Silêncio. Todo e completo silêncio era mais que necessário naquele instante.

A porta foi fechada e, silenciosamente, trancada.

Ruby virou e seu olhar encontrou o de sua irmã, a jovem dos olhos escuros assentiu com a cabeça, a outra gesticulou para que a irmã se sentasse diante dela na cama, a menina o fez.

– Ela acabou de ir dormir, temos tempo, ainda é cedo. - falou a menina dos olhos castanhos – Precisamos arrumar as coisas e sair daqui.

– Vamos. Pegue apenas o que for extremamente necessário, não temos uma... - ela deu um tapa na própria testa, recebendo um olhar de estranheza da irmã – Eu acho que posso transformar algo em uma mala. Será mais fácil levar nossas coisas.

– Okay, mas o que vai transformar? E mochilas são melhores, pensarão que somos estudantes. - pontuou a jovem dos olhos escuros.

– Sua chata, só porque eu acho que posso “transfigurar” as coisas agora. Como a McGonagall! - ela se permite um largo sorriso. - Mas você está certa. Mochilas, okay.

– Okay, temos que pegar algum dinheiro e temos que passar na biblioteca.

– Dinheiro? Onde? Eu tenho alguns trocados e olhe lá.

Allexandra viu um cruel sorriso se abrir nos lábios da irmã.

Ruby passou o olhar da irmã para a parede do quarto ao lado, então de volta a irmã, esperando que ela compreendesse a mensagem.

Levou alguns segundos, Allexandra repetiu o gesto feito pelos olhos da irmã e a viu consentir, aquele sorriso não abandonando seus lábios nem por um segundo.

– O que--! Ah! Maninha, você é demais. Vamos lá.

Ruby foi até a porta, seguida da irmã, a garota dos escuros olhos destrancou a porta e foi até o quarto daquele que as gêmeas tinham como figura materna, ela avistou o guarda-roupa e, silenciosamente, o abriu. Lá dentro, havia um grande cofre. Com cuidado e telocinese, a jovem Allex fez o cofre flutuar até seus braços e fechou o guarda-roupa e as duas correram de volta para o quarto, onde se trancaram, mais uma vez. Ruby sentiu uma leve frustração por não ter uma mareta para derrubar uma parede, mas o silêncio era essencial.

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Elas estavam prontas, mochilas feitas com algumas roupas apenas, itens de higiene pessoal e alguns documentos que elas alteraram.

Logo, as gêmeas tinham deixado a casa e seguiram para a biblioteca da cidade, era tarde da noite, então as duas precisaram de um pouco de mágica para entrar lá e a primeira coisa a ser feita foi acessar a certidão de nascimento de ambas.

– Muito bem, nos temos o dia em que fomos encontradas e o ano em que nascemos, só precisamos procurar nos hospitais locais com nascimento de gêmeas. - disse Ruby.

– Eu acho que lembro da Tânia ter dito que fomos deixadas com meses de nascidas, em uma das vezes que ela estava nos culpando pelo divórcio dela e do Luke. - comentou Allexandra.

– Isso é bom, muito bom.

– O quê? Sermos culpadas por um divórcio, mesmo que, na época, éramos apenas bebês?

Ruby olhou para irmã com uma expressão levemente confusa.

– O que-- Esquece. Não, estou falando dos meses, você lembra quantos meses ela disse?

Allexandra levou um dedo aos lábios, pensativa.

– Acho que três.

Ruby começou a digitar algo, buscando por mais e mais informações do nascimento de ambas.

Levou tempo, bastante tempo, tempo o suficiente para Allexandra adormecer na cadeira ao lado.

– Achei! - gritou Ruby, assustando a outra.

– Patrono! - gritou Allexandra acordando assutada, então olhando para a irmã, arrumando os óculos no rosto. - Por Merlin, Ruby, podia ser mais escandalosa?

A menina dos olhos acinzentados viu a outra dar um sorriso safado e apressou-se:

– Ah! Não responda! Então, o que descobriu?

Ruby fitou a tela, copiando o que encontrara.

– Um endereço.

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“If I was young, I'd flee this town

I'd bury my dreams underground

As did I, we drink to die, we drink tonight...” – Elephant Gun - Beirut