Constância escrita por Paula Oliveira


Capítulo 1
Um acordo?


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem!!



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MINAS GERAIS, 1968.
Ouço batidas de leve na porta, olho ao redor do quarto e me levanto lenta de sono, abro e Rita adentra dizendo o de sempre:
– Pietra, minha flor, seu pai anda muito irritado pelo fato de estar acordando tarde e também por causa do trabalho, você sabe... – Falou ela em tom protetor.
– Conversarei com meu pai, sei bem o que falar, ele vive irritado. – Disse.
– Mesmo assim minha flor me prometa que não fará nada de errado. – Pediu.

Rita era nossa empregada, cuidava de mim como uma filha era minha segunda mãe e melhor amiga sabia de tudo sobre minha vida, eu contando a ela ou não. Sei que ela se preocupa com minha segurança.
– Rita eu te prometo, agora fique calma. – prometi.
– Esta bem, agora vá se arrumar que te espero lá em baixo com seu café da manhã. Ah, e dona Benedite, pediu a mim para lhe informar que também quer conversa com você. – ela disse e me jogou um olhar de ‘’ pelo amor de Deus não grite com ela’’. – Tudo bem. – respondi.

Arrumei-me e desci para a cozinha onde Rita me esperava.

A cozinha tem um toque rústico assim como a casa por inteira, sempre morei aqui, conheço como a palma de minha mão. Nossa casa é mais afastada da cidade, prefiro assim é mais calmo, não tem aquela canção aborrecida de pessoas...
Rita ligou o rádio e ouvia atenta a todas as notícias, sua grande maioria era sobre as atrocidades militares contra comunistas. Rita focou sua visão em algum ponto e pareceu viajar para o além, aquele olhar transmitia preocupação.
– Rita... Você está preocupado com algum comunista? – disse baixinho.
– Deus do céu garota, não, cuidado com o que fala – disse, percebi que ela mentirá, mas deixei pra lá.

Subi as escadas e me dirigi ao quarto de meus pais, no qual minha mãe me esperava. Bati na porta e ouvi um “pode entrar”.
– Mãe, Rita me disse que queria conversar comigo. – falei. – Sim eu quero, sente – se na cama.

Ela estava bordando sentada em uma cadeira de balanço e aposto meus melhores sapatos que ela cantarolava uma canção, calma e gostosa de ser ouvir.
– Eu e seu pai conversamos, entramos em um ‘’acordo’’, ele que um parceiro para você...
– Um acordo? Desconfio disso. E não quero um namoro arranjado... – interrompi-a. Eu sabia bem como meu pai era.
– Pietra eu não terminei, por favor, aguarde eu acabar de falar. - assenti. – Como dizia, quando ele me disse, informei que você não aceitaria, óbvio que o garoto tem quer ser aprovado por seu pai, ele disse que te oferecerá dois rapazes que ele aprova e você poderá escolher entre os dois, ele queria que contássemos juntos, mas resolvi lhe contar para você se preparar e pensar no que dirá.
'' Imagino que de nada irá adiantar, então e melhor você aceitar e filha, por favor, faça isso por seu pai, dependo de quem você escolher ele poderá ganhar privilégios por isso. ’’
– Eu não farei isso, ele sempre quer manipular minha vida como se eu fosse um fantoche. - aumentei a voz, quebrando a promessa com Rita.
– Pietra! Controle seu tom de voz, eu tentei fazer – ló mudar de ideia, entretanto você sabe que seu pai é cabeça dura. Quando ele chegar converse com ele calmamente. – falou ela.
– Calmamente com meu pai? – ela me lançou um olhar.
– Esta bem. – suspirei – Posso ir?
– Antes quero lhe perguntar por que esta acordando tão tarde desse jeito? – questionou ela.
– Só estou meio cansada. – disse, ela me olhou. – Tem certeza que é só canseira Pietra? – Perguntou.
– Tenho. –respondi e sai do quarto.

Fiz minhas tarefas que minha mãe havia me mandado fazer, na maior parte do dia não fazia o que queria, tinha somente o finzinho da tarde e a noite, na qual só ficava no quarto. Como disse ficava.

