O dia seguinte passou devagar, as horas se arrastavam enquanto eu esperava no banco desconfortável com outras crianças da Erudição, um grupo delas estava tendo um debate acalorado sobre fatos históricos e alguns tinham usufruído do direito que nossos membros tem de levar livros aonde quer que formos e estavam lendo, eu só brincava com meus dedos e olhava as outras facções, a Franqueza gritava, ria e discutia, a Amizade estava brincando, rindo e se divertindo, eles pareciam simplesmente felizes, unidos como uma grande família. A audácia ria e fazia barulho, mas um barulho diferente da Amizade, na Audácia era um barulho animal e vivo como animais selvagens, não deixavam de parecer unidos, unidos em barulho selvagem e um sentimento puro classificado como baderna, então observei a Abnegação, diferente de todos eles permaneciam calados, nem conversavam e permaneciam de cabeça baixa como bonecos, comparei as duas facções tão diferentes, imaginava alguém da abnegação indo para a Audácia ou da Audácia indo para a Abnegação. Que contraste seria.

– Anallize Laurence, Robert Lancer, Nathalia Lennier e Megan Lockart – uma mulher da amizade nos chamou e nos enveredamos por um corredor com muitas portas – portas 16, 17, 18 e 19, por favor – ela nos deu um sorriso e mesmo estando tão nervosa quanto os outros três eu fui a única a correspondê-lo. As portas se abriram automaticamente para nós, aquele sistema de orientação havia sido criado a pouco mais de 5 anos e era considerado relativamente novo, porém todos da Erudição diziam que ele era extremamente eficaz, havia uma mulher da Abnegação lá dentro, ela me olhou nos olhos por uma fração de segundo e sorrriu.

– Olá – eu disse assustada e ela simplesmente acenou com a cabeça se voltando para uma mesa grande.

– Sente-se por favor, fique confortável querida – ela pediu baixinho e sua voz emanava leveza, eu me sentei ainda nervosa desesperada em parte para sair daquela sala com paredes de metal e em parte para saber a que lugar eu realmente pertencia, meu coração seria de qual facção? No que eu acreditava?

A mulher se aproximou colando fios em minha cabeça que se ligavam a um computador e então pegou uma agulha com um liquido azul, eu instintivamente afastei meu braço. Ela mais uma vez sorriu delicadamente de cabeça baixa.

– Sinto muito, temo que isso vá doer, mas por pouco tempo, relaxe… - ela se desculpo e segurou meu braço eu olhei para o teto enquanto sentia uma picada no braço e algo sendo empurrado para dentro de meu sistema, é… Saber como acontece realmente piora muito a situação, e alguém devia desenvolver um mecanismo de injeção dessa coisa oralmente, um liquido de beber, suquinho sei la cara, algo sem dor . Respiro fundo e tudo fica preto.