Bleach: O Surgimento de uma Nova Era - Reboot escrita por BlackStar


Capítulo 9
Memórias


Notas iniciais do capítulo

Yoo minna, como vão?
Não demorei TANTO dessa vez para aparecer, mas como vocês sabem é falta de tempo e não de vontade.
Esse capítulo demorou bastante pra ficar pronto e ele é o mais que já escrevi até hoje (e isso que escrevi pelo celular no bus, já que sou obrigado a pegar 2 bus e 2 metrôs por dia).
Não tive muito tempo de revisar, mas isso não quer dizer que não li, pelo contrário, reli algumas vezes, então peço pra me desculparem se acharem algum erro e me avisem também!
Bom, acho que é isso, chega de enrolação, espero que gostem!
Boa leitura!
Ps: O Nyah parece não gostar do símbolo do Bleach que eu coloco pra dividir o capítulo, ele sempre some depois de um tempo, então resolvi não colocar mais, onde tiver mais espaço entre um parágrafo e o outro é pq era pra ter um símbolo ali, gomen!



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As ruas da Seireitei estavam movimentadas. Formavam-se vários grupos por toda a capital, próximos aos seus esquadrões. A balbúrdia se espalhava pelo ar, causando uma grande confusão de vozes sobrepostas. Um shinigami, distante dos grupos, de cabelos roxos e arrepiados, aproximou-se de outro de cabelos louros curtos e cochichou algo em seu ouvido. Este, ouvindo o que o amigo tinha a dizer, arregalou os olhos com uma expressão de surpresa, e lançou um olhar de desprezo para outro shinigami que estava próximo, porém sozinho, Renji.

Renji, notando o olhar sobre si, confirmou o que já suspeitava: a notícia de que Yuzuke estava preso já havia se espalhado, além de um rumor de que Rukia teria um romance com ele.

Suspirou. Não era à toa que dizia o ditado popular: más notícias correm rápido. Sabia desde o começo que essa história com Yuzuke ainda teria muita repercussão, mas, não imaginava que causaria um grande tumulto como aquele que estava ocorrendo.

– Parece que as coisas estão movimentadas por aqui - soou uma voz familiar.

Renji virou-se, dando de encontro com Ichigo, que estava parado e tentando entender o que estava acontecendo.

– Ah, é você - disse Renji, sem ânimo algum no tom de voz.

– O que está acontecendo aqui? Esse lugar está um pandêmonio! - resmungou Ichigo, cruzando os braços.

– Então você não está sabendo…? - questionou Renji, levantando o olhar, antes direcionado ao chão, para encontrar o olhar do amigo, que parecia perdido. - Yuzuke foi preso noite passada - anunciou.

– Yuzuke, preso?! - saltou Ichigo, espantando. - Mas como? E por quê?

– Eu estou atrasado, preciso assumir meu posto - disse Renji. - Me acompanha que eu te explico tudo no caminho.

Saíram e seguiram em direção a sexta divisão, tomando uma rota alternativa, menos movimentada e menos barulhenta.

– E então? - questionou Ichigo, vendo que Renji permanecia em silêncio.

Renji suspirou.

– Parece que a reiatsu coletada dos portais que serviam como passagem para os hollows é compatível com a reiatsu de Yuzuke - relatou.

– Mas isso é impossível! - exclamou Ichigo, olhando para o companheiro. - Yuzuke estava com nós em ambas as vezes que a Seireitei foi atacada… você sabe disso!

– Sim, eu sei… - respondeu Renji, cabisbaixo. - Mas são provas concretas, não se podemos fazer algo contra…

– É claro que podemos! - Ichigo o interrompeu. - Não podemos ficar sentado sem fazer nada! - virou o rosto, como de costume quando estava bravo, observando alguns lotes aparentemente vazios, com a pintura externa desgastada.

– Mas é o mesmo caso que aconteceu com a Rukia - disse Renji, sua mente enchendo-se de antigas memórias, como de quando descobriu onde Rukia estava em Karakura e sua primeira batalha com Ichigo, e até mesmo de quando teve que enfrentar o capitão de seu esquadrão, Byakuya. - Teríamos que ir contra toda Seireitei para tentar salvá-lo, e não sei se temos aliados o bastante dessa vez.

Ichigo repetiu o ato do amigo, ficando cabisbaixo também. Por mais que fosse cabeça dura o bastante para não aceitar aquela decisão, tinha que concordar nesse ponto com Renji...

