.

– Eu só fiz uma pergunta, que isso! - ela ria. É claro que ela sabia.

– Olha, dessa vez eu vou deixar passar. Só dessa vez! - Angie disse rindo, enquanto abria a porta para sair do carro.

– Tchaaau, Angie, tchau! - a mais velha ria.

– Tchau, palhaça! - ela mostrou a língua rindo, então saiu do carro e entrou em sua casa.

Angeles se jogou no sofá, agora confusa. O que Janette sabia? Então quer dizer que German estava preparando alguma coisa? Quer dizer que ela estava perto de assumir um compromisso sério com ele? Espera. Compromisso sério? Com German? Angie sempre sonhou com isso, mas agora tendo isso tão perto de si, um medo grande a invadiu. Será mesmo que ela estava realmente pronta? O que aquilo poderia trazer na sua vida? Tudo ia mudar. E assim, o medo despertou um desespero. A palavra compromisso se tornou assustadora. Ela não tinha mais certeza se estava pronta.

Mas então, subitamente, a loira lembrou-se da noite do boliche. Da tarde no mercado. Do baile do Studio. Dos mimos pós-sequestro. Da noite de filmes. Dos churros. Da festa da empresa. E assim de repente, o medo sumiu.

Nada mais importava. Não importava mais os anos que haviam se passado. Não importava mais as lágrimas, cada uma delas valeu a pena. Não importava mais nem Priscilla, nem Esmeralda, nem mesmo a filha de Eraldo que havia dado em cima da German no baile. Não importava o medo: German sempre seria seu porto seguro. Simplesmente, nada mais importava. Nada além de seu amor por German, e de sua vontade de, finalmente, assumir um compromisso sério com ele.


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Notas finais do capítulo

Gente eu sei que foi leonetta que compôs a música aí mas eu quis colocar que a angie que compôs na fic porque sim, perdoem-me E COMENTEM BJINHO