Lucas e Du desvencilharam-se um do outro, entreolhando-se.

– É... tu quer comer alguma coisa? - Lucas a fitou -

– Hm. Adoraria. - Falou com vergonha do rapaz, que a olhava de um jeito diferente. -

– Pois.. hm... vou lá pegar um lanche pra ti. - Lucas levantou da cama, sem jeito - Suco de laranja ou...

Du sorriu sem graça. - Laranja, lek. - Du sorriu. -

Lucas pôs-se frente ao espelho e deu um pulo ao ver sua boca suja com o batom vermelho da jovem.

– Tinha esquecido de dizer. Tua boca tá toda suja de batom. - E gargalhou -

– Valeu por avisar. - o rapaz disse, limpando a boca com as costas da mão e vestindo uma blusa - Bom, vou indo lá.

Lucas retirou-se do quarto e Du pôs a mão no peito. Eles não haviam feito nada demais, mas mesmo assim a garota ficou mexida. Quando lembrou dos amassos que deram poucos minutos atrás, a garota sorriu. O maior, ao sair do quarto, recostou-se na parede, com uma das mãos na boca e sorriu também. Ele nunca tinha imaginado algo assim acontecendo entre eles dois. Claro que percebia o quão Du era bonita, e não hesitava em olhar toda vez que ela resolvia aparecer em sua frente de toalha após banhar. Mas, claro, não havia pensado em outro sentido. Com desejo, como havia acontecido no quarto.

Dirigiu-se em direção á cozinha e assustou-se quando viu seu pai lá, com um copo de água na mão.

– Não vou perguntar o porquê de você estar acordado essa hora, porque você já é muito "grandinho" para isso. Mas o que faz essa hora na cozinha, e... - José Alfredo fitou o filho, sem camisa, e deu um sorriso de lado, com segundas intenções -

– Ué? - Lucas olhou para o pai com uma cara de desentendido - Que foi?

– Aquela garota tá aí, né? - José Alfredo sorriu -

– Hm... tá sim, por que?

– Isso explica essa "chupada" no seu pescoço.

Lucas arregalou os olhos, e passou a mão no pescoço. - Você tá inventando, né?

– Não estou não. - José Alfredo gargalhou -  E que chupada... - falou baixo para o filho -

– Não, pai. Não viaja. - Ele falou mexendo no local onde estaria a possível marca - Ela é minha amiga.

– Eu tinha muitas amigas assim quando tinha sua idade.

Lucas balançou a cabeça. - Eu vou fazer o lanche dela, que deve estar com fome. - deu de costas -

– Se cuida. - Alfredo deu um tapinha nas costas do filho. -

– Chupada... só podia ser meu pai mesmo. - falou com si mesmo, rindo. -

* *

– Trouxe seu lanche. - Ele sorriu e mostrou a bandeja na mão -

– Nossa, tô varada na fome. - Gargalhou e pegou um sanduíche, quando Lucas pôs a bandeja na cama - Ei, tem um chupão no teu pescoço. - Falou baixo -

– Então era verdade. - Ele falou sem graça e olhou-se no espelho -

– O quê? Alguém viu?

– Meu pai...

Du saltou os olhos. - Ai meu Deus, Lucas! - Ela engasgou-se com o sanduíche - Que vergonha!

– Que nada, Du. - o rapaz riu - Ele até brincou.

– Isso não tá certo. A gente é amigo, e...

– Você tem namorado. - falou cabisbaixo -

– O Michel não é meu namorado. É um cara que... que fico de vez em quando.

– Ah.

– Isso não vai acontecer mais, ok? - Du sorriu e mordeu mais um pedaço do sanduíche -

– Ok. - Lucas cruzou os dedos e os beijou - Se bem que...

– Lucas! - Du deu um tapinha nele -

* *

– Quero ver você ganhar de mim, malandro! - Du manobrou o carro do jogo com o controle remoto do videogame -

– Ah é? Toma essa!

Os dois estavam jogando videogame como se nada tivesse acontecido. Como antes. Lucas não estava mais constrangido, mas toda vez que Du via a marca que estava no pescoço dele, enrubescia.

– Quem disse que você ia ganhar mesmo? - Du sorriu vitoriosa e jogou-se na cama, com o controle -

– Vai ter revanche, ok? Eu vou ganhar da próxima, você vai ver.

– Quero ver só... Lucas! NÃO!

Lucas prendeu com um mão, as duas de Du no alto da cama, e com a outra, fez cócegas.

– Me solta! Você vai ver quando eu te pegar! - A garota ria alto, tentando soltar-se - Lucas!

O rapaz foi aproximando-se gradativamente dela, e roçou seus lábios nos lábios da menor. - Eu te solto. Mas se você me der outro beijo.

– Lucas, a gente conversou. - Du fecha o olhos e respira fundo -

– Você sabe como sou insistente...

As mãos da jovem foram soltando-se aos poucos, e a respiração de ambos tornando-se mais rápida. O peito de Du subia e descia, enquanto Lucas passava o nariz por seu pescoço.

– Isso é golpe baixo. - Ela riu, de olhos fechados -

– Não. Não é.

E a beijou. Quente. Muito quente.

– Lucas, Lucas! - Du o empurrou pelo peito, vendo que ele já estava bem animado. Não queria que as coisas acontecessem assim - Não. Para.

O garoto caiu de costas na cama e a fitou.

– A gente tá indo rápido demais. Melhor ir dormir. - A garota falou, recompondo-se -

– Dorme comigo. - Lucas aproximou-se, e deu um cheiro nela, que arrepiou-se -

– Não. Eu vou dormir no colchão, como sempre fiz. - Du levantou-se depressa - Vou ali escovar os dentes e dormir.

João Lucas sentou-se na cama e observou Du entrar no banheiro e sair minutos depois, com um camisao dele, e cabelo preso em um coque desordenado. A garota puxou o colchão, pegou um lençol e um travesseiro e deitou-se de costas para o amigo.

– Boa noite.

– Boa noite. - João Lucas bufou e deitou-se na cama, fitando o teto. -