A escuridão engolia seus fios carmesins, seus pés descalços tropeçando nos galhos secos, seus braços agitados não sabiam em que direção apontar, sua respiração descompensada ecoava pela floresta, seus lábios vermelhos estavam pálidos, suas bochechas rosadas estavam cheias de arranhões, assim como suas pernas bem torneadas.

– Não adianta correr meu amorzinho – a voz enjoada ecoava pelo vento que açoitava seu rosto.

O coração da garota acelerou ainda mais quando percebeu que corria em círculos, os mesmos galhos quebrados, os mesmos buracos, as mesmas armadilhas que estudara por meses.

Estava perdida.

Um passo em falso, a armadilha fechou em seu tornozelo, ela urrou de dor e de agonia, seu corpo magro colidiu com o chão.

– Fim de linha meu amorzinho – as sombras encobriam o olhar sádico da mulher.

– Por favor, senhora – as lágrimas molhavam seu rosto manchado de preto – Tenha misericórdia, deixe-me voltar para casa – implorou.

– Tsc, Tsc, Tsc – abaixou-se puxando os cabelos da ruiva caída no chão – Tarde demais – seus olhos brilharam ao sentencia-la.

– Anya, Anya, Anya – a voz masculina ecoou na escuridão – Tão linda e tão tola – segurou o queixo da garota.

– Não me mate, senhor – seus olhos verdes sobressaíram a escuridão.

Todo aquele esmeralda estava mergulhado no mar negro. Seus olhos imploravam por sua vida.

– Dê-me uma chance – chorava.

– Eu amei você tanto Anya, tanto – o homem lamentou – E você me enganou todo esse tempo.

– Terminem o serviço – a mulher berrou quebrando o momento á dois.

– Dimitre – Anya agarrou a perna do terno do homem.

– Sinto muito – se desvencilhou dela, afastou-se um pouco e virou de costas.

O disparo oco ecoou entre as árvores, o líquido carmesim escorreu misturando-se com galhos quebrados, folhas mortas e areia.

O homem mergulhou seus dedos em seus fios pretos e as lágrimas cobriram suas bochechas salgando seus lábios.

– Controle-se Dimitre, ela era apenas mais uma – a mulher soou amargurada – Recomponha-se, pois temos que colocar o Projeto Carmesim 2.0 em andamento – tombou em seu ombro – E lembre-se que nos livrar dela foi ideia sua – e mergulhou na escuridão.

– Eu a amava – suas palavras vagaram vazias no vento que açoitava o corpo inerte no chão.

– Senhor – o homem empunhando a arma parou em frente a ele – Eu também a amo, ela era uma garota amável e minha irmã e por isso tomei uma decisão que só o senhor irá entender – encarou-o.

– Diga – ordenou.

– Isso terá que ficar em segredo e jamais voltar à tona – a voz rouca estava embargada como se algo estivesse preso em sua garganta.

Dimitri assentiu e as palavras adentraram em sua mente bagunçando tudo.

– Jure que não contará – trincou os dentes.

– Juro que esse segredo será afogado no carmesim do sangue Anya misturado ao carmesim de seus fios – jurou.

Ali fora selado o pacto de guardar aquele segredo custe o que custasse.

Eles só esqueceram que segredos nunca são guardados por toda a eternidade, não importa o quanto demore segredos sempre vem à tona destruindo tudo o que encontra pela frente como um furacão enfurecido.