– Uma noite maravilhosa para se amar, verdade? - Perguntou Carlos Daniel dando-lhe um copo de espumante.

Ela comtemplava as luzes que iluminavam a cidade e o céu estrelado. Aproximando-se, abraçou-a por trás, instintivamente ela pousou a cabeça no seu peito.

– Carlos Daniel, eu...

– Sh... não penses mais nisso, apenas... apenas vamos disfrutar desta segunda oportunidade que nos é oferecida, do nosso amor, e tratar de ser felizes, sim?

Encarando-o puxou-o pelo pescoço e o beijou intimamente. Sentia-se completa e completamente amada estando assim em seus braços.

Pousando os dois copos, conduziu-a até à beira da cama. Sendo beijada na testa, no nariz, nos olhos, no queixo, no pescoço, ela desabotuava delicadamente cada botão da camisa branca que escondia os musculos morenos do seu companheiro. Sem desviar o olhar do dela, ele abriu o fecho do seu vestido laranja, tirou cada alsa lentamente até que o vestido caísse a seus pés. Passava as mãos pelas suas costas suaves com ardor, até descobrir a presilha do soutiã que segurava os seus peitos redondos. Desfrutando daquele panorama, beijou o seu peito desnudo numa caricia que a fez vibrar. Deitando a cabeça para trás mostrando assim o seu alto pescoço, tirava delicadamente o cinto dos jeans que ele usava, logo um a um desapertou os três botões e num movimento rápido ele atirou-as para o outro lado do quarto. Rindo-se tomou novamente posseção daqueles labios pulposos e quentes que tanto amava.

Aquela parecia ser a primeira noite deles juntos, descobrindo assim timidamente o corpo de cada um. Juntos fizeram amor como jamais tinham feito, aproveitando cada segundo do paraíso e por varias vezes foram ao céu e voltaram, atingindo assim as barreiras sem limites do amor e do prazer. Esgotados, caíram nos braços do outro. Ele ficou nela por uns momentos, sentindu-a sua e fazendo-se seu.

– Amo-te. - Pronunciou antes de adormecer enrrolada à volta daqueles braços fortes e protectores.

Observou-a dormir durante mais de uma hora assegurando-se assim de que era sua novamente e que não escaparia nunca mais dos seus braços.

Acabou por adormecer quando os primeiros raios de sol começaram a se esgueirar pelos estoros eluminando assim lentamente o rosto dela e os seus cabelos castanhos claros, fazendo-a parecer um verdadeiro anjo caído do céu.

De repente sentiu Paulina se movimentar freneticamente entre os lençois, a sua cabeça rolava da esquerda para a direita e chorava. Tentou acordar-la, mas ela parecia presa no seu sonho, abanava-a mas ela não respondia, já não sabia como a acordar quando ela se levantou de repente emitindo um grito surdo.

– Já passou meu amor, já passou. Estou aqui, shu, shu.

– Tenho medo, Carlos Daniel. Tenho tanto medo. - Segurando-se a ele como uma se fosse uma boia de salvamento escondeu o rosto no peito dele.

– O que passou? O que é que te faz medo a tal ponto?

Os olhos de Paulina de repente pareciam ter perdido todo tipo de vida, e os seus pensamentos pareciam vaguear enquanto contava-lhe as peripecias da sua vida.

– Era simplesmente uma jovem sem malicia que se deixou levar pela paixão. Pensei que com ele tudo ia ser diferente, que nele tinha encontrado a minha alma gêmea. Ele me amava, ou pelo menos isso pensei, até que ele começasse a mostrar a sua verdadeira face.

Vendo que ela estava no ponto de chorar novamente e que magoava-lhe falar daquela étapa da sua vida, Carlos Daniel disse que não falasse mais, mas ela queria que ele soubesse tudo de uma vez por todas, que ele soubesse porque é que ela tinha tanto medo de sofrer junto a ele.

– Ele fez-me promessas, prometeu-me a lua e as estrelas, mas enquanto prometia-me e dizia-me todas aquelas palavras bonitas, ele enganava-me com outra debaixo do meu proprio teto. << Eu não quis acreditar no que me diziam, pensava que apenas queriam me separar dele, que não me queriam ver feliz e por causa disso perdi o amor da minha familia, da minha irmã que é o ser que mais amo na vida, Carlos Daniel!

