Arthur’s POV

Eu estou ficando maluco! Pirado! Não tenho definições... Sofi sabe como torturar um cara e ela está fazendo isso comigo e está fazendo isso na maior cara dura. Ela não pode ficar dançando assim na minha frente e ainda mais com essa roupa... E o pior é que nem posso encostar nela, tudo por causa dessa maldita aposta. Essa maldita aposta que eu inventei, ela disse que eu não conseguiria ficar um dia inteiro sem beijá-la ou encostar nela, ela duvidou de mim e eu aceitei o desafio com louvor, ou nem tanto louvor assim, sei que estou sendo orgulhoso e tal, mas não vou deixar essa anã vencer, não hoje, mesmo que isso signifique não agarrar a Sofia agora, mesmo que isso signifique que eu fico frustrado pra cacete.

–Acho que alguém não está conseguindo se controlar. –ela dá uma risadinha. Eu a estou encarando como se fosse devora-la.

–Você não vai ganhar. –é tudo que eu digo.

Ela estreita os olhos e ajeita os cabelos, a música acabou de mudar e agora está tocando “Partition” da Beyoncé e DROGA! Sofi dá o seu maior sorriso sacana e vem rebolando em minha direção, ela senta no meu colo e me encara e eu juro por Deus que tive muito autocontrole pra não beijar ela.

–Você é tão lindo! –ela sussurra com o nariz no meu pescoço. –E cheiroso. –ela me cheira e eu me arrepio. –Meu Deus como você é cheiroso! –ela espalma as mãos no meu peito e me olha novamente. –Desiste logo dessa besteira e me beija logo, sei que não tá mais aguentando. –ela diz. Ela tem razão. Puta que pariu como ela tem razão. Jogo ela no sofá e me levanto tentando me recompor. Olha o que ela faz comigo!

–Não vou te beijar hoje. –digo. –Vou conseguir passar o dia sem encostar a boca em você e ganhar essa maldita aposta.

Ela ri e se levanta do sofá e ajeita o short e a blusa.

–Veremos Arthur Menezes. Veremos. –ela sobe pro quarto dela e me deixa lá com cara de pastel e muito frustrado. Depois de algum tempo ela desce novamente e agora está usando leggies e a minha camiseta do Green Day. É oficial Sofia Mendes quer me matar.

–Levanta. –ela ordena.

–Pra que?

–Vamos buscar as nossas irmãs no ballet. –ela responde. –E depois vamos ao shopping escrever a Dora num concurso boboca.

Bufo e levanto do sofá, ela pega as chaves e o celular, guarda tudo em uma bolsa que está carregando e me estende a mão.

–Você pode pelo menos andar de mãos dadas comigo? –ela pergunta fazendo beicinho.

–Até parece que vou deixar você andar sozinha sem alguém do lado. –digo entrelaçando nossos dedos.

–Não sabia que você fazia a linha ciumento. –ela diz rindo.

–Não faço, só cuido do meu anjo. –digo apertando a sua mão.

–Digo o mesmo, se hoje eu ver alguma menina te cantando na cara dura eu vou apelar. –ela reclama.

Dou uma risada e vamos andando tranquilamente até o ballet das meninas. Elas saem saltitantes e depois vamos ao shopping escrever a Dora no concurso, ela está super animada com isso, mas a animação dela acabou quando a Sofi disse que não ia ser a dupla de ninguém.

–Não adianta me olhar com essa carinha Isadora, eu já disse que não. –ela diz.

–Sofia é o meu sonho! –Isa reclama.

–O seu sonho acaba quando ele envolve a sua irmã mais velha ter que ficar desfilando na frente de um monte de gente.

–Por favor. –Isa pede com um olhar suplicante.

–Vai Sô, isso não vai te matar. –peço.

–Isadora você tá jogando sujo. –ela reclama com um bico enorme. Depois de um monte de reclamação Sofi se inscreve no concurso com a Isadora.

