Seu olhar foi tirado de mim e levado em direção a Brenda que parecia uma estátua. Será que minha prima nunca viu um homem bonito de terno? “Hã. Esta é minha prima Brenda e meu noivo Liam” aponto para ambos. Liam estende a sua mão de modo cortes e cutuca Brenda que ainda estava paralisada. “Olá” ela fala como se fosse um sussurro. “É gratificante conhece-los, infelizmente não poderei acompanha-los no jantar. Tenho certeza que minha irmã será uma ótima companhia. Boa noite a todos. Com licença”. Ele beija a bochecha de Marie e anda em direção a Sheila, que nos olha e acena positivamente como se estivesse concordando.

“É uma pena ele não ficar...” Brenda fala pesadamente, paro de observar Marie e Colm para encarar minha prima. “Sim, é uma pena, mas ele acabou de chegar de viagem, deve estar cansado” Marie fala bebendo seu vinho. Depois do evento Sean/Colm/McCarthy poderoso, ficamos em silêncio até Marie perguntar a Liam o que ele fazia e de onde ele era. Brenda entrou na conversa também falando sobre todos aqueles assuntos da dificuldade de tratar as pessoas. Enquanto eles falavam fiquei imaginando o porquê a bisa me mandou para cá. Tudo bem que ela era uma McCarthy, mas a partir do momento que vó Moira casou-se ela perdeu todo o direito. Divagando percebi que Sean Colm apesar de educado e simpático, não pareceu muito à vontade com nossa presença.

Após o jantar fomos para a sala de estar e sentamos perto da lareira, Sheila nos avisou que o Senhor Colm fez um convite para desjejum com ele, o que significava acordar cedo (Droga!). Sorri disfarçando minha futura preguiça, nunca fui uma pessoa da manhã. “Ah! Já que teremos que acordar cedo melhor irmos dormir então.”

POV SEAN COLM MCCARTHY

12 horas antes

Um barulho irritante entra em meio ao sono que estava tendo com minha viagem ao Brasil enquanto sambava com uma morena. Droga! “Alô” levanto e olho pela janela, vendo que ainda era cedo demais para ser uma ligação de Lana avisando sobre meus compromissos do dia. “Sean? É seu avô Malvino. Aonde você se encontra?”. Suspiro. Porque vovô cisma em me ligar junto com a neblina da manhã? “Sim vô, sou eu. Estou em Limerick com Duane. Ontem tivemos nossa partida de golfe mensal no Gold Club. E antes que pergunte, voltarei hoje mesmo a Dublin.” Ouço um múrmurio ao fundo e sei que deve ser Marie. Minha irmã sempre foi apaixonada pelo meu melhor amigo, mas ele nunca a viu como algo além de irmã. Duane e eu crescemos e fizemos faculdade juntos, e minha irmã, dois anos mais nova, sempre teve essa paixonite e nos seguia para todos os lugares. Nossos pais morreram em um acidente de carro quando éramos pequenos e fomos criados pelo meu avô. Ouço um pigarro “Tudo bem. Espero você no jantar desta noite?”. Como sempre a noite era hora dos McCarthy. Ninguém merece...

“Você está bem cara?” é a primeira coisa que Duane fala quando abro a porta para ele. “Estou, se você considerar que vô Vino me ligou às 6 horas...”. Andamos até a mesa do quarto arrumada para o desjejum. “Já entendi o recado. Mau humor ligado” encaro meu amigo e não questiono porque sei que é a verdade. “Muito engraçado você. Como conseguiu se livrar da loira de ontem?” Pego meu café e coloco açúcar enquanto o observo engolir um pedaço de bolo sem nem mastigar. “Simples, dei bom dia e saí do quarto” Balanço a cabeça, meu amigo é um idiota. Acho que por isso ele nunca teve um compromisso de mais de dois meses. Tudo bem que eu não sou nenhum santo, mas nunca iludi nenhuma mulher quando a levo para a cama. “O que temos de bom para fazer hoje chefe?” Duane, que por acaso é meu vice-presidente, me encara esperando a lista de hoje. “Estou esperando Lana me atualizar” ele abre um sorriso malicioso para mim e acena positivamente. Lana era o sonho de consumo de meu amigo, entretanto a moça nem olha para ele. “Aquela mulher, aquele quadril pendulando enquanto ela anda naqueles saltos. Delicia!” Dou um tapa em sua cabeça ao levantar “Sim, ela é gostosa, mas não é para seu bico. Vai ciscar em outra.” Ele ri. “Um dia...” é a última coisa que ouço antes de fechar a porta e me trocar para o dia que terei.

Após o último ‘boa noite senhores’, eu e Duane entramos no carro e nos dirigimos de volta a Dublin. No meio da tarde Marie, por intermédio de Lana, ligou para mim avisando de uma moça de Paris que disse ter algo a tratar com nossa família, mas o dia foi tão corrido que nem consegui entender ou questionar algo com minha irmã. “Duane, ligue para Lana ou para Marie” Meu amigo pega meu celular e o coloca no viva-voz “Senhor Colm em que posso ser útil?” minha secretária soa por todo carro, mas antes que eu possa responder Duane se lança sua cantada “Em realizar todos meus sonhos anjo”, ouço o suspiro de impaciência da morena “Olá senhor McPhil” ele dá uma risada e antes que irrite mais ainda a moça, decido dizer o que preciso “Lana, preciso que me explique sobre a visitante de Paris”. Duane me encara sem enteder e eu sinalizo que depois explicaria a ele. “Senhora Elizabeth O’Connel? Jovem muito agradável. Ela apenas me disse que tinha algo da avó dela para falar com algum membro da família McCarthy, mas como o senhor não estava, falei com a senhorita Marie e ela deixou eles se estabelecerem no hotel e hoje os convidou para jantar.” Ao tentar entender o que seria tudo isso, lembro que esse sobrenome não me é estranho “Eles quem Lana?”, digo confuso. “Ah sim! A senhorita veio com seu noivo e uma moça, acho que uma prima.” Suspiro, não estou gostando nada dessa visita. “Estou a caminho”, desligo o telefone e acelero.