Sobre amor, tartarugas e novas chances escrita por Blue Butterfly


Capítulo 14
Capítulo XIV


Notas iniciais do capítulo

Senhoras e senhores. Eis aqui um novo capítulo. Que reescrevi umas cinco vezes, e que se não fosse pelas sugestões da AC jamais teria superado o bloqueio hahahaha. Obrigada pela iluminação AC ;) É longo, quase 7 mil palavras e acho que vocês irão preferir lê-lo a sós.



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Tortura.

Quando Jane concordou em trazê-las para as compras - Angela, Constance e Maura - ela não tinha previsto o que estava acontecendo agora. As três mulheres combinaram de fazer algo especial para a noite, já que Jane tinha convidado Frost, Korsak e Frankie para o jogo - que agora virara 'para o jantar'. A morena tinha se esquecido de que como fazer compras com Maura poderia ser torturante. E elas nem estavam em uma loja de roupas. Era simplesmente um mercado, um mercado como qualquer outro no mundo. E era simplesmente farinha. Francamente, Jane não dava a mínima para o tipo de farinha que elas usariam para fazer a famosa lasanha da mãe. Aparentemente, entretanto, Constance se importava bastante e Angela tinha se deixado levar pelo entusiasmo da mulher que sugeriu alguns aprimoramentos na receita.

Santo. Deus. Fazia cinco minutos e Jane estava emburrada. Ela franziu a sobrancelha e suspirou impacientemente. As coisas que ela fazia para deixar Maura feliz. Ela decidiu abandonar o grupo de mulheres para pegar alguns amendoins e chocolate para comer durante o jogo - as três nem notaram quando ela se afastou. No corredor, ela apanhou um pacote grande da marca de amendoim que sempre comprava e parou para analisar qual seria o chocolate da vez. Ela gostava de Hershey's, Maura dizia que o nível de açúcar era alto demais e que ela não deveria ingerir aquilo se se preocupasse com a saúde e diabetes. Ela soltou uma risada baixa e agarrou cinco barras. Aquilo serviria. Maura ficaria indignada. Jane diria a ela que Lindt - Maura tinha comido uma barra inteira sozinha dias atrás - não era lá muito diferente dessa. Brincando com fogo, Rizzoli.

Ela ainda estava observando a estante com os doces, pensando se deveria levar algo mais, quem sabe até mesmo um Lindt de Pistache para a loira - afinal ela tinha que subornar Maura para poder levar as outras cinco barras com ela - quando a voz de um homem soou vindo de trás das suas costas.

'Se isso é para suas crianças, eu indicaria aqueles ali.' Ele era mais baixo do que Rizzoli, os olhos eram castanhos claro e o cabelo loiro escuro. Usava um boné azul escuro que não escondia tão bem o rosto anguloso e roupas pretas. Uma tatuagem de um dragão vermelho contornava sua braço, como se o bicho estivesse se agarrando ali e a tintura se destacava bastante na pele branca. .

Ela se virou a tempo de ver o homem apontando o dedo para um amontoado de barrinhas de chocolate mais ao início do corredor. Um tanto incomodada com a intromissão, ela simplesmente sorriu e balançou a cabeça, depois voltou a atenção à estante.

'Porque você sabe, eles sempre querem acabar com uma barra de uma vez, e essas grandes... Você não vai querer sua criança com tanto açúcar no sangue. Pode apostar.'

Jane fechou os olhos e respirou. Ela não tinha nenhuma criança e a insistência do homem estava deixando ela irritada. Se ela tivesse uma filha, ou filho, ela compraria aqueles chocolates mesmo, e Maura iria repreendê-la e não iria permitir que eles comessem qualquer chocolate que fosse e ponto final. Ela não precisava de ajuda de estranhos, e não precisava, principalmente, de um estranho lembro-a de que ela não tinha uma criança. Controladamente, ela se virou para o sujeito e disse um 'obrigada, vou ficar com esses mesmo' antes de pegar o maldito Lindt e dar as costas para o cara.

Ela quase esbarrou em Maura.

'Jane, achei que você tinha se perdido da gente.' A loira disse sorrindo, olhando nos olhos escuros da mulher.

'Ah, como eu queria.' Ela murmurou. Maura fechou a cara.

'O que é isso?' Ela apontou para as barras de chocolate.

'Bom humor embalado.' Jane sorriu falsamente e mostrou os dentes.

'Jane, você sabe da quantidade de açúcar...'

A morena levantou a barra de Lindt para a loira. 'Eu não me esqueci de você.'

'Oh.' Maura disse simplesmente. 'Isso é... Bem... Eu espero que você não coma todas essas barras sozinhas.' Ela devolveu a dela para Jane e ambas caminharam de volta para as duas mulheres.

'Me digam, pelo amor de Deus, que vocês já decidiram qual farinha levar.' A morena fez uma cara de 'tenha misericórdia de mim' e quase cruzou os dedos.

'Vamos levar as duas e tentar duas receitas diferentes.' Angela informou indiferente.

Jane sentiu uma pontada de irritação de novo e não resistiu a urgência de revirar os olhos. Elas passaram mais de cinco minutos para decidirem levar as duas opções. Maravilhoso, Rizzoli. Espere até chegar aos molhos.

