Diusma estava pouco se fodendo para os perigos que Jão e Justino haviam passado, e agora, aquele furry doidão havia morrido. Coitado. Como ele diria para a família de Justino que ele morreu dando a bundinha para o Shrek? Mas aí ele lembrou que Justino era furry, e furries estão sempre fazendo coisas assim.
Mas ele não era qualquer furry. Ele era o melhor amigo de Jão, e agora ele estava morto. E Jão estava sozinho. O agente do governo não sabia o que fazer, então ele simplesmente ajeitou o avião para eles poderem morar ali, e enterrou Justino.
Aqui jaz Justino, o furry mais foda que eu já conheci em minha vida foi o que ele escreveu na lápide.
Ele não havia conseguido fazer muito com o avião. Estava bem destruído. Uma das asas estava quebrada, e Shrek havia quebrado uma parte do teto. E agora Jão estava com fome, e ele não fazia a mínima ideia de onde ficava a cidade.
Então, ele viu um vendedor passando. Era um cara com chapéu de palha, um bigode longo de cor branca, cabelos longos e brancos, e estava carregando uma mochila cheia de coisas.
– Ei, senhor! gritou Jão.
O homem nem sequer olhou para o lado. Jão tentou chamar a atenção dele, mas não conseguiu. Então o vendedor tirou uma mesa portátil de sua mochila, colocou no chão, e espalhou os produtos ali. Então colocou um pequeno cartaz, dizendo Vende-se tudo, e colocou uma lista dos produtos.
Jão se aproximou e deu uma olhada no que ele vendia, mas não entendeu muito. Alguns dos produtos eram: Godtoh, Chifre de Dragão, Bolsa de couro de velociraptor, carne de hidra, pêlo de minotauro, rádios de pilha e pão com mortadela. Jão estava com fome, então resolveu ir comprar alguma coisa.
– Bom dia, senhor! cumprimentou Jão.
O homem apenas apontou para a mercadoria, e esfregou o dedo indicador no polegar.
Jão deu uma olhada. Tudo era muito caro, exceto o pão com mortadela e o Godtoh, que era basicamente uma salsicha com um pão dentro.
Jão colocou dois reais na mão do senhor e apontou para o pão com mortadela, e ele o entregou o alimento.
– Senhor, pode me dizer para que lado fica a cidade?
O homem não respondeu. Só o que ele fez foi pegar um caderno de anotações e mostrar uma página ao agente do governo brasileiro.
Sou surdo-mudo. Não entendo nada do que você fala.
Jão escreveu na folha que queria saber onde ficava a cidade.
O senhor apontou para algumas letrinhas miúdas no final do cardápio. Diziam Vendo mapas do Acre por cinco pratas.
Agora fudeu, pensou Jão, pois ele não tinha mais nada. Tinha gastado tudo o que tinha naquele pão com mortadela. O velho não parecia fazer fiado, então Jão decidiu que precisaria arrumar dinheiro, só não sabia onde iria encontrar.
O velho escreveu em um papel:
Se precisar de dinheiro, tem uma fada do dente na floresta. Ela compra dentes. Pode ir falar com ela. Mas já vou avisando: é sem anestesia.
Jão decidiu aceitar o conselho e foi até a floresta para procurar a tal fada dos dentes que o velho havia falado.