Levamos as meninas pra casa e ficamos vendo filmes, à noite Sofi e eu vamos ao cinema com o Gui e a Samantha, eles são o novo casal vinte e estão felizes demais. Fico muito feliz pelo Gui, agora ele parece ser um cara diferente.

*-*-*-*-*-*

Estávamos no cinema, já tínhamos discutido porque as meninas queriam ver filme de desenho e o Gui e eu queríamos ver ação, depois da infinita discussão acabamos indo ver o filme de desenho que as meninas escolheram. Gui e Samantha não estão vendo o filme, porque estão ocupados se beijando. E a Sofia está toda emburrada do meu lado. E eu não tenho a menor ideia do que fiz pra ela.

–Posso saber por que meu docinho tá com essa cara feia? –sussurro.

–O que você acha Arthur? Olha pra eles. –ela aponta pro Gui e pra Samantha, que estão se agarrando loucamente.

A olho sem entender e ela bufa um pouco alto, o que faz uma mãe e seu filho nos olharem com a cara bem feia.

–Era pra gente estar que nem eles, mas não. Você tem que ficar nessa droga de mimimi sobre não me beijar pra ganhar uma aposta que você mesmo inventou. –ela sussurra bem nervosa. Quero rir dela, mas me controlo pra não sermos expulsos do cinema. –E você ainda ri de mim. Nossa você é um grande babaca Arthur. Um grandessíssimo babaca.

Ela cruza os braços e encara o filme com uma muito feia, minha pequena Sofi está muito puta comigo e tudo isso só porque eu não vou beijá-la hoje. Não consigo conter a minha risada e começo a rir, bem na hora da parte triste do filme e isso fez todas as crianças e suas mães olharem com a cara feia pra mim. Recomponho-me e chego mais perto do ouvido dela.

–Meu amor, se tem uma coisa que eu mais desejo nesse momento é te beijar. –sussurro em seu ouvido. –E eu vou fazer isso, vou te beijar muito... –sussurro e cheiro seu pescoço. –Só não vai ser hoje.

Ela geme de frustração e me olha furiosa.

–Idiota. –ela reclama. A abraço de lado e ficamos vendo o filme enquanto o casal vinte se agarra loucamente, são os efeitos do inicio da paixão.

Gui e eu deixamos a nossas devidas namoradas em casa e depois vamos pra minha casa, ele vai dormir lá hoje.

–A Maju parou de te mandar mensagens? –ele pergunta assim que entramos no meu quarto.

Suspiro pesadamente, esse assunto é muito delicado... Há algumas semanas a Maju anda me mandando mensagens estranhas, eu nunca as respondo, em toda mensagem ela diz que me ama e que em breve vai voltar... Eu tô com um pressentimento ruim para cacete, essa menina não pode voltar, não mesmo, não agora que a minha vida está nos eixos. Já imaginou se ela me aparece aqui do nada?

–Não. –respondo me jogando na minha cama. –Ela manda algumas mensagens dizendo que me ama, outras sem sentido... Eu tô com medo de ela um dia aparecer na minha porta do nada. –eu digo.

–Aquela garota sempre foi muito doida e você sabe muito bem disso. –Gui responde. –Eu não ficaria nada surpreso se ela aparecesse aqui do nada numa noite de verão.

–Vamos torcer pra que isso não aconteça. –digo.

–Vamos mesmo, mas vamos mudar de assunto. –ele liga meu computador. –Samantha é demais, linda, gostosa pra caralho e beija muito bem. –ele diz rindo.

–Guilherme, não sou obrigado a ouvir você ficar falando do quanto a sua namorada é gostosa e que ela beija bem.

–Sim você é obrigado. –ele diz. –Eu não reclamei quando você me ligava de madrugada no Skype pra ficar falando da Sofiaaaaaaa. –ela imitou minha voz no final e eu dei o dedo do meio pra ele.

*-*-*-*-*-*-*

–Meus meninos lindossssssss. –ouço uma voz feliz adentrar o meu quarto e abrir as janelas.

–Mãe hoje não tem aula, me deixa dormir véi. –Gui murmura com os olhos fechados.

