Identical Love escrita por Mille Bonnie


Capítulo 35
Arrependido? Ou será que não?


Notas iniciais do capítulo

Eaí meu povo? Como vocês estão? Espero que estejam bem... Espero que gostem do capítulo e eu vejo vocês nos comentários!!!!



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Pietro's POV

"Oi meu anjo!

Como você está? Como estão as aulas de ballet? E a Dorinha como está?
Mimi sinto sua falta. Sinto sua falta todos os dias da minha vida. Esse lugar é horripilante. Tudo tão rígido e sem alegria, o vovô não pega leve e todos os dias esfrega na minha cara que eu estou aqui porque mereci. Eu já sei disso, Mimi, não preciso que ninguém me lembre. Sei que sou um monstro e que todos me odeiam, eles têm razão, mas eu só me importo com você. Você me odeia? Por favor, diga que não, acho que não suportaria saber que a minha irmãzinha me odeia também. Te amo Mimi, com todo meu coração e toda a sinceridade que existe em mim, mas uma vez me desculpe por não ser o melhor irmão pra você.
Com amor, Pipo.”.

Enviei o e-mail e sai da sala de computação, se me pegassem lá eu ia ficar de detenção (novamente), esse lugar é péssimo. É um colégio interno no meio do nada! É como se fosse um colégio fazenda e nós temos que cuidar dos animais e das plantas e ainda ter aulas. Sinceramente, isso não é pra mim. Meus pais acertaram em cheio em me mandar pra esse lugar horroroso. Sinto tanta falta da cidade, do shopping e de dormir e acordar na hora que eu quisesse e o principal, sinto falta da Mille. Ela me manda e-mails constantemente e me deixa a par do que está acontecendo, mas não é a mesma coisa que estar lá. Meus pais me ligam nos finais de semana, mas a nossa relação não é a mesma de antes, sei que eu que estraguei tudo. Foi inevitável.

Hoje temos aula de computação e eu aproveitei e entrei no meu e-mail e já tem uma mensagem da Mille, olho para os lados e vejo se não tem ninguém me olhando e a abro o e-mail:

"PIPOOOOOOO, que saudades de você!!!!! As aulas de ballet estão ótimas! Em breve vamos ter um recital e a Isa e eu vamos participar! Isa está ótima, ela é a melhor amiga que eu poderia ter! Ontem foi o aniversário da Sofia, foi num karaokê e todo mundo se divertiu muito. Eu cantei uma música de Frozen kkk. Fico muiiiiiiiiiiito chateada em saber que o vovô está pegando mais ainda no seu pé. Eu não vejo a hora de você voltar pra casa, sinto tanta a sua falta! Mamãe e papai também... Ontem eu vi a mamãe conversando com a Tia Mingau e ela estava chorando e dizendo que sentia sua falta e não sabia onde tinha errado com você, semana passada o papai teve dificuldade em escolher uma cor pras letras do projeto que ele está fazendo e disse "Se o Pietro tivesse aqui ele me ajudaria, ele entende melhor de cores do que eu" depois que ele disse isso ele ficou meio chateado e a mamãe fez cara de choro e o clima ficou meio tenso e triste, sei que você e o Thur brigaram, mas ele também sente sua falta por mais que não diga e nem demonstre, poxa Pipo... Por que você teve que magoar nossos pais desse jeito? Eles te amam tanto! TODOS nós te amamos tanto. Espero de verdade que você aprenda logo o que você tem que aprender aí e volte logo. Te amo muito mais.
Beijinhos cor de rosa, Mille."

Leio o e-mail da Mille e seguro as lágrimas pra não chorar no meio da sala, que droga! Eu nunca chorei, nunca... Eu... Não sei. Eu tinha jurado que nunca me arrependeria... Mas que sentimento ruim é esse que estou sentindo? Meus pais estão sentindo a minha falta? Será mesmo? Será o arrependimento batendo na minha porta? Fecho o e-mail e termino de fazer o exercício que o professor pedira. Depois que a aula terminou eu fui pro meu dormitório, eu o dividia com um cara meio estranho, o nome dele era John e ele era até legal, ele nunca ia pras aulas e ninguém parecia sentir sua falta. Deitei na minha cama e suspirei pesadamente.

–O que aconteceu, espiga? – John me pergunta. Ele só me chama de espiga por causa do meu cabelo.

–Você já se arrependeu de algo que fez? –pergunto. Ele para de encarar o teto e olha pra mim, ele usa um piercing nos lábios e tem um cabelo de emo.

