Túmulo das sete almas ~Hiatus~ escrita por Sol


Capítulo 14
Capitulo 14


Notas iniciais do capítulo

E ai povo, esse saiu bem mais rápido não é mesmo? ahuah Aproveitem.



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Terceiro dia
     03h 40min


Eu encarava a porta da garagem, depois do longo debate interior e de quase me arrastar até aqui toda minha coragem parecia nula, o que exatamente eu estava fazendo? Jogando-me nos braços de Max?
Senti minhas mãos tremerem, poderia ser algum tipo de brincadeira, tinha de ser! Ele não se entregaria tão fácil.
Cheguei mais perto e girei a maçaneta, era loucura, loucura, loucura. Abri a porta com cuidado, relutei por uns segundos antes de passar por ela, imediatamente senti uma brisa gélida vir do lado oposto, me arrepiei pelo choque e encarei o portão, estava entreaberto e parecia ter sido recente, mas não podia ser ou meu pai realmente havia esquecido o portão aberto ou alguém havia entrado por ali.
“Pense que já estava aberta” Fiquei repetindo a mim mesmo o tempo todo, “Max não vai me querer antes do sétimo dia!” olhei ao redor, estava vazio e escuro, “Pense em qualquer coisa aleatória”, passei a mão pela parede lisa, na tentativa de achar o interruptor, porém minhas mãos tremiam tanto que era difícil pensar onde ele ficava.
Estava começando a ficar nervoso, quando finalmente encontrei o interruptor eu não precisei usá-lo: A luz se acendeu sem minha ajuda.
Estremeci, sentindo minha respiração acelerar. “Pense em qualquer coisa Luc, em qualquer coisa”. A caixa de força ficava do lado de fora da casa, se não fui eu que acendi a luz...
Olhei rapidamente ao redor, uma caixa branca de tamanho médio se encontrava no chão, bem no meio da garagem, definitivamente não poderia estar ali, definitivamente não. Aproximei-me rapidamente, quase caindo de tão tonto e a peguei.
Com a respiração acelerada eu corri para a porta e entrei na cozinha novamente, naquele mesmo todas as luzes da casa pareceram se apagar, meu grito de susto soou alto de mais, encostei-me a parede e segurei a caixa com mais força, tentei achar o interruptor da cozinha, dessa vez ele se encontrava mais perto, porém não funcionava.
Suspirei, tentando não me apavorar mais, comecei a tatear a parede e os moveis. Uma coisa era certa: Max andou assistindo a muitos filmes ultimamente.
Pensei em pegar meu celular, mas decidi não correr o risco de me distrair e acabar tropeçando, seria bem ridículo.
A procura de algo para me apoiar, eu resolvi dar alguns passos a frente, enxergando apenas a silhueta da mesa, toquei sua superfície fria e áspera e dei mais alguns passos, era estranho andar no escuro, parecia que a qualquer momento alguma coisa ia acontecer e mesmo assim nada acontecia.
A superfície fria da mesa acabou e não vendo outra opção então eu segui correndo para a sala, segurei no sofá praticamente caindo por cima dele, meus olhos já marejados, eu estava tentando começar a pensar com mais clareza, peguei o celular em meu bolso e liguei a lanterna.
Enfim uma atitude racional!
Apontei para a escada e me levantei, mirei então a luz para todos os lados e, vendo que não havia nenhum impedimento, eu corri o mais rápido que pude, subindo a escada de dois em dois degraus.
Cheguei ao topo, mirando o corredor com a lanterna, não sabia se me sentia aliviado ou amedrontado. Caminhei rapidamente até meu quarto, me trancando o mais rápido possível e correndo, aos tropeços, para a cama em busca do melhor refugio, o cobertor.
Apontei a luz da lanterna para todo o quarto e, vendo que eu estava em segurança, a desliguei, respirando fundo.
Nesse momento as luzes da casa se acenderam.
~ # ~