« Quando aprendi a conhecer-lo verdadeiramente já a minha familia, honra e dignidade, tinha perdido. Perdi o gosto da vida, não queria viver mais. - Retumando o fôlego continuou, - Quando lhe disse que estava farta daquela situação e que me queria divorciar, ele se tournou violento, no seu rosto havia uma expressão até ali desconhecida para mim. Ele empurrou-me violentamente contra a parede e... - Não podendo conter-se, escondeu o rosto entre as mãos. Carlos Daniel sofria ao a ver assim e se sentia impotente face àquela situação, mas ele sabia que ela tinha que falar; que se tinha que libertar dos demonios do seu passado. Acariciou então os seus ombros e pousou um leve beijo nas suas costas, ela suspirou levantando a cabeça e segurando na mão dele observou-a sem a ver verdadeiramente.

– Ele pegou-me pelo pescoço, e para não me bater deu um murro na parede, a sua mão começou a sanguerar mas ele não parecia sentir nada, ele sufocava-me dizendo-me que jamais me daria o divorcio pois se com ele me tinha casado, com ele teria que morrer. - Não sigas, meu anjo, não sigas... - mas ela já não podia controlar o que sentia.

– Ele obrigou-me a ficar ao seu lado, a fazer coisas que não queria, ele, ele...

Não podendo mais se refugiou nos braços de Carlos Daniel e começou a soluçar ficando quase sem ar. O batimento do coração do seu companheiro terminou por acalmar-la.

– Como, como é possivel, Paulina? Quem é ele?

– Não... já não importa. Agora tenho-te a ti e é o unico que conta, mas promete-me, promete-me que não me vais abandonar, promete-me por favor. Necessito ouvi-lo dos teus labios.

– Prometo, juro que jamais te farei mal. Passe o que passe, sempre estarei ao teu lado. Mas como fizeste para te divorciares se ele te ameaçava e negava-te o divorcio?

– O meu pai, ele nunca aceitou que a minha mãe e a minha irmã deixassem de me falar e vendo que eu não dava noticias, decidiu ir até a minha casa e quando chegou o meu ex-marido estava bêbado e gritava comigo sem razão. Foi quando sem pensar duas vezes arrumbou a porta e chegou justo a tempo para não permitir que ele me batesse. Sendo testemunha ele levou-me à delegacia e pôs uma denuncia em contra dele. Ele foi então obrigado a dar-me o divorcio e ficou proibido de se aproximar de mim. O meu pai foi a unica pessoa que sempre acreditou em mim e que nunca se esqueceu de mim.

– Nunca pensei que tivesses tido que passar por tudo isso. Lamento tanto coração, não sabes como me sinto impotente.

– Agora que já sabes porque é que te fugia, porque é que tinha medo de ser feliz. Por favor, agora que sabes tudo, não menciones mais o meu passado por favor, suplico-te não me tortures mais com isso.

– Vem aqui, vem, - disse tomando-a em seus braços, - de agora em adiante so vamos ser nós os dois e a Lizett. Nada mais importa, OK? Já passou e prometo-te que farei de tudo para que não voltes a pensar nele e para que esse canalha não volte a tormentar os teus sonhos.

« E agora vamos tentar dormir um pouco porque tiveste um dia cheio de emoções e tens que te repousar.

Deitando-se, continuou a manter-la em seus braços como para a proteger de qualquer mal que a pudesse tormentar. Assim acariciada e sentindo-se protegida, acabou por adormecer num sono desprovenido de sonhos.

Quando acordou, dormia exactamente na mesma posição em que adormecera à poucas horas atrás, nos braços do homem que amava e que jurara-lhe amor eterno. Durante o seu sono, Carlos Daniel tinha entrelaçado as suas pernas nas dela. Dormia tão bem que não foi capaz de o despertar, apenas observou-o dormir até que este abriu os olhos.

– Bom dia. - Murmurou beijando-o calidamente.

– Acordada à muito tempo? - Perguntou apoiando-se num cotuvelo enquanto contemplava a sua beleza.

– O suficiente para conhecer cada detalhe do teu rosto, - comentou sorrindo. - Como amanheceste?

– Feliz. Mais feliz do que nunca e mais agradecido do que nunca à vida por me permitir estar uma vez mais ao teu lado. - Abraçando-a a fez rolar para cima dele admirando o brilho dos seus olhos verde azeitona.