...

Elas gastaram uma hora no lugar para pegar uma dúzia de ingredientes. Jane estava irritada, era oficial. Sua irritação só não alcançou níveis alarmantes porque ela tinha comprado mais bobagens e cerveja do que geralmente compraria. Maura estava ocupada demais checando a lista de compras, quais ingredientes tinham comprado, o nível de carboidratos e açúcar e sódio e, Deus, aquela mulher não se cansava disso? Não era à toa que ela demorava três dias para fazer comida francesa. A loira era tão meticulosa e organizada e sistemática quanto sua mãe. Rizzoli, por uma única vez, ficou feliz em ter Angela como mãe cozinheira. Tirando as panquecas de coelho - e não porque elas eram ruins, mas sério, coelho? - o resto era tudo ótimo, rápido, feito sem ensaios.

A detetive agarrou o volante quando quase passou por um semáforo vermelho. Maura a olhou de soslaio e soltou um suspiro de reprovação. A freada brusca não tinha sido intencional, mas ela tirou vantagem da situação de qualquer forma, porque ela adorava provocar Maura no trânsito.

'Jane, você não está prestando atenção enquanto dirige?' A loira disse instantes depois, aparentemente não satisfeita apenas com o suspiro.

'É claro que sim. E se a gente não tivesse no seu carro, eu usaria as sirenes.'

Maura revirou os olhos, um costume que tinha aprendido com a morena. 'Da próxima vez eu dirijo.'

'E eu volto tomando cerveja.' Jane sorriu para ela, como se fosse um ótimo acordo. Maura lhe deu um soco no ombro. 'Maura, pára com isso!' Já era o segundo soco do dia.

'Jane, pare de provocá-la!' A voz de Angela veio do banco de trás.

'Maura, querida, o que eu te dizia sobre gestos violentos?' Constance repreendeu a mulher.

Detetive e médica reviraram os olhos ao mesmo tempo, enquanto no fundo riam da situação.

...

Cosntance e Angela estavam liderando a cozinha. Ditando ordens para Maura e Jane e as duas se descobriram no meio uma grande encrenca. Jane não entendia qual era o problema de colocar os ovos depois da farinha - a outra farinha, Jane! - ou então de porquê diabos ela tinha que bater a massa mais leve na mão se depois ela iria amassá-la e deixá-la mais firme. E Maura estava dividida entre ajudar a organizar o que tinha sido usado e sujo e entregar os outros ingredientes para a mãe enquanto ela lidava com a segunda massa. Não estava sendo necessariamente estressante, mas sem dúvidas duas mulheres ali já era o suficiente para fazer aquilo. Duas mulheres mandonas com algo totalmente distinto: uma optava pela meticulosidade e a outra, bem, pelo 'vamos tentar e ver no que dá'.

E aquela era só a primeira parte, mas Jane desconfiou de que sua ajuda não seria necessária para o passo seguinte. Quando as massas ficaram prontas, depois de uma hora e meia, Jane abriu uma barra de chocolate e mordeu um pedaço, encostando-se no armário da cozinha, cansada demais por se envolver em algo que ela nem queria fazer. Cozinhar não era uma de suas atividades preferidas. Maura, derrotada, se encostou ao seu lado parecendo tão abatida quanto ela.

'Acho que essa não foi uma idéia.' Ela murmurou enquanto erguia os olhos para Jane.

'Você acha?' A morena zombou e mordeu o chocolate.

'Jane, eu não acredito que você tá comendo doce antes do jantar!' Ela repreendeu a mulher num sussurro.

Jane suspirou, cansada demais para argumentar.

'E é o meu chocolate!' Ela exclamou.

Jane deu de ombros e a encarou como se dissesse 'você pode me culpar depois disso tudo?' e ofereceu a barra para Maura. A loira rolou os olhos - em redenção - e mordeu um pedaço.

'Hm...' Ela murmurou enquanto o chocolate derretia em sua boca.

'Melhor?' Jane perguntou sorrindo, vitoriosa.

'Você tá me levando para o mau caminho, Jane.' Maura disse balançando a cabeça em negativo, se recusando a adquirir mais esse costume de Jane. Era inaceitável engerir tanto açúcar assim a noite, principalmente antes do jantar.

Do outro lado da cozinha, agora, Angela e Constance recheavam a massa que logo seria assada. Maura aproveitou o momento para se servir suco. Ela caminhou até a geladeira e os olhos pararam um momento no desenho de Harriet que ainda estava lá. Sua letrinha marcando cada animal pintado. Ela sorriu tristemente e deslizou os dedos sutilmente sobre o papel antes de abrir a porta da geladeira.

A partida da garotinha era algo recente e ainda não digerido, e de um dia para o outro tantas emoções brotaram dentro de si, e ela se viu tendo que lidar com cada uma delas. Maura não era boa nisso. Ela não escondia o que estava sentindo, mas também não era como se ela soubesse resolver tudo o que sentia. Às vezes era só confuso, e ela precisava da ajuda de Jane para clarear as coisas. Como com Hope. Se Jane não tivesse intervindo no momento certo, Maura teria se recusado a desenvolver qualquer tipo de relação com ela, mesmo que uma relação saudável com a mãe biológica fosse justamente o que ela queria.