Mas ele pensaria em algo.

Estavam cruzando uma rua estreita e vazia, que os levariam até a sexta divisão, quando Renji, notando o olhar pensativo do amigo, resolveu quebrar o silêncio.

– Eu sei que era você que deveria me perguntar isso, mas… - exitou por alguns instantes, atraindo a atenção de Ichigo para si, então respirou fundo e falou: - Como você acha que Rukia está reagindo a tudo isso?

Ichigo parou no mesmo instante. Levantou o olhar e começou a fitar o céu, que constratava com tudo aquilo que estava acontecendo: estava liso e azul brilhante, mas não um azul comum, um azul que parecia estar em seu ápice, nem muito claro nem muito escuro, mas na medida certa.

– Eu não sei… - suspirou. - Rukia esteve muito envolvida com esse caso desde o começo, e, como você mesmo sabe, ela se sente como a responsável por Yuzuke. Eu acho que isso a está sobrecarregando - voltou seu olhar para o céu: o que está acontecendo com você, Rukia…?, pensou.

Yuzuke estava sentando com os braços em volta dos joelhos em um canto escuro da cela, que era preenchida por apenas uma cama de solteiro, com um lençol que parecia ser branco há muito tempo atrás mas que agora estava com uma coloração próxima ao marrom, e um pequeno vaso sanitário na extremidade paralela de onde estava, sem tampa ou almofada. A sua frente, uma porta de ferro pesada e grossa, coberta por símbolos que pareciam uma espécie de bakudou de aprisionamento. As paredes desgastadas e descascadas em sua maior parte, de uma coloração escura incapaz de refletir a pequena luminosidade causada por um pequeno raio de Sol que entrava por uma única fresta, em que Yuzuke observava o céu azul.

– Por que isso está acontecendo comigo...? - questionava a si mesmo. - E-eu sou mau? - fitou suas mãos abertas, como se tentasse reconhecer a si próprio.

Mas, logo seu pensamento fora inundado pelas lembranças da noite anterior. De estar junto a Rukia e dela ter revelado que, apesar de tudo ter mostrado o contrário, ela acreditava nele e sabia que no fundo ele não era mau nem outra coisa que seus supostos "companheiros" disseram que ele seria.

Sacudiu a cabeça para espantar os maus pensamentos, ao mesmo tempo que os selos na porta foram apagando-se aos poucos e a porta se abriu, dando passagem a um homem esguio, de cabelos longos e brancos, que tossiu após ter recebido o ar pesado e empoeirado em seus pulmões.

– Capitão Ukitake? - estranhou Yuzuke, confuso.

– Olá Yuzuke - disse Ukitake, dando uma passo para frente; a porta atrás de si trancando-se novamente e os selos voltando a ficar brilhantes.

– O que está acontecendo? Por que eu estou preso? - questionou; seu tom de voz uma mistura de pertubação e desespero.

Ukitake olhou para Yuzuke, colocando a mão a frente da boca para tossir.

– Com licença - disse, arrumando o lençol da ponta da cama, antes de sentar-se. Yuzuke matinha os olhos fixos no capitão. - Eu não sei como te explicar isso, mas o capitão Mayuri coletou algumas amostras de reiatsu que ficaram após os portais, que os hollows estavam usando para se locomoverem até aqui, se fechar e foi compatível com sua reiatsu.

– Mas como?! - exclamou Yuzuke. - E-eu nem estava presente no local quando ocorreram os ataques. Eu estava com a Rukia e os outros, eles são prova disso!

– Eu sei - suspirou Ukitake. - É por isso que a situação está complicada, nós, os capitães, não podemos fazer nada para te ajudar. São provas Yuzuke e infelizmente o único que pode tomar decisões é Kurotsuchi Mayuri.

Yuzuke abaixou o olhar, apertando-se mais ainda com os braços. Queria poder provar que ele não era mau, que ele não tinha nenhuma conexão com àqueles que estavam atacando a Seireitei. Mas, como poderia provar se nem ele mesmo se conhecia?

– Você não veio aqui só para me dizer isso, veio? - falou, o som abafado da voz saindo entre as pernas.

– Não - confessou Ukitake. - Eu fui mandando para cá para lhe perguntar algumas coisas, espero que você possa cooperar.

– Eu tenho escolha? - questionou Yuzuke, pessimista com a resposta que receberia.