–Sim, me arrependo profundamente de não ter matado aquele maldito professor de química. –ele responde.

–E se o que você fez for uma coisa muito horrível e que magoou sua família e ferrou a vida de uma garota inocente? –pergunto.

Ele senta e tira os cabelos dos olhos.

–Tá falando da vida da garota de você fodeu antes de vir pra cá? Aquela do vídeo? –ele pergunta.

Olho pra ele com atenção, como é que ele sabe disso?

–Como? Quem? –pergunto.

–Espiga, as paredes dessa escola têm ouvidos. –ele ri. –Você era o cara novo, chegou no meio do ano e de repente... As pessoas precisavam saber por que.

Eu entendi bem de boatos, tinha espalhado um monte sobre a Sofia...

–É... Eu fiz um vídeo intimo dessa garota, ela era minha namorada. –digo me lembrando do rosto ingênuo da Sofia. –Meu irmão gêmeo era apaixonado por ela e eu meio que tinha inveja e raiva dele... Por uma série de fatores, eu resolvi descontar toda minha raiva nele ferrando a vida dela. Mas acontece que isso resultou nos meus pais decepcionados comigo, uma garota com o pé na depressão e com a imagem toda acabada, a família dela querendo me matar e o meu irmão gêmeo me odiando mais do que homofóbico odeia gay. E falando em gay, eu também contei pra escola toda o segredo do melhor amigo dela.

–Caralho! Você foi um babaca. –ele diz, como se eu não soubesse disso. –Tem razão estar enfurnado nesse fim de mundo.

–Acho que estou me arrependendo. –digo. –Não sei, talvez seja só uma sensação diferente, mas ultimamente tenho sentido falta da minha família e tal.

–Eu também estaria. –ele fala. –O melhor que pode fazer é tentar mostrar pra todos que se arrependeu. A única coisa difícil é fazê-los acreditar nisso.

Ele tinha razão. Isso seria difícil. Extremamente difícil. Ainda mais porque fui um babaca minha vida toda, essa sensação era estranha pra mim, eu estava e não estava arrependido ao mesmo tempo.

–Você tem razão. –digo. –Por que está aqui? –pergunto tentando mudar de assunto.

–Meu professor de química encontrou minha maconha e eu soquei a cara dele. –ele diz. –Realizei o sonho de todos os alunos do meu antigo colégio, fui expulso e meu pai me mandou pra cá. Pra eu parar de ser um emo agressivo e maconheiro, mas no fundo eu sei que ele só queria se livrar de mim pra casar com aquela loira interesseira.

Ri dele. Ele franze o cenho e recosta a cabeça na cabeceira da cama.

–Você gostava da menina? –ele pergunta, voltando ao assunto de antes.

–Sofia? Não mesmo, ela era muito ingênua e tal, ela era incrivelmente bonita e gostosa, mas eu não gosto nenhum um pouco dela. –digo. –Acho que com isso ela aprendeu a não se entregar pro primeiro que disser que gosta dela.

–Tá né. –ele dá os ombros.

Tocou o sinal anunciando que era hora do terceiro período, levantei e peguei o livro e o caderno, olhei pro John e ele tinha se deitado novamente.

–Por que você nunca vai às aulas? –pergunto.

–Não sou obrigado e porque eu não preciso disso, vou passar mesmo não indo nas aulas. –depois dessa resposta eu saio e vou andando pra sala.

–Pietro. –ouço a voz do meu avô.

Me encolho e paro de andar e me viro para olha-lo. Ele é um homem de classe e com um ótimo físico pra idade dele, ele está rígido e estranho comigo desde que cheguei aqui e que meu pai contou o motivo de eu ter vindo pra cá.

–Hoje você vai limpar a cozinha, a biblioteca e sala de música. –ele diz.

–Sozinho? –pergunto.

–Sim. –ele responde me analisando com seu olhar gélido.

–Mas vô... Eu não vou conseguir, é muita coisa pra eu limpar sozinho. –digo.

–Engraçado, você conseguiu ser babaca com todos sozinho. Por que você não consegue limpar isso tudo sozinho? Limpa logo e eu quero tudo pronto até às oito e meia da noite. –ele diz e vai embora, me deixando lá com cara de tacho cozido.

Suspiro pesadamente. Que merda! Fui pra aula e depois fui limpar a cozinha do colégio, a biblioteca e a sala de música e que só pra ressaltar estavam imundas. Quando voltei ao quarto eu estava tão exausto que me joguei na cama e dormi imediatamente. Acho que dormi uns cinco minutos até que senti alguém me cutucando.

