The Z Apocalypse escrita por Nathi Peters


Capítulo 8
Human




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Quando abro os olhos, está claro, ao meu lado uma bandeja com comida. Meu estômago dói e percebo ser a terrível fome que sinto.

Engulo as torradas, a maçã, o suco de laranja e os ovos mexidos. Me sinto satisfeita. Olho para meu braço. Está enfaixado, uma pequena mancha de sangue mantém viva a lembrança do que tem ali em baixo. Fico agradecida por ter dormido, alguém trocou as bandagens. Olho para o lado, Molly está deitada, os olhos fechados e dorme tranquila, segura com um coelhinho de pelúcia. Os cílios são grandes e ela respira tranquilamente. Quanto tempo será que ficou ali?

Ando até o banheiro. Tiro a roupa e a deixo no chão. Fito o espelho grande. Meu corpo todo está com machucados. Manchas roxas nas pernas, na barriga, nos braços. Meu rosto está muito pálido e pareço muito cansada. Meus cabelos estão emaranhados. Retiro o curativo com cuidado, o corte está cheio de pontos, a área em volta, avermelhada . Abro o chuveiro e deixo a água quente escorrer pelo meu corpo. Lavo o corte com cuidado. Depois de estar completamente limpa, saio do chuveiro. Me seco com a toalha e encontro roupas. Alguém deve ter deixado lá para mim. Visto a camiseta e a calça jeans e penteio os cabelos. Abro a porta e entro no quarto. Tento encontrar um kit de primeiros socorros para fazer um curativo.

– Ela está aí a dois dias. Não sai do seu lado. Conta histórias também. – Logan está parado na porta. Usa uma camiseta pólo preta e calças jeans, um casaco preto de couro. Os cabelos escuros estão um pouco mais compridos, chegando aos ombros. Não tinha notado antes.

– Dois dias?

– É, você é uma menina muito preguiçosa. – diz ele sorrindo.

– Ei! – digo, fingindo estar indignada.

Gargalhamos, Logan ri, mas logo, para. Seu rosto muda. Olha para mim, parece triste.

– Eu achei que você ia morrer. Você ficou com muita febre. A pior parte...Foi quando estava gritando e eu precisei segurar você. – ele pega o kit de primeiro socorros na gaveta da escrivaninha e me leva até a beirada da cama. Pega meu braço e faz um curativo.

– Mas eu to aqui. Viva. – digo.

– Mas por quanto tempo? – diz ele. Desta vez, segura minha mão. Olha para mim sério. Percebo que sua barba está por fazer.

– Vou ficar muito tempo por aqui. Prometo. – digo, tento me esquivar da situação. Não quero que aconteça algo entre nós. Não nos dias de hoje, não posso me apegar.

– Não quero que você saia de perto de mim. Quero poder ficar de olho em você – diz ele, chegando mais perto. Sua boca está quase encostando na minha. Viro a cara no último segundo, observando Molly dormir.

– O que foi? – pergunta ele.

– Desculpa Logan...É que eu não posso me aproximar, não posso deixar você entrar na minha vida, nesse sentido? Você não entende? Cada vez que eu deixo alguém entrar é mais uma chance que eu tenho de perder essa pessoa. Não é seguro, não quero sofrer.

Logan olha para mim e compreende. Segura meu rosto, não me deixando afastá-lo outra vez.

– Você não entende não é? – sussurra ele, diminuindo a distância – Você já me deixou entrar.

Com isso, ele me beija. Não é um beijo doce nem tímido, é mais como um beijo forte e urgente. Compreendo sua urgência. Retribuo seu beijo. Segurando seu rosto e acariciando seu cabelo.

Quando nos afastamos, não desvio o olhar e nem olho para o chão. Apenas encaro seu rosto e deixo que ele encare o meu.

Logan me abraça, e eu deixo. Percebo que o que ele disse é verdade, eu já o deixei entrar, Molly e Jane também.

– Eu queria ter feito isso muito tempo atrás – diz ele, beijando meu rosto. – Desde aquele dia, em que tirei aquela foto sua.

Me aproximo para beija-lo novamente, mas alguém escancara a porta.

– Logan, você tem que descer. – Tyler está na porta e parece aflito.

Logan beija minha testa e desce as escadas. Molly abre os olhos e pula no meu colo.

– Você acordou! – ela comemora. – Eu contei histórias para você!