Sabiamente, Maura afastou os pensamentos e focou no presente. A overdose de sentimentos iria gradualmente se apagar com o passar do tempo, e com sorte o que sobraria seriam sensações boas com um misto de saudade. Ela ouviu a voz de Jane chamando por ela e pousou a caixa de suco de laranja no balcão antes de olhá-la.

'O que?' Ela perguntou distraída.

Jane se aproximou e passou o polegar no canto da boca da loira. 'Chocolate.' Ela disse e sorriu.

Maura passou os braços na cintura da morena e inclinou para plantar um leve beijo nos lábios. 'Obrigada por hoje.' Ela disse num tom de confidência.

'Qual é, Maur. Eu não fiz nada demais.' Ela cruzou os braços que estavam na parte inferior das costas da mulher menor.

'Qualquer coisa que você faça pensando em mim, significa o mundo para mim.' Maura garantiu e pressionou os lábios na curva do pescoço da morena.

'Ei vocês duas.' A voz de Angela cortou o ar. 'Talvez vocês queiram arrumar um quarto.'

'Qual é, mãe!' Jane franziu o cedo e rebateu. 'A gente só tá conversando!'

E agora Angela e Constance riam da situação. Claro, elas agora tinham se unido para tirar com a cara das duas. Jane balançou a cabeça e olhou para Maura, que agora tinha um sorriso tímido no rosto e olhar caído para baixo. Ver Maura com esse sorriso tímido não era algo que acontecia com muita frequência. Jane se lembrou da primeira vez que ela testemunhara a ação.

Havia se passado onze dias depois do primeiro beijo. Elas tinham acabado de entrar no apartamento de Jane, era uma noite agradável de outono e tinha sido um dia consideravelmente bom. Jane prendera um cara por assassinar a mulher, fechando um caso, e Maura tinha tido um encontro no almoço com Hope. O resto do dia fluiu numa leveza bem-vinda para uma sexta-feira, encerrando o período de trabalho - e da semana - de forma agradável.

Agora Jane se sentava no sofá depois de pegar uma cerveja e Maura tirava o salto alto que começa a lhe cansar as costas depois de quase doze horas usando-o. Ela recusou o vinho quando Jane ofereceu, porque ela já tinha tido sua cota no restaurante em que tinham acabado de chegar, mas quanto à Jane, cerveja nunca parecia suficiente.

A loira descansou as costas no encosto do sofá e a cabeça no ombro de Jane, e quando a morena passou um braço automaticamente por suas costas, Maura se inclinou e se aninhou na morena. Sorrindo, satisfeita com o tipo de relação que elas tinham estabelecido, ela ergueu a cabeça e plantou um beijo no queixo da mulher.

Jane desviou os olhos da TV e sorriu para Maura, admirando a beleza da mulher, o modo como um sorriso marcante enfeitava o rosto, como seus olhos verdes ofereciam o mesmo tipo de admiração que Jane sentia por ela. Aquilo já era familiar. Alguns gestos e encontros com Maura ainda eram os mesmos. Se Jane fosse franca, depois de ingressarem nessa relação - que elas nem tinham estabelecido um status ainda - poucas coisas tinham mudado. Era tudo antigo, e tudo novo ao mesmo tempo. Esse olhar de Maura? Jane já tinha visto várias vezes, mas a sensação era totalmente nova agora que a morena a tinha nos braços. As mãos dela em seu ombro? Cada dedo já deixara uma impressão pessoal ali, mas agora a intimidade do gesto estava em outro nível. Os lábios de Maura roçando no dela? Ok, isso poderia ser novo, mas era o que Jane jurava toda vez que a mulher pressionava os lábios macios no dela. Até essa noite elas não tinham dado um passo a frente. Até essa noite Jane não saberia o que dizer se perguntassem em que tipo de relação elas estavam engajadas. Até essa noite, o toque mais ousado de Jane no corpo de Maura tinham sido nos seios e quadril, e mesmo assim por cima das roupas.

Elas nunca tinham discutido sobre o sexo. Isso encabulava Jane, porque Maura era sempre uma pessoa tão aberta para isso - não é como se Jane quisesse falar sobre também, mas é que ela se perguntava até onde poderia chegar ou não na sessão amasso. E ela se perguntava se Maura estava ansiosa por isso, porque ela estava, mas nenhuma delas tinham dado nenhum sinal. E o principal ponto, e o que mais preocupava Jane, era que ela nunca tinha estado com uma mulher antes. Ela saberia o que fazer?

E naquela sexta-feira a noite, com Maura aninhada em seus braços, olhando-a daquele jeito, Jane queria avançar mais um passo. Ela precisava conhecer o resto de Maura, e novos gestos, e novos toques. Ela queria saber a impressão de ter o corpo da mulher sob si e sobre si, e saber como seria segurá-la enquanto estivesse tremendo... Ainda que estivesse tão insegura, ainda que estivesse temendo pela situação, com medo de ser um completo fracasso em fazer aquilo que estava querendo. Ainda que o medo fosse quase tão grande quanto sua vontade.

