–Consegui! –Eu me senti alguém que veio da mata naquele momento

–Você me matou do coração! –Pena que não está morto de verdade

–Ainda faltam as madeiras! Largue os copos e pegue a cobra. Vou levar as madeiras e você à cobra.

–Como?!

–Ela já está morta! –que medroso

Meu plano era jogar tudo em um rio próximo e depois visitar o túmulo dela. Queria conhecê-la

–Jogue tudo! Inclusive a cobra.

–Você é louca sabia? –Mal sabe ele que estou tentando ajudar.

Ele ficou observando o corpo e as madeiras irem embora, o vento estava soprando, meu cabelo sempre sendo levado, e as blusas largas que ele usava também! Ficamos em silencio por um tempo, acho que ele estava refletindo.

–Obrigado... –Que susto

Eu sorri, mas ele não estava me vendo, estávamos de costas um pro outro

–Me sinto aliviado sim, é como se todo aquele pesadelo de quatro anos atrás estivesse indo embora nesse momento, obrigada por ser gentil comigo. Acho que gosto de você! –Ele sorriu

No momento eu fiquei corada, e com olhos arregalados. Foi uma grande surpresa para mim

–Foi legal matar a cobra! –Ambos demos gargalhadas-Agora vamos ver sua irmã?

–Certo! –Partimos em direção ao cemitério que ela estava, ela ficou na parte de crianças, era mais horrível ainda, ver várias crianças juntas e mortas.

–Aqui está ela. –Ela tinha o apelido “Angel” embaixo do nome

–Porque “Angel”? –Perguntei

–Meu pai disse que seria uma forma de expressar o quanto sentiríamos sua falta, comparando-a com um anjo.

–Que bonito! –A expressão de Ian mudou completamente, ele estava triste, mas aliviado ao mesmo tempo, não, ele não estava triste, estava com saudades de poder se divertir com ela.

–Prometo que vou ser uma irmã legal e que vai fazer você se divertir como ela fez, tenho certeza que ela vai ficar orgulhosa em saber que você finalmente seguiu em frente!

–Ela vai ficar feliz em ser substituída por você! –Ele sorriu

–Vamos agora? Mostre-me fotos dela quando chegarmos.

No caminho para casa, começou a chover e nos estávamos andando, pois para voltar para casa, tinha uma grande subida e não tínhamos mais forças para subir pedalando.

–Espero que você não seja de açúcar Alice! –Olha! Ele fez uma piada.

–Minha vida era baseada na chuva e você vem me chamar de açúcar?! –Ambos rimos

As casas fechadas, árvores molhadas, pessoas correndo e nós simplesmente andando levando nossas bicicletas conosco. Até finalmente avistar nossa casa.

–Ian! Alice! Corram para dentro! –Tia estava nos chamando

Largamos nossas bicicletas no meio do jardim e entramos correndo soltando risadas

–Vocês dois ficaram o dia todo fora! O que estavam fazendo? –Ferrou!

–Estávamos pensando em como vai ser o primeiro dia de aula! –Que garoto mentiroso!

Olhamos um para o outro com um sorriso no rosto.

–Alice, essa é ela! –Ela tinha cabelos curtos, castanho, olhos verdes, rosto fino, aquilo era só uma foto de perfil. Ela era uma garota bonita.

–Ela era linda! Perto dela você fica mais horrível que o normal! –Fiz um zombo de leve

–Pena que você não tem irmão, tenho certeza que ele ia passar reto por você na escola! –Ambos rimos

–Vocês dois! Tomem um banho e vão dormir. –Certo

Lá estava eu, naquela banheira branquinha, cheia de espuma e relaxando. Tomei um banho rápido. Quero saber como o Verão está. Coloquei o pijama e fui direto dormir

–Como você está Outono? –Ele ainda estava meio dorminhoco

–Melhorando graças aos curativos da Primavera-Ele sorriu

–E como você está Primavera? –Ela estava sem graça

–Tem muitas flores pela estrada, consigo me curar rápido. Mas e você? –Ela se referia ao estado do Verão, tenho certeza.

