Túmulo das sete almas ~Hiatus~ escrita por Sol


Capítulo 9
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Siiim estou viva, desculpem-me pela demora, me enrolei com algumas coisas, mas enfim, certamente tentarei melhorar o ritmo para postar..



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Segundo dia
09h 42min (AM)


  Não demorou muito até chegarmos à sorveteria perto de casa, Charles e eu nos despedimos do meu pai rapidamente e sentamos em mesas do lado de fora, a mais isolada de todas. Meu pai me deixou dinheiro o suficiente para o dia perfeito e assim decidi que seria, mas é claro que eu estava errado, afinal o que dava certo na minha vida?
Charles estava totalmente deprimido, era difícil fazer com que ele prestasse a atenção em qualquer coisa que eu falava, na realidade nem mesmo eu parecia saber o que dizer, não conseguiria soar banal sem se quisesse muito, então deveria parar de tentar.
— Ei, bobo da corte! – Estalei os dedos na frente dos olhos dele, fazendo-o se sobressaltar e me olhar de um jeito exasperado. — Está vivo?
— Sim. – Ele murmurou emburrado e voltou a cutucar o que restava do sorvete.
— Charles?
— Que?
— Olha para mim. - Ele me encarou com um enorme bico e eu bufei. — Se isso te faz melhor, você não é o único na pior aqui, então por que não compartilha comigo o que está sentindo?
— Sei lá.
— Ah qual foi? E os escândalos que eu já fiz por causa da Jessie? – Comentei e Charles esboçou um leve sorriso. — Acho justo eu ter que te aturar também!
Ele respirou fundo, ainda querendo assassinar o resto de sorvete, porém começou a falar bem devagar:
— Todos os dias... – Seus olhos estavam focados na mesa. —Eu me pergunto quem foi que começou aquele incêndio, mas o que me irrita é saber que eu não pude evitar... – Algumas lágrimas começaram a surgir, mas ele não se incomodou, ou pelo menos não demonstrou. — Meu pai era um homem bom, não tinha inimigos, não arrumava encrenca, eu preferiria ter morrido no lugar dele... Mas... Não deu tempo.
— Ei... Tenho certeza de que ele gostaria de te ver feliz, vivo! E você deveria é ter contado ao júri tudo o que viu! – O repreendi, lembrando-lhe do próprio testemunho.
— Eu tentei... Mas não tive coragem. – Ele admitiu, limpando as lágrimas. — Naquela noite tudo estava escuro, minha mãe tinha ido viajar a trabalho e no meio da noite tudo pegou fogo, eu vi que Kelly ia se queimar e tentei salvá-la, mas ela fugiu de mim. Foi isso que eu disse ao júri. Não entendo como só com esse depoimento minha vida virou um inferno.
— Charles, você deveria ter contado tudo... Sabe que não foi de você que ela fugiu.
— Mas... Se eu contasse iam achar que eu queria livrar minha cara. Sei que encontraram as latas de gasolina no meu quarto, eu só fui inocentado porque os bombeiros descobriram que a afiação foi sabotada.
— E descobriram tarde... – Resmunguei e ele sorriu.
— Tudo bem Luc. Eu nem me lembro do que passei.
— Mentir é feio sabia? Você foi preso, preso! – Enfatizei e ele deu de ombros como sempre, tentando parecer indiferente. — Era só você dizer a eles o que viu de verdade, aquele homem matou seu pai e ele deveria estar preso.
— Eu nem sei quem ele é!
Eu abri a boca para responder, mas senti meu celular vibrar, resmunguei comigo mesmo ao desbloquear o celular e ver que se tratava de uma mensagem de numero desconhecido. — Só um minuto, estou com um mau pressentimento.
Charles ainda se mantinha indiferente, então apenas me concentrei em abrir a mensagem:
“Eu, sinceramente, gostaria de saber:
Quem você ama mais, sua namorada ou seu amigo? Quer dizer que ao invés de estar chorando por ela você está ai, numa sorveteria consolando seu amigo psicopata? Pergunto-me se, hipoteticamente falando, outro incêndio acontecesse, ele seria incriminado?
Talvez ai eu visse quem você ama mais... Mas é claro que tudo é uma hipótese!
Com amor, nada irônico, seu doce Max! “