Ela se moveu e colocou a cerveja na mesa e depois voltou-se para a loira. Maura se enterrou nos braços dela no mesmo momento em que ela beijava a mulher carinhosamente. Quando se afastaram, o olhar da outra estava carregado. Jane colocou uma mecha de cabelo atrás de sua orelha e aproveitou a proximidade para segurar-lhe a nuca. Maura cedeu ao toque e fechou os olhos, e Jane a beijou novamente, dessa vez com mais vontade e desejo. Talvez fosse só a sua imaginação, mas os lábios macios de Maura também pediam por mais, de uma forma exigente. Jane teve certeza quando a loira começou a lhe beijar a linha do rosto, e depois o pescoço, intercalando beijos e leves mordidas.

Num movimento rápido, audacioso, Jane puxou Maura para cima de si, as pernas da loira agora ao lado do seu corpo, os seios no nível dos seus olhos. Jane não conseguia afastar o olhar dali. Era tentador demais. Ela subiu as mãos pela cintura da loira e quase rápido demais deslizou os polegares nas curvas inchadas. Maura fechou os olhos e respirou fundo. Jane inclinou a cabeça e depositou um beijo no peito da mulher, e depois outro, próximo demais à linha dos seios, e depois outro, em cima de um próprio seio enquanto uma mão deslizava levemente, explorando território novo, pedindo permissão para invadi-lo.

A loira se remexeu no colo da outra e a respiração foi tremida dessa vez. 'Jane...' Ela estava dando permissão.

A morena a encarou e ela balançou a cabeça. 'Você tem certeza?' Porque era um ponto que se ultrapassassem não teria volta.

'Você tem certeza?' Maura imitou a pergunta, porque ela sabia que a situação era mais delicada para Jane do que para ela.

'Tenho.' Jane respondeu numa voz que esperou ser firme o suficiente. Ela tinha certeza do que queria, só não conhecia exatamente os meios de como chegar lá.

'Faça.' Maura disse simplesmente.

Sem retorno. O acordo estava feito, seria essa noite. E Jane faria melhor. Ela suportou o peso de Maura com seus braços e se levantou do sofá, levando as duas para seu quarto. Já lá dentro, a morena sentou-se na cama com Maura ainda em seu colo. A loira desapertou o abraço em torno do pescoço da mulher maior e se afastou apenas para olhá-la nos olhos e encontrar algo novo ali dentro. Ela não sabia ao certo o que era, mas a sensação de encará-los aquecia-lhe o coração. Isso podia ser mais? Podia ser intensificado? 'Faça.' Ela disse com a voz rouca, segurando as mãos de Jane e as devolvendo para a sua cintura.

Maura. Ela estava lhe convidando para conhecer o que tinha de mais íntimo. As mãos de Jane tremiam numa mistura de excitação e nervosismo. Ela abriu lentamente cada botão da camisa vermelha de seda da loira e a deslizou para fora do corpo. Suas mãos subiram nas costas da loira direto para o sutiã, e com um aceno de cabeça Maura autorizou a ação seguinte.

Feito.

Jane olhou para Maura e era como admirar uma obra de arte. Perfeitamente moldada, curvas acentuadas, fartas.

E era para ela.

'Maura...' Ela respirou fundo, encontrando seus olhos com os da loira, nunca perdendo contato. 'Deus, você é linda.' Ela viu Maura mordendo o lábio inferior e sorrindo, e logo sentiu as mãos da loira sobre as suas, depositando-as em seguida em seus seios.

'O que você quiser, Jay.' Ela respirou fundo, o calor das mãos de Jane em sua pele nua surtindo efeito.

Jane sentiu o ar abandonar os pulmões, e os pensamentos sumirem da cabeça. Só conseguia sentir. Pele quente e macia, seios firmes, mamilos endurecidos. E de novo, ela não conseguia parar de olhar, e suas mãos apertavam e desapertavam por vontade própria.

'Eu posso?' Maura perguntou enquanto segurava a barra da camiseta de Jane, e a morena simplesmente levantou os braços.

Camiseta tirada. Sutiã deslizando fora do corpo segundos depois. Maura tinha mãos ágeis. E agora era vez da loira ficar encantada com a beleza de Jane. Ela subiu os dedos pelo abdômen definido, a pele morena e quente, os seios... Jane estava um tanto inconfortável, Maura sabia. Ela sabia como a morena podia ser insegura em relação ao próprio corpo, ainda que fosse difícil de acreditar que uma mulher com uma estrutura tão bem desenvolvida e atrativa como a dela pudesse se sentir assim. Maura segurou com delicadeza seu pescoço e deslizou os polegares na linha da mandíbula, erguendo gentilmente o rosto para ela.

'Jane, você é linda.' A médica assegurou e beijou demoradamente seus lábios.

Jane sorriu quase dispensando o elogio e voltou suas mãos para o novo lugar onde pertenciam. 'Maura', ela sussurrou enquanto levantava os olhos carregados de desejo - de incertezas, 'me diz o que você quer?'

