Túmulo das sete almas ~Hiatus~ escrita por Sol


Capítulo 12
Capitulo 12




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Segundo dia
20h 30min

Eu estava deitado na minha cama quando senti alguém tocar o meu rosto e ouvi a doce voz de Cain me chamar. Senti meus olhos marejarem, meu coração acelerar de euforia, ainda assim não o encarei, apenas permaneci sentindo-o afagar meu cabelo.
— Estou do seu lado Luc, você tem que ser forte, alguém quer seu mau, mas eu ainda te protejo.
— Tenho medo Cain. – Admiti, deixando as lágrimas correrem livres pelo meu rosto, ele segurou minha mão e senti meu corpo se arrepiar.
— Não vou te deixar, não tenha medo!
Virei o rosto e encarei seus olhos, sempre tão sinceros. — Isso é real?
Ele sorriu como nunca pensei que fosse vê-lo sorrir novamente em toda a minha vida. — Só se você quiser.
Levantei-me, sentando na cama e ainda olhando em seus olhos, ele se ajeitou mais ao meu lado, ainda sorrindo.
— Me abraça? – Pedi já me jogando em seus braços, ele me amparou e me envolveu. Seu abraço era quente e ainda era meu maior calmante.
— Ei Luc. Diga algo a Max por mim...

Abri os olhos, me sentando em um salto, reparei que estava no sofá, devia ter dormido por lá mesmo.
Suspirei, tentando parar de tremer, estava arrepiado e suando frio, meus olhos estavam cheios de lágrimas e minha respiração estava um pouco acelerada. Senti uma brisa tocar o meu rosto, olhei para a única janela da sala e ela estava fechada e engoli seco.
Novamente estava eu cismado com tudo, era só o assunto Cain voltar a minha vida que coisas estranhas aconteciam, mas era engraçado porque eu não tinha medo, eu nunca tive medo, eu me sentia bem, em segurança.
Eu sabia o que era essa cisma, demorou, mas percebi, com a ajuda do tempo, de muita terapia e noites em claro, que a imagem e a ideia de Cain cumprir sua promessa e continuar me protegendo parecia criar em mim um tipo de esperança que se refletia na forma que eu via o mundo, eu parecia acreditar mais fielmente em sua imagem e sua ultima promessa do que nos documentos e nos fatos que mostravam que eu jamais o veria novamente e isso fazia com que eu prestasse mais atenção a tudo que pudesse me trazer a esperança com mais força.
— Parece que alguém acordou... – Ouvi minha mãe comentar e a encarei, voltando subitamente à realidade, ela correu até mim e colocou a mão em minha testa. — O que foi amor? Um pesadelo? Você está pálido!
— Eu to bem mãe! – Resmunguei e ela sorriu.
— Tudo bem então, estou terminando o jantar, Charles está no seu quarto jogando.
— Jantar? Eu dormi o dia todo?
— Sim, nós tivemos que te dar um calmante porque você correu e começou a chorar no quarto do Cain, não lembra?
Permaneci em silencio, as lembranças voltando um pouco, eu ainda estava meio tonto por ter acabado de acordar, mas realmente eu havia me jogado na cama do Cain e tive que ser puxado pelo meu pai que me obrigou a tomar o calmante, foi uma cena digna de um óscar, sinceramente, depois disso me joguei no sofá e dormi.
— É acho que lembro sim. – Murmurei meio corado, me levantando com certo esforço e andando em direção a escada. —Depois eu desço então!
Ela pareceu concordar e eu comecei a subir as escadas na velocidade de uma tartaruga ou lesma. Cheguei ao meu quarto, Charles estava sentando com uma manete na mão e jogando um jogo besta de corrida.
— Não vou nem perguntar se você está bem. – Resmungou quando me sentei ao seu lado. — Mas espero que não vá surtar de novo!
— Não vou surtar, não ainda. Mas queria saber por que Max usou o Cain! - Charles me encarou, parecia pensativo, desde que ele cismou que queria ser detetive acabou pegando a mania de ficar tentando ligar os pontos de todo modo em sua cabeça enquanto encara a pessoa de forma retardada.
— Cain pode ter alguma relação com isso. – Murmurou ainda nas nuvens. — Talvez algo relacionado à morte dele.
— Impossível! O a... Isso foi há anos, o que teria em comum?
— Não sei, mas veja... – Ele parou de falar e baixou os olhos. — Meu Deus! Para ter colocado na escola deve ser alguém de dentro, um professor talvez, um funcionário, aquele zelador que entregou o livro para vocês, ele é suspeito, ele pode ter nos observado todo esse tempo.
— Não diga bobagens, um professor, ou o que for, não tem tempo para gastar me perturbando. E não tenho intimidade com ninguém da escola.
— Mas não podemos desconsiderar nenhum fato, afinal o Cain também estudou na nossa escola e o Max colocou aquelas imagens justo lá. – Ele retrucou e eu me encolhi um pouco.
— Nem me lembra disso.
— Ei Luc... Realmente está pensando em não contar a ninguém? Não quero te irritar de novo mais... Até quando vamos conseguir suportar tudo sozinhos?
— Não sei, tenho medo de cair em alguma armadilha. – Admiti desanimado e emburrado. — Afinal para saber tanto de mim a pessoa deve estar perto, e poderia facilmente me enganar.
— Nem para o seu pai ou sua mãe?
— Minha mãe seria capaz de matar um se soubesse e, sinceramente, eu sou alvo fácil aqui... Não sei... Posso tentar com meu pai, afinal se eu não puder contar com ele eu estou mesmo perdido. – Resmunguei e meu amigo sorriu vitorioso. — Não faça essa cara de besta eu disse que vou pensar.
— Ok! Ok! Só tome cuidado para ninguém mais ouvir sua conversa e eu tava pensando aqui, sabe o zelador?
— Sim, o que trouxe o maldito livro para nós.
— Então a-
— Meninos o jantar está pronto, desçam logo! – Minha mãe apareceu na porta e nos apressou. Charles acabou se levantando na hora e eu o segui.
— O que ia dizer mesmo? – Perguntei enquanto descíamos a escada, mas ele apenas sorriu e sussurrou algo como um: Depois.
Apenas suspirei e me contentei com o depois, afinal eu precisava de um tempo de paz, livre desse assunto, era possível?
Definitivamente não!


