Bem, por onde eu começo?

Meu nome é Lily Evans, tenho dezessete anos e não sou a menor garota da cidade apesar da minha altura. Moro com uma mãe desde que me meus pais se separaram, minha melhor amiga se chama Alice, estudo na escola Beauxbatons e pra completar, tenho um namorado que não gosto.

 Isso te faz perguntar: Mas por que você o namora? Por que a amiga da minha querida mãe vivia levando-o na nossa casa e insistiu até a alma pra que começássemos a namorar, o que acabou acontecendo mesmo contra todas as minhas vontades.

E agora estou colocando todas as minhas malas no carro por que estou prestes a me mudar, estou me preparando para ir morar com meu pai, e tudo isso apenas por que eu fui acusada de empurrar a Samantha da escada... E só pra constar, eu não fiz isso.

Nesse infeliz momento — nem tão infeliz assim, eu não a empurrei, mas a algum tempo gostaria de tê-lo feito — eu estava perto da escada lendo e como eu não forneci nenhuma informação de quem a empurrou, deduziram que fui eu. Chamaram minha mãe na escola e por mais que eu negasse, não acreditaram em mim, o fato de Samantha se fazer de coitadinha e dizer que eu estava seguindo ela   ̶  o que por sinal, também é mentira  ̶  também não ajudou em nada.

Então ela me mandou morar com meu pai, não apenas por isso, não foi um mal entendido que a fez tomar essa atitude e sim o fato de que meu pai já vinha pedido que eu fosse ficar com ele em sua nova casa a um bom tempo.

Eu não concordei com nada disso  e ainda não concordo, mas infelizmente não posso fazer nada. Me recusar a ir? Não vai adiantar. Fugir? Sem cogitação. Então a única opção que me resta é, bem, ir.

Eu terminei com Peter há dois dias e até agora ele não se cançou de ir na minha casa pra dizer o quanto gosta de mim e blá blá blá. O que me deixa um pouco triste, o que eu sentia por ele é amizade e apenas amizade, não consigo ver ele como algo mais, ele é legal e tudo o mais, é até bonito, mas eu só vejo ele como um amigo, no começo mesmo não gostando nada da ideia, eu tentei fazer nosso namoro dar certo, tentei sentir algo a mais por ele. Mas vamos comentar, isso não é algo que acontece de uma hora pra outra. Não é como se da noite pro dia eu fosse acordar e dizer que estava apaixonada por ele.

Pelo menos eu pude dirigir até o aeroporto, minha mãe e Alice foram comigo. Assim que nós descemos do carro, fui me despidir delas.

̶   Lilian, sei o quanto você quer ficar aqui. Mas eu quero que você entenda que o seu pai também quer passar um tempo com você.  ̶  Minha mãe disse enquanto ainda estávamos abraçadas.     

̶  Ele já se cansou da Rachel?  ̶  Mesmo num momento como esse, não consegui evitar.

Depois que meus pais se separaram, um ano depois meu pai arrumou uma namorada, que não gosta nenhum pouco de mim, pelo menos das vezes que me obrigaram a falar com ela, ela não demonstrou nenhum tipo de afeto por mim, dois anos depois tiveram uma filha, Rachel, quando eu fui obrigatoriamente visitá-los, era como se eu nem estivesse lá. Ou seja, desde então, eu apenas converso com meu pai quando ele liga querendo falar comigo.

  ̶  Lilian! Não diga isso, você sabe que seu pai ama você tanto quanto ama ela.    ̶  Ela diz, mas eu sei que ela também não ficou feliz com a ideia.

  ̶  Aham, sei. Mas enquanto eu ainda tenho minhas últimas horas de liberdade prefiro falar sobre coisas que não me façam considerar a ideia de fugir assim que descer desse avião.

Ela me olha com censura, mas depois o olhar de mãe que não quer deixar a filha ir volta, ganho um beijo na testa e ela me solta, dando espaço para Alice.  

  ̶  Lil’s, eu ainda não acredito que você está mesmo indo.  ̶  Ela me dá um forte abraço quase esmagando meus ossos.  ̶  Não acredito que você vai mesmo me abandonar naquela escola. 

  Mesmo querendo chorar, não consigo não rir. Alice sempre foi um pouco dramática e acho que ás vezes meio que pego um pouco do drama dela emprestado.

  ̶  Se eu pudesse, eu ficaria. Mas já que obviamente eu não tenho opções, tenho que ir. Mas eu volto nas férias, pode ter certeza disso.

  ̶  É bom mesmo, por que eu não me importo de atravessar o oceano e te arrastar pelos cabelos de volta pra cá.  ̶  ela diz finalmente me soltando.  ̶  Mais um aviso, quero atualizações sobre todos os pedaços de mal caminho que você conhecer.

  ̶  Anotado.