Maura sentiu o meio das pernas arder com a voz rouca carregada de um pedido. Ela queria tantas coisas, mas todas em ordem, e uma de cada vez. Ela deslizou os dedos entre o cabelo da morena e mordiscou seus lábios, depois beijou quantas vezes pôde seu rosto até aproximar a boca de seu ouvido. Num sussurro, na confidência de um segredo que só compartilharia com Jane, as palavras flutuaram diretamente do ouvido para o centro da morena.

'Seus lábios. Seus lábios na minha pele, Jay. Por favor.' E a voz tremeu de excitação só com a cogitação da ação. E foi lento e quase torturante como Jane beijava seu pescoço e ia descendo os lábios quente em sua pele. Maura segurava sua cabeça, os dedos presos no cabelo dela, talvez para esconder o tremor das próprias mãos. Quando lábios macios alcançaram seu seio, Maura apertou os dentes numa tentativa de reprimir um gemido, mas se tornava cada vez mais difícil com as sugadas gentis da morena que passaram a se tornar mais firmes e confiantes.

E então Jane decidiu deitá-la na cama. Maura recebeu de bom grado o contato macio do tecido, e mais ainda as mãos e lábios de Jane subindo em sua barriga. E de novo abocanhando seu seio, e 'Oh!' escapou-lhe quando Jane sugou mais forte e ela arqueou as costas. E não era só isso: agora a coxa de Jane estava pressionada no meio de suas pernas. Jane não era tão inocente quanto parecia, era apenas insegura. Maura mordeu o lábio inferior, sorriu maliciosamente e puxou a mulher para si num beijo demorado, aprovando a ação da morena.

E depois do beijo, todos os toques foram de conhecimento, exploração. Dedos percorriam curvas mais altas e mais baixas, e depressões, e dedos foram substituídos por lábios, pela necessidade de calor intenso em pele nua e macia, porque não era suficiente memorizar cada lugar com o toque das mãos, parecia muito mais convidativo e soava como se os lábios selassem a cumplicidade de afeição, e cada beijo pressionado na pele era como uma promessa de respeito, carinho, reverência, devoção.

E era lento, porque nenhuma delas tinha pressa - não tinham razão para isso. Elas tinham todo o tempo do mundo, e nenhuma delas queriam perder um único detalhe. E agora Jane estava beijando Maura de novo, acariciando seu seio enquanto sentia as unhas da loira arranhando a pele levemente. A morena já parecia confortável o suficiente ali e Maura precisava de seus toques em outros lugares. Ela pressionou seu centro contra a perna de Jane e a morena segurou seu quadril, e o movimento se tornou fácil com as mãos da morena lá, como se já tivessem ensaiado isso.

Jane sabia que elas estavam a ponto de partir para o próximo passo, porque de repente pareceu inconfortável de novo. Mas Maura iria reassegurar de que estava tudo bem, e de que ela poderia ser tão eficaz como estava sendo agora.

'Jane, minha calça... inconfortável.' Ela disse entre beijos e não era só porque ela queria se livrar da peça de roupa. Nesse ponto a calça realmente estava incomodando.

A morena se apoiou sobre os joelhos de pousou as mãos no cós da calça da loira. A visão era de tirar o fôlego. O cabelo escuro e rebelde combinando com os olhos escuro de desejo misturado com um toque de hesitação. Maura acenou com a cabeça em sim, uma única vez. Ela aguardou enquanto a morena mordeu o lábio inferior e desabotoou a calça. Maura ergueu o quadril sugestivamente e Jane não perdeu a deixa, puxando a calça para baixo e depois para cima, quando Maura ergueu as pernas para se livrar dela. E agora a loira estava só de calcinha.

Jane não resistiu a urgência de tocar as coxas nuas da mulher, os dedos direcionando para cima, o ponto em que ela realmente queria tocar. As pontas dos dedos roçaram o material macio da calcinha, primeiro nas laterias e depois... no centro. A sensação de calor e umidade custou a Jane um gemido, e quando ela pressionou os dedos em cima do material, Maura gemeu em antecipação.

'Jane.' E agora era um pedido. Ainda que estivesse constrangida - ela nunca pensou que realmente fosse chegar a ver Maura completamente nua - Jane atendeu ao pedido. Delicadamente ela rolou a calcinha da outra para baixo, e mais uma vez tirou a peça do corpo da mulher.

Maura manteve as pernas dobradas e juntas, impedindo a visão. Era a primeira vez de Jane com ela, com uma mulher, e certamente as coisas precisavam ser devagar, ou a muita insegurança e falta de confiança iriam afastar a mulher. Maura a convidou para cima e Jane se inclinou para ela, em seguida a loira passou as pernas em torno da cintura da outra. O material da calça da outra e o cinto roçando contra se sexo era perturbador, e Deus, Maura só precisava esperar mais um pouco.

'Jane', ela sussurrou entre a respiração pesada, 'eu vou precisar dos seus dedos agora.'

A morena beijou-lhe os lábios e depois deslizou os dedos em sua boca. 'Me guia.' Ela sussurrou de volta, fazendo Maura arrepiar.

Um manear de cabeça.

Maura segurando sua mão.

