Túmulo das sete almas ~Hiatus~ escrita por Sol


Capítulo 17
Capitulo 17


Notas iniciais do capítulo

SORRY SORRY SORRY POR ESSE HIATUS
eu juro q n faço mais
Perdão
eu precisava desse tempo, e ele me foi muito util, mesmo!! Amo vcs, n me agridam!



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Terceiro Dia
18h 30min(PM)



“Falar sobre vingança é falar sobre medos, motivos, sobre pontos a serem ligados. É interessante, de fato, me perguntar sobre coisas banais como motivações, minhas motivações são minhas. O seu medo é seu!
O ponto em que meu motivo se torna o seu medo é o que devemos discutir!
Entenda, quando se tem, medidos rigorosamente, o certo e errado, espera-se que eles sigam em uma única direção. Porém se tratarmos dos seguidores dessas medidas eu me sinto de fato preocupado, humanos seguem uma única direção?
Humanos seguem sempre as medidas corretas? Eu lhe ligo então: No geral o certo se torna errado e o errado se torna certo. Não se pode brincar com o amor, pois com ele sempre vem o ódio. Falar de vingança sem saber o que é a vingança é um modo falho. O que seria a vingança senão o amor apodrecendo em ódio?
Quando as medidas são inversas elas perdem a razão, quando o ponto de vista se altera a perspectiva muda completamente, vendo esses tantos lados me diga: Estaria eu tão errado assim?”



Suspirei, jogando o livro de qualquer jeito no colchão, e deitei novamente na cama, evitando olhar para o outro lado onde Charles se encolhia no chão.
O que eu estava fazendo? Contribuindo para que Max me enlouquecesse mais rápido? Ler esse livro me ajudaria a entendê-lo ou apenas reafirmaria que ele é louco?
Olhei ao redor, tudo parecia um pouco distorcido desde cedo, muitas lembranças, teorias e possibilidades apareciam o tempo todo, algo em mim parecia estranhamente incômodo, toda vez que fechava os olhos eu ouvia aquela voz...
“Vou leva-lo para casa!”
A voz do pai do meu melhor amigo...
A voz do assassino do meu irmão...
Uma voz... Estranhamente... Dolorosa?
Imediatamente senti meu corpo tremer e me apoiei no colchão na cama. Novamente a mesma sensação estranha de enjoo, o que era? O que eu estava esquecendo? Eu tinha certeza que algo faltava... Algo que eu não compreenderia antes, ao ponto de me obrigar a esquecer.
Fechei os olhos e respirei fundo.
“Vou leva-lo para cara!” Comecei a tossir, sentindo a ânsia aumentar. “Venha comigo! Luc? Será rápido!”
O que eu estava esquecendo?
Meus braços perderam a força e minha respiração começou a se tornar falha, voltei a tossir, queria vomitar, pôr algo para fora... Mas o que?
“Luc? Vamos! Luc?”
—Luc! – Senti-me se puxado para trás, me levantei muito rápido e cambaleei, tombando para um lado e me apoiando na parede. —Luc? – Charles entrou em meu campo de visão, me segurando antes que eu acabasse de fato caindo.
—Não... – Minha respiração estava acelerada e eu tentei me afastar o mais rápido possível de suas mãos, algo em minha mente, era vago, um quarto? Era escuro... Eu não deveria gostar de estar lá... —Não! Não!
—Luc, sou eu! Sou eu! – Ele segurou meu braço e me puxou, comecei a me arrastar para longe e me encolhi o máximo que pude perto da parede, abraçando as próprias pernas, uma pessoa estava comigo, mas quem? Por que eu estava me lembrando de algo assim? Ou estaria inventando? —Ainda está em choque não é? - Meu amigo se sentou calmamente ao meu lado, apoiando a cabeça na parede. —Nós dois estamos não é? Tudo está um pouco confuso para mim... Talvez...
Eu tentava acalmar a respiração, voltando um pouco a mim mesmo, estava me lembrando de algo, era um quarto escuro, havia uma pessoa, quem era? Charles nada mais disse, apenas permaneceu ao meu lado, sentado sem mover um músculo, sem fazer qualquer piada, sem fingir sorrir, sem dizer coisas estúpidas de propósito, ele apenas agia com tanta sinceridade quando o problema era maior do que sua vontade de ignorá-lo.
—Sei que não... Que não quer falar... – Murmurei e ele me olhou nos olhos. —Sobre...
—Eu sonhei com meu pai! – Charles me interrompeu, suspirando calmamente. —Mas foi diferente... Não é mais como antes, parece que algo se colocava entre mim e a verdade, talvez a admiração e o amor!
—Charles? - Os olhos dele ficaram marejados, porém meu amigo resistiu, se levantando de repente. —Não me deixe sozinho!
—Pensei que não te veria mais assim... – Ele murmurou sem olhar para mim. —Mas tudo retrocedeu... Sua dependência, meus medos, os sonhos...
—Do que está falando?
Ele começou a caminhar em direção a porta, parando apenas para pegar o Livro de Max por um instante.
—Se meu pai foi envolvido, por que eu não?
—Charles?
Ele jogou o livro de volta em cima da cama e retornou a andar:
—Preciso ver o Scott!
Meu amigo estava definitivamente estranho!
—É sobre o que descobrimos hoje?
—Sim e não, recomendo que durma de verdade! – Ele resmungou ao sair e fechar a porta atrás de si.
Definitivamente estranho.


