" Não existe nada de completamente errado no mundo, mesmo um relógio parado, consegue estar certo duas vezes por dia."

– Paulo Coelho

O começo do outro dia correu bem, eu e Enzo fomos ajudar Jack com os cavalos, Enzo já conseguia montar neles, já eu tinha certa dificuldade, então eu fiquei apenas com a diversão de colocar comida pra eles. Era até divertido me dava uma bela vista da bunda de Enzo, mas fora isso não era uma tarefa que eu poderia implorar pra realizar, as vezes quando não dava pra ver a bunda de Enzo daqui ficava chato.

Eu trabalhei a manhã toda, e se possível eu já estava morrendo, literalmente morrendo de cansaço. Eu já devia ter parado pra comer o almoço, mas eu estava cobrindo Stefan e Katherine, que tinham ido se aventurar na floresta, não me pergunte o que iriam fazer, eu apenas estava encobrindo o encontro, nada mais, porém eu tinha quase certeza que iria me ferrar se Jack descobrisse, ele não se importaria com o meu papel na fuga, apenas com a minha participação.

– Care, não quer parar pra comer ?- Enzo me perguntou enquanto arrumava a cela do próximo cavalo que iria subir. Acho que ele já havia notado que eu estava interessada de mais em um trabalho horrível, eu acho que até já sabia. Mas se nós tivermos sorte Enzo não iria contar a Jack, sim nós, porque eu posso não estar no encontro, mas no momento em que aceitei colaborar, eu me enfiei no problema, se alguém se foder eu vou acabar indo junto.

– Não, eu estou bem.- Digo, limpando com a costa da mão o suor que pingava sem fim da minha testa, forcei um sorriso e continuei arrastando os sacos de comida até a cela dos porcos.

– Não precisa cobrir o Stefan, Jack nem vai notar.- Ele diz sorrindo travesso, os dentes brancos brilhando, enquanto um dos os olhos projetavam uma piscadela.

– Do que você ta falando? Eu apenas quero ajudar.- Negar, essa era a melhor forma de continuar com a mentira. Eu sabia que Enzo era esperto, e que eu era uma horrível mentirosa, mas talvez eu só estivesse subestimando as minha habilidades com mentiras, afinal a vida andava me passando uns trotes nos últimos meses, alguns melhores do que os outros.

– Não se faça de tonta, acha que não reparei que Stefan sumiu faz mais de seis horas ? Eu não estou tão cego quanto o Jack, sabe... eu sou o seu psicólogo você deveria confiar em mim.- Ele dizia tudo acariciando o cavalo branco que estava limpo, pronto para uma partida.

– Eu confio, só que esse segredo não é meu.

– Eu não vou contar pro Jack, porra! Eu não deixaria o Mané loiro correr o risco de ser acertado por uma das botas do Jack, dói pra caramba.- Enzo disse, a história parecia lhe trazer uma lembrança de dor, mas eu podia imaginar só pelo barulho que as botas de couro do velho faziam, que aquilo devia doer de verdade

– O problema não é esse, eu vou acabar me ferrando por ter ajudado os dois, quero pelo menos diminuir minha pena por bom comportamento.- Disse meu cenho provavelmente franzido, despertando o sorriso de Enzo.

– Nós deveríamos relaxar.- Enzo disse olhando para o além.- Que tal irmos ao festival da cidade?- Ele sugeriu olhando perfeitamente dentro dos meus olhos, eu olhei pra onde Stef e Kath tinham sumido. Isso me pouparia de ter que encobri-los.Então sorri.

– Quando ? – Eu perguntei indo como de costume um pouco pra frente, na direção de Enzo, ele sorriu.

– Amanhã está bom pra você ?- Ele perguntou colocando seu chapéu em minha cabeça, meu cabelos de imediato ficaram desarrumados, me fazendo ter que tirar o chapéu pra ajeitar.

– Está ótimo.- Disse colocando o chapéu com estilo em minha cabeça.

– Sairemos as seis, esteja pronta.- Enzo disse apontando com o dedo descaradamente pra mim, eu assenti, e ele se foi, montado no cavalo correndo entre o mato bem aparado da fazendo. Retomei o trabalho levando as grandes sacolas pesadas pra dentro do estábulo, estava na hora de alimentar as vacas. Mas eu não consegui não pensar enquanto pegava o capim, que amanhã eu teria um encontro com Enzo, eu tinha tentado evitar com a viagem, mas de alguma forma ele conseguiu me convencer a sair com ele de todo jeito, e era estranho porque eu estava feliz com isso.

