Acidentalmente Apaixonados escrita por MEVieira


Capítulo 6
Quando um assalto não é bem um assalto


Notas iniciais do capítulo

Heey
Aqui está mais uma atualização. Bom, não tenho muito o que dizer, apenas que estou triste por não ter recebido nenhum feedback desde o capítulo anterior, mas creio que isso faça parte da vida.
Bom, boa leitura a qualquer alma que ainda esteja ai



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Acordei com um ninho de cabelos castanhos sobre o rosto, pisquei e me virei pro lado, encontrando Rachel deitada toda encolhida no sofá junto a mim. Creio que caímos no sono vendo filme. Ela era uma gracinha dormindo, fazendo biquinho e respirando bem fundo. Quem me dera dormir tão bem assim.

Levantei com cuidado para não acordá-la e fui na cozinha atrás de café. Eu precisava de cafeína.

— Olha só quem resolveu acordar. — Assim que entro na cozinha dou de cara com meu pai escorado na bancada com uma xícara com algo tão quente dentro que dava para ver a fumacinha subindo e se perdendo no ar.

— Bom dia pra você também. — Digo um tanto cínica.

— Acho que alguém não está com o humor muito bom. — Ele diz sorrindo fracamente.

— Aonde está o café? — Pergunto olhando em volta.

— Não tomamos café aqui Lílian, espero que entenda. — Anna passa por trás de mim e vai até o meu pai dando um beijo em sua bochecha.

— Como é que é? — Encaro profundamente os dois, só pode ser brincadeira que não tem café aqui.

— Eu não gosto de café, e café não faz bem pra Rachel, ela fica muito extrovertida, então banimos o café daqui, tomamos sucos ou chá no café da manhã. —Anna diz sorrindo exageradamente.

— Pai? — Olho em súplica ele.

— Desculpe Lírio, não tem café aqui. — Ele diz olhando para sua xícara.

— Vocês só podem estar de brincadeira. — Saio da cozinha dando passos pesados, que fazem estalos no piso de madeira da sala.

Subo para meu quarto e após lavar o rosto no banheiro procuro uma roupa simples para poder sair a procura de café. Acabo com uma calça azul, um suéter vinho e meu all star branco, passo um gloss e prendo meu cabelo em um rabo de cavalo. Pego meu celular e minha bolsa preta e desço novamente para a sala.

— Lil’s? Aonde você vai? — Escuto uma voz sonolenta atrás de mim enquanto procuro a chave em cima criado que fica ao lado da porta.

— Oi anjinho, eu vou sair pra comprar café. — Digo afagando seus cabelos.

— Posso ir com você? — Ela pede manhosa.

— Claro que pode, mas não demore o.k.? — Digo indo para o sofá e me sentando enquanto ela sobe animada para se trocar.

Minutos depois ela desce com um vestido florido e sapatilhas.

— Que gracinha. — Digo vendo ela desfilar pela sala. — Vamos então?

Ela acena com a cabecinha, me levanto do sofá, ela pega minha mão então saímos sem nem avisar meu pai.

Vamos caminhando lentamente pelas ruas de Hogsmeade e o movimento como sempre, não é muito grande, as pessoas também caminham calmamente, como se não houvesse com o que se preocupar. Chegando no centro da cidade, que por sorte não era tão longe assim de casa, o movimento aumenta um pouco, e passamos por várias pessoas com sacolas, copos de café, ou pessoas tão imersas em seus celulares que quase esbarram em nós enquanto passamos.

Rachel anda olhando para todos os lados, observando tudo, como se pela primeira vez tivesse a chance de observar as coisas. Como eu gostava quando tinha a idade dela, sem me preocupar com as coisas, só com qual seria o próximo episódio dos desenhos, ou com o que a mamãe faria de sobremesa no almoço de domingo. Mas acho que é assim, você só percebe que era feliz depois que olha pra trás e pensa no que perdeu.

— Lily aonde vamos? — Rachel pergunta balançando os braços.

— Vamos em algum lugar que venda café.

— O papai sempre me leva numa lanchonete que fica dentro do shopping, lá sempre tem as melhores tortas. — Ela diz com os olhos brilhando.

— Ah é? — Engulo o choro pois ele fazia a mesma coisa quando vínhamos passar as férias aqui, todo dia no fim da tarde ele me levava e sempre me deixava escolher a torta, mesmo sabendo que eu escolheria a que tivesse raspas de chocolate. — Então é lá que nós vamos ir.

Ela sorri e continuamos caminhando pela calçada colorida até alcançarmos o shopping. Depois de muita insistência de Rachel, andamos pela escada rolante até a lanchonete. Assim que entramos sentimos o aroma especial da lanchonete, que cheirava a chocolate e mel, esse cheiro sempre foi bastante familiar. Sentamos no canto próximo a janela de vidro e esperamos a garçonete nos atender.

