O humilde pescador viu que Lety ainda estava viva, mas não por muito tempo, caso ele não a ajudasse. Com certa dificuldade, ele a arrastou até sua casa que ficava ali perto. Era uma casa simples, sem muito luxo. Quando o pescador entrou em casa, sua mulher logo veio ajuda-lo.

Trataram logo de aquecerem a Letícia. Ela estava começando a recobrar a consciência. Apesar de sua alma destruída, seu corpo sobreviveria.

Longe dali, na Conceitos, Fernando havia terminado com a Márcia e se trancado na sala da presidência. Não queria ver ninguém. Se sentia um lixo. Odiava a si pelo que fez com Letícia. Não a culpava, pelo contrário, entendia o motivo dela ter feito o que fez na reunião. Fernando naquele momento desejava morrer. Sabia que tinha perdido a Lety, talvez para sempre. Sabia que ela não o perdoaria e aquilo lhe destroçava a alma.

No dia seguinte, Lety acordou na casa, não sabia ao certo o que havia passado, mas lamentava que o mar não tinha lhe tirado a vida.

Nesse momento a senhora, esposa do pescador, apareceu com uma sopa.

–Você quase morreu ontem. Sorte que o Atílio, meu marido, te encontrou. Você não resistiria ao frio da madrugada. -Disse a senhora colocando o prato de sopa nas mãos da Lety.

–Deviam ter me deixado morrer, teria sido melhor.-Levy resmungou.

–Não diga assim. Você é jovem, tem uma vida inteira pela frente. Não há mal que não possa ser curado. -disse, com ternura, a velha senhora.

– Meu caso já não tem cura. Já estou morta em vida, me mataram em vida. -Lamentou-se Lety.

–Toda dor de amor um dia passa. Ela não sumirá, mas você aprenderá a conviver em harmonia com ela. _Disse a senhora já se retirando.

Na casa dos Padilha Solís, um policial bate na porta para dar a triste noticia de que uns pescadores viram Letícia no mar, mas não conseguiram salva-la, ficaram somente com sua bolsa.

Dona Julieta e seu Erasmo se desesperaram. Dona Julieta, incrédula, decidiu ir na Conceitos procurar por sua filha.

Seu Fernando já estava trancado na sala da presidência por um dia. Só saiu quando escutou dona Julieta chegou desesperada na empresa gritando que Lety estava morta. Ele prontamente caiu ajoelhado ao ouvir a notícia.

–diga que não é verdade, dona Julieta. -Implorou seu Fernando.

–Disseram que ela se afogou no mar e isso só pode ser culpa do senhor, da Conceitos. -Gritou Julieta.

Fernando não disse uma palavra, apenas lágrimas escorriam de seus olhos. Ele saiu da empresa, entrou em seu carro e acerelou.

Todos da Conceitos estavam descredulos. Até mesmo os olhos da Alice se encheram d'água.

Lety, na ilha, queria apenas morrer. Por insistência da senhora, esposa do pescador, ela se alimentou um pouco.

–Sabe, você tem uma beleza rara, mocinha. Muitos homens brigariam por você. -comentou a senhora.

–Sou feia, senhora. Brigariam por não ficarem comigo. -Disse Lety com aspereza.

–Eu já fui maquiadora e quando digo que você é bela não estou zombando. Não sei porque se esconde nessa capa. Se quisesse, você seria uma das mais belas mulheres da cidade. -Disse com sinceridade a senhora.

–agradeço tudo que fez por mim. Mas preciso ir, senhora. Agradecia também ao seu marido. -Disse Lety já se levantando e se dirigindo para a porta.

–Permita-me mostrar-te como és bonita. Se vai mesmo se matar, deixe que eu lhe faça uma maquiagem para ver se consigo fazer você ver o seu valor. -Pediu a senhora.

Lety, que já não tinha vontade de viver, decidiu deixar a senhora fazer uma maquiagem nela para que comprovasse como era feia. Podia adiar seu suicídio por mais algumas horas.

A senhora pegou alguns antigos kits de maquiagem que possuía e fez seu melhor. O resultado surpreendeu até mesmo a Lety.

Continua.