Enquanto eu entrava nos cercados das vacas, Stefan e Katherine vieram correndo de dentro da floresta, correndo feito duas crianças arteiras depois de ter aprontado alguma coisa,Stefan gargalhava enquanto Katherine contava alguma coisa em seu ouvido, os lados dos corpos dos dois se chocavam enquanto ela tentava continuar a falar com ele durante a corrida, que tinha como destino a mim.

– Care, eu to te devendo uma!- Katherine veio gritando, se pendurando no cercado, as pernas torneadas e bem bronzeadas marcadas pelo shorts jeans surrado, Stefan com um pouco menos de delicadeza que a menina em subir sentou no cercado também, ele alternava entre dar risada e perder o fôlego.

– Tudo bem eu vou adicionar na sua conta.- Disse e fui tentar deixar o capim no lugar da comida, mas acho que as vacas não gostaram de mim, porque avançaram e me deram um belo esporam, me agarrei na cerca enquanto ouvia Katherine morrendo de rir, Stefan chegou a cair do cercado de tanto rir.

– Meu Deus Caroline, elas realmente não gostaram de você.- Katherine disse o obvio, tentando conter a risada. Já Stefan não fazia questão de esconder nada, ele ria feito uma gazela com problemas respiratórios.

– Teve problemas com as suas primas, Caroline ?- Stefan gargalhou enquanto dizia, conduzindo Kath para o mesmo caminho. Porra, ele tinha mesmo me chamado de vaca ?

– Vaca é a sua mãe, seu retardado, já foi cuidar dos pintinhos porque eles me lembram o seu...- Eu ia continuar, mas Stefan me censurou, Katherine me olhava com os olhos castanhos arregalados, mas parecia contente.

– Ei, calma ai Caroline, acho que tanto trabalho ta afetando o seu cérebro.

– Então trate de você vir dar comida pra elas, eu já estou cansada.- Suspirei reclamando, eu continuava agarrada a cerca. Stefan pulou dali e puxou Katherine junto.

– Desculpe Care, mas nós precisamos ir falar com o Jack.- Ele disse, Stefan não estava nem ligando pro fato de eu estar trabalhando desde manhã para o ajudar com esse encontro, e se agora ele achava que conversando com Jack iria conseguir um trato para poder namorar Katherine, ele estava muito enganado.

– Você não pode estar falando sério.- Eu ainda não acreditava que ele iria me deixar ali, mas Stefan soltou a mão de Katherine dando um sorriso que quase dizia “ espera”, e veio até mim.

– Eu prometo que te recompenso depois.- Stefan prometeu, juntando as duas mãos. Pense bem Caroline, eu poderia sair amanhã com Enzo sem nem me preocupar com trabalho algum.Suspirei, mas acabei assentindo, e Stefan sorriu.- Obrigado!Obrigado!- Disse me dando um beijo no rosto, que eu tratei de limpar.

– Ta. Ta. Mas vai logo antes que eu mude de idéia.- Então ele me soltou e foi correndo com Katherine. Bufei e me virei pra frente, olhando pra aquele bando de vacas bem na minha frente, eu só queria sair dali, mas precisava colocar a droga da comida pra elas comerem.

De fininho eu fui o mais próximo que conseguia até o capim estirado no chão, mas parecia que as vacas tinham um radar, por que no momento seguindo avançaram, e eu me joguei na cerca de novo.

– Vamos Caroline, deixa de ser molenga.-Kaleb passou do outro lado da cerca indo pro celeiro, pelo que eu sabia ele só trabalhava ali, não era da família, mas era um conhecido deles.

– Você fala isso porque está acostumado com as vacas, na cidade nós não temos vacas. Sabe ?- Eu usava uma blusa xadrez vermelha, mas agora quase parecia marrom pela quantidade de barro que escorria por ela, minha calça por sorte estava menos suja, já sobre a minha bota eu não podia falar a mesma coisa, se possível ela parecia que tinha levado um banho de terra.

– Vocês da cidade são frescos mesmo.- Ele estalou a língua, me olhando como se eu fosse um animal idiota.- Não se esqueça de alimentar a Charlene, ela não fica junto das outras.- Ele disse preocupado, mas eu não ligava pro que o caipira retardado pensava, eu não gostava dele. Seu cabelo loiro sempre bagunçado, e sua pose de cowboy só me deixavam mais irritada, fora o modo como ele me tratava só porque era da cidade.

