Heresia escrita por Ágata Arco Íris


Capítulo 6
Anjo, demônio ou humano?


Notas iniciais do capítulo

Ser ou não ser, eis a questão....Somente um santo para não perder a razão... kkkk.

Perdão, não consegui deixar de fazer essa piadinha sem graça... Descubra por que!



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Os dois caminhavam a apenas 10 minutos e Noah já havia percebido que a mulher deveria ter andado muito e estava cansada por causa disso. Ele abaixou-se e disse:

— Suba em minhas costas, a senhora deve estar muito cansada.

— Isso é alguma brincadeira?

— Não, vamos, suba! Se não vamos perder mais tempo se a senhora não conseguir andar, além do mais o tornozelo que a senhora virou agora pouco já começou a inchar.

Depois de insistir um pouco a mulher subiu nas costas do estranho que havia lhe oferecido ajuda. Noah começou a andar, mas passado alguns minutos começou a correr para ir mais rápido.

Por volta das 3 horas da tarde viram fumaça e pensaram que fosse lá onde estava os ladrões e sua filha. Estavam certos, a pequena parecia estar bem, o que era um alívio para a mãe, os ladrões estavam bêbados demais para terem feito algo contra ela. Havia cinco bandidos, Noah pediu para que a mulher se escondesse atrás dos arvoredos para sua própria proteção e que caso algo desse errado fosse chamar ajuda.

Ele chegou calmamente por trás das árvores sem que os homens o vissem, estavam tão distraídos bêbados que eu poderia facilmente pegar a menina e ir embora, mas havia um cachorro e ele me viu chegar e latiu, eu para disfarçar disse algo intimidador para eles:

— Vocês não tem vergonha não?

Ele tentou chegar até a menina, mas um dos homens lhe tacou uma faca, Noah a viu chegar e segurou entre os dedos.

— Irmão, sua mira é péssima.

Não tinha jeito, teria que brigar. Ele bateu nos 5 ladrões, mas depois disso as coisas começaram a se complicar um pouco.

Eu não havia reparado no local, estavam á beira de um rochedo, perto de uma caverna, na caverna havia mais 14 ou 15 homens, os que estavam do lado de fora eram apenas guardas.

Quando fui bater no sexto da gangue dois homens me seguraram por trás, levei um susto, mas consegui sair, quando saí levei uma facada em meu abdômen e me arquei um pouco, todos pararam para ver se eu estava morrendo.

Levei um baque com a facada, mas mesmo assim consegui bater em mais quatro ou cinco ladrões. Eu estava a mil, meu coração batia forte, a adrenalina corria em minhas veias e o sangue jorrava como cascata de meu ferimento. Eu caí de joelhos por causa da falta de sangue, caí no chão logo em seguida e um dos bandidos chutou minha cabeça, desmaiei depois disso.

“— Do que você é feito?”

“— Levante-se!”

“— Lute!”

“... Levante-se!”

Eu ouvi todas essas frases em minha cabeça, foi como fosse um sonho, era a voz de meu pai, acordei depois disso. Meu pai havia me dado novamente outra chance, mas por quê? Eu poderia ter morrido ali mesmo, mas ele me deu forças para continuar.

Abri os olhos como uma criança que não quer acordar, a luz Das tochas que iluminavam a caverna me assustaram. Não era noite, mas estava quase escurecendo, ou pelo menos achava assim, na verdade estava chovendo e o céu estava fechado.

Passados alguns segundos que acordei tentei reconhecer o ambiente, estava amarrado do lado de fora da caverna, a faca ainda estava em meu abdômen, havia alguns hematomas e cortes a mais, acho que não conseguiram me matar. Os homens estavam dentro da caverna, riam e zombavam da situação, eu estava até calmo, mas isso foi até ouvir os gritos daquela mulher que havia me pedido ajuda e aparentemente da garotinha também, quando ouvi seus gritos fui tirado do sério.

— Anjo de nada.... Anjo de nada... Eu não sou um anjo de nada.

Gritei como uma fera e assustei os animais que por lá estavam, na verdade até eu me assustei, nem um leão daria um grito tão forte como o meu. Arrebentei as cordas na primeira tentativa e tirei a faca de meu abdômen, eu iria atrás dos bandidos, mas eles já estavam fora da caverna. Não devo ter dormido muito, pois os homens ainda estavam sóbrios.

Defendi o golpe do primeiro, segurei-o pela camisa e o joguei longe, os outros recuaram um pouco. Bati em todos, um a um, após o tombo nenhum queria me encarar novamente, fugiam o quanto antes.

Restavam apenas cinco homens, mas esses eram diferentes, todos pareciam mais monstros do que homens, eram enormes, tão grandes como Noah, tinham cicatrizes, empunhavam típicas armas de tortura medieval.

O primeiro bateu com a clava em seu rosto, Noah virou o rosto e o homem esperava que tivesse quebrado a mandíbula por causa da força abissal que havia colocado no golpe, mas Noah apenas cuspiu um pouco de sangue, deu um soco no rosto e o bandido caiu no chão com alguns dentes faltando.