Eu beijo sua bochecha e a acomodo na cama.

– Fica aqui bem quietinha, eu já volto. – digo, ela sorri e me beija a bochecha.

Desço as escadas, alguém grita, e outra pessoa geme, quando chego ao pé da escada, a mulher se vira e eu a reconheço.

– Mamãe! – grito.

– Vee!?! – ela corre até mim e me abraça.

Não sei quanto tempo ficamos assim, mas quando me afasto dela, todos estão nos observando.

– Minha filha! Filha! – ela diz segurando meu rosto.- Eu pensei que você estava morta!

– Onde está o papai? E Danny? – pergunto.

– Eu não sei filha! Eu...Eu não sei! – ela chora.

– Onde vocês a encontraram? – pergunto.

– Estava cercada de zumbis perto da escola, a sua escola. Estava junto com este homem.

O homem está deitado, há sangue ao seu redor, sinto medo. Medo de ele ser meu pai. Mas quando olho seu rosto, percebo que não é.

– Este é Joe. – diz minha mãe. – Estava comigo.

– O que houve com a mão dele? – pergunta Jane.

Percebo o motivo do sangue, a mão esquerda dele está amputada.

– Estávamos com um grupo. – diz mamãe. – Um grupo muito forte. No começo eles nos ajudaram, Joe me encontrou antes de eles nos encontrarem. Uma noite, na estrada fomos surpreendidos pelos zumbis. Joe foi mordido na mão. Um deles cortou a mão do Joe, com uma faca de cozinha, sem nem pensar duas vezes. Fiquei horrorizada e me recusei a seguir com eles. Então, eles nos vendaram e nos largaram no meio da rua, para morrer. Tentei levar Joe até a escola, esperando encontrar medicamentos. Mas fomos surpreendidos por todos aqueles zumbis. Achei que íamos morrer, aí fomos salvos, por essas pessoas. Obrigada. Eu preciso muito de medicamentos, Joe vai morrer.

– Ele foi mordido na mão senhora. Ele vai morrer de qualquer jeito. – diz Jane.

– Não! Não vai. Ficamos naquele grupo por um tempo, outras pessoas foram mordidas e eles amputaram. Inclusive o líder deles, continua lá. É o único jeito, e tem q ser feito na hora da mordida, para impedir que a infecção entre muito fundo na corrente sanguínea. Por favor, preciso estancar o sangue.

– Mamãe é médica. Ajudem! – digo.

Ninguém se meche.

– Droga! O que há de errado com vocês?

– Olha, estamos ficando sem suprimentos...Não podemos mais ter muitas pessoas.

– Ela é minha mãe, pelo amor de Deus! – grito.

– Mas ele não! – diz uma mulher que não conheço.

– Se não fizerem nada, ele vai morrer, querem o peso da morte dele nas costas de vocês? Pelo amor de Deus! – grito. –O mundo virou a droga de um cemitério ambulante. Precisamos ajudar as pessoas. Quando foi que paramos de ajudar as pessoas?

– Ela tem razão. – diz Jane. – Venha, vamos leva-lo até a área hospitalar.

Jane leva minha mãe e Alguns homens ajudam a carregar Joe.

Todos se olham na sala.

– E que merda foi aquela? Eu e Jane quase morremos, onde é que vocês se meteram? Pergunto para Logan, Brutus e Tyler.

– Ia contar para você depois. Fomos cercados por alguns homens, estavam pegando coisas em algumas lojas. Lançaram as merdas das flechas em nós. Acho que não nos queriam perto da área deles. Precisávamos nos esconder até eles irem. Quando voltamos para pegar vocês, já estava tomado. Logan nos fez vasculhar a cidade, e matamos a maioria dos zumbis dentro da loja, mas aí começaram a tomar tudo. Não conseguimos. Sinto muito. – disse Brutus.

– Olha gente. Tudo bem que temos poucos suprimentos, mas esse lugar é um porto seguro, temos luz, temos água, temos espaço, precisamos proteger as pessoas. Não podemos expulsá-las ou nos recusar a ajudar. Não somos animais, somos seres humanos.

Dito isso, viro as costas e vou atrás de minha mãe. Tenho muitas perguntas e preciso das respostas.


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Notas finais do capítulo

então pessoa, o próximo capítulo vai ser tipo um flashback contando pela versão da mãe da Vee, me digam se vcs gostaram da idéia? Obrigada por lerem