Deslize escrita por Bagon


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Alguém mais leu "12 Doutores 12 Histórias"? Ótimo livro. Horrível livro. A história do oitavo Doutor foi incrível, mas a do primeiro? Eu realmente iria preferir se uma mão saísse do livro e me desse um soco, a primeira coisa que pensei foi "ele é foi um Doutor tão incrível, merece algo melhor!", e essa é minha tentativa de fazer algo melhor, espero que gostem!



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A sala de comando da TARDIS estava tranquila, como sempre.

– Pronto, Susan, agora faça a gentileza de prender isso em seu pulso – a voz do Doutor era calma e marcada pela idade de seu corpo atual, mesmo sendo jovem para um Senhor do Tempo. Ele largou a lupa em forma de monóculo que segurava com a mão esquerda, fazendo o objeto pender, preso por uma fita em seu pescoço. Também tinha consigo um objeto que se assemelhava a uma pulseira, mas com certeza era algo muito mais tecnológico, com um pequeno círculo e alguns botões ao lado.

Susan levantou-se da poltrona perto da porta e correu em direção ao avô, para fazer o que lhe foi pedido. A neta era uma das poucas pessoas para quem o Doutor permitia-se demonstrar afeição, era extremamente jovem, talvez uns 15 anos terrestres, com volumosos, porém curtos, cabelos negros.

– Já viajamos um pouco, e já percebi que não posso garantir a sua segurança. Porém, também não posso permitir que nada lhe aconteça, minha criança – disse o homem grisalho, estendendo sua mão direita, que segurava a pulseira, e em cujo pulso encontrava-se outra exatamente igual. – Este dispositivo vai permitir que viajemos curtas distâncias no tempo e espaço, estão conectados, assim podemos nos encontrar caso... – O Doutor foi interrompido pelo característico chiado da sua nave partindo. Ao lado dos dois viajantes, o grande cilindro no centro do painel de controle começou a mover-se em um movimento ritmado, para cima e para baixo.

Uma coisa engraçada a TARDIS, Tempo e Dimensão Relativa no Espaço, que o Doutor roubara em seu planeta natal em um museu. Ela transporta seus passageiros para qualquer lugar do tempo e espaço, pode tomar qualquer forma em seu exterior, e possui sua própria dimensão no interior. O seu novo dono a pilotava com confiança, embora nunca tivesse lido nenhum manual, e não conseguia programar trajetórias, viajando sempre aleatoriamente.

– O que está acontecendo, avô? Você também pode usar ele para controlar a TARDIS sem usar o painel? – Perguntou a garota, com uma expressão de curiosidade em seu rosto, enquanto atava o objeto recém recebido em seu pulso direito.

– Temo que eu não tenha feito nada, minha cara, a nave está partindo sozinha. – disse o velho, tentando sem muito sucesso esconder o desespero que começava a crescer em si. Uma máquina não deveria se mover sem algum comando, o Doutor não fazia a mínima ideia do motivo da inesperada decolagem, e a coisa que mais o desagrada certamente é não fazer a mínima ideia sobre algo.

Susan apenas assistiu, imóvel, esboçando uma expressão de surpresa. Seu avô virou-se agilmente para o painel, para o qual estava dando as costas, e apertou e moveu os mais diversos botões e alavancas com a maior destreza que seus dedos de quase 300 anos conseguiam, andando em volta do painel hexagonal. A menina era gentil e de bom coração, mas um pouco lenta para tomar ações, o mundo ainda não a havia endurecido, e, além do mais, tinha muita fé em seu piloto.

De repente o barulho cessou, e o cilindro no painel de controle não voltou a levantar. Aquilo definitivamente foi uma decolagem, o Doutor não sabia se a TARDIS havia parado sozinha ou se foi algo que ele fez, e também não sabia o que o assustaria mais.

Ele largou os controles e encarou a tela suspensa no teto. Ela mostrava o que parecia ser uma clareira, um espaço aberto no meio de várias árvores, cujos troncos grossos estendiam-se até onde a vista alcançava, com suas copas banhadas por um Sol. Vários corpos que aparentavam ser humanos estavam jogados na baixa grama, alguns estavam de barriga para cima, outros para baixo, outros de lado, cada um aparentemente na pose em que caíram, talvez uns seis ou sete, dispostos aleatoriamente na grande clareira com a TARDIS em seu centro.

– Avô, olhe! – Susan finalmente falou, sem perder a surpresa em seu olhar enquanto encarava o monitor.

– Parece ser a Terra, minha criança. Cheque os níveis de radiação. – O que mais despertava a curiosidade do Doutor eram os corpos.

– Estão normais – A jovem apoiara as mãos no o painel de controle, e encarava uma tela menor, que indicava detalhes sobre o planeta. – Oxigênio e condições atmosféricas também. Devo abrir a porta?

– Ainda não, seja o que aconteceu com essas pessoas, ainda pode estar lá fora. Vamos esperar um pouco, enquanto isso, vamos testar o teletransporte, vá para um dos quartos, sim? – Algo perigoso poderia estar esperando-os, e sua nova invenção poderia ser útil.

– Certo - Susan assentiu com a cabeça e correu para um dos quartos da TARDIS, onde duas camas existiam em um pequeno espaço branco. A menina sentou na cama, e o pequeno círculo em seu pulso formou a imagem de seu avô. – Agora, se tudo der certo, você estará comigo na sala de controle quando apertarmos o pequeno botão ao lado da tela. Aperte em 3, 2, 1... – Mesmo sem entender direito, a menina fez o que lhe foi mandado.

Olhou em volta, tudo era feito de metal. Compridas mesas estendiam-se, em cima delas, computadores, onde vários homens e mulheres trabalhavam na redonda sala, todos vestindo uma espécie de uniforme branco e com um comunicador em seus ouvidos. O lugar não cheirava a nada, o que era estranho, mas mais estranho que isso era a grande tela na parede para onde todas as cadeiras estavam voltadas, que mostrava vários números e dados que Susan não entendia. Logo atrás da tela, na frente de todos, havia uma única cadeira sem mesa, onde um homem estava sentado.

– Temos uma invasão no setor um. – Disse uma voz, perdida na multidão de trabalhadores. Uma por uma, cada pessoa virou para encarar a menina que havia aparecido no local, nenhuma parecia surpresa ou espantada, apenas a fitavam com seriedade. O homem na cadeira em frente ao gigante monitor virou-se para ela.

– Declare seu nome, posição e propósito. – Ele era mais sério do que os outros, se é que isso fosse possível, os olhos quase escondidos pelos negros cabelos que batiam em seu ombro.

Susan sentiu-se perdida. Nunca havia se afastado do Doutor, e do nada, ali estava, cercada de pessoas estranhas, sem qualquer sinal de nada familiar. Algo deu errado? Era para isso acontecer? Milhões de perguntas e sentimentos lutavam por um espaço dentro da jovem, todas as emoções embrulhavam-se em seu estômago, resultando na forma mais pura de confusão e desespero.

– Avô, onde você está? – Foi a única coisa que conseguiu dizer.


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Notas finais do capítulo

Só lembrando que todo comentário é bem vindo, sejam elogios, críticas, ou até mesmo ofensas a serem proferidas, tudo é bem vindo. :D



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