–Bem... É difícil dizer como me sinto. –Na verdade me sinto triste

–Você diz isso porque está tendo um maior afeto por ele. –Espera. Era o Outono dizendo isso?!

–Eu?! Eu só estou preocupada porque não quero me juntar a vocês e nem ficar sozinha!

–Como assim “Não quero me juntar a vocês”?! –Ambos falaram juntos

–Não preciso responder.

–Chegamos! –Disse o velhinho

Todos deitaram nas camas, não sei como, mas aquela cama que um dia era de casal, virou quatro.

–Velhinho, eles vão ficar todos bem?

–Acredite da minha esposa, garotinha! –Eu queria acreditar, mas.

–Vou dormir no sofá, estou um pouco cansada.

–Vou preparar uma roupa nova para você! Igualzinha a esta que você esta usando.

–Obrigada.

Fechei meus olhos, e tentei relaxar. Enquanto durmo, é possível me ouvir. Não é como dormir na vida real, onde você sonha. Aqui não da pra sonhar.

Comecei a ouvir vozes, parece que todos estavam acordados. Mas eu não ouvia o Verão.

–Inverno! Finalmente. –Disse a Primavera

–Vocês estão curados! Que ótimo! Mas e o Verão? –Primavera apontou para fora da janela. Parece que ele estava bem, que alívio.

–Verão? Verão! Onde você está? –Ele deve estar fazendo idiotices e nem acordou direito.

Comecei a ver pequenas luzes laranja/amarelas. Acho que alguém estava treinando.

–Verão? Verão! –Eu disse com um tom de alívio

–In... –Ele foi interrompido por meu abraço. Eu estava sentindo o maior alívio do mundo por não ter matado dois amigos. Apenas um, mas o aliado e mais importante continuava comigo.

–Que bom! Você está bem. –Disse enquanto o apertava mais ainda

–Vou ficar melhor quando você me soltar. –Não vou soltar ainda

–Pensei que, pensei que... –Ele me abraçou e apoiou sua cabeça em cima da minha.

–Seu frio, está me esfriando. Devia me soltar um pouco. –Certo, eu soltei.

–Desculpe, é que eu fiquei preocupada porque eu juntei tanto poder para tentar te ajuda e você acabou parando de reagir até que a velhinha chegou mas ela caiu no chão e você continuava apagado e eu-

–Eu entendo. Qualquer um fica assim, mas minha pergunta é, você o matou? –Se eu dizer que sim, ele vai ficar se sentindo culpada.

–Você conseguiu antes de apagar, não se lembra? –Odeio ter que mentir.

–Pode ser. Mas você também viu que o Velhinho fez roupas novas para nós? Isso inclui você! –É verdade! Minhas roupas estão um horror.

–Já vou vesti-las. Até mais.

Era exatamente como a roupa antiga, até minha capa. Velhinho era mesmo surpreendente, tenho perguntas a fazer.

–Obrigada Velhinho! Posso te fazer algumas perguntas?

–Claro garotinha.

–Qual é exatamente seu poder? –Que pergunta estranha de se fazer.

–Construir. Mas não posso construir pele, isso só minha esposa consegue, foi o que ela fez para ajudar seu amigo.

–Que incrível. Você é o oposto do Outono. Ele faz as coisas se desmontar, cair. Deve ser por isso que vocês não se deram muito bem.

–Você ainda acredita nessa de que a magia interfere na relação? Olhe para você e o Verão. Se olhássemos como você, seu par seria o Outono. Mas é claro que ele sente sentimentos fortes pela Primavera, que sente o mesmo por ele.

–Velhinho... Que incrível. –Ele parecia ter habilidade de dedução também.

–Garotinha, onde está o Verão? –Disse a Velhinha

–Ele estava lá fora treinando magia.

–Preciso tirar sua neve de dentro dele logo. Avise-o! –Minha neve? Porque tem neve minha dentro dele?!

–Avisarei.