— Bom dia, o que vão querer? — Ela diz sorrindo para mim, até que vê Rachel do outro lado da mesa. — Oi Rachel! Como vai?

— Lene! — Rachel se levanta pra abraçá-la toda sorridente. — Essa é minha irmã, a Lílian, lembra que te falei dela? — Ela diz quando se senta novamente.

— Claro que sim, você fala dela o tempo todo quando vem aqui. — Lene diz sorrindo para a pequena.

— Ah é mesmo Rachel? — Pergunto a ela.

 Ela brinca com as próprias mãos obviamente envergonhada por ter seu “segredo” revelado.

— É um prazer finalmente conhecê-la Lílian, sou Marlene Mckinnon, mais conhecida como Lene. — Ela estende a mão e eu a aperto.

— Como você já sabe, sou Lílian Evans, mas pode me chamar de Lily.

— E o que as moças querem comer?

— Eu vou querer um café preto com um pouquinho leite e açúcar e torradas com manteiga. — Digo observando o balcão.

— E você Rachel?

— Eu vou querer suco de laranja, torradas com manteiga e cookies. —Rachel responde batucando na mesa.

— É pra já meninas. — Ela responde voltando para a parte de trás do balcão.

— E então, o que vocês fazem por aqui? — Pergunto a Rachel.

— De vez em quanto papai me trás aqui, quando a mamãe vai trabalhar nos fins de semana, ela normalmente não deixa que eu coma coisas com muito açúcar ou com cafeína.

— Nossa, por que não estou surpresa? — Pergunto mais pra mim mesma do que para ela.

— Por que você não gosta da mamãe? — Ela subitamente pergunta me pergunta desprevenida.

—Não é que eu não goste dela, é complicado, você é muito novinha pra entender essas coisas e... —Tomo cuidado com as palavras, mas por sorte Lene volta com nossos pedidos.

— Podem atacar. — Lene diz se retirando em seguida.

Rachel parece distraída com suas torradas e seus sucos então acabo seguindo seus passos e me distraio com meu café. Ao sentir aquele líquido fumegante passando por minha garganta a sensação de bem estar já me atinge, café é realmente milagroso, aquela mulher está é maluca em dizer que cafeína faz mal.

Após comermos e eu pegar um dos cookies de Rachel, pago a conta e voltamos a andar pelo shopping. Estamos sentadas em um espaço com pequenos pufes quando sinto aquela sensação de estar sendo observada olho em volta e encontro alguém me encarando profundamente, olho bem e meus olhos devem estar me pregando uma peça, por que o ser que me encara é Peter. Quando varias pessoas passam aonde ele se encontra e olho de novo, ele não está mais lá. Observo em volta, e não há vestígios dele por ali. Deve ser a cisma devido as últimas mensagens que ele enviou.

“Irei te encontrar Lily, você não fugirá de mim nem tão cedo, saiba que estarei aqui sempre que precisar, talvez eu esteja até mais perto do que imagina.”

Tais palavras não saem da minha mente, só de pensar, sinto calafrios pelo corpo.

— Hey Rachel, quer voltar pra casa para almoçar, ou quer almoçar por aqui mesmo? — Pergunto torcendo para que ela queira voltar para casa, apesar disso significar ter que aguentar a presença de Anna.

— Podemos comer aqui mesmo, tem um restaurante lá no final que serve um bife acebolado com batatas. — Rachel aponta para o final do shopping.

Pego meu celular na bolsa e para olhar o horário já eram 12:00, havia algumas chamadas não atendidas de meu pai, mas simplesmente ignoro e coloco o celular na bolsa novamente.

. . .

Depois que almoçamos e levei Rachel para tomar sorvete, voltamos para a casa e assim que nos aproximamos um carro da polícia está parado em frente e vemos Anna aos prantos enquanto meu pai afaga suas costas.

— O que é que aconteceu? — Pergunto assim que estamos próximas.

— Ah meu Deus Rachel! — Anna corre e a pega no colo.

— O que foi mamãe? — A pequena pergunta sem entender.

— Você sumiu e eu pensei... eu pensei que... — Ela responde soluçando.

— Pensou que eu a tivesse sequestrado. — Finalizo sem nem piscar, entendendo que tudo aquilo não passou de um show para que pensassem que eu sou uma delinquente e meu pai me mandasse de volta, por que isso não me surpreende.

— Lílian, escute... — Meu pai se aproxima tentando intervir.