Ukitake apenas balançou a cabeça negativamente.

– Só o que posso te dizer é que quanto mais do seu passado você se lembrar, melhor será para tentarmos provar sua inocência.

Yuzuke, ouvindo as palavras do capitão, levantou-se rapidamente, encarando desconfiadamente Ukitake.

– Você… acredita em mim? - questionou. - Quero dizer, acredita que sou inocente…?

– Nem todos são iguais - respondeu Ukitake. - Quanto mais você cooperar, melhor será.

– Certo - disse Yuzuke; uma pequena chama de esperança ardendo em seu antes deprimido coração. - Eu tentarei me lembrar do meu passado.

***

– Me avise se tiver qualquer novidade - disse Ichigo.

– Certo - respondeu Renji, despedindo-se antes de seguir em direção ao esquadrão atrás.

– Ah, Renji só mais uma coisa - disse Ichigo, virando-se para o companheiro. - An? Rukia?! - surpreendeu-se ao ver a amiga atrás do shinigami.

– Rukia? Ichigo, já conversamos sobre isso... - resmungou Renji, já virando-se novamente para ir embora, quando deu de encontro com a amiga. - Rukia...?

Rukia estava imóvel. Seus olhos e parte de sua face estavam cobertos pela sombra que o Sol acima fazia em seu rosto. Seus dedos se mexiam como se estivesse ansiosa e preocupada demais.

– Rukia, você está bem? - questionou Ichigo, preocupado.

Rukia levantou a cabeça, revelando os olhos vermelhos ardidos de quem já havia chorado muito.

– Então você também já está sabendo? - falou secamente.

– Não só ele - Renji se pronunciou. - Mas toda a Seireitei já sabe.

– Então é por isso que ouvi cochichos ao meu respeito quando estava vindo para cá - respondeu Rukia cabisbaixa. - Mas eu não estou aqui para conversar sobre quem sabe ou não.

– Então...? - Ichigo deixou a pergunta pairada no ar.

– Eu estou aqui para pedir ajuda porque estou indo resgatar o Yuzuke.



– O que você disse?! - espantou-se Renji, numa pergunta retórica.

– Vocês vão me ajudar, não vão? - questionou Rukia.

– Rukia... - começou a dizer Ichigo.

– Você enlouqueceu?! - Renji o interrompeu. - Você quer resgatar Yuzuke e aí o quê? Vocês vão fugir? Você não vê que isso é uma loucura?! - disse, exaltado.

– Então vocês não vão me ajudar? - disse Rukia, amarga.

– Olha Rukia, não é isso... - Ichigo parecia querer amenizar o clima tenso que cobria a conversa.

– É isso sim! - retrucou Rukia, nervosa. - Vocês me resgataram uma vez, porque não podem fazer isso por Yuzuke? Ele é nosso amigo!

– Você está louca! - afirmou Renji.

– Renji...! - indignou-se Ichigo, lançando um olhar de reprovação para o amigo.

Como se parecesse que fosse capaz de sentir o clima de tensão, nuvens começaram a surgir aos poucos cobrindo o céu e encobrindo o Sol que antes estava radiante sobre suas cabeças.

Renji suspirou profundamente.

– Certo, desculpa... - disse, enfim. - Não é que não queremos te ajudar, é que são situações diferentes, Rukia.

– Não vejo nada de diferente - disse Rukia secamente.

Renji estava prestes a se exaltar novamente, mas Ichigo percebendo a impaciência do amigo tomou a frente.

– Quando te resgatamos, fizemos isso porque tinhamos certeza que você era inocente... - começou a dizer Ichigo.

– Tinha certeza de que eu era inocente? Então isso quer dizer que vocês também não acreditam na inocência de Yuzuke?! - disse Rukia, incrédula.

– Não, Rukia…

– Não precisa dizer mais nada Ichigo, eu já entendi que você e o Renji não mexerão um músculo para salvar Yuzuke porque não acreditam na inocência dele - disse Rukia, exaltada. - É bom saber que não posso contar com vocês - e então virou-se e seguiu sentido o portão sul da Seireitei, raivosa e bufando.

Ichigo tentou ir atrás da amiga, mas foi parado por Renji, que colocou seu braço a frente do companheiro.

– Deixe-a, Ichigo. Ela precisa ficar sozinha.

– Mas o que foi que aconteceu nessa conversa que eu não conseguia falar sem ser interrompido?! - resmungou Ichigo.