Ela beijou cada um de seus dedos. O polegar, era como se dissesse eu dou permissão; o indicador, me conheça; o médio, eu confio em você; o anelar, encontre meu melhor aqui; o mínimo, cuide de mim. E um beijo final na palma da mão de Jane. A palma cicatrizada, a palma que carregava trauma e dor. A cicatriz que incomodava durante o inverno e que Maura vinha massageando desde que se conheceram. Ela queria as palmas cicatrizadas de Jane em suas costas, em seu corpo, queimando sua pele.

Maura guiou a mão de Jane para baixo, e pressionou os dedos da mulher em seu clítoris. Maura gemeu à onde de prazer e Jane gemeu ao contato com a carne inchada e quente. Antes que Maura precisasse pedir, ela movimentou os dedos lentamente em círculos, e com os gemidos de aprovação de Maura ela soube que estava fazendo a coisa certa.

Era magnífico a sensação da outra se contorcendo em baixo de si, o modo como ela mordia os lábios e apertava os dedos nas costas de Jane - o modo como ela gemia em seu ouvido. Jane estava se desmanchando. Ela pressionou os lábios no pescoço da outra e beijou, mordiscou, e sim, com um chupão deixou uma marca. Maura chamou seu nome em protesto, mas já era tarde demais. Minha marca, minha Maura. Foi a lógica que lhe ocorreu.

'Jane', Maura chamou de novo, e agora ela estava quase no limite. 'Seus dedos... dentro de mim.' Ela disse com dificuldade e se arrepiou. Um medo, ainda que bobo, lhe ocorreu.

'Maur...' Ela disse enquanto pressionava levemente os dedos. 'Eu... não quero te machucar.'

Maura balançou a cabeça em negativo. 'Você não vai, Jay.' Ela disse com segurança.

Eu confio em você.

Mais segura, Jane deslizou um dedo por entre as dobras e gemeu ao sentir a umidade ali. Ela apoiou a cabeça no peito de Maura, respirando fundo. Deus, essa mulher. Ela deslizou um dedo para dentro e descobriu qual era a melhor sensação do mundo. Ela completou um círculo na cavidade e depois, ao pedido de Maura adicionou mais um digito.

O gemido de Maura. O modo como os dedos entravam e saiam dela. Era muito, Jane sentia o próprio corpo queimando, pedindo por libertação. 'Jane!' A mulher chamou alto e por um momento a morena achou que tivesse feito algo errado. Mas à pura menção de dedos diminuindo as investidas, Maura arqueou o corpo pedindo por mais.

Mais. Maura queria mais uma coisa.

'Jane', ela disse e agora era difícil conciliar fala e respiração. 'Boca... língua.' E foi o pedido mais ousado da noite. De novo, Jane hesitou, mas a perspectiva de provar Maura em sua boca a estimulou como nunca. E lentamente ela desceu os lábios pelo corpo da mulher menor, beijando e sugando e mordiscando e quando chegou mais em baixo, a morena passou os braços pelas pernas da outra, mantendo-a aberta, e Maura gemeu no primeiro contado de lábios com seu clítoris, e depois perdeu o controle que restava sobre si.

O gosto de Maura em sua boca. Jane queria molhá-la e secá-la e beijá-la. Infinitamente. E aquilo a viciou como a mais caras das bebidas, e era difícil manter a boca longe da fonte. E o corpo de Maura tremeu sob seus toques e Jane continuava a trabalhar com sua língua ali, até que o corpo da outra se acalmou e ela traçou todo o caminho de volta. E Maura estava sorrindo, de olhos fechados e sorrindo, recebendo o carinho de Jane. Certo. Ela tinha feito certo e nem precisava perguntar. Ela encontrou seus lábios com a da loira, num beijo demorado e carinhoso.

E o beijo demorou o tempo suficiente para Maura se recuperar. Agora era a vez de Jane estar embaixo de Maura. E a médica estava sorrindo maliciosamente para ela. E seu sexo estava pulsando.

Maura sabia como provocar. Jane fez uma nota mental de usar isso contra ela da próxima vez enquanto os dentes da loira mordiscavam seu seio e a mão assertiva e habilidosa prendia um mamilo entre dedos. Jane gemeu à sensação, a voz rouca flutuando no quarto e morrendo ao aparecimento de um gemido ainda mais alto. Ela era segura, não hesitava. Não estava nenhum pouco nervosa, diferente de Jane. Ela sentiu os lábios macios e quentes - sedentos - descerem na sua barriga, e a respiração quente da outra arrepiava-lhe toda a pele.

E Maura tinha chegado a altura da sua calça, e suas mãos trabalhavam decididamente para arrancar a peça dali. Jane quase entrou em pânico. Ela já tinha feito isso com a loira, e já tinha superado essa parte. Poderia fazer de novo agora, inclusive. Mas dessa vez, ela era a que estava sendo exposta. Jane se amaldiçoou. Por que ela tinha que ser tão insegura assim?

