Eu estava alisando o braço da Sofi enquanto ela lia algo em voz alta alguma coisa sobre... Eu nem sei sobre o que ela estava lendo, eu não estava mais prestando atenção. Ficar com a Sofi tão perto de mim me deixava desconcentrado, mesmo que a gente já estivesse namorando há três semanas, eu ainda ficava besta quando a gente tava junto. Estávamos no quarto dela e deitados na cama dela. Ela estava com a cabeça apoiada no meu peito e com alguma revista nas mãos.

—Thur. –ela sussurra.

—Hm? –murmuro. Ela levanta e me olha suavemente, seus cabelos estão assanhados e ela os ajeita.

—No que você estava pensando? Parei de ler tem alguns minutos e você nem percebeu. –ela pergunta.

—Você parou de ler? Quando? –pergunto. –Foi mal, eu não estava conseguindo me concentrar com você tão perto de mim.

Ela dá uma risadinha sem graça e cora.

—Se você quiser posso ir para a cama da Dora. –ela diz levantando, mas eu a puxo e ela cai bem em cima de mim.

—Ops... –digo rindo e ela revira os olhos fingindo irritação. Ela tenta sair de novo, mas eu a coloco por baixo e fico por cima. Bem onde eu queria.

—Acho que você ficou um pouco presa, docinho. –sussurro no seu ouvido e ela se arrepia.

—Me beija logo. –ela manda.

—Gente... Você tá muito mandona hein? –faço carinho nas suas bochechas.

—Sou uma garota má, esqueceu disso? –ela ri. Beijo seu pescoço carinhosamente.

—Bah, você só tem pose de má. –ela ri com o meu comentário. –No fundo você é uma garota doce.

—Você sabe que garotas doces podem causar diabetes né? –ela pergunta.

—Prefiro correr o risco. –eu a beijo. Ela suspira quando meus lábios tocam os dela e quando ela coloca as mãos no meu cabelo é eu que suspiro.

—Acho que vou trocar a frase. -ela diz. -Amor demais pode causar diabetes.

—Se for isso mesmo eu fico diabético sem nem reclamar. -digo beijando seu pescoço mais uma vez.

—Boboca. -ela ri.

Passei a tarde inteira na casa da Sofi, nos beijando, rindo, nos abraçando e fazendo infinitas coisas que nos deixam felizes.

Depois de ir embora da casa da Sofi eu vou pra casa do Gui, ele ainda continua na sua busca pela Samantha, sei que ele vai ficar muito puto comigo quando souber que eu sempre soube onde ela esteve. Mas eu quero que ele batalhe por essa garota, Gui sempre foi um mulherengo assumido, nunca teve que fazer esforço pra ficar com menina nenhuma, isso está na hora de mudar. Ele tem que se esforçar.

Tia Gui e o tio Bê estão na sala vendo filmes, os cumprimento e vou para o quarto do japa, ele estava com seus headphones e de touca azul, ele está concentrado em algum jogo no computador. Chego à surdina e aperto a tecla esc e o jogo se fecha. Ele me olha furioso e me xinga.

—É sempre bom te ver também Gui. –digo.

—Você é um veado Arthur, eu estava ganhando. –ele levanta da cadeira e tira os headphones e se joga na cama. –Onde você passou à tarde? Te liguei e você não atendia a bosta do seu telefone.

—Eu estava na casa da Sofi. –eu respondo.

—Ah é, esqueci que agora o meu melhor amigo tem uma namorada e me abandonou. –ele reclama.

—Meu Deus! Deixa de drama, quem vê pensa que a gente nasceu grudado. –eu respondo.

—Mas foi quase isso! A gente é melhor amigo cara. E eu tô solteiro e carente! –ele diz exasperado.

—E só por causa disso eu tenho que ficar carente com você? –pergunto rindo.

—Melhores amigos fariam isso. –ele dá os ombros.

—Guilherme menos. –digo.

—Arthur é loucura eu estar obcecado por uma menina que eu só vi uma vez? –ele pergunta olhando para o teto.

—Tá falando da Samantha? –pergunto e ele assente. –Eu acredito em amor a primeira vista. –digo. –Acho que isso está acontecendo com você.

Ele solta um grunhindo de frustração.

—Reunião de meninos? Nem me chamaram. –Tio Bê entra no quarto. –Sobre o que estão conversando? –ele pergunta deitando na cama ao lado do filho.

Gui levanta a cabeça pra me olhar, ele me olha como se dissesse “conta você”. Nossas famílias, tanto a minha quanto a do Gui não tem segredos, contamos tudo para os nossos pais.

