Dizer que aquela notícia não mexeu comigo era mentir. O problemas era saber porque exatamente aquilo fez meu coração acelerar e eu quase cair da cadeira que estava sentada. De repente uma pergunta ficou ecoando em minha mente, porque depois de seis amos German estava voltando para a casa de seus pais? E o que havia acontecido no passado para ele haver ido embora tão de repente. Senti então a necessidade fazer a pergunta que me atormentava havia tanto tempo.
– Mãe - disse com cautela - por que German resolveu ir embora? - Poderia parecer que não, mas eu estava nervosa ao fazer aquela pergunta, eu estava mexendo em um passado que não era meu.
Vi seu rosto empalidecer e a necessidade que ela tinha para desviar daquele assunto.
– Meu amor - ela disse com o nervosismo evidente em sua voz - não é hora de nos preocuparmos com isso, o que foi feito no passado ficou no passado.
Não, definitivamente aquilo não me convenceu, algo havia acontecido que não queriam que eu soubesse. Mas não podia falar nada, aquilo havia se passado antes de eu chegar naquela família e não era assunto meu.
O resto da noite transcorreu normalmente, mas era possível ver a preocupação no rosto de meus pais. De resto as coisas estavam normais. Pelo menos era o que eu achava.
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Na manhã seguinte acordei cedo, fiz minha rotina matinal, tomei café e fui correr. Fones na orelha e a mente viajando. Adivinhem para onde? Exatamente. German Castillo era alvo de muitas indagações para mim, eu não sabia nada sobre ele, a não ser que era um ano mais velho que eu. Havia visto fotos dele que ficavam em porta-retratos que ficavam no quarto dos meus pais, não era extremamente bonito, mas tinha certa beleza. Ele chegaria amanhã, não sabia exatamente o porque mas estava muito nervosa. Sentia que minhas dúvidas seriam sanadas com a sua chegada, mas não sabia se era se era uma boa coisa.
Quando voltei para casa, rumei para o banho, tinha marcado de me encontrar com Francesca, minha melhor amiga, no shopping. Tomei banho e me troquei, optando por um vestido florido de alcinha, pois o dia estava muito quente. Estava descendo as escadas quando ouvi meus pais falando algo que não pude evitar ouvir.
– Não pretendo que ela saiba - minha mãe disse baixo.
– Uma hora ela vai acabar sabendo e vai ser bem pior, o German está voltando, tenho certeza que... - Ele parou rapidamente de falar quando me viu na escada - Angie, vai sair? - perguntou de uma maneira estranha, evidenciando deu nervosismo.
– Sim, vou passar o dia com a Francesa - disse calmamente enquanto terminava de descer as escadas.
– Bom, divirta-se meu amor, e fique longe dos meninos - disse me dando um beijo no rosto e rindo.
– Que isso André, deixa ela ser feliz - disse minha mãe, também rindo - vai se divertir filha - me deu um beijo no rosto e logo em seguida fui a casa de Francesa buscá-la.
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Fazia quase uma hora que eu havia chegado e Francesca não conseguia se decidir com o que usar. A situação estava já me irritando.
– Francesca, pelo amor de Deus, coloque qualquer roupa e vamos logo porque não aguento mais te ouvir reclamar de suas roupas - disse já sem paciência.
– Eu em, o que deu em você? - Disse Francesca
– Nada, só quero que você se apresse porque não aguento mais ficar trancada aqui - disse mais tranquila.
– Okay, vou me trocar e já vamos Dona estressadinha - se encaminhou ao banheiro rindo de mim.
Quando fiquei sozinha minha mente começou a dar voltas novamente no assunto German Castillo. Definitivamente eu não podia ficar sozinha, nao podia mas pensar que tudo se voltava a ele. Eu estava definitivamente ficando louca.
– Então Angie, acho que vou pintar meu cabelo de rosa o que achá? - Francesca disse. Eu estava tão envolvida com meus pensamentos que a única coisa que foi capaz de responder foi sim.
– ANGELES CARRARA CASTILLO!!!- disse gritando no meu ouvido.
– Aí Francesca o que foi? - Disse assustada.
– Faz meia hora que eu estou falando aqui e você não presta a atenção em nada - disse fingindo restar brava.