— Eu não sou obrigada a ficar aqui, e muito menos a escutar isso, você acima de qualquer um não deveria ter alimentado essa história, muito menos ficado do lado dela. — Digo brava cruzando os braços.

— Você não atendeu as ligações e não deu satisfação nenhuma ao sair de casa. — Ele também cruza os braços. — Eu esperava mais de você.

— E eu esperava que você confiasse na sua filha, ao invés de novamente deixá-la de lado. Mas acho que alimentei demais as esperanças. — Ao dizer isso e ver em seu olhar que ele se magoou, me viro e saio andando.

— Aonde você pensa que vai? Não terminamos essa discussão mocinha. — Ele diz alto.

— Ela pode controlar você, mas a mim ela não vai. — Digo e saio correndo antes que ele me faça voltar.

Corro até perder o fôlego e percebo que me distanciei bastante da casa. Era só isso que me faltava, ela armar pra mim e ainda assim meu pai ficar do lado dela, como minha mãe pôde me mandar pra cá nessas condições?

Fico caminhando sem rumo até que escurece, e decido que já é hora de voltar pra casa, afinal, mesmo lá sendo o último lugar para o qual eu quero ir, passar a morar rua não é uma de minhas vontades.

Escuto passos atrás de mim, e adivinha só? Se você disse: Alguém encapuzado seguindo ela de novo. Parabéns! O ser encapuzado caminha lentamente. Mas eu que não vou ficar esperando que me alcance, começo a correr, e quando olho pra trás, ele corre também, ah que maravilha!

Meu fôlego começa a acabar mas ainda assim não dou o braço a torcer e continuo correndo o máximo que posso. Mas o ser me alcança.

— Hey moça, passa o celular. — Ele diz com uma voz grave.

— Toma, leva a bolsa, pode levar tudo, mas pelo amor de Deus não me mata. — Digo arfando em busca de ar, eu normalmente daria um soco e voltaria a correr, mas eu realmente estou sem condições para tal.

E ao invés de pegar a bolsa, ele começa a rir, ele literalmente começa a gargalhar bem alto de alguma piada que eu obviamente não faço parte por que estou arfando enquanto ele ri como se sua vida dependesse disso.

— Eu não vou te assaltar, quero seu telefone moça. — Ele diz com o que parece sua voz normal agora, devido a baixa luminosidade do local aonde estamos, não consigo ver seu rosto com clareza, mas olhando percebo que estamos uma praça cheia de banquinhos.

— Eu não vou passar meu número pra um estranho camarada, sinto muito. — Digo enfim recuperando o fôlego e me preparando para ir embora.

— Então passa a bolsa ai! — Ele diz novamente com voz grave.

Ao perceber meu rosto incrédulo e sem saber como prosseguir, afinal o cara pede meu número, eu não passo e em seguida ele me assalta? Qual a lógica disso? Qual o sentido da vida fazer isso comigo? Ele novamente começa a gargalhar e sai andando.

— Eu to fazendo hora com a sua cara Ruiva! — Ele diz com a voz normal novamente, e percebo que aquela voz me é familiar.

— Hey! É você! O garoto lindo mas esquisito do parque! — Digo ainda incrédula com tudo aquilo.

— O que disse? — Ele se vira, mas da pra perceber que ele sorri, droga, acho que ele ouviu a parte do lindo.

— Ahn nada. Aonde e está meu camafeu? — Pergunto cruzando os braços.

— Você quer dizer isso? — Ele retira do bolso e o balança em frente seu rosto.

— Era você na frente da minha janela outro dia? — Pergunto curiosa.

— Eu posso ser várias coisas gata, mas não sou tão stalker assim.

— Vai me devolver meu camafeu ou não? — Pergunto já sem paciência.

— Apenas se me passar seu telefone. — Ele sorri de novo, acho que ele algum problema nos dentes, pra gostar tanto de exibi-los.

— Só sonha camarada.

— Então nada de camafeu pra você Ruiva. — Ele diz voltando a caminhar. — Me procure caso mude de ideia.

— E aonde eu te encontro?

— Quando você menos esperar, eu vou estar lá! — Então ele começa a correr e logo desaparece de minha vista.

Me sento em um dos banquinhos para analisar tudo o que acabou de acontecer, primeiro a minha madrasta arma pra mim, depois esse maluco me acha de novo e tenta me assaltar de brincadeira e agora simplesmente vai embora com um ultimato de stalker sendo que ele afirma não ser tão stalker? Eu devo ter nascido no dia mais engraçado do ano, pois a minha vida é uma enorme piada!


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Notas finais do capítulo

Se alguma alma boa, ainda está ai, espero que tenha gostado, e peço que por favor se manifeste pra que eu saiba que ainda vale a pena investir nessa história.
Beijos, e até o próximo.



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