—Tio Bê o Gui está obcecado por uma garota que ele conheceu na festa da Sofi. –digo e o tio Bê sorri e mostra as covinhas. –Desde a festa dela ele nunca mais parou de falar nessa menina e também nunca achou o contato dela.

—Pô filho! Você não pegou nem o telefone dela? –tio Bê pergunta rindo.

—Eu sei pai, mas eu pelo menos dancei com ela e fiz ela rir um monte de vezes. –Gui responde.

—Isso é bom... –tio Bê assente.

—Thur acha que eu tive um amor à primeira vista. -ele diz. –Não sei se acredito nisso.

—Eu acredito em amor a primeira vista, eu tive um pela sua mãe. –ele responde, seu sorriso é cheiro de nostalgia. -Se bem que no nosso caso foi açaí na cabeça a primeira vista. –ele diz rindo. –Desde o dia que ela me xingou e foi grossa comigo ela despertou uma coisa diferente em mim. Então eu acredito sim em amor à primeira vista.

—Eu também acredito. –digo.

Gui levanta e nos olha.

—Não sei o que é, mas eu só a vi uma única vez e toda vez que vou dormir penso naqueles olhos verdes brilhantes e caramba eu só a vi uma ÚNICA VEZ! –ele grita exasperado.

Dou uma risada e lembro que sei como encontrar a Samantha, agora eu percebi que ele está muito exasperado.

—Sei como você pode encontra-la. –digo e ele me olha.

—Arthur Menezes não brinca comigo. –ele levanta. –Onde?

—Samantha é a nova sócia do buffet da mãe da Jenni. –digo. Ele levanta da cama e para na minha frente.

—Você sabe disso há quanto tempo? –ele pergunta me encarando.

—Já tem um tempinho... –digo.

—E você não me contou? Por que não me contou? Caralho cara, você viu como eu tava atrás dela! E você me deixou ficar fazendo papel de trouxa. –ele grita. –Porra Arthur! Que amigo é você? Que tipo de amigo é você? –ele me empurra e eu dou uma risada. –E ainda ri de mim? Você é um otário mesmo cara.

—Acho que vocês têm muito que conversar, vou atrás da Yu e pedir pra ela me fazer uma massagem. –tio Bê sai e o Gui continua me encarando.

—Eu só queria que você se esforçasse e tal. –digo. –Você nunca se esforça pra conquistar as garotas, às vezes é bom se esforçar.

—Não vem com essa ladainha. –ele franze o cenho. –Como é o nome dela completo? Quero adicionar ela no facebook...

—Fica calmo garanhão. –digo rindo. –Fala com a Jenni e ela repassa a informação, porque é ela quem sabe.

—Droga... –ele pega o celular e digita algo com pressa. –Loira não responde!

Fico vendo os desesperos dele por algum tempo e depois disso vou pra casa, minha mãe pegou a Mille no ballet, por isso quando eu chego ela já está na sala vendo filme.

—Vem ver filme comigo Thur. –Mille me chama, sento do lado dela e franzo a testa quando vejo que ela está vendo High School Musical dois de novo.

—Ah nem Mille, esse filme não. –reclamo.

—Esse filme sim. –ela sorri.

—Tão vendo filmes juntinhos e nem me chamaram? –minha mãe pergunta.

—Vem mãe, tem lugar pra você. –eu digo e ela senta do meu lado. Ficamos vendo o filme até acabar e depois colocamos outro. Meu pai chega logo depois e senta e vê filme com a gente também, pedimos pizza e ficamos lá o resto da noite. Nossa família estava feliz, mas olhei nos olhos da minha mãe e da Mille e vi que elas sentiam falta do Pietro... Acho que só faltava ele pra tudo ficar completo. Depois que os filmes terminaram, eu fui tomar banho e deitei na cama.

Sofi: Saudades do meu docinho.

Eu: Eu também sentiria saudades minha, eu sou incrível!

Sofi: Humildade foi à única coisa que Deus se esqueceu de te dar né?

Eu: Haha zoeira. Eu também estou com saudades de você, de te abraçar e tudo mais que a gente faz...

Sofi: (AQUELA CARINHA)

Fiquei trocando mensagem com a Sofi por horas e quando ela finalmente adormeceu e eu já ia fazer o mesmo o meu celular vibrou.

Número desconhecido: Hoje é dia 04, lembra que dia 04 era o nosso dia? Olhei pras nossas fotos e fiquei com saudades, mas me lembrei de que isso vai acabar em breve... Em breve estaremos juntos novamente e todos os dias serão nossos dias. Com amor todo amor do mundo da sua M.J.

Não pode ser... Só pode ser zoeira. Ela... Ela não... Ela não vai mesmo... Droga!