– Quem é Charlene ?- Eu afinava a voz quando estava nervosa, e esse caipira me irritava o suficiente.

– Nossa melhor vaca, você vai saber quem é ela, eu coloquei uma coleira no pescoço da Charlene. – Ele me respondeu e simplesmente saiu, indo pro celeiro, isso ao mesmo tempo era bom e ruim, bom porque eu já não agüentava mais olhar pra cara dele, eu sentia como se fosse vomitar, e ruim porque eu não sabia o que fazer.

Então quando eu achei que as vacas estavam longe o suficiente, corri até o capim e enquanto elas vinham enfurecidas em minha direção, eu quase me joguei na direção do lugar da comida, jogando o capim ali dentro, e me agarrando na cerca, pulando pro outro lado, aonde eu sabia que estava segura.

Suspirei e inspirei, tentando acalmar minha respiração de algum jeito. Segui pro celeiro onde o idiota do caipira tinha entrado e o encontrei limpando a cela de um cavalo. Nem esperei ele descobrir que eu estava aqui.

– Onde ficar a cela da Charlene ?- Eu perguntei, fazendo Kaleb quase morrer de susto em um pulo digno de competição.

– Que susto, dominadora de vacas.- Ele falou colocando a mão no peito, e me dando um apelido idiota, igual a ele.- A última cela a esquerda.- Ele apontou pro fim do corredor, e eu só assenti e fui em direção a última cela, encontrando uma vaca branca igual a um papel, e totalmente limpa. Kaleb abriu a cela pra mim e eu entrei.Os olhos negros de Charlene me acompanhavam por todos os lados, e foi quando ela começou a vir em minha direção que eu me desesperei.- Não, amiga, amiga.- Eu parecia ridícula, enquanto tentava acalmar a vaca, mas eu estava surtando, quando ela avançou mais eu corri pro outro lado da pequena cela.

– Calma, calma Charlene.- Eu pedia com a voz chorosa, enquanto eu quase chorava lá dentro Kaleb ria me olhando ser um fracasso total com a vaca.

– Eu vou a cidade agora, então faça o favor de tirar o leite da Charline também.- Ele apenas disse e me jogou a chave da cela e um balde de aço, para depois ir embora me deixando sozinha no celeiro.

–não, não. Eu não vou tirar o leite de uma vaca, eu não posso. – Falo com a voz tanto chorosa quanto exalando nojo, mas parecia que nem Charlene e Kaleb concordavam comigo. Peguei o capim e joguei dentro do latão de comida, só faltava a parte mais difícil. Tirar o leite da vaca.

Mas quando eu tentei avançar pra ir até ela, Charlene resolveu dar uma de difícil e se afastou. Vaca idiota.

– Vamos Charlene, me ajude , eu preciso que confie em mim.- Era cômico de se ver, eu tentando ganhar a confiança de uma vaca,e Charlene realmente era uma vaca nada fácil de se lidar, acho que era o bicho mais convencido possível, então eu apelei para a coisa que mais trás confiança entre duas pessoas, ou nesse caso entre uma pessoa e um animal. Segredos.

– Se é isso que você quer, eu te conto meus segredos se me deixar tirar o seu leite.- E como se ela pudesse me entender, me deixou me aproximar, fiz um carinho por todo costa dela e me agachei colocando o balde em baixo.

– Ta certo, o que você quer saber ?- Eu sei que era ridículo, mas eu iria realmente contar meus problemas pra vaca se ela me deixasse tirar a porra do leite, porque 1- ela não podia contar pra ninguém, 2- não iria entender nada do eu contaria pra ela e 3- eu precisava me desabafar com alguém, e quem melhor do que uma vaca pra fazer isso ?

Olhei nos olhos dela, que refletiam todo o meu rosto.

– Bem pulando toda a parte do drama, que só consiste na droga da minha vida e na noticia de que meu filho tem câncer, só sobra garotos, e você me parece alguém que gostaria de falar sobre meninos.- Naquele momento eu estava fingindo que ela era uma pessoa de verdade, eu podia ter uma visão de como Charlene seria se fosse humana, uma loira com os cabelos tão claros que chegariam perto do branco, e olhos pretos que refletiam tudo, ela seria linda, mas bonita do que na versão vaca.