–Meu amorzinho, não sei fico ofendida ou acho fofo o fato de você ter me confundido com a gorda da sua mãe. –minha mãe reclama e tira as cobertas dele.

–Tia Clarice me deixa. –Gui puxa os cobertores novamente.

–Garoto acorda logo, você me dá mais trabalho pra levantar do que o Pietro. –minha mãe diz dando uma risadinha nostálgica. Sei que ela sente falta do Pietro.

–Credo tia, depois dessa ofensa eu vou até levantar. –Gui bufa.

–Meninos lindos se arrumem porque nós vamos almoçar na casa da Olivia. –minha mãe diz. –Ela disse que você podem levar as namoradas de vocês. Vai ser um churrasco pra comemorar alguma coisa que eu não me lembro. E Gui a sua namorada é muito esperada, queremos conhece-la.

Dito isso ela se retira do quarto e o Gui deita no colchão novamente e pega o celular.

–Oi ruivinha. –ele fala meloso. Argh. –Tá a fim de ir pra um churras insano hoje? –ele começa a rir. –Sei que te acordei, foi mal mozi, mas você tá a fim de ir pro churras? Vai ser na casa da minha tia e o Arthur e a Sofi vão também. –ele ajeita o cabelo. –Tá bom, eu vou sair agora da casa do Thur pra tomar banho e trocar de roupa e peço pro meu pai passar aí quando estivermos indo. –ele para de falar e balança a cabeça rindo. –Tá, tá. Esteja pronta quando eu passar aí, beijos mozi.

Ele desliga e coloca a camiseta que ele tinha tirado.

–Já que temos planos para o almoço, eu já vou. –ele levanta do colchão. –Liga pra Sofi, a Samantha disse que se ela não for ela vai me matar.

–Hã? Por quê?

–Segundo ela se a Sofi não for ela vai se sentir excluída e tal. –ele responde e eu franzo a testa. –Nem me pergunte, coisas da Samantha. Deixa eu ir, falou cara. –ele sai. Arrumo minha cama e o colchão do Gui e ligo pra Sofi e pergunto se ela quer ir para o churrasco na casa da tia Oli, no momento em que eu disse Oli ela aceitou e disse que ia apertar muito o Vinny.

Depois que a mamãe e a Mille se arrumaram a gente foi até a casa da Sofi pega-la.

–Oi gente. –Sofi entra no carro e abraça a Mille e aperta a minha mão. Entranho o gesto, mas aí me lembro de que ela ainda tá puta comigo por causa de ontem, quando descermos do carro irei resolver isso.

–Sofi minha linda, como você tá? –meu pai pergunta.

–Tô muito bem e o senhor? –ela pergunta de volta sorrindo.

–Eu tava muito bem até você me chamar de senhor. –meu pai diz com uma falsa chateação e a Sofi e minha mãe riem. –Senhor é só pros futuros namorados da Mille.

Mille ri e o caminho até a casa da tia Oli é agradável, fui o caminho todo segurando a mão da Sofi e eu estava pensando seriamente em colocar uma aliança naquele dedo. Porque eu quero de verdade prender a Sofi em mim para o resto da minha vida.

–Meus amores. –tia Oli pula nos meus pais.

–Olivia você não tem mais 17 anos. –meu pai murmura. –Você ainda vai quebrar minhas costelas.

–Por acaso você está me chamando de gorda, Pedro? –tia Oli olha pro meu pai.

–Quem? Eu? Nunca. –meu pai dá uma risadinha.

–Não liga pro Pedro, Oli. –minha mãe abraça a tia Olivia de modo afetuoso.

–Ele é um ótario mesmo. –minha tia ri. –Olá meus outros amores! –ela nos olha e abraça a Mille, depois eu e depois a Sofi. –Minha futura norinha, você está cada dia mais linda hein? Vinny tá com sorte.

–Sua futura nora? Tá louca? Ela é nossa nora. –meu pai diz.