04h 05min


Ainda com seria vontade de cometer algum assassinato e, definitivamente, ansioso, eu abri a caixa de uma vez. Max estava zombando de mim e o pior era que ele podia brincar de me humilhar, me expor, me assustar, essa era a vantagem de ser um desconhecido e de saber quais os meus maiores medos.
Na caixa encontrei um DVD e um envelope, me levantei e peguei meu notebook, o jogando em cima da cama, não estava com humor para ser cuidadoso.
Abri o envelope, havia uma fotografia estranha, nela uma ruiva com um longo vestido verde claro se encontrava ao lado de um homem vestido de zorro, esse mesmo homem encarava uma mulher loira vestida de bruxa, com uma mascara cobrindo todo rosto. A mulher era Lucia Alexsandra, a mesma que morreu antes de Cain aquele dia.
Ela me intrigava, mas não era a única, o homem ao seu lado, não pude ver seus olhos, pois ele virou o rosto no mesmo instante, e nem podia ver o cabelo, o chapéu o cobria. Mas algo nele soava familiar, encarei seu braço, uma tatuagem de uma fênix com uma coroa na cabeça, eu já havia visto antes, mas onde? Quando?
Suspirei, estava muito tarde para pensar nessas coisas, minha memória não era boa de madrugada.
Coloquei o DVD para rodar no notebook e respirei fundo, o player carregou e começou com uma tela preta, depois uma lâmpada foi acesa, revelando uma cena deprimente, no mesmo instante peguei meu cobertor e me enrolei nele, puxando junto o travesseiro e o abraçando com força.
Um menino de cabelo castanho e curto estava ajoelhado no meio de uma sala branca, seus braços estavam amarrados para cima por cordas que pareciam apertadas demais, suas roupas e seu cabelo pareciam molhados e quando ele abriu os olhos percebi que estavam vermelhos de tanto chorar, além de que ele tremia um pouco, o que me causou arrepios.
— Yuri... – Disse uma voz destorcida no vídeo e o menino começou a chorar baixinho, Yuri, sim eu me lembrava dele, estudava na mesma turma da Ariel e foi o terceiro ou quarto a desaparecer. Sempre foi muito falante e divertido, do tipo que faz piada com qualquer coisa e todos riem de verdade, mas em compensação, havia dias que seu humor estava péssimo, eu também lembrava que ás vezes ele ficava parado na porta da minha sala conversando com um colega ou outro e começava a rir ou a gritar, todos já estavam acostumados. Era estranho lembrar-me daquele jovem divertido e decidido e ver o mesmo entre lágrimas e amarrado daquela forma.
— Por favor! Pare! – Yuri implorou, ainda chorando e a “voz” começou a rir. — Por favor, estou cansado, me deixe ao menos dormir. – Ele não tentava se soltar, apenas chorava.
— Diga oi ao Luc. – A voz pediu ironicamente e ele olhou para a Câmera.
— Tome cuidado. – Ele gritou puxando as cordas para baixo, dessa vez para se soltar. —Você- Antes que ele pudesse terminar de falar, quase um litro de água e gelo foram despejados nele, provavelmente havia algum balde pendurado lá em cima.
Eu fiquei boquiaberto, Yuri começou a tremer mais e, inconscientemente, eu comecei a morder nervosamente o travesseiro.
— Acho bom não dormir. – Zombou a voz e eu prendi a respiração, tentando não chorar, aquilo era real, não era cena de nenhum livro ou filme, era real, Yuri estava lá, de verdade, estava sofrendo de verdade, aquilo era mais do que real, Max era mais do que real.
— Por... Por favor... – Yuri Recomeçou com dificuldade. — Eu... Só... Por favor... Eu, só quero... Dormir um pouco. Por favor...
— Ah! Como isso é entediante. – Max reclamou e riu. — Mas acalme-se meu querido, vamos ter tempo até Luc chegar, não é? Então vamos brincar direito.
— Não... Por favor... – Mais um balde d’agua foi despejado, Yuri gritou e começou a tossir, logo alguém cortou as cordas que amarravam os braços dele, não vi quem era, pois a pessoa fazia tudo de cima.
— Me cansei de você por hoje... E pensar que eu planejei tanta coisa legal... – Max resmungou, mas o jovem não parecia se importar com o que ele dizia, na verdade Yuri tremia caído no chão, sem forças, ele soluçava enquanto as lagrimas escapavam com vontade, a câmera deu foco em seu rosto, mostrando o quanto estava pálido e assustado, o rosto com alguns cortes e um pouco sujo. — Veja Luc, isso é apenas um aquecimento, enquanto te esperamos vamos continuar brincando, eu não tenho o que fazer mesmo.
A tela ficou preta, afastei o notebook de mim e me enrolei mais no cobertor.
Era tudo mesmo real? Eu corria um sério perigo, mesmo antes eu não estava levando tão a sério, mas e agora? Encolhi-me na cama, o que eu faria? Em quem confiar?
Tentei fechar os olhos, mas a imagem de Yuri implorando por ajuda não me deixava em paz, pensei que iria entrar em desespero de vez, quando vi a luz dos faróis e o som do carro parando. Olhei de fininho pela janela, era meu pai.
Resisti ao impulso de correr até lá, se eu saísse ele perguntaria o que eu fazia acordado há essa hora e eu não saberia explicar.
Tentei ser rápido, coloquei o notebook no lugar, com o DVD dentro dele mesmo, e o envelope eu joguei embaixo da cama. Logo pulei na cama e me deitei, tampando o rosto com o cobertor e tentando fingir que estava dormindo. Poucos minutos depois, ouvi a porta ser aberta e alguém entrar.
— Pronto, ele está bem! – Meu pai resmungou de má vontade.
— Isso não muda o fato de que você foi irresponsável, e ainda age assim depois de ficarmos horas esperando aquele maldito guincho? Vá me trazer um café vá. – Um velho retrucou, era o avô de Charles, meu pai murmurou algo sobre ele ser um chato e saiu do quarto, o velho começou a caminhar até mim lentamente. — Vamos menino, eu sei que está fingindo!


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