~ # ~
18h 40min(PM)

 


Dormir de verdade? Francamente ele estava se achando de mais.
Assim que Charles saiu do quarto eu saí atrás, ainda desnorteado um pouco, porém se eu ficasse deitado derramando lágrimas atrás de lágrimas não teria Jessie de volta, eu precisava ser forte, precisava descobrir Max de algum modo.
Meu amigo caminhou diretamente até meus pais e eu o segui, mesmo sendo alvo de insultos inúteis vindos dele.
—Queria ver o meu irmão! – Ele foi direto, meu pai o olhou nos olhos, sentado no sofá com uma xícara de café em mãos. —Sei que é repentino e até agora tudo...
—Nós entendemos o que está sentindo querido! – Minha mãe, sentada ao lado de meu pai, ergueu os braços para nós e eu corri até ela. —César e eu tentamos entrar em contato com Scott mais cedo, deixamos uma mensagem para ele vir até aqui, seu avô foi embora mais cedo e bem...
Ela baixou os olhos e me abraçou, meu pai colocou a xícara na mesinha e o encarou, porém, antes que ele pudesse dizer qualquer coisa, Charles pareceu se antiandar no assunto.
—Ele não quis deixar vocês terem contato com minha mãe? Eu imaginei algo assim... – Charles se sentou no sofá a nossa frente, seu rosto extremamente sério. —De todo modo... Gostaria de entender uma coisa, enquanto Scott não chega eu poderia começar por vocês...
—O que foi Charles? – Meu pai parecia estranhamente nervoso.
—Quantas vezes, quando éramos crianças... O Luc já dormiu na minha casa?
Meus pais se entreolharam e eu passei a tentar me lembrar, era tudo muito vago, pelo pai do Charles ter ficado muito tempo viajando e a mãe dele ser ocupada eu não me lembrava de ter ido muito lá, provavelmente eu também não deveria ter ido muito lá durante esse tempo.
—Não muitas vezes, acho... – Minha mãe murmurou. —Ele parou de ir quando Cain pediu! - Os olhos de Charles se arregalaram, como se ele houvesse compreendido algo. —Ele não quis nos explicar claramente, apenas disse que você vinha pouco aqui e o Luc ia muito lá, então deu a ideia de você passar a dormir aqui mais vezes, achei engraçado o jeitinho que ele se enrolou para dizer tudo. – O sorriso dela diminuiu drasticamente. — Por quê? Algum motivo esp- Ela se interrompeu quando Charles começou a soluçar, tentando inutilmente secar as próprias lágrimas. —O que houve? - Mas ele apenas se levantou e correu até a porta, provavelmente indo para a varanda ou o quintal. —O que deu nele?
Meu pai se levantou, mas eu me adiantei e corri antes dele até a porta, Charles estava estranho, quando cheguei ao quarto mais cedo ele estava dormindo, eu o imitei, mas durou pouco meu sono então fiquei acordado a maior parte do tempo. Porém, em um momento, ele acordou assustado e se encolheu sem dizer mais nada por horas. Desde esse momento ele ficou estranho e pensativo.
Abri a porta da sala e passei por ela, encontrando Charles encolhido perto do portão, caminhei calmamente até ele, meu amigo chorava bastante e não parecia mais tentar esconder.
—O que foi? – Perguntei, me ajoelhando a sua frente. —Charles, já disse que pode contar comigo não é? Você não tem culpa de nada, então não se isole! - Ele me olhou nos olhos por um momento, pensei que fosse dizer algo, mas apenas voltou a chorar. —Tudo bem, pode chorar, dizem que faz bem...
Ouvi o som de motor e olhei para frente, Scott havia parado sua moto em frente ao portão e estava tirando o capacete.
—Eu sei... – Charles murmurou, tentando limpar as lágrimas, eu abri o portão e deixei Scott entrar, ele estava sério como sempre e seus olhos se voltaram ao irmão. —Eu sei Scott... Agora eu sei... – Charles o encarou soluçando. —Eu sei por que o papai matou o Cain!
Arregalei os olhos, sentindo uma confusão absurda, do que ele estava falando?
—Charles oq-
—Não diga o que não sabe! – Scott rapidamente me cortou, virando o rosto e começando a se dirigir a varanda, onde meu pai, e somente naquele momento eu havia notado, nos encarava um tanto apreensivo.
Encarei Scott, imaginando que Charles faria o mesmo, diferente dos outros membros da família, Scott não abandonou Charles, porém o tratava como um qualquer e foi sempre tão arrogante que meu amigo nunca o considerou uma pessoa minimamente divertida. Na realidade, Scott sempre foi um mimado metido a revoltado.
Imagine então a minha surpresa ao ver Charles correndo até ele, chorando mais do que nunca e o abraçando por trás.
—SCOTT ME DIGA A VERDADE! - O carrancudo havia parado, mas nem sequer ousou olhar para o irmão. —O papai... Você sabia todo esse tempo, sabia que o papai havia matado o Cain!
Meu pai segurou o ombro de Charles e o afastou do mais velho, o puxando até perto de mim, meu celular vibrou em meu bolso e eu o peguei cauteloso.
—Scott, podemos conversar em particular?
Scott apenas assentiu em silencio, voltando a caminhar para dentro da minha casa, sem ter muito que fazer eu abracei Charles, ele não estava em condições de um interrogatório agora.
Desbloqueei a tela do celular, havia recebido uma imagem. Seria de Max? Abri, tomando cuidado para que Charles não visse nada. Na imagem estava Ariel abraçando a irmã em um parque de diversões, e ao lado delas um homem sorria gentilmente, talvez o pai delas?
O celular vibrou novamente, uma nova imagem. Dessa vez uma menina loira estava sentada em um gramado, usava o uniforme da nossa escola, sentada ao lado dela estava uma moça com longos cabelos castanhos, trazendo no colo um pequeno menininho loiro, que encarava a câmera de um modo curioso. Aquela menina... Eu a conhecia de vista, da escola... Era Lincy e o menininho era seu irmão mais novo, Vincy, o caso dos dois foi o que mais causou choque a todos, já que Vincy, com apenas seis anos, também desapareceu.
O que estava havendo? Por que Max estaria me mandando aquilo? Como ele tem acesso a esse tipo de foto pessoal?
Uma mensagem chegou em seguida, comecei a me dirigir para dentro de casa com Charles, ele precisava de no mínimo dois litros de água.
Max ainda parecia querer me dizer algo, o que era? O que ele quer que eu saiba?
Antes de passar pela porta eu abri a mensagem.


