Constância escrita por Paula Oliveira
Notas iniciais do capítulo
Bom gente tentem lembrar que o namoro de antigamente era diferente dos de hoje e a forma que se tratavam,cumprimentavam e etc era diferente.
Afastei-me dos braços de Antônio que depositou um beijo calmo em minha testa.
– Estava com saudades. – disse ele.
– Só faz três dias que nós vimos. - disse e rimos.
– Verdade, eu exagerei. – falou e assenti.
Puxei meu cavalo e o amarrei em uma árvore. Sentamos escorados na mesma em silêncio de mãos dadas. Sem querer deixei escapar um suspiro longo demais. Ele me olhou.
– O que foi Pietra? - perguntou.
– Meu pai como sempre, me fazendo de fantoche. Ele esta arranjando ‘’pretendes’’ para mim e nem se quer perguntou sobre minha opinião, de acordo com ele são dois que ele aprovou, hoje conheci um. – disse por fim.
– Ele é mais bonito que eu? – disse em um tom brincalhão.
– Talvez. – disse e virei para ver sua reação.
– Duvido muito. – respondeu e ri disso.
– Mas serio eu não sei o que devo fazer, está mais que decidido e sinceramente eu não quero isso, conversar com ele não é um opção porque brigamos após o jantar. – falei por fim.
– Daremos um jeito nisso mais por enquanto deixa tudo correr naturalmente, pensarei em algo. – falou ele.
– Certo.Antônio e seu amigo que foi capturado, conseguiram resgata-lo? – perguntei.
– Ainda não, mas não se preocupe com isso, ok?- falou de forma triste. Assenti.
Nunca conheci a família de Antônio, mas sempre ouvia falar deles, acho que por segurança ou por medo de serem pegos. Ele já me contou que ele e seus pais fazem parte de um grupo de comunistas, mas muitos já são conhecidos e procurados pela policia por isso se escondem no meio do mato.
– Tive uma ideia. – falei animada.
– Diga.
– E que tal se eu fugisse com você, poderíamos viver juntos, eu conheceria sua família e seus amigos...
– Pietra, não acho que essa seja uma boa ideia, não quero a vida que vivo para você, não aguentaria vê- lá sofrer muitos menos ser mortas por eles. – disse me interrompendo.
– Eu não me importo, sei que estaria protegida, não quer que fiquemos juntos?
– Óbvio que quero, mas não se para isso tiver que colocar sua vida em risco. – disse calmamente.
– Então prefere me ver com outro? – questionei irritada.
– Jamais, se acalme Pietra como disse antes daremos um jeito mais esse é muito arriscado.
– Ok, acho melhor eu ir indo. – queria parecer calma mais estava irritada. Levantei e ele também.
– Espere um pouco mais. - implorou.
– Já está tarde.
– Quando nós veremos novamente? – perguntou ele.
– Não sei. – não queria responder isso, mas estava com raiva agora e com a cabeça quente. Desamarrei o cavalo e me virei e olhei em seus olhos que estavam triste, minha garganta deu um aperto. Antes de montar fui até ele e o abracei.
– Daqui a dois dias pode ser? – perguntei.
Ele assentiu e me deu um beijo na bochecha.
Montei e fui embora. Coloquei o cavalo de volta ao curral e entrei na casa silenciosamente passei pela sala e a luz do abajur se acendeu.
– Onde você estava Pietra Rosa Fonseca? – perguntou meu pai.
Nesse momento meu coração quase saiu pela boca, minha mão começou a suar e então disse:
–Estava cavalgando.
–Cavalgando a esta hora? – questionou me olhando.
– Sim, tive um pesadelo e queria ar puro então fui lá para fora.
– Agora sei o motivo de acordar tarde. Pietra isso é muito perigoso sabe disso já pensou no que pode te acontecer? Como eu é sua mãe ficaríamos? – falou de forma protetora meio forçada.
– Me desculpe, não queria preocupar ninguém. Posso subir agora?- engoli em seco.
– Pode. - Fui em direção a escada. – E Pietra.
– Sim?
– Esta proibida de fazer isso aqui em casa tem muitas janelas por algum motivo.
– Esta bem.
Fui parta meu quarto e cai na cama não sabendo se suspirava aliviada ou chorava de raiva
Acordei mais cedo e estava sentada vendo Rita pendurar a roupa no varal.
– Rita.
– Sim querida. – disse ela.
– Meu pai me viu chegar ontem. – falei. Na mesma hora me olhou assustada, se aproximou e perguntou o que houve eu contei para ela, contei também o que eu havia dito a Antônio.
– Pietra prometa que não fugirá por mais que ame ele. Mesmo que não fiquem juntos e se case com outro.
– Prometo. – disse. – Quem será o próximo hoje?
– Veremos.
***
Estava sentada na janela aprofundada em meus pensamentos quando ouço batidas na porta.
– Pode entra. – disse.
–Bom, sei que deve estar chateada, mas vim avisar que outro rapaz virá e peço que seja educada. – disse meu pai.
– E não fique sentada na janela você pode cair. - ordenou ele e bufei.