~ # ~
23h 56min

— Como assim? Ok! Eu vou. – Meu pai repetia pela milésima vez ao telefone, já estava bem tarde, mas ainda estávamos todos acordados jogando cartas, essa foi uma das minhas exigências para perdoar o meu pai, sim eu fiz exigências, mas entenda meu lado, ele me ignorou por anos.
Charles batucava a superfície da mesa da sala, visivelmente ansioso e mordia os lábios, já eu apenas permanecia encarando meu pai, um tanto preocupado também, minha mãe tentou nos puxar pelo menos três vezes para o quarto, mas desistiu quando viu que não conseguiria e acabou se juntando a nós no jogo.
— O que ela queria? – Charles disparou assim que meu pai encerrou a chamada. — O que minha mãe queria?
— Calma, eu vou explicar. Sua irmã fugiu de casa mais cedo, seu avô a trancou no quarto e ela escapou!
—O QUE? – Meu amigo se levantou no mesmo instante, deixando todas as cartas caírem de sua mão, eu só tive tempo de absorver metade das palavras quando meu pai recomeçou.
—O problema é que está bem tarde e ela não voltou, e como sabem ultimamente é perigoso andar por ai sozinho. Eu vou levar você lá, seu avô liberou que você a visite, senão é capaz dela surtar de vez.
— Mas... – Charles parecia chocado, minha mãe se levantou correndo.
—César... – Ela começou, mas pareceu desistir e puxou meu amigo. —Vamos pegar alguns casacos, venha, tem alguns no escritório, é mais rápido.
Ela puxou Charles e o guiou até o escritório do meu pai, ficando por lá durantes alguns agonizantes segundos, até que voltou mais rápido ainda, empurrando um casaco em cima de Charles e com outros dois em mãos.
— Vamos agora, vou ajudar eles a procurar sua irmã! – Ela ainda resmungava, meu amigo apenas se deixava empurrar, sem nada dizer. — Então é bom irmos com pressa, é em outra cidade então pode demorar. – Ela alegou, parando para me abraçar fortemente. —Não quero que vá, precisa descansar de verdade, César vai apenas nos levar e já volta não é? – Vi meu pai assentir rapidamente, e ela sorriu, voltando a empurrar Charles para fora.
Enquanto ela saía meu pai suspirou, pegando as chaves do carro em uma estante e logo olhando em meus olhos.
— E eu? – Perguntei ansioso e assustado, não queria ficar sozinho, certamente não seria a primeira vez, porém... — Vou ficar sozinho? Por horas?
— Luc, não é a primeira vez. – Agora era diferente. —Eu vou leva-los lá, é no mínimo uma hora de viagem e logo voltar.
— Mas pai, já é quase meia noite... – Resmunguei emburrado e ele me abraçou.
— Por favor, desde quando tem medo de ficar sozinho em casa? – Ele me encarou e eu desviei o olhar. — O que está havendo Luc? Você anda estranho ultimamente.
Curioso ele ter notado.
— Só não quero ficar sozinho!
— Olha, vai ficar tudo bem, depois que eu voltar a gente conversa melhor sobre isso, você não era tão manhoso assim. Se cuide e vai dormir, agora é sério! – Ele bagunçou meu cabelo e começou a se afastar, saindo e trancando a porta.
Não, não iria ficar tudo bem, eu estava sozinho...
— Cain... – Murmurei choroso, novamente revivendo a esperança perdida em mim mesmo. — Me protege!
Sentei no sofá e comecei a chutar as almofadas para longe, não queria dormir... Mas não queria ficar acordado com a consciência de que estava sozinho. Também não queria me sentir tão covarde!
Senti meu celular vibrar em meu bolso e o peguei desanimado, desbloqueando a tela.
Uma mensagem de numero desconhecido!
Era o que eu mais queria, certamente, quase meia noite, sozinho em casa, quem nunca desejou mensagens psicopatas? Sempre!
Abri a mensagem, não ver o que era só me deixaria mais angustiado.
“Já ouviu aquele ditado: Quando os gatos saem, os ratos fazem a festa?”
Larguei o celular, permanecendo sentado, novamente ele vibrou: Uma nova mensagem.
Não iria de ler, não iria dar a Max o gosto de me assustar! Nunca! Jamais!
Encarei o celular por mais alguns segundos, cerrei os punhos.
Contei até dez.
Cantei uma musica feliz.
Encarei o celular.
Reparei que a janela estava trancada.
Estava mesmo?
Encarei o celular.
Unicórnios existiam do outro lado do arco íris?
A luz da notificação piscava.
Era brilhante... Chamativa...
—Ah! Que seja! – Peguei o celular e o desbloqueei novamente, procurando a mensagem. —Já estou assustado mesmo!


“Eu espero que sim, pois este ditado nunca me animou tanto como agora. Vamos brincar ratinho?
Ass: Max!”


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Notas finais do capítulo

O prox vai estar beeeeemmm melhor que esse podem ter certeza



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