" O QUEEE????"

Não tive tempo para pensar no que estava acontecendo ali, mas de uma coisa eu sabia: Aquilo definitivamente era uma bomba! Do mesmo modo que não estava compreendendo 'bolufas', metade das milhões de perguntas que haviam em minha cabeça foram solucionadas. Parecia que alguém havia jogado um balde de água fria em mim.

Entretanto, como eu disse, não tive tempo de pensar em nada, pois as coisas aconteceram rapidamente. Antes que percebesse, apenas vi o corpo de Beatriz ir direto para o chão e igual a uma amiga-desesperada corri e a segurei. O choque foi tão grande que ela desmaiou! Além disso, havia outro problema: ( e não estou falando da professora que simplesmente comia sua pipoca e não fazia nada) a sala inteira estava 'boiando' já que, não fazia sentido nenhum um personagem homem sem, nenhuma relação com nada, se declarar para outro ( comentário interno da autora: OMG!! YAOI!!!), ou tinha?

Mas, nada tinha muita importância naquele momento. Enquanto eu batia freneticamente no rosto de Beatriz para acordá-la, Lucas continuava lá no chão com a cara de idiota surpreendido enquanto Carol soluçava em sua própria respiração. E então, a ficha dos dois começou a cair quando olharam para a classe paralisada. Eu queria fazer algo, mas estava muito ocupada tentando entender-ressuscitar-mexer. Graças a Deus, Jasmim e Matheus, que provavelmente também estavam entendendo 'bolufas' da situação, se mexeram. Jasmim se pôs na frente de Carol e começou a fingir um novo teatro.

__ Mas que falta de vergonha é essa? __ A loira oxigenada fazia seu personagem __ Dois homens terem um relacionamento? Impossível! Impensável! É por isso Bentinho, que você devia ter ficado no seminário!

__ Isso mesmo __ Matheus começou a encenar puxando Lucas ( Bentinho) do chão __ Agora que você não vai mais se tornar padre, ao menos terá de se casar com Capitu!

__ Uh-uh __ Beatriz começava a acordar __ O que está acontecendo? Onde estou?

__ É-é isso mesmo! __ Me intrometi no teatrinho para tentar ajudar __ Você até mesmo conseguiu fazer José desmaiar, como pôde? Se case comigo e pronto!

Olhei para Carol e vi que ela continuava nervosa, mas deu uma risadinha, provavelmente por quê entendeu que todos ali estavam tentando ajudá-la.

__ M-me perdoem __ Ela engrossou a voz para interpretar o personagem __ Acho que bati a cabeça em algum lugar, não é mesmo?. É-é melhor eu ir antes que piore a situação para vocês dois. __ E saiu de cena.

Dali em diante, continuamos o teatro do modo que estava previsto. Ninguém da sala ficou comentando nada sobre Carol e Lucas, pois ( graças a Deus!) eles acreditaram na cena que tínhamos feito.

Quando o sinal para o intervalo bateu, eu ainda estava guardando as roupas da peça em minha mochila, quando Beatriz me chamou na porta, provavelmente para conversar com Carol. Corri, mas fui puxada pela mão de Lucas.

__ Hã?

__Bia, eu...

__ O que foi?

__ Eu não sabia. __ Ele estava de cabeça baixa.

__ Acho que ninguém sabia.

__ Ela sempre foi muito legal comigo, e eu sempre tentei ajudá-la quando passava por problemas familiares, mas pensei que era apenas isso, não achei que ela tinha esse tipo de sentimento por mim.

__ Tudo bem __ coloquei minhas mãos em sua cabeça __ O amor é realmente imprevisível.

__ Eu me sinto culpado sabe... Carolina é uma garota tão meiga e engraçada, mas eu não consigo ter algum sentimento que não seja amizade.

" Minha amiga acabou de entrar na Friendzone, COITADA!"

__ Você não é culpado de nada. Ninguém é.

__ Por favor __ ele pegou em minha mão e abaixou a cabeça como se estivesse implorando por algo __ Fale com ela por mim, não a deixe sofrer por isso, ok?

__ Ok

Deixei Lucas na sala e corri até o pátio abandonado atrás da escola, onde Beatriz e Carol estavam. Me sentei ao lado delas.