–Espiga acorda. –abro os olhos e vejo o John em pé do meu lado. –Tá a fim de ir a uma festa foda hoje?

Coço os olhos e levanto da cama sem entender o que ele disse.

–Festa? –pergunto.

–É, festa. –ele responde. –Sei de uma festa que tá acontecendo agora. Disseram que tá sendo foda! –ele diz. –Vamos espiga, você precisa de uns agitos. Vai ser legal.

Pondero a ideia e ele tem razão, preciso mesmo de uns agitos, espairecer e esquecer tudo isso que tá acontecendo comigo.

–A gente tem que tá aqui antes da primeira aula de amanhã. –digo me levantando.

–Relaxa cara. –ele ri. –Troca de roupa logo.

Eu só troco de blusa e coloco um casaco por cima da blusa, arrumo meu cabelo e escovo os dentes.

–Como vamos conseguir fugir daqui? –pergunto ajeitando o casaco.

–Pela janela do banheiro masculino. –ele responde.

–Como sabe que dá pra fugir por lá? –pergunto.

–Você acha mesmo que eu nunca saio daqui? Ledo engano meu caro cabelo de espiga. –ele responde rindo. Saímos do nosso quarto e fomos caminhando silenciosamente até o banheiro masculino, os corredores da escola estavam vazios e escuros. Quando entramos lá, ele foi até a última cabine, ele abaixou a tampa da privada e abriu a janela.

–Vou primeiro. –ele diz. E pula a janela.

–Parece que o vovô vacilou na segurança do colégio. –rio e pulo a janela também, caio em uma grama fofa e meio molhada.

–Vamos espiga, o agito nos espera. –ele diz. Fomos andando um pouco, viramos duas ruas depois do colégio e eu já ouço um som altíssimo de música tocando.

–Espiga quando eu quiser ir embora eu te procuro okay? –ele diz.

–Beleza.

–Agora vá aproveitar. –ele diz se afastando de mim.

Entro na festa e procuro algo pra beber, tem pessoas dançando, se beijando, fumando, e fazendo coisas inapropriadas. Vejo o que se parece com a cozinha, tem uma garota apoiada no balcão do lado de um caixa de isopor.

–As bebidas estão nessa caixa? –pergunto. A menina vira o rosto em minha direção e meu coração para. Essa é... É ela? Wendy?

–Pietro? –ela pergunta me olhando admirada.

–Oi... –tento sorrir, mas eu estou com esse sentimento estranho dentro de mim... Essa coisa fria na barriga.

–Caramba! Como você está diferente, mas ao mesmo tempo não. Estranho né? –ela ri. Ela continua com seus cabelos cacheados e compridos e seu rosto bonito.

–Você também está... –perco a fala.

–Diferente? –ela ri. –Poxa Pê, achei que depois de tanto tempo eu teria mudado um pouquinho.

Analiso seu corpo e ela mudou muito, seu corpo está mais definido e bonito.

–O que está fazendo por aqui? –pergunto.

–Bom, meus pais se mudaram do Rio tem anos, acho que você já sabe disso né? –ela pergunta e eu assinto. –Bom, eles se separam e minha mãe e eu nos mudamos pra essa cidade há algumas semanas. –ela responde. –E você Pietro Menezes, o que faz aqui? –ela joga os cabelos para os lados fazendo cara de interessada. Caralho! Eu tinha me esquecido de como essa garota era bonita.

Droga! Eu não posso contar o verdadeiro motivo de eu ter vindo parar aqui, não posso.

–Decidi que queria viver uma experiência nova, longe dos outros. –respondo. –Tô estudando no colégio interno do meu avô.

–Hm, que interessante! Nunca pensei que você sairia da barra da saia da Clarice. –ela ri.

–Pois é... As coisas mudam né? –dou os ombros.

–Como vai o Arthur, Clarice, Pedro e a minha pituxa Mille? –ela pergunta.

–Vão bem. –respondo.

–Vem, vamos dançar. –ela me puxa. Danço com ela o resto da noite toda, conversamos muito e rimos também. Algum tempo depois o John apareceu me chamando pra ir embora.

–Te vejo sábado que vem? –ela pergunta. –Vai ter uma sessão de filmes aqui e eu queria te ver.

Sem nem hesitar eu respondo:

–Claro, nos vemos sábado que vem.

Fui embora sentindo uma felicidade absurda. Que sentimento estranho que eu estava sentindo antes mesmo? Eu nem sei...


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Notas finais do capítulo

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