Pisquei algumas vezes, relendo a mensagem varias vezes seguidas.
Quem eu amava mais? O que isso queria dizer?
De repente uma série de possibilidades passou pela minha cabeça. E se ele tentasse machucar Charles? Se torturasse Jessie? E se Max a matasse ou matasse meu melhor amigo? Ou matasse os dois? Quem eu amo mais...
E se ele me fizesse escolher?
— Luc! – Ouvi a voz de Charles e o encarei. — Está tudo bem? Você parece pálido e ficou agitado do nada.
— É que- Me interrompi e mordi os lábios, olhando ao redor, para cada rosto e cada pessoa sentada nas mesas vizinhas, para cada funcionário. Eu não estava seguro na rua e deveria me lembrar disso toda vez que saísse de casa, por que eu sempre insistia em esquecer?
— É que o que?
— Nada. Já terminou de comer? Aqui está começando a ficar muito lotado. – Desconversei e ele suspirou, sorrindo e bagunçando o próprio cabelo.
— Claro. Afinal sua timidez não pode esperar, todo pedido é ordem. – Ele brincou, se levantando e se oferecendo para levar os potes.
Quando ele saiu, eu rapidamente olhei aquela mensagem uma ultima vez. Se Max estivesse falando sério algo muito ruim pode acontecer, ele sabia que se machucasse qualquer um dos dois eu sofreria, se eu perdesse qualquer um dos dois...
Tentei não pensar em nada e me concentrei em observar as pessoas, quanto menos eu pensasse em tudo, melhor.
— Luc. – Charles apareceu com um sorriso curioso e me mostrou uma pulseira prateada com um pingente de coração no meio. — O atendente disse que era de Jessie e pediu para entregarmos.
— O que a pulseira da Jessie faz aqui? - Charles deu de ombros e me entregou. —Bem que ela comentou uma vez que deveria ter esquecido em algum lugar... – Peguei a pulseira e guardei-a no bolso rapidamente.
— Ei... Cara...
— O que?
— Você já... – Ele parecia ter duvidas sobre como perguntar aquilo. —Sabe... Foi na casa da Jessie desde que ela sumiu? - Olhei para o chão imediatamente, sentindo meu rosto corar minimamente, ele tocou em um assunto crucial, não por falta de vontade e sim por falta de coragem. — Como eu desconfiava... Vamos lá, nem que seja apenas para dizer alguma coisa ou outra.
— Mas...
— Mas nada, eu estou péssimo cara, preciso de algo para pensar, que não seja minha mãe ou Scott. – Ele admitiu emburrado e eu consegui erguer meus olhos e encará-lo.
— Certo... Eu acho! – Aceitei por fim, alguma hora isso aconteceria não é?
E, pensando bem, essa também seria a oportunidade ideal para descobrir alguma coisa, qualquer coisa.
~ # ~
10h 30min(AM)