Prevendo o nervosismo da mulher, Maura abaixou apenas a calça, e lentamente tirou-a de Jane. Num ritual de adoração - afirmação - a loira beijou a parte interna da coxa, próxima ao joelho, lentamente acariciando com as mãos as pernas magras, definidas pela malhação. Ela ousou beijar mais embaixo, a dançar os dedos pela calcinha da morena, mas o desconforto ainda era notável, e ela sabia melhor do que acelerar as coisas. Num movimento gracioso, ela voltou-se para cima, para beijar o pescoço de Jane carinhosamente. Os lábios dançaram sobre o queixo da mulher, a bochecha e finalmente sobre os lábios. E a loira viajou com seus dedos sobre a calcinha da morena, e ela sentiu Jane se tensionar quando os dedos alcançaram seu centro.

'Jane', ela pressionou os lábios no canto de sua boca. 'Não há razão para você se sentir assim.'

Jane pressionou os dedos em suas costas em resposta, ainda nervosa. Era Maura, e ela queria que a loira gostasse e desfrutasse do seu corpo como ela tinha com o dela.

'Eu quero te oferecer a mesma coisa, Jane.' Lábios pressionando perto de seu ouvido. Mas uma vez ela deslizou a mão para a calcinha de Jane. 'Eu posso?'

Ela esperou pela resposta.

Jane acenou com a cabeça.

Maura trabalhou para tirar-lhe a última peça de roupa, nunca abandonando o olhar de Jane, porque qualquer ponto em que seus olhos caíssem agora seria uma quebra de intimidade. Calcinha: perdida.

Ainda assim, a loira se inclinou para frente e beijou a mulher com toda paixão que sentia. Jane era insegura e elas teriam que trabalhar nisso, mas não chegava a ser um problema. Ela deu o tempo que a morena precisava para se adaptar à nova situação - completamente nua, com Maura entre suas pernas.

'Maura', ela finalmente sussurrou quando a outra apertou seu seio. E ela sabia. Maura deslizou a mão entre suas pernas e pressionou seus dedos no clítoris. Jane gemeu inevitavelmente ao primeiro contato, e suas bochechas estavam coradas. Maura sorriu satisfeita. Ela tinha muito mais a oferecer. Dois dedos deslizaram pelo sexo da outra e se molharam. Jane gemeu e jogou a cabeça para trás. Maura foi além. Dois dedos deslizaram para dentro da morena e, apesar do gemido de prazer, o corpo se tensionou novamente. Maura parou o movimento mas não removeu os dedos. Ela beijou um peito da morena e sussurrou, em vez disso.

'Jay, você é perfeita. Aceita.' Beijo no pescoço. 'E me aceita.'

A voz de Maura não era condescendente. Era doce demais, cúmplice demais aos seus sentimentos. E Jane aceitou.

'Isso...' Maura sussurrou enquanto sentia Jane relaxar, e agora era muito mais fácil movimentar seus dedos ali. Jane segurou nas costas de Maura enquanto sentia as investidas da outra, e era delicioso e gentil e ao mesmo tempo determinadas e firmes. E foram os lábios de Maura em seu seios que lhe acarrancaram gemidos altos, e era quase insuportável segurar tudo aquilo, e de repente Jane estava transbordando, e tremendo e Maura continuava a provocar sem nenhuma misericórdia, e as arfadas seguintes eram insuficientes para regular sua respiração.

E Maura, Deus, aquela mulher sabia provocar. Os lábios dela se encontrando com o centro de Jane e a língua lambendo-a arrancaram um último gemido, e Jane não podia lidar com mais nada. E era maravilhoso. Ela estava entregue. E Maura estava recolhendo-a nos braços e a aninhando em seu colo. Jane nunca se sentiu tão protegida e amada.

'Minha doce, Jane.' Era a primeira vez de tantas outras que Maura a chamaria assim. Ela beijou a cabeça da morena e Jane se encolheu e a abraçou.

'Maura...' Ela tentou dizer algo, mas a experiência de visitar o céu e voltar tinha lhe roubado as palavras, os sentidos.

'Shh...' A loira acariciou suas costas. 'Dorme. Dorme até amanhã, meu amor.' Eu seguro você.

Em algum momento da noite elas tinham mudado de posição. Maura acordou encarando Jane, ainda dormindo, o cabelo preto e indomável emoldurando o rosto. Linda. Maura queria tocá-la porque só assistir não era suficiente. A mão da morena estava jogada perto do rosto, e Maura acariciou os dedos, um de cada vez. Em seguida, contornou a cicatriz no dorso da mão. Cada vez que a loira olhava para ela, tinha vontade de chorar por conta da agressão que Jane tinha passado. Não era justo que alguém tão gentil e humana como ela tivesse experienciado tamanha crueldade. Ela segurou a mão e acariciou com o polegar a palma levemente antes de trazê-la aos lábios e plantar um beijo carinhoso ali. Quando ela devolveu a mão ao colchão - agora com os dedos entrelaçados aos seus - os olhos de Jane encontraram-se com os dela e a morena sorriu.

'Dia.' Ela sussurrou.

A loira sorriu timidamente, quase como se estivesse com vergonha por ter sido pega, e abaixou o olhar. Depois, como se para esconder o rosto, ela depositou um beijo leve no pescoço da morena e deixou a cabeça escondida ali. 'Bom dia.'