–Por enquanto meu queridinho. –tia Oli balança os cabelos. –Quando o meu Vinny crescer e virar um Brad Pitt da vida eu quero só ver se a Sofi vai resistir a ele e querer continuar com o Arthur. –ela diz. –Sem ofensas, Arthur. –ela me olha.

–Tudo bem, vou tentar não levar isso para o lado pessoal. –digo rindo.

–Vamos entrar, a Mingau já está lá dentro com o Nicholas.

–Nicholas? Hmm... –minha mãe fez uma carinha engraçada e eles entraram, Mille vai atrás dele a Sofi faz menção de ir, mas eu seguro a sua mão e a faço parar.

–Vamos entrar. –ela diz.

–Calma, antes quero fazer uma coisa. –digo.

–Que coisa? –ela pergunta.

–Isso. –eu a beijo. Sofia era muito importante pra mim e puta que pariu pensar na hipótese de perdê-la me deixava angustiado, mas por que mesmo eu estava pensando nisso? Enterro esses pensamentos lá no fundo do meu consciente e continuo beijando a Sofi até que uma buzina nos assusta.

–Larguem de servegonhice no portão dos outros. –tio Bê grita. E eles descem do carro.

–Pois é pai, esses jovens de hoje em dia não tem vergonha na cara. –Gui ri cinicamente.

–O sujo falando do mal lavado... –Samantha comenta baixinho e todos riem.

–Pois é né senhor Guilherme. –tia Gumi ri.

–Que mãe? Sou um garoto puro e inocente. –Gui faz cara de santinho.

–Você era um garoto puro e inocente há muitos anos atrás. –tia Gui responde.

–Depois dessa ofensa de graça vindo da minha própria mãe vamos entrar e fingir que isso não tá acontecendo. –Gui pega a mão da Samantha e a puxa pra dentro da casa.

Entramos na casa da tia Oli e rapidamente a Sofi é agarrada pelo pequeno ser irritante chamado Vinny. Ele praticamente toma a minha namorada pra ele e eu fico com os adultos. Minhas tias estão lotando a Samantha de perguntas e ela está toda vermelha, mas não foi só a Samantha que virou alvo das minhas tias, a Sofi também recebeu um monte de perguntas. O churrasco ficou pronto e nos almoçamos. Depois do almoço Sofi e eu ficamos sentando no jardim olhando a Nina e o Vinny brincarem, apesar de a Nina sempre cair quando consegui dar dois passos. Gui e Samantha estavam tirando fotos de tudo e se beijando toda hora.

–Meninos. –tia Nick grita. –Vocês vão lavar as louças hoje!

–Eba! –minha mãe grita rindo. –Vão lá.

–Linda, segura me celular? –entrego o meu celular pra Sofi e ela me dá um selinho quando eu levanto.

Nós bufamos e fomos lá lavar aquela pilha de louças.

–Isso me lembra das vezes que a gente ia pra casa da Yummi e ela fazia a gente levar comida e lavar as louças. –tio Josh ri.

–É verdade, elas sempre foram folgadas. –tio Nicholas comenta.

Ficamos rindo e lavando aquela pilha de louça, depois de secar e guarda-las, voltamos para o jardim, mas algo errado estava acontecendo lá. Sofia estava chorando? Corri até ela e a Samantha me encara com um olhar mortal.

–Sô o que houve? –pergunto tentando tocá-la, mas a Samantha a puxa pra longe de mim. –O que tá havendo aqui, gente?

Minha mãe está me encarando perplexa e as minhas tias estão fazendo o mesmo.

–Vocês vão me falar que porra está acontecendo aqui? –pergunto novamente e a Sofia me estende o meu celular e eu gelo. Ela viu, ela viu aquelas drogas de mensagens. Eu tô ferrado, muito ferrado. –Eu posso explicar, Sofi. Juro que posso.

Lágrimas caem nas suas bochechas e o seu olhar está cheio de dor e decepção, do mesmo jeito que ficaram quando o Pietro fez aquilo com ela. Merda, merda, merda... Eu devia ter bloqueado o número dela, eu devia ter dado um jeito de parar isso... Eu sou um grandessíssimo babaca.