Face do Passado escrita por kaka_cristin


Capítulo 3
Chapter 3 - Overdose.


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora. to postando 2 capítulos pra recompensar. Brigada pelos reviews pessoal! ^^



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Chegara à hora do show, do camarim eu ouvia a gritaria da platéia. Eu suava frio enquanto me apoiava na mesa de frente pro espelho para não cair por causa da tontura. Peguei uma toalha e sequei meu rosto. Alguém bateu na porta e logo em seguida Mikey entrou.

 

- vamos, o show vai começar.

 

- vai indo na frente. Já estou indo.

 

- está se sentindo bem?

 

- estou. Agora vá. – disse bem grosso e ele foi embora.

 

Olhei pro espelho e escorria suor pelo meu rosto. Eu estava suando parado e sentia frio, estava muito mal. Minha respiração estava fraca, de vez em quando sentia falta de ar. Mas mesmo assim eu tinha que fazer aquele show.

Eu subi ao palco e comecei a cantar. Cantei a primeira música quase que normalmente, mas na segunda...Na segunda eu estava bem pior e comecei a tossir descontroladamente em alguns trechos e deixava a platéia e Ray cantar no meu lugar. Mikey se aproximou de mim sem parar de tocar e perguntou se eu estava bem. Eu fiz com a mão pra que ele dessa o fora de perto de mim e me deixasse em paz. Voltei a cantar, enfim a tosse parara. Mas o suor continuava a escorrer pelo meu rosto. De repente os rostos nas platéias começaram a girar, eu via tudo girar e tomar formas diferentes, me apoiei no microfone jogando todo o meu peso e voltei a me equilibrar em seguida, foi quando vi no meio da multidão aquele rosto. Novamente ele ali me encarando, aquele olhos grandes e azuis. Senti-me tonto de novo e meu corpo ficou dormente, joguei meu corpo novamente no microfone que não me agüentou e eu caí. O teto girava e eu só conseguia ouvir o som abafado de gritos da platéia. Minha respiração estava ficando ofegante, eu estava ficando sem ar. Mikey falava algo que eu não conseguia decifrar, chegaram alguns homens que nunca vi me examinando e daí não vi mais nada.

 

Quando acordei estava num lugar diferente. O quarto todo branco e um bipe ao meu lado alto e irritante. Depois de algum tempo fui perceber que estava num quarto de hospital. Fechei meus olhos e os abri lentamente e então vi que não estava só naquele quarto. Uma menina que aparentava seus vinte anos que eu nunca vira antes estava ali de pé em frente à minha cama toda de branco, pensei ser a enfermeira.

 

- olá Gerard. Como você está?

 

- estou bem. – respondi. - Quem é você?

 

- não lembra de mim?

 

- não.

 

- faz um esforço. – disse ela sempre com um sorriso sereno nos lábios e a voz calma.

 

Eu olhei nos olhos dela, tinha os olhos grandes e azuis, o cabelo loiro escorrido e longo, foi então que a semelhança entre ela e aquela imagem se tornou bem visível.

 

- eu só posso estar...

 

- não é um sonho. – disse me interrompendo.

 

- E...Emi...

 

- isso. – me interrompeu. Abriu um sorriso gigantesco ao pronunciar seu nome. - Vejo que ainda lembra meu nome.

 

- Emily. – disse bem baixo quase que num sussurro.

 

- que bom que não esqueceu, por que mesmo precisando eu nunca te esqueci, Gerard. – ela falava me olhando diretamente nos olhos.

 

- isso é...

 

- impossível? – novamente ela me interrompeu. Parecia saber tudo que eu pensava em dizer antes mesmo de eu pronunciar. – você não está louco Gerard. Sou eu realmente. – ela veio caminhando até o lado da minha cama e pegou na minha mão.  – você vai ficar bem, Gerard. Teve principio de overdose, mas nada grave. Vai sair dessa vivo. Eu estou aqui com você...Mais uma vez. Vou te ajudar a sair dessa.

 

Fiquei olhando com os olhos bem arregalados, estava muito assustado com ela ali segurando minha mão. Tive vontade de gritar socorro, mas não sei por quê não fiz nada. Continuei olhando admirado pra ela. Foi quando ouvi um barulho vindo da porta.

 

- Gerard! Você já acordou. – disse Mikey entrando seguido do resto da banda. Olhei pro meu lado e minha mão continuava levitada no ar. Mas a garota não estava mais ali.

 

- Deus! – gritei assustado recolhendo meu braço.

 

- o que foi? – perguntou Mikey assustado com minha reação assim como os outros.

 

- ela estava aqui. – eu disse apontando pra onde estava a menina antes.

 

- ela quem?

 

- Emily. – todos se olharam assustado com exceção de Mikey que me olhou preocupado.

 

 Depois daquele incidente, eles ficaram ali no quarto conversando comigo por alguns minutos e depois saíram pra que eu dormisse, pois eu ainda me sentia muito cansado. Adormeci durante algumas horas e quando acordava, pude perceber duas vozes no quarto. Abri os olhos lentamente e vi Mikey e um cara que parecia ser o médico conversando bem baixo quase que cochichando. Mas mesmo assim eu ainda consegui ouvir alguma coisa.

 

- eu estou preocupado doutor.

 

- por que?

 

- ele anda tendo alucinações.

 

- isso é normal, ainda está sobre efeito das drogas.

 

- mas eu tenho medo de que ele precise novamente de uma psicóloga.

 

- “novamente”?

 

- sim, Gerard já teve alguns problemas e precisou se tratar. Eu era bem pequeno, mas ainda me lembro. Ele tinha algumas alucinações, na verdade uma amiga imaginária. E depois do tratamento ele melhorou. Hoje quando cheguei aqui ele conversava sozinho e disse estar falando com a mesma garota de quem ele falava quando era criança.

 

- bom, nesse caso eu aconselho que leve ele a uma psicóloga. Será até melhor pra que ele largue esse mundo das drogas. Seu irmão precisa de ajuda.

 

- tem razão. Obrigado doutor. – disse apertando a mão do médico.

 

- eu vou visitar outro paciente agora. Mais tarde quando ele tiver acordado eu volto pra examiná-lo.

 

- eu vou com o senhor, vou falar com o pessoal que ficarei aqui essa noite. – e os dois saíram do quarto.

 

Eu deixei algumas lágrimas escaparem. Estava chateado com tudo aquilo. Novamente eu estava sendo visto como um louco. Eu não era louco. Não podia estar louco. Ela realmente existiu e estava ali ainda pouco segurando minha mão. Foi tudo tão real.


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