Rukia estava andando rápido, suas pisadas no solo eram pesadas e carregadas, como se em cada pedra que pisasse pudesse deixar a marca de sua raiva. Raiva por saber que estava sozinha quando mais precisava de seus amigos. Será que ninguém percebia? Yuzuke era inocente e estava sendo injustiçado!

Atravessou o portão sem sequer olhar para o rosto do guardião que a cumprimentou com respeito. Seguiu passando pelas casas de Rukongai, casas simples, de telhados velhos e quebradiços, com paredes brancas desgastadas e portas e janelas de madeiras roídas. Estava andando há alguns minutos já e as ruas agora já não eram mais de paralelepipidos, mas sim de terra barrenta, e as residências, que pareciam não poder piorar, aparentavam uma mais velha e caída do que a outra. Avistou crianças brincando em meio ao barro e ao mato, um grupo de 5, 2 meninas e 3 meninos, todas magricelas, sujas, com os pés descalços e machucados, braços e pernas finos como graveto, trajando roupas desgastadas, imundas e rasgadas.

Estava tão distraída observando os pequenos que se espantou quando levou uma ombrada de um homem que corria atrás de outro menino que estava com um saco de pães nas mãos. Como se fosse um chamado, as outras 5 crianças que brincavam começaram a correr juntamente o colega que estava fugindo.

– Voltem aqui, suas pestes! - gritou o homem exasperado, já sem fôlego. - Um dia eu vou pegar vocês e darei uma surra que vocês nunca mais serão capaz de roubar novamente!

Rukia observou tudo aquilo em silêncio, viajando em seu pensamento, que havia voltado no passado, para uma época em que ela, Renji e seus outros amigos tinham que roubar para se alimentar. Lembrou-se da dificuldade e de como todos sonhavam em tornarem-se Shinigamis para nunca mais passarem fome... só não sabiam que para isso teriam muitas perdas, afinal, apenas ela e Renji foram capazes de sobreviver.

Seus olhos estavam cheios de lágrimas, mas, decidida a não chorar mais, limpou-as com a manga de seu shihakushou. Seguiu em frente, passando pelo extremo da pequena vila até chegar a uma inclinação íngreme, onde a paisagem começava a melhorar; gramas verdes lívida cobriam o chão e pequenos arbustos de levantavam aqui e ali. Chegou até o topo do morro, onde se sentou, envolvendo os braços no joelho e com este colado ao peito, observando o crepúsculo que enegrecia o céu.

– Yuzuke... - cochichou, ao mesmo tempo que o vento soprou e folhas de dentes-de-Leão voaram pelo ar.

Yuzuke estava sentado na beira da cama, encolhido, cabisbaixo e diferentemente do seu ânimo anterior, desanimado.

Ukitake andava de um lado para o outro, aflito.

– Isso é ruim... - disse ele em voz baixa.

Yuzuke levantou a cabeça.

– Eu não consigo me lembrar... me desculpe - respondeu, chateado.

Ukitake parou, olhando em seus olhos.

– Bom, tenho que tentar uma última coisa antes de ir - disse, enfim. - Mas preciso que você se esforce mais do que já vem se esforçando.

– C-certo - respondeu Yuzuke, ficando tenso.

– Qual é o nome de sua família... o seu sobrenome?

– O nome da minha família...? - sussurrou para si.

Então, como se sentisse um estalar em seu cérebro, uma dor forte e agoniante o atingiu e Yuzuke caiu de joelhos ao chão. Sentia sua cabeça pulsar e o efeito da dor era como uma quinzena de furadeiras perfurando seu couro cabeludo, seu crânio e finalmente atingindo o órgão pensador.

– Tente se lembrar Yuzuke... você tem que se lembrar! - Ukitake o incentivava.

– Eu não... - sussurrou Yuzuke, seguido por um grito de dor e agonia. - Não…

Agora estava deitado, seu corpo encolhido e contorcido como de uma minhoca tentando se proteger de seu predador; suas mãos estavam agarrados em cruz nos rins.

Soltou mais um grito agoniante antes de voltar-se para o capitão, ainda deitado e com os olhos cheios de lágrimas.

– Não consigo - disse, enfim.

Ukitake tentou se aproximar do garoto, mas o viu se encolher mais, sua expressão era de espanto e dor, lembrando um sobrevivente que acabara de resistir a uma tortura.