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Estava na hora do jantar, após tomar banho desci as escadas e ouvia a voz áspera de meu pai e de outra pessoa que não reconheci. Ao chegar à sala percebi e concluí que meu pai já havia escolhido e não mudaria de ideia.
– Pietra ,estávamos a sua espera, quero lhe apresentar Miguel Mesquita, filho do Major da região. – ele disse me lançando um olhar ‘’ seja educada’’
– Prazer em conhecê-lo, sou Pietra. – disse com um sorriso falso.
– O prazer é meu, Pietra. - Pegou minha mão e beijou-a. Admito que seja um rapaz bonito, tinha um tipo de beleza estilo galã de novela, menos o nariz, educadíssimo.

Nós dirigimos para a mesa de jantar, cada um sentou em seu típico lugar e logo apareceu Rita com o jantar.

Conversa vem, converso foi e na maior parte do tempo meu pai falava o que sabia fazer de melhor, me mostrando a ele. Achei estranho ele não trazer sua família, coisa que com toda certeza decepcionou meu pai.

Miguel e eu trocamos alguns olhares, sorrisos e perguntas com respostas rápidas. Finalmente chegou ao fim, gostei de conhecer Miguel, ele parece ser um rapaz interessante, porem meu coração segue outro propósito. Meu pai conseguiu me pegar de surpresa, já estava decido era um daqueles pretendentes sem mais ou menos, porém não será tão fácil assim.
– Foi um prazer lhe conhecer Pietra. – disse se despedindo.
– Igualmente. –respondi com um sorriso. Saiu e Rita fechou a porta com um aceno.

Virei-me para meu pai e o encarei, esperando o que tinha para falar.
– Não adianta me olhar assim Pietra, já está decidido e ponto. Creio que sabe de minha escolha e é melhor cooperar. – disse ele coma voz firme.
– Não, não está decidido, você já controla minha vida agora isso, mesmo que mil garotos aparecem em minha frente não me casarei com nenhum para você subir de cargo e fazer o que faz. – disse aumentando o tom de voz irritada.

Meu pai se levantou e me deu um tapa no rosto que fez meu rosto virar e fumegar de dor, minha mãe gritou um ‘’pare ‘' e olhei – o chocada e chorei devido a isso.
– Olha o jeito que fala com seu pai Pietra, não suportarei atitudes como essa e faço isso para ficarem seguras. Suba para seu quarto, agora – gritou de forma fria e rude.

Rita veio ligeira até mim, fazendo com que apoiasse nela.
– Filha, durma com Deus e ignore isso. – sussurrou minha mãe ajudando Rita

Adentrei meu quarto e deitei na cama agarrando o travesseiro a meu corpo. Rita se sentou a meu lado afagando minhas costas. Ela não iria embora enquanto não dormisse, então fingi que dormi e esperei que a casa toda se aquietasse para sair, tinha coisas a fazer.

Desci as escadas, mas silenciosa possível, passando pela sala, chegando à cozinha saindo pela porta que levava ao quintal, fui ao curral, trazendo um cavalo para fora, arrumei as rédea em seguida a sela, demoro cerca de minutos, treinei até pegar o jeito de arrumar.

Meu pai contratou um homem para vigiar nossa casa só que nessas horas ele deve estar cochilando em algum lugar, montei e fui para o meio da mata. Já decorei o caminho e sempre nós encontrávamos na ponte sobre o riacho, era feita de troncos e quase ninguém a usava, pois havia outra.
Assoviei, combinamos isso para saber que éramos nós e para não correr perigo. Sem demora, ele pareceu entre a mata, chegando à metade da ponte, corri e o abracei.

Aquele era Antônio, meu verdadeiro amor, aquele com quem deveria me casar. Eu saía de madrugada para encontra-lo sem ninguém saber, não vinha todos os dias para não desconfiarem. Nosso namoro já tinha cerca de um ano e meio. E somos loucamente apaixonados.
– Pietra. – sussurrou em meu ouvido acariciando meu cabelo.
– Antônio. – disse me afastando de seu abraço para admira-lo.

O motivo por nosso namoro ser segredo é devido Antônio ser um comunista.


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Notas finais do capítulo

Então?Vão continuar a ler?Deixe seu comentário mesmo que seja para dizer um ''oi'', para mim já é mais do que imagina :DAtée pessoal



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