Jane se derreteu. A detetive apostou que ela faria o papel de tímida pela manhã, e não a médica. Maura não era do tipo tímida. Ela narrava seus encontros e noites quentes para Jane sem nenhum pudor e era Jane quem torcia o nariz e pedia para que ela parasse com o assunto. Era Jane quem se sentia desconfortável com as diversões de Maura. E então ocorreu à italina que talvez essa fosse a causa. Talvez os outros encontros tivessem sido apenas diversão, alívio imediato. Sem laços, sem conexões. Era apenas o ato sexual em si, diferente do que tinha acontecido na noite anterior. Aquela era Maura, e ela tinha se entregado de corpo e alma para Jane. E alma. Quem ela era. Acordando, acariciando e beijando delicadamente os dedos e mão de Jane. E a morena a compreendia agora melhor do que ninguém, ela apostaria qualquer coisa nisso. Aparentemente, custava mais à Maura expor seus sentimentos do que seu corpo.

Naquela manhã Jane se deu conta do quanto estava apaixonada por Maura, do quanto a amava. E de quanto ela queria Maura ao seu lado. Só sua. De mais ninguém. Ela sentiu ciúmes só de imaginar outras pessoas vendo e experimentando o que ela tinha acabado de fazer. E mais do que nunca, ela sentiu necessidade de definir aquilo que tinham.

'Maur?' Ela chamou enquanto alisava as costas da mulher.

'Hum?'

'Nós... somos exclusivas. Certo?'

'Certo.' Ela disse e deu um beijo no ombro da morena.

Havia outra coisa que Jane queria perguntar.

'Nós, hum... Onde estamos?'

'Na sua casa.' Maura afirmou naturalmente.

Jane revirou os olhos. Por que ela tinha que ser tão literal nos momentos mais desnecessários?

'Eu quero dizer, Maura, nessa relação.'

A loira ergueu a cabeça e a encarou - mais cedo ou mais tarde ela teria que fazer isso. Ela levantou os ombros levemente, parecendo incerta.

'Um título é importante?'

Jane balançou a cabeça em sim. Sim, era importante. 'Bem... É que, às vezes as pessoas perguntam se estamos juntas e...' Ela ergueu as sobrancelhas pensativa. 'Eu quero dizer à elas que você é minha namorada, Maur.' Ela se remexeu inconfortavelmente. 'Você... você quer ser minha namorada?'

O jeito inseguro e tímido que Jane colocou a pergunta fez crescer um sorriso imenso nos lábios da médica. Era quase como se ela não acreditasse na sorte de ter Maura, ou como se de alguma forma ela desconfiasse de que Maura não estava tão na dela, ou como se fosse apenas uma ilusão.

'Oficialmente, você quer dizer?' A médica acariciou o rosto da mulher com afeição.

'Eu preciso pedir para seu pai?' A morena fingiu uma cara de medo.

'Não, Jane.' Maura riu e plantou um beijo em seus lábios. 'E nada nesse mundo me faria mais feliz'.

Jane riu. Jane riu e Maura queria saber o por que da morena estar rindo. 'Jane!' Ela chamou de novo, afastando a morena da lembrança, trazendo-a de volta ao presente, na cozinha.

'O que?' Ela perguntou confusa.

'Qual é a graça?' Os olhos estavam afiados, Maura queria rir também.

'Nã-ão é nada. Só tava pensando, você sabe.' Ela acariciou a bochecha da loira com o polegar e, coincidentemente como a lembrança, Maura segurou sua mão e beijou a palma cicatrizada.

Dois pensamentos ocorreram seguidos na cabeça de Jane. O primeiro, era sobre como a noite ainda continuava, sobre como ela estava esperando pelos amigos e irmão, e como iria assistir o jogo, e provavelmente depois do jogo, acabaria dormindo no sofá com Maura enquanto assistia um filme desinteressante. O segundo lhe ocorreu com uma pontada de amor, daquela do tipo que dói, enquanto Maura colocava sua palma da mão no rosto dela. O gesto... Jane nunca tinha encarado por esse ponto de vista: um beijo para depositar o amor, ali em suas mãos. As mãos que Jane não relacionava mais à Hoyt, mas sempre aos dedos de Maura dançando ali, e os lábios visitando vez ou outra lhe presenteando com beijos macios. E Maura se inclinando ao toque da mão em seu rosto: colocando a si mesma nas mãos de Jane.

Qualquer coisa que você faça pensando em mim, significa o mundo para mim. A voz da loira ecoou em sua mente. Oh, Maura. Ela não conseguiu evitar se emocionar. E deveria estar estampado em seu rosto porque...

'Jane? O que aconteceu?' A voz veio preocupada, baixa.

A morena segurou a loira e girou o corpo, dando as costas às mulheres e praticamente escondendo Maura. 'Você. Você me aconteceu.' Ela se inclinou e beijou Maura, num momento que esperava que fosse íntimo o suficiente, mas não se importando também se alguém visse.


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Notas finais do capítulo

Como sempre, espero uma análise rigorosa de vocês! hahuahuahu Brincadeira, só me digam se vocês gostaram ou não. Demorei mais de um dia para escrever esse, me deixem saber se valeu a pena, se ficou o suficiente. Muito obrigada por lerem. Vocês moram no meu coração!