Nós fomos andando até a casa de Jessie, passando mais tempo em silencio do que conversando, mesmo que tentasse esconder, era perceptível que Charles ainda estava pensando na mãe e na irmã e eu estava tremendo tanto que não sabia como conseguia me colocar em pé.
— Chegamos. – Ele apontou para uma casa branca de dois andares, com um portão pequeno e azul. — Você chama!
— Eu não!
Meu amigo me lançou um olhar revoltado e cruzou os braços, mostrando o máximo de seriedade possível:
— Olha aqui, Luc Romany, você é o namorado da filha deles, deixa de ser um covarde ridículo e faça as honras!
— Isso é golpe baixo! – Reclamei, passando por ele pisando firme. —Juro que ainda vai ter troco! Seu bobo da corte indigente!
—Só chama! – Ele resmungou e eu apertei a campainha.
— Trapaceiro!
Ele riu baixinho e eu poderia ter agredido aquela criatura ali mesmo.
A porta se abriu e uma moça jovem saiu, ele possuía belos os olhos de o cabelo de um tom castanho, seus fios cacheados estavam presos em um coque e ela usava um vestido branco simples. Mary sorriu ao nos ver, caminhou até nos calmamente e nos mandou entrar.
— Senti a falta de vocês! – Ela nos abraçou fortemente, como nunca abraçou antes, e nos puxou para dentro da casa o mais rápido que pôde. — Não sabem como está sendo difícil para nós, ficar sem nossa pequena Jessie!
—Eu imagino. – Charles conseguiu dizer, me lançando um olhar de censura em seguida, eu sorri para ela e tentei dizer algo, mas apenas travei e foquei no chão, não eu nunca soube consolar ninguém. —Espero que ela volte logo para nós.
Que decadência o insensível do Charles ser melhor em consolar pessoas do que eu.
— Se não se importa... – Comecei, sentindo novamente minhas mãos tremerem um pouco. —Tenho que devolver uma pulseira da Jessie, mas queria devolver diretamente ao quarto dela.
— Claro querido! – Mary havia se apoiado em Charles e notei algumas lágrimas em seus olhos. —Fique a vontade, eu... Farei um café. O que acham?
— Ótimo. – Respondi sem jeito e puxei Charles comigo. — Vamos ver se ela recebeu alguma coisa. – Sussurrei quando chegamos perto da escada, ele nada respondeu, mas pude notar o nervosismo, já devo ter comentado antes: coragem não é o seu forte. — Tudo bem, detetive, tomaremos cuidado.
— Cala a boca Luc!
A porta do quarto dela era a primeira na reta da escada. Nós entramos e imediatamente fui atingido pelo aroma doce e suave do perfume preferido de Jessie.
Senti meus olhos marejarem, mas eu precisava continuar, precisava saber mais sobre o que ela passou antes de sumir.
— Fique na porta! – Pedi a Charles e fui em direção ao guarda-roupa dela, tive o cuidado de não tocar em nada, apenas liguei a lanterna do celular e comecei a espiar se havia ou não algo suspeito.
Depois olhei em baixo da cama, na mesa de estudos dela, perto do computador. Nada!
Respirei fundo e segui, por fim, para a cabeceira, abri a primeira gaveta, lembrando-me que era ali que ela guardava tudo o que não sabia onde colocar, o estranho era que nem sequer estava trancada.
Olhei dentro da gaveta: Uma caneta dourada, duas borrachas, a foto de panda. Minha namorada e suas esquisitices. Também tinha um bolo de pingentes de todos os tipos, mas não foi nenhuma dessas coisas que me chamou atenção. Foi um cartão de aniversario, branco com umas flores douradas desenhadas. Peguei com cuidado e o abri.
“Querida Karla Meyer!
Eu queria me desculpar sobre ontem, soube que era seu aniversario e resolvi te parabenizar. Eu não vou mais te atormentar com essa história e sinto muito pela sua irmã. Eu ia te ligar, mas estou sem celular, confere se seu numero é realmente esse que vai estar anotado no finalzinho.
Bjs, Jessie! “
— Ei Charles, quem tem o sobrenome Meyer? – Perguntei em um sussurro, enquanto tirava uma foto do cartão e o guardava de volta.
— Meyer? Acho que Ariel. Por quê?
— Depois eu explico! – Murmurei, colocando a pulseira em cima da cabeceira e andando até a saída. — Acho que já deu, seja o que for que Jessie recebia já não está mais aqui.
— Será que ela jogou fora?
— Não duvido.
Saímos do quarto de Jessie e fomos rumo à sala. Claro que em silencio, não queria correr o risco da mãe dela nos ouvir, quando avistei o quintal da casa uma ideia me ocorreu.
— Vá para a cozinha e diga a Mary que fui ao quintal ligar... Sei lá, para o meu pai. – Pedi a Charles que me encarou confuso. — Preciso de um tempo, distraia ela!
— O que vai fazer?
Dei de ombros e suspirei.
— Vou ligar para uma pessoa. Depois eu explico, mas adianto que é importante!


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Notas finais do capítulo

Espero que tenha ficado bom! Bjuss



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