Aldo era tudo que ela poderia pedir, até um pouco mais. E era isso que a irritava mais, como ela se sentia burra. Burra por não poder dizer com toda a sinceridade do mundo que ela o amava, porque ela desejava ama-lo, mas sabia que não conseguiria. Depois de tudo que ela passou com ele. Seu Fernando! Ele havia sido o homem que ela mais amara e odiara na vida e mesmo depois de tudo que ele a havia feito passar, ali estava ela, chorando por ele, pensando nele, sofrendo por ele.

O amor era horrível, era isso que ela sentia. Leticia Padilha Solis não acreditava mais no amor como algo bonito, porque tudo que o amor proporcionou a ela não passava de sofrimento e mais sofrimento. Era ridículo pensar que Fernando Mendiola a amava, como um homem como ele poderia amar alguém como ela? Ela era feia, boba e patética. Essa era a Lety e nada mais.

Lety não saberia dizer o que era pior, saber que tudo não passou de uma estratégia para que ela não roubasse a empresa dele ou a parte em que Omar Carvajal estava a par de tudo que ela fazia com Seu Fernando. Então agora ela entendia aqueles olhares estranhos e o fato de as vezes, quando ela entrava na sala da presidência, os dois paravam de conversar. Eles falavam dela, da boba apaixonada. Como ela pode se expor ao ridículo daquela forma?

E agora estando ali, no litoral, acompanhada daquele lindo homem que a valorizava e gostava dela de verdade, Lety não podia ser reciproca ao amor que ele dava a ela. Seu Fernando estava cravada em cada milímetro do seu corpo e alma, seria difícil arrancar ele dali. Seu coração batia com mais força apenas em pensar nos beijos que ele lhe dera, nas palavras que havia dito. Mas quando isso acontecia, ela se esforçava em pensar nas coisas ruins, nas palavras escritas pelo Omar na carta, naquela maldita carta. E ainda assim era difícil fazer sua pele esquecer da dele.

Durante a noite, ela olhava pelas janelas que davam ao mar. Tudo ali a fazia lembrar do seu anjo, Aldo Domenzaín, e como ela gostaria de poder ama-lo. Lety conseguia sentir seu lábios ainda nos dela, foi uma sensação diferente de beijar o Seu Fernando, não melhor, mas também não foi ruim. Beijar Fernando Mendiola a dava todas as sensações, todos seus sentidos entravam em combustão e seus pensamentos se confundiam, os momentos que ele foi dela, somente dela. E agora ele estava tão distante, fisicamente e emocionalmente. No final ele nunca havia sido dela, ele foi predestinado para Marcia e apenas dela ele seria.

Por um instante ela se viu bem longe dali, ainda na Conceitos, olhando para ele na sala da presidência. Parecia ter sido a uma vida e não apenas algumas semanas. Ela precisava recomeçar ou morreria. Aldo era a solução, ele era a sua salvação. Ela queria viver como se nunca houvesse amado Fernando Mendiola, o tempo a ajudaria a esquecer, mesmo que ela lutasse contra o tempo nesses pequenos momentos de recaída, ela superaria o Seu Fernando.

Ela o faria por si, para se dar uma chance de ser feliz, ela escaparia daquele martírio que era amar um homem que nunca a amou ou respeitou. Fernando havia sido seu declínio e agora ela se reergueria, e ao seu lado teria o homem certo. Alguém que lutaria por ela e a faria feliz sem pensar em si mesmo. Esse alguém era Aldo Domenzaín.

Ela sobreviveria, como se nunca houvesse amado Seu Fernando Mendiola.