– Certo, me desculpe, eu só queria ajudar - disse o capitão, voltando-se para a porta de ferro, em que, com um passar de mão sem encostar, fez com que os selos se apagassem e a porta de abrisse. - Eu gostaria de ficar e te ajudar, mas entendi que você quer ficar sozinho - lamentou, olhando sobre o ombro para Yuzuke. - Espero que melhore logo - e então saiu; a porta atrás de si fechando novamente.

Yuzuke se apoiou na beira da cama, levantando com dificuldade, os resquícios da dor ainda presente por todo o corpo. Limpou as lágrimas remanescentes com a manga de seu sujo shihakushou, sentou no lençol encardido e pôs-se a ficar observando uma das paredes escuras do quarto. Tudo o que queria era ficar sozinho e em silêncio.

Mas infelizmente foi um desejo que não pôde realizar, pois o barulho da grande porta de metal se abrindo rangiu no ar novamente.

– Capitão Ukitake, eu entendo que esteja preocupado, mas agora eu quero ficar sozinho - disse, ainda de costas.

– Capitão Ukitake? Esse não é meu nome. Eu prefiro capitão Kurotsuchi Mayuri - disse o capitão da divisão 12, com tom zombeteiro.

Um frio percorreu a espinha de Yuzuke após ouvir tal nome. Era por causa dele que tudo isso estava acontecendo.

Virou-se no mesmo instante encarando Mayuri.

– O que você quer aqui?! - bufou Yuzuke, já exasperado.

– Ora ora, vejo que já está mostrando suas garras, Yuzukezinho - sorriu Mayuri.

Yuzuke continuou a o encarar em silêncio, com uma expressão nada amigável.

– Eu deixei o capitão Ukitake vir falar com você porque ele me convenceu que você poderia se lembrar de algo que o inocentasse, mas vejo que não foi o que aconteceu, não é mesmo? - ironizou Mayuri. - Que pena, lamente-se por não se lembrar, porque esse será seu fardo! - disse, numa voz grossa e séria atípica de seu padrão.

A voz de Kurotsuchi Mayuri ecoou na cabeça de Yuzuke. Esse será seu fardo!, reverberou uma, duas, três, milhares de vezes, adentrando seu cérebro, entrando em suas veias e artérias preenchendo-as como sangue, aspirando em seus pulmões, entrando em seus rins, estômago, até subir novamente, até seus olhos, onde estacionou.

Sua visão estava escurecendo, e em pouco tempo o que ele via não era mais o capitão ou a sala onde estava preso, mas sim as ruas da Seireitei banhadas pelo luar que era a única coisa visível no céu. Viu-se vestido como um shinigami, e um estranho bracelete de madeira pendia em seu braço. Estava ofegante, e suor escorria em demasia na testa, costas e outras partes de seu corpo. Tentou reconhecer onde estava, mas não conseguiu se mover, estava parado, fixo e seu olhar acompanhava uma estranha figura que se aproximava.

– Então foi você - disse com tom de ódio, involuntariamente, percebendo então que estava dentro de uma de suas memórias e que nada podia fazer senão observar.

Por mais perto que se aproximasse, a misteriosa figura ainda parecia desfocada aos olhos de Yuzuke.

– Não - soou uma voz masculina. - Vocês fizeram isso, eu só estou protegendo a todos.

O ser misterioso sacou sua Zanpakutou e uma estranha iluminação eclodiu no ar, ofuscando a visão de Yuzuke que observava, forçando-o a fechar os olhos.

– Esse será seu fardo! - gritou a figura.

Então, como se estivesse sendo puxado brutalmente de volta para seu corpo, Yuzuke despertou, ainda em pé na cela, mas sozinho dessa vez.

– É isso, eu me lembro de tudo agora!


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Notas finais do capítulo

E aí gostaram? Não gostaram? Deixe seu comentário!
Eu sei que sempre escrevo a mesma coisa sobre os comentários de vocês me inspirarem, mas é porque é verdade. Desde que larguei a outra fanfic para fazer esse Reboot eu perdi muitos leitores e fiquei muito desanimado no começo, foi difícil continuar a escrever. Mas, ao ver que ainda tinha leitores antigos que comentavam e interagiam, eu fui me animando novamente e agora irei até o fim com essa fanfic, por isso, comentem se for possível, vocês não tem noção de como ajuda um autor (ou tem).
Obrigado por ler!