– Bem eu nem sei como ou quando, mas eu passei de encalhada para possuidora de dois corações britânicos em menos de um mês, e isso chega a me assustar as vezes, eu sei que sou bonita, mas as vezes parece tão surreal que eu chego a me perguntar se não é apenas uma pegadinha. O Klaus, sério eu nem sei falar sobre isso, mas as vezes o Klaus é perfeito sem ele mesmo saber, ele é tão divertido, e lindo, eu poderia ficar olhando pros olhos dele por uma eternidade e nunca saberia te dizer se eles são mais azuis ou mais verdes,ele não precisa me lançar uma cantada pra me conquistar só sorriso dele já faz isso, Deus o sorriso dele me desarma inteira. E ele beija tão bem, é como se fosse um chocolate derretendo nas sua boca, é macio e doce, isso sempre me deixa com mais vontade de beijá-lo, e eu daria qualquer coisa pra beijá-lo agora. – Soprei, era estranho estar contando sobre Klaus enquanto eu pegava nos peitos de Charlene, eu sei que estava apenas tirando leite da vaca, mas pra falar a verdade além de ser vergonhoso, tinha o risco de alguém aparecer ali e ouvir tudo. Tinha o risco de Enzo ouvir tudo.

– Eu sei,eu sei, então porque eu não fico com ele ? Bom é nessa parte em que o outro coração britânico entra. Enzo é tão seguro de si, confiante, eu sempre fico com inveja dele por isso, sempre fico querendo que ele me ensine a ser assim, mas ele não é só isso, o Enzo é doce, e apesar de eu sempre falar pra ele sobre o Klaus, ele é forte o suficiente pra agüentar, ele está sempre me colocando acima da suas vontades. Enzo me conhece de verdade, e ele sabe o meu limite, e eu mesmo sem ter o beijado tenho a plena noção do que sinto por ele, eu sei que estou o machucando na maior parte do tempo, falando sobre o meu relacionamento com o Klaus, não aceitando sair com ele, e eu quero algo melhor pra Enzo. Ele sorri mesmo quando está sendo machucado por mim, e eu ando o machucando muito ultimamente, eu só queria que ele soubesse que ainda é uma opção.- O balde estava quase cheio, mas eu não acho que iria conseguir ficar ali por muito tempo, eu já estava suando, minha camisa pingando suor, e meu coração acelerado enquanto eu tentava buscar um pouco de ar. Forcei minhas mãos a serem mais rápidas, olhando para a pequena janela que tinha ali eu já podia notar o crepúsculo se formando.

Eu adorava o por do sol, mas não queria vê-lo dentro de uma cela. Assim que terminei, me levantei trazendo o balde junto, o leite pingava no chão quando eu balancei para abrir a cela. Deixei a chave em cima de uma taboa de madeira que servia como uma mesa, e fui levar o balde de leite pra dentro da casa.

A senhora Elise esposa de Jack, ficava a maior parte do tempo na cozinha, preparando as coisas mais gostosas que você pode imaginar, as mãos delas eram quase mágicas. Deixei o leite em cima da pia, em um lugar bem visível pra ela, Elise tinha um leve problema de vista que veio com a idade.

Subi para o meu quarto, pra pegar minha roupa e deslizei para o banheiro. Tranquei a porta e coloquei o cesto de roupa segurando, na casa tinha apenas um banheiro, ou seja eu tomava banho no mesmo lugar que o velho Jack, então eu colocava o cesto pra ter certeza de que ninguém entraria ali. Eu tomei um banho rápido, tínhamos ali uma regra rígida de não desperdiçar água, me sequei e coloquei a roupa dentro do banheiro mesmo, eu estava em uma casa com bastante homens seria ridículo andar pelo corredor só de toalha.

Assim que estava completamente vestida, liguei pra Elena. Minha conversa com ela foi rápida, porque logo em seguida Chris pegou o telefone conversando comigo com a voz afobada. A ligação foi rápida, mas o suficiente pra me fazer sentir mais saudades do meu homenzinho. Eu desci para o jantar, a mesa já estava pronta, e todos sentados em seus lugares, cada neta de Jack sentava uma do lado da outra, e eu sentava no meio de Stef e Enzo, ainda estava um pouco chateada com Stefan, e morria de vergonha de Enzo depois de hoje mais cedo, então eu apenas comi em silêncio com a cabeça baixa, até que Jack me chamou.

– Kaleb me contou que você tirou o leite da Charlene hoje Caroline, como foi ?- Ele perguntou, as rugas pareciam bem ferozes em seu rosto, mas Jack conseguia ficar ainda mais simpático com elas.