“Felizes. Jovens. Pais. Inocentes? Talvez não.”


Inocentes? O que raios essas pessoas teriam feito? Entrei em casa, encontrando apenas a minha mãe na sala, ela parecia realmente preocupada com algo.
Meu celular vibrou novamente, ajudei Charles a se sentar ao lado dela, que o abraçou carinhosamente. Sentei-me a frente deles e desbloqueei o celular novamente. Mais imagens.
Lauren e Yuri ao lado de duas mulheres em frente à escola, uma eu conhecia de vista, ela era morena e um pouco baixa, era a mãe de Yuri, a outra deveria ser a mãe de Lauren.
Abri a próxima imagem e senti meu coração perder um pouco do ritmo, Jessie estava sentada em um banco na praça, acompanhada pelos pais, os três sorriam para a câmera, aquela foto havia sido tirada ano passado, quando foram conhecer um museu em outra cidade.
Prendi a respiração e abri a penúltima imagem, já imaginando o que viria.
Era uma foto do ano passado também, eu estava em pé perto de um palco, o palco do auditório da escola, e meu pai havia parado ao meu lado, sorrindo minimamente. Foi uma das poucas apresentações da escola que ele se dispôs a assistir, meu pai evitava entrar na escola ou em qualquer lugar que lembrasse Cain, eu mal sabia como ele conseguia morar na mesma casa por tantos anos.
Quando Max conseguiu essa foto? Até onde eu sabia uma cópia ficou na escola, com um professor, e outra ficou com minha mãe.
A ultima foto realmente me surpreendeu, era de Charles e Scott, pequenos ainda, eles estavam parados perto de uma estrada e o pai deles se apoiava em uma moto muitíssimo parecida com a de Scott, porém um pouco mais velha. Scott encarava o pai sem sorrir, um tanto emburrado, e a versão infantil de Charles parecia ao ponto de chorar.
O que estava acontecendo afinal? Max conhecia os pais de todos nós? Max queria dizer algo com isso?
Outra mensagem chegou e eu a abri rapidamente.
—Luc? Pode atender a porta, por favor? – A voz da minha mãe me fez quase saltar de susto, eu a encarei por um momento até entender. —A porta!
Levantei indignado e corri até a porta, porque tudo acontecia nos meus momentos de mais curiosidade? Isso era tão terrivelmente clichê que me fazia querer chorar...
Abri a porta e me deparei com Mary, a mãe de Jessie, ela estava um pouco chorosa e me cumprimentou com a voz baixa, abri caminho para que ela passasse, novamente sem conseguir dizer nada.
O que eu diria?
“Ah! Oi, eu sabia que sua filha corria perigo, mas ainda assim preferi convencê-la de que era bobagem e agora ela desapareceu, nada de mais, não é?”
Eu era um estúpido covarde!
—Querida, recebi seu recado. – Ela murmurou, abraçando minha mãe, as duas eram boas amigas fazia anos, sempre se apoiando em tudo, era bonito de se ver, mas este não era meu foco, então eu voltei ao meu canto isolado no sofá e abri a mensagem novamente.

“Tão felizes. Pais tão dedicados, mas será que são inocentes? Ora pequeno Luc, por que não me responde então? Esse é o nosso novo jogo, culpado ou inocente. Começando desde agora... O Tempo está correndo, você tem até o sétimo dia. Culpado ou inocente? Um você já sabe!”


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