Não sabia o que deveria sentir naquele momento. Felicidade por aquele tritão cabeça de vento estar de volta ou furiosa por ele estar bagunçando todos meu banheiro cada vez que balançava aquela sua cauda de três tonalidades de azul que combinada com seus olhos.
O mesmo divertidamente sorria e derrubava o resto de objetos que havia perto e sob a banheira até mesmo a toalha de banho ele derrubou no chão. Na verdade acho que ele estava muito grande para aquela banheira. Sorri me aproximando do mesmo que esperava outra reação minha como de costume.

— Quer café?

O mesmo sorriu tentando se levantar, mas escorregou voltando para a banheira e cai na gargalhada. Não sabia como ele consegui sair sozinho dali, mas era divertido ver...

— Milk esta com saudades de você. — Apontei para trás para ele ver Milk roçando na batente da porta.

Bruce sorriu vendo que o gato vinha em direção a sua calça e queria agarrar a mesma que era o dobro de seu tamanho.

— Você não deveria estar descalçando? — disse fazendo Bruce fazer cara feia.

Pelo que ele falava não queria ficar lá por causa de seu pai que não admitia ele subir para a superfície e nem ficar perto de mim. Suspirei. Aquele velho tolo ainda não virá a sede de mudança de seu povo. Eles eram como os humanos. Precisavam ficar do lado de quem amava, precisavam de casas e segurança como eles davam aos humanos na costa. Bruce jogou água em Milk que agarra sua cauda fazendo o mesmo gritar.

Estava mesmo na hora de troca-lo por um ganso talvez. Ou mesmo um cachorro pequeno.

— Ele te ama. — ri.

Bruce me olhou como se não tivesse graça alguma.

O abracei fazendo o mesmo mudar de expressão e vir perto de meus lábios, mas o proibi de me beijar o provocando mais ainda.

— Você e esse gato são maus comigo. — resmungou ele tentando me puxar para dentro da banheira.

Sorri apenas deixando de ser "má" com ele e beija-lo depois de tudo que ele passou queria apenas que ele descansasse, mas se o mesmo não queria então eu o obrigaria.

— Eu andei pensando sobre a proposta de minha mãe.

Pisquei me lembrando daquela proposta da rainha.

Bruce não podia dizer sim a ela. Pelo menos eu sabia que ele ainda era um tritão pela sua cauda que balançava. Talvez fosse o reflexo por estar na água e por isso teria que estar sempre batendo.

— Eu pensei em dizer...

— Que não! — o cortei antes do mesmo terminar.

Bruce arregalou os olhos piscando.

— Você gosta de ser um tritão, quer ajudar seu povo. Não pode se transformar em humano!

Bruce apenas baixou o olhar. O que eu dizia a ele era apenas a verdade e ele sabia disso.

O mesmo queria mudar seu mundo. Cuidar de seu povo que estava mudando e isso era uma ótima oportunidade para ele ser um bom rei.

— Mas... E você?

Sorri o abraçando.

— Vou esperar sempre aqui quando voltar.

Bruce apenas desviou o olhar. Sei que ele estava dividido, mas não podia deixa-lo abrir mão naquele mundo magnífico que precisa dele mais do que nunca. Seu povo que merecia uma mudança... Seus olhos azuis voltaram a me fitar com duvida ainda, mas não era para ter duvida e sim certeza.

— Já disse. — avisei. — Sempre estarei te esperando aqui. — sorri.

O mesmo me olhou por alguns segundos e logo me beijou. Era claro que eu sempre o esperaria. Além do mais aquele era meu tritão pervertido que me salvará não apenas de me afogar e sim de levantar a cabeça e enfrentar o mundo.

Ele era meu salvador.

Puxei seus cabelos obrigando ele parar seus beijos e resmungar não gostando.

— Você será um ótimo rei e todo ficará bem. — sorri. — Alias seu povo quer a mudança e você a começou agora assuma ela.

O mesmo resmungou olhando para o outro lado.

Adorava quando ele fazia isso... Talvez fosse que eu amava aquele tritão diferente do que jamais imaginei? Talvez eu estivesse vivendo num conto de fadas? Poderia ser. E ele era meu príncipe encantado que veio em seu cavalo, ou melhor, que veio das águas.

— Saia daí irei fazer panquecas.

Bruce balançou a cauda jogando mais água para fora da banheira. Me virei com o olhar fuzilador e ele se escondeu de baixo da água. Sai dando o aviso de que era para ele secar todo o banheiro ou não iria alimenta-lo.

Minutos depois vejo o mesmo com meu roupão que sempre ficava atrás da porta. O mesmo dava um nó da cordinha rosa da roupa antes de levantar o olhar.

— Fico bem de rosa.

Ri balançando a cabeça.

Voltei para minhas panquecas para termina-las o mais rápido possível quando sinto suas mãos em volta da minha cintura. Bruce escora sua cabeça na minha e sinto que ele sorri. Talvez eu batesse nele com a panela, mas para que? Era divertido tortura-lo, mas era ótimo receber seus carinhos.

— Farei o que você me disse, com uma condição. — sussurra ele. — Quero que você se case comigo.

Quase deixo a panela cair enquanto mudava de lado a panqueca.

Casamento?

Nunca pensei que iria me casar... Mas... Talvez estivesse com medo disso? De um novo passo?

— Eu... — sussurrei não sabendo o que falar.

— Apenas diga sim...

Fechei brevemente os olhos.

— Eu aceito. — disse apagando o fogo.

Bruce sorriu me abraçando ainda mais. Isso doía! Ele tinha esquecido que ele tem o dobro da força de um humano? Tadinho dos meus ossos. Iria morrer antes de me casar!

Berrei assim que ele me pegou em seus braços sorrindo maliciosamente.

— Eu amo você. — sussurrou ele. — Minha humana.

— Meu pervertido cabeça de peixe. — disse rindo e o beijando.

Bruce sorriu e se virou deixando de lado as panquecas. Ele apenas tinha um rumo, ou melhor, um objetivo. Entrar naquele quarto e fechar a porta, mas se me pergunta-se se queria sair de seus braços? A resposta era não.

Olhei para seu peito desprotegendo vendo seus músculos, maldito quarto que era tão perto da cozinha!

— Pervertido! — berrei não gostando de ele ter me jogado na cama. — Não sabe acomodar uma dama?

O mesmo sorriu me beijando.

— Sei e muito. — sussurrou em meu ouvido. — Deixe-me mostrar... Além do mais sou seu príncipe tritão.— provocou.