O segundo usava um machado de duas faces, lhe mandou o primeiro golpe, Noah esquivou e chegou mais perto, o homem recuou e deu o segundo golpe que lhe cortou ligeiramente o rosto. Noah deu outro passo, pegou o mangual e o empurrou contra o bandido que a soltou na hora.

Ele teria dado-lhe um soco se outro não tivesse segurado seu braço. Noah deu um chute certeiro na garganta do que havia lhe segurado, este ficou sem ar e o soltou. Provavelmente ele teria batido no que estava a sua frente se este não tivesse fugido.

O que restou parecia ser o pior, não tinha um olho e uma cicatriz estava sobre o olho perdido, parecia realmente um animal, sua pele era toda escarnificada, a maior cicatriz deixada por esse processo era uma caveira enorme feita em sua costa em volta estava escrito em latim “amor á morte”. Esse bandido era realmente uma criatura assustadora, mas Noah não se abalou nem um pouco.

A espada do homem deveria ter pelo menos o dobro de uma normal, eu não tinha espada então peguei o machado do que havia fugido momentos atrás. O homem lançou a espada por cima de minha cabeça e eu me defendi com o cabo do machado, chutei seu peito enquanto defendia o golpe e ele mal se moveu, eu o empurrei com o machado, ele não era igual aos outros.

Ficamos lutando por um tempo até que ele me mandou um golpe no mesmo local que outro havia dado a facada, eu gritei e ele afundou a espada mais ainda, aquela foi a gota d’água. Segurei a espada com força e fui apertando-a do mesmo jeito que fiz com minhas asas, o metal cortava minhas mãos, mas eu não me importava, chegou um instante em que a espada se quebrou com minha força.

O homem caiu no chão por causa do susto e eu tirei o que restava da espada de dentro de mim, enquanto isso ele tirou um punhal que tinha consigo e levantou-se. Minhas mãos estavam todas ensanguentadas, o bandido levantou-se e mandou o punhal em meu peito, mas o efeito foi diferente do que havia acontecido minutos antes, o punhal entortou ao entrar em contato com minha pele.

Até eu levei um susto naquele minuto, eu não era humano? Acho que o corpo talvez, mas o coração que batia em meu peito ainda era de outra coisa, mas o que seria?

O homem saiu correndo e eu o segui por entre as árvores, em um instante qualquer ultrapassei-o sem ele me ver e o esperei por detrás de uma rocha grande, assim que ele passou por mim eu o segurei pelos seus longos cabelos. Eu havia levado comigo a parte da espada que ele havia enfiado em mim, olhei em seus olhos e vi seu medo reluzir como ouro, ele pedia perdão e que eu não o matasse, levantei a espada, com certeza seria o fim dele.

Nos poucos segundos em que levantei a espada veio um forte pensamento em minha mente que eu já havia pensado alguns dias antes “anjo, demônio ou humano?... Eis a questão.”

Eu levantei a espada e gritei bem alto para que ele ouvisse:

— Você nunca mais vai roubar, matar ou qualquer coisa. Se eu te ver por aqui, da próxima eu juro que não terei piedade.

Os olhos do homem vidraram.

— Você me entendeu? Noah gritou mais alto ainda e soltou os cabelos do homem.

— Sim, eu juro que entendi. Disse aquele bandido antes de fugir.

Meu Deus, o que eu iria fazer? Não sou mais um anjo, não quero ser um humano, mas e um demônio? Nunca havia pensado nisso, talvez fosse melhor do que ser humano, será?

Seja qual fosse à resposta, eu prefiro ser um humano, mas se manchasse minhas mãos com o sangue de meu irmão, o que seria de mim? Isso não me tornaria melhor do que ele, e talvez me tornasse pior apesar de todo mal que ele já havia feito, pois certamente não conseguiria viver com isso.

De longe Miguel olhava tudo e sorria de alegria.

— Isso mesmo meu irmão, parabéns. Eu sabia que você ainda tinha o coração de um anjo, com o tempo você irá se perdoar e voltar a ser um anjo. Miguel caiu rindo de felicidade no chão – Obrigada meu Deus, obrigada por eu não ter perdido meu irmão, meu pai.

Mais ao longe um pouco outra pessoa olhava o ocorrido, não era um humano ou um anjo, era um demônio, o mesmo que havia matado o jovem mais cedo, ele tinha em suas mãos uma gata branca de pelagem grande, uma coleira de couro e uma esmeralda encrustada no meio.

— Que dia mais cheio, não deixa de ser um grande espetáculo, mas eu queria que este acabasse diferente, eu queria ver os homens se matarem, mas nenhum parece ter morrido. Isso é realmente entristecedor!

A gata saiu de suas mãos e desceu para o chão.

— Engraçado benzinho, aquele homem não morreu mesmo depois de tantas facadas e tanto sangue perdido. Há algo de estranho com ele, descubra o que é.

Benzinho, se espreguiçou, deu um miado um tanto longo, depois desapareceu por entre a escuridão da noite.

— Boa menina, boa menina!


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Notas finais do capítulo

O demônio( Ainda sem nome).... Bem, gostando ou não... Ele vai aparecer bastante daqui pra frente.



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