__ D-desculpa, eu não sabia __ falei

__ Não tem problema __ a loira respondeu __ eu não queria machucar você.

__ Me machucar?

__ Acho que eu gosto do Lucas desde o ano passado __ ela levantou a cabeça __ Mas ele nunca mostrou algum tipo de interesse amoroso por mim. Além disso, quando você chegou aqui e nos tornamos amigas, ele começou a gostar de você e eu resolvi deixar vocês dois terem um relacionamento, até que...

__ Até que?

__ Até que apareceu aquele menino Alien.

__ Alien? Oh! Jonas.

__ É... Quando ele apareceu, eu vi que estava acontecendo alguma coisa entre vocês dois. __ " Não estava não tia, tira esse cavalinho da chuva" __ Acho que comecei a ter esperanças de novo.

Quando olhei para Carol, vi a decepção no rosto dela. Comecei a me sentir culpada e nem sabia a razão direito. Eu realmente, nunca pensei que algo assim fosse acontecer comigo, ter um garoto entre amigas. Mas então minha ficha caiu. Certamente nós gostávamos de um garoto, mas não era o mesmo garoto, pois eu não via Lucas do mesmo jeito que Carol. Por mais irritante que fosse para mim pensar que estava apaixonada em Jonas, naquele devido momento, essa ideia deixava tudo mais fácil.

__ Mas você não precisa se preocupar __ sorri e abracei minha mega-hiper-fofa-amiga-loira __ Eu não tenho nenhum interesse no Lucas.

__ É-é? __ Os olhinhos azuis dela brilharam __ ótimo então. Vocês já viram Carolina Sangster desistir alguma vez? NÃO! Eu posso aguentar isso!

__ É isso ai __ falei e gargalhei.

__ De agora em diante, vou deixar bem claro meus sentimentos pelo Lucas e vou lutar para que ele me veja com outros olhos, mas também quero deixar bem claro, que se ele não me aceitar, não vou ficar chorando!

__ Carol você é uma garota de personalidade!

"Quem dera eu tivesse toda essa força"

Enquanto Carolina fazia seu discurso para todas as meninas que estão na Friendzone se inspirarem, Beatriz parecia uma polenta derretida por causa de uma cachoeira. Sem sentido? Nem tanto, já que era exatamente assim que ela estava, chorando desesperadamente.

__ Ué __ Carol virou para Bia __ Eu que tô no 'perrengue' e é você quem está chorando?

__ Isso é... __ A japa soluçava em meio ao choro __ Por quê eu sou uma idiota!!!

__ Idiota? __ falei __ Por que você está dizendo isso?

__ Eu... eu, sou uma péssima amiga! Não fui capaz de entender seus sentimentos e ainda por cima fiquei igual a uma besta jogando o garoto pra cima da Bia2. Ash! Eu sou terrível.

__ Para com isso __ Carol a abraçou __ você não tem culpa de nada, ok? Você só fazia que achava ser o certo. Apenas isso. Mas eu sei o que pode te animar!

__ Hum __ Bia1 soluçou e parou de chorar imediatamente __ O que é?

__ COXINHA!!! __ Carol gritou e gargalhou enquanto saltitava alegremente em direção a cantina arrastando Beatriz junto.

Segui as duas enquanto ria das bobeiras. Aquela cena simplesmente era minha favorita. Eu olhava por trás, duas garotas, uma loira e sorridente puxando outra de cabelos castanhos e olhos puxados. A morena brigando com a outra por causa da situação constrangedora e todos à sua volta rindo das maluquices. Em apenas um ano de amizade, aqueles gestos, aqueles sorrisos, tudo daquelas duas, simplesmente faziam parte de mim. Mas de onde vinha isso? Como pude conhecer pessoas tão incríveis? Ah sim!

Enquanto as seguia, fui me lembrando de como conheci as duas pessoas responsáveis por grandes momentos da minha vida. Me recordei de como tudo parecia estranho e assustador no primeiro dia de aula, sem conhecer ninguém, sem ter amigos, até que as duas se aproximaram de mim. Foi tudo tão rápido e estranho. Elas me mostraram o caminho da classe, me ajudaram a comprar lanche na cantina e até me protegeram contra ameaças de uma patricinha que começou a me rondar. Naquele dia, fiquei me perguntando como isso realmente aconteceu? Foi tão rápido, tão sem noção. Bem, mas acho que sempre será assim com a gente, afinal éramos e sempre seremos o trio mais sem noção da história!

*****************************************************

__ JONNNAASS!!!!

Eu estava irada. Completamente brava. Nervosismo saía dos meus poros e estava prestes a ter um ataque.

