Arya

Chovia muito aquela tarde, gostaria ela de ter saído de lá e de parar de lembrar de cenas ruins. Arya andava pelo acampamento de semideuses com um desânimo intenso e um grave desinteresse na vida. Seu dia se resumiu a xingar, praguejar, tomar banho de chuva e destruir alvos. Como ela queria uma missão...
–Arya! -Atlanta apareceu lhe chamando. - Jass, seu irmão, está vindo do Tártaro, exausto, poderia arrumar o seu chalé?
Arya concordou, indiferente, e foi arrumar o lugar. Quando chegou ao chalé, viu seu canto, uma zona de roupas escuras, livros, cadernos, pinturas e seu armamento. Riu baixinho enquanto arrumava aquilo em poucos instantes, pois se lembrou de uma vez que uma ninfa havia pego uma de suas pinturas, e as duas haviam caído na porrada. O canto de Jass estava só um pouco empoeirado, e ela tratou de limpar rapidamente, com o incômodo sentimento de que ele chegaria e a veria mexendo ali... Objetos estranhos que ela não sabia para que serviam tinham aos montes no canto dele, nossa, cada coisa esquisita. Tirando a poeira de sua bancada, achou uma foto de uma mulher com feições leves e delicadas, um pouco pálida e com cabelos cacheados. Resolveu deixá-la de lado. Dobrando algumas roubas jogadas pela cabeceira, algo cai de uma calça, um amuleto com algo escrito em latim. Sentiu o quarto tremer, e decidiu que não seria uma boa ideia tocar naquilo denovo... Arya sempre odiou mexer nas coisas que não a pertenciam, então andou mais rápido.
Após sair do chalé, com sua carranca habitual estampada em seu rosto, se dirigiu ao campo de treinamento, onde voltou a espancar e quebrar alvos. Sentiu a presença de seu meio irmão se aproximando, então saiu dali e foi para o refeitório, além do que, era hora de jantar.
– Hey, mana! -Ouviu Jass.
– Oi, irmão.
Pegou sua comida, jogou metade ao fogo de oferendas, e se sentou. Jass veio logo atrás.
–Tártaro recebeu bastante gente esse ano, mana. -Ele disse, animado, como se fosse uma incrível novidade. E talvez fosse, mas Arya não ligou.
– Hm. - Ela respondeu enquanto enfiava uma garfada de macarrão em sua boca.
Ele continuava a contar suas novidades, mas nenhuma prendeu a atenção de sua meia irmã. Era habitual, apesar disso, ele ainda tentava fazê-la se sentir em casa. Ela admirava sua determinação em tal ato, mas preferiu manter a indiferença, pois ver a determinação nele a fazia feliz.
A pele morena de Jass perdia o brilho sempre que ia para o submundo, seu físico piorava muito, seu cabelo se tornara opaco, seus olhos ganharam um brilho obscuro, além de suas bochechas terem resquícios de batalhas, mas Arya preferiu não alerta-lo.
Estrondo.
Tremor.
Uma explosão é ouvida.
Muitos semideuses ficam segundos em choque, apesar da maioria estar já pegando seu armamento e indo em direção ao som.
Atlanta caída ao chão, revoltada, tentando se levantar, presa com um pé da criatura de pedras em seu peito. Aquilo poderia muito bem ser um elemental de rocha. Sua aparência constituía em uma altura aproximada de uns dois metros e meio, corpo largo, cabeça pequena com duas orbes cor musgo formando seus olhos, braços longos e fortes, e pernas curtas, tudo isso sendo formado por inúmeras rochas.
O urro gutural da criatura fez os ouvidos de todos doerem e suas cabeças latejarem. A criatura iria dar um golpe final em Atlanta...