– Pai eu não sou uma criança sei bem o que faço! – aumentei a voz.
– Pietra agora não, por favor, nada de brigas, vamos da uma trégua, se comporte então deixarei que vá a cidade com suas amigas amanhã. - disse ele.
– Eu não tenho amiga, lembra? - disse
– Então vá com Rita.
Não respondi
Ele saiu e fechou a porta.
Fui me arrumar para o jantar, Rita escolheu um vestido amarelo fraco de cetim que cobria meus joelhos, sapatos brancos e fez uma trança que começa na lateral de minha cabeça. Quase sempre uso esse tipo de roupa quando ia à igreja ou evento nem ontem usei algo assim.
Desci as escadas e sentei-me no sofá a espera do convidado olhei para o lado e meu estava lendo um jornal que na capa estava a seguinte manchete em letras de forma: AI- 5 ENTRA EM VIGOR.
Em baixo em letras menores estava: ’’ Hoje 13 de setembro entraram em vigor a AI -5. ’’ Logo abaixo estava algumas de suas determinações.
Meu pai abaixou o jornal e se levantou dizendo:
– Ele chegou. – Assenti e também me levantei.
– Como vai o Senhor Fonseca? – Perguntou o rapaz.
– Melhor impossível – sorriu os dois – Entre!
– Essa é minha filha Pietra. – falou meu pai se virando para mim. Ele se aproximou e me olhou nos olhos.
Ele levantou a mão, eu estendi a minha e ele a beijou calmamente.
– Sou Diego Lourenço.
Ele estava vestido com uma roupa social, tinha o cabelo preto, seus olhos eram castanhos e parecia ser pouco mais velho que eu. Nada mal, também era bonito. Meu pai limpou a garganta e ele soltou minha mão de forma delicada.
– Me desculpe senhor, me perdi na beleza de sua filha. – disse ele. Achei Piegas então fingi corar.
– Vamos, Rita já servira o jantar. – falou meu pai.
Sentei no lugar de sempre e ele de frente para mim.
A conversa foi melhor do que a de ontem e ele pareceu se interessado em me fazer a perguntas do que para meu pai e isso não é comum, porque uma coisa ou qualquer coisa só acontece com aprovação do pai.
O jantar acabou e voltamos para sala para mais uma conversa chata onde eu não tinha o menor interesse.
– Senhor Fonseca gostaria de dar uma volta com Pietra lá fora se me permitir.– disse o rapaz. Bom ele é corajoso.
Meu pai me olhou e disse:
– Tudo bem acredito que posso confiar em você.
Saímos e fomos andando. Seguiu um silêncio, se ele me perguntasse algo falaria mais não daria a primeira palavra.
– Duvido que seja tão calada assim, ninguém é.
– Verdade só estou esperando você puxar assunto. - falei
– Esta bem, então o que mais gosta de fazer? – perguntou.
– Seria cavalgar e você?
– Cavalgar não esperava por isso. Gosto de tocar violão. - falou.
– Por que não esperava? – questionei.
– Digamos que as maiorias das garotas que conheci gostavam de bordar, pintar, cozinhar entre outras coisas.
– Então foram muitas. – disse e ele riu.
– Você é esperta, mas não, não nesse sentido que pensa. – respondeu.
– Desde quando toca violão? – perguntei prosseguindo.
– Comecei quando era criança, gostaria de me ver tocar amanhã?
– Esta me convidando para um encontro? – olhei para ele. Que estava sorrindo.
– Exatamente. – afirmou.
– Gostaria. – disse e sorri.
– Terei que convencer seu pai primeiro. – disse.
– Boa sorte. – disse e rimos.
Ele me levou de volta e se despediu da mesma forma que me cumprimentou.
– Até mais ver Pietra.
– Ate. – e sorri.
Ele ficou conversando com meu pai, deve ter pedido permissão ao meu pai.
Subi para o quarto então parei e pensei no que estava fazendo e no por que de ter concordado com esse encontro?
***
No dia seguinte eu e Rita fomos à cidade ela iria à feira depois iria a alguma loja comprar roupas para mim. Estava numa barraca que vendia abacaxis e enquanto Rita comprava reparei mais no lugar e nas pessoas e uma delas eu conhecia muito bem era Antônio estava olhando para mim, eu acenei e ele apontou para o outro lado da rua onde ficava uma livraria. Balancei a cabeça dizendo que entendi.
– Rita posso ir à livraria? – perguntei.
– Sim. – disse distraída.
Atravessei a rua e adentrei o local que não havia ninguém além da vendedora no balcão, de mim e de Antônio no fundo da loja.
– O que faz aqui? – indaguei.
– Também faço compras. - respondeu ele. – Preciso conversar com você rápido, tem como ir até a ponte?
– Meu pai me viu chegando da ultima vez.
– Me encontre no curral da sua casa então hoje à noite? - propôs
– Esta bem. – disse desconfiada
Ele parou por um instante e me olhou como se me lesse toda com um olhar triste.
– O que foi?
– Nada, tenho que ir. - falou.
Ouvi o sino de a porta tilintar quando ele saiu.
Fiquei um pouco incrédula ele parecia aflito demais.
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