– Eu estava... Prestando a atenção - minhas palavras saíram travadas por conta do nervosismo.
– Bom e do que eu falava? - Perguntou rindo de mim.
– Bom... É... Das... Das sua roupas? - Disse tentando adivinhar.
– Não, eu não falava disso. Da para me dizer o que está passando nessa sua cabeça, estou ficando preocupada - disse sentando-se ao meu lado na cama.
Bufei cansada e contei tudo a ela, desde a notícia da chegada, até a conversa da escada. Me senti mais leve ao contar isso para ela, a primeira e possivelmente a única a saber sobre meus confusos sentimentos.
– O que você precisa neste momento é se distrair, porque não vai ajudar nada ficar aqui sentada pensando no que pode ou não acontecer - disse Francesca segura de si e já se levantando - vamos distrair essa cabecinha, vem - disse já me puxando para fora do quarto.
Passamos uma tarde agradável no shopping, conversarmos sobre tudo o que era possível, naquele momento era tudo o que eu precisava, ter minha amiga por perto.
Quando cheguei em casa não havia ninguém, o que achei estranho,.considerando que ainda era início de tarde. Subi para o meu quarto e fui para o banho. Não sei extremamente quanto tempo fiquei debaixo da água, mas eu precisava daquilo, precisava pensar em como seria minha vida daqui para frente, pensar sobre o meu futuro e a possível faculdade de medicina que eu tanto almejava. Mas um sentimento diferente estava começando a nascer em mim, eu não poderia dizer ao certo o que era, só sabia que era algo diferente. A água morna escorria por meu corpo, me relaxava cada vez mais.
Sai do banho e me troquei, coloquei logo meu pijama, depois de tudo o que eu tinha pensado, não tinha mais vontade nem de comer. Fiquei em meu quarto vendo qualquer coisa que passava na TV. Um pouco depois das oito, minha mãe bateu na porta do meu quarto.
– Posso entrar - perguntou com um sorriso nos lábios.
Eu apenas assenti com a cabeça. Ela se sentou ao meu lado na cama e me olhou de uma forma preocupada.
– Você está bem Anjinha?
Eu deveria mentir ou dizer a verdade? E se falasse a verdade como explicaria a ela que estava mal? Que eu não parava de pensar no seu filho que estava por chegar? Não, definitivamente eu não poderia dizer que estava mal.
– Sim, estou bem mãe, só um pouco cansada do dia - disse tentando transparecer o máximo de confiança.
Minha mãe pareceu acreditar , pois na mesma hora abriu um sorriso enorme no rosto.
– Bom, vamos jantar? - Me disse ainda com o sorriso no rosto.
– Não estou com fome, comi muito hoje a tarde - disse rindo lembrando de tudo o que eu e Francesa havíamos comido pela tarde.
– Tudo bem então - disse também rindo - boa noite e dorme bem - disse me dando um beijo na sexta e saindo do quarto.
Logo que ela saiu desliguei á TV e me deitei. Poucos minutos depois minhas pálpebras foram ficando pesadas e eu acabei adormecendo.
*****
Acordei no outro dia parecendo mais cansada que no dia anterior. Peguei meu celular na mesinha ao lado minha cama para checar a hora. Eram 8:27 da manhã, faltando assim, apenas 33 minutos para German parecer nesta casa. Levantei da cama e fui direto para o banho, não demorei muito, só o suficiente para poder acordar. Escovei os dentes e fui me trocar, colocando uma calça jeans, uma regata e meu cardigã, pois ia sair com Francesca e Camila para resolver assuntos da faculdade.
Quando cheguei a cozinha todo já estavam a mesa. Cumprimentei todos com um bom dia e fui me sentar, por um momento esqueci que ELE estava voltando para casa, enquanto estava tomando café e conversando animadamente com todos. Quando eu já estava levantando da mesa a campainha de casa tocou. Minha mãe levantou para atender e todos se levantaram da mesa. Quando eu cheguei a sala quase travei ao ter aquela visão a minha frente, German Castillo não era bonito, era mais, muito mais que bonito. Quando ele me olhou pude perceber um único sentimento em seu olhar:
Ele me odiava.