Ao chegar no apartamento dos Lancastters, ainda dou adeus ao doce sonho que me dizia que teria uma dia sem complicações. Mas não, lá estava eu, em meio a sujeiras, vasilhas, brinquedos, almofadas e uma galinha espalhados por todo lugar. Sim! Uma galinha!

__ O que? __ Ele me olhou, enquanto estava deitado no sofá __ você ficou me ignorando todos esses dias, precisava chamar sua atenção.

__ COM UMA GALINHA?

__ Aham.

__ Ah, vai se catar!!!

__ Olha a boca, você ainda é minha empregada, esqueceu?

__ Affz. Pegue essa criatura, agora!

__ Olha as ideias! Você é a serva aqui, pegue você!

__ Ash!!!

Resmunguei, me debati, soquei a parede, coloquei o nome de Jonas na listinha negra da macumba, mas no final tive que correr atrás da galinha. Tom, como sempre, gargalhava mais do que tudo. Quando finalmente consegui pegar a criatura ( que se debatia bastante) olhei para o lado e vi Jonas rindo de mim. Eu poderia ter ignorado ( EU PODERIA TER IGNORADO!!) mas não, meu coração começou a palpitar fortemente. Olhava para aquele incrível sorriso. Aquele era um dos raros momentos em que ele ria de verdade e eu estava feliz por isso, mas ao mesmo tempo sentia uma vergonha gigante, afinal eu estava com uma galinha nas mãos. Em falar da ave, eu acabei me esquecendo dela ( Jonas seu idiota que fica me desconcentrando!) e o bicho ao ver minha fraqueza, saltou das minhas mãos e pulou no meu rosto ( qual o problemas dessas aves com o meu rosto?). Ela me bicou fortemente na testa, que começou a sangrar, e depois saiu pulando por ai.

Jonas quando me viu sangrando parou de rir imediatamente e correu em minha direção.

__ Você está bem? Se machucou?

__ Não idiota, eu passei ketchup na testa! __ falei ironicamente

__ Não faz piadinha agora! __ Ele pegou um lenço e começou a limpar o machucado.

__ Ai!!

__ Escandalosa. Já parou de sangrar e está cicatrizando.

__ Mas dói!

Jonas então, fez algo inesperado. segurou em minhas mãos, me puxou para perto e beijou minha testa.

__ Agora não dói mais __ Ele riu e eu fiquei tão vermelha quanto um tomate maduro.

__ U-uh __ eu tinha que sair de perto dele __ vou pegar a galinha!

E saí.

Claro que a bicha não era nem um pouco burra, e apesar de ter a pernas curtas, corria feito um papa-léguas, além do que, a cena anterior com Jonas não estava me ajudando mentalmente em nada.

Quando finalmente consegui, abracei a ave forte até que ela parasse de tentar resistir. Eu cheguei a pensar que teria um momento de paz, mas então ouvi a campainha tocando. Como Jonas é um faz-nada e Tomas ainda era um bebê, sobrou pra mim e pro gasparzinho abrir a porta. E como eu não queria que nenhum gasparzinho aparecesse, tive de fazer o serviço por mim mesma.

Coloquei a galinha em baixo do braço e fui atender a pessoa. Poderia ser uma vizinha, poderia ser Jasmim vindo pedir informações sobre o que havia acontecido mais cedo na escola, poderia ser o porteiro, poderia ser um vendedor ambulante, mas não. Para meu desespero não era.

Quando abri a porta me deparei com uma garota, de uns quinze anos talvez, cabelos chocolate e olhos verdes. Ela era realmente bonita, parecia uma modelo, tinha um corpo perfeito e se vestia impecavelmente. Apenas de olhar para ela, já sentia coisa ruim vindo.

__ O-olá. P-posso ajudar?

Primeiro ela olhou pra minha cara, depois para o meu machucado, para minha roupa comum, para meu cabelo bagunçado e logo após para a galinha em baixo do braço.

__ Mas o qu... QUEM É VOCÊ?

__ O-oh, acho que eu deveria perguntar isso.

__ Hum __ a garota empinou o nariz e fez uma cara esnobe __ esses empregados de hoje, ficam cada vez mais mal educados.

__ O-oi?

__ Olha só, anda logo e vá chamar o Jonas!!!

__ O-ok, mas quem gostaria?

__ Ele não avisou que eu vinha? Ou talvez seja seu cérebro de rato? Enfim... eu sou Alice Médici, futura namorada do Jonas e... Vá logo chamar ele!