Ela não apareceu na escola durante toda a semana. Ficou trancada em seu quarto lendo crepúsculo, tentando entender o que acontecia com sua vida. Em seu celular, tinha algumas ligações perdidas de Tomas e muitas de Mike. Toda noite, ele ia até a varanda do quarto dela, já que a janela do seu quarto era grudada em tal varanda, pois eram vizinhos. Na quinta feira, cansado de ficar do lado de fora, esperando uma resposta, ele invade o quarto dela e a vê em prantos, comendo chocolate e vendo “Como perder um homem em dez dias”.

Vendo-a assim, ele a abraça e pergunta o motivo do choro. Ela simplesmente responde:

– Eu não quero te perder.

– Me perder? Como assim? – ele diz fitando bem seus olhos.

– Tomas irá te chamar para o baile.

– Ele já chamou, mas o que isso tem haver?

– Você é o meu único amigo, eu sou sozinha, ninguém quer sair comigo porque sou feia. Eu não quero te perder.

Mike segura o rosto de Kate em suas mãos, e percebendo que as maças do rosto dela ficaram coradas, diz:

– Mas você é linda.

Kate não entende o que se passa dentro de si, como se um vulcão estivesse em erupção dentro dela. Ela nunca se sentira desta forma, sendo segurada tão suavemente e carinhosamente. Os dois se aproximam a ponto de sentirem a respiração um do outro. Kate nunca pensara que Mike fosse tão lindo. Mas nesta hora seu irmão entra no quarto escovando os dentes, de cueca samba canção estampada por ursinhos.

– Você tem rapadura sobrando?

Ela empurra Mike e olha bravamente para seu irmão. Logo percebe que para combinar com sua cueca de ursinho, ele estava usando as suas meias de ursinho da sorte. Ela sente o sangue ferver e pega sua escova de cabelo e sai correndo atrás dele.

Mike, sem graça, vai embora e deixa um papel em seu piano.