– Um pouco difícil, mas eu consegui entreter ela.- Dei um sorriso amarelo.

– Parabéns, ninguém consegue tirar o leite de Charline de primeira, o que você fez pra ela ficar calma ?- Dessa vez foi a neta do meio de Jack, ela era quase encantadora de cavalos, não havia ninguém que conseguisse controlá-los mais que ela, vê-la cavalgando era lindo.

– Contei segredos pra ela.- Soprei calmamente.

– O cê não pode estar falando sério.- Kaleb disse com a voz quase sofrida, mas eu assenti.

– Eu juro, ela é uma ótima ouvinte.- Digo, e vejo o sorriso velho de Jack, todos estavam de bem com minha resposta, o único estraga prazeres era o caipira idiota.

– Claro ela é uma vaca.- Ele disse como se fosse obvio.

– Já chega, sem brigas por hoje.- Jack aumentou o tom da voz, e eu me levantei, tinha comido metade do meu jantar, mas nada mais descia, não enquanto eu tivesse que olhar pra cara feia de Kaleb.

– A comida estava deliciosa dona Elise, obrigada mesmo, mas eu estou cheia.- Me justifiquei não queria que ela pensasse que estava saindo porque a comida não era boa, pelo contrario acho que nunca tinha comido algo tão delicioso. Da escada eu podia ver Jack fuzilando Kaleb pelo olhar, mas eu não liguei, apenas entrei no meu quarto e deitei.

Eu observava as linhas de madeira do teto, todas tinham o mesmo destino e sempre tão retas, foi com esse pensamento que eu adormeci. Não fazia idéia de quanto tinha dormido, mas acordei assustada com os gritos e barulhos que vinham do andar de baixo, vesti meu robe,e fui pra fora do quarto encontrando Enzo de pijama e enrolado em um cobertor de pelo.

– O que aconteceu ? Um ladrão ?- Perguntei ainda um pouco sonolenta. Enzo negou, foi ai que percebi que ele não estava com sono e sim rindo.

– Não. Jack pegou o Stefan no quarto da Katherine.- Enzo disse olhando pra mim.- Belo robe.

– Oh não.- Eu lamentei já sabendo o caos que iria acontecer.

– Oh sim.- Enzo disse, ele parecia se divertir com a situação.

– Eu vou quebrar a sua cara seu menino da cidade de merda! Eu vou cortar o seu pau, depois de balear a suas bolas. Eu vou te matar seu filho da puta!– Jack rosnava, puxei Enzo escada a baixo encontrando Katherine aos prantos no sofá com suas irmãs, mãe e vó ao lado. Já Stefan estava atrás de Ty e Kaleb pelo pouco que pude ver ele estava só de cueca. Idiota de merda. Jack estava vermelho de raiva e a espingarda já estava em suas mãos, pronto pra atirar em Stefan.

– Seu burro. Eu avisei você seu bundão, você só faz merda Stefan, nós estamos na casa do Jack, você tinha a merda da obrigação de seguir as regras dele. Mas você como qualquer moleque de merda, que só consegue pensar com a cabeça de baixo, estragou tudo.- Eu gritei com ele, Katherine me olhava assustada, mas eu estava zangada, se ele ficasse sem as bolas a culpa seria dele. Enzo parecia decepcionado, ele segurava o rosto entre as mãos. Me virei para Katherine.

– Eu avisei você Katherine, achei que era esperta o suficiente, mas você dois são tão burros , mas tão burros que acho que merecem isso.- Eu falei, raiva pingando das minha palavras, segurei a barra do meu longo robe e subi a escada, em passos duros, abri e fechei a porta do meu quarto com tudo, me jogando na cama.

O burburinho no andar de baixo não parou, mas eu pude ouvir passos vindo até o meu quarto. Ninguém bateu e nem abriu a porta, mas um papel escorregou pelo vão da porta.

Peguei o bilhete e reconheci a caligrafia de Enzo.

Espero que você fique bem, Stefan foi um idiota hoje, mas não deixe que isso estrague o seu dia Caroline, você é muito boa pra ter que se preocupar com o que ele faz, ele já é bem grandinho. Sabe eu não consigo parar de pensar em amanhã, e espero que você também não, vou te levar na minha lanchonete favorita, espero que goste de cantar, porque eu não perco o karaokê por nada.

Apenas fique bem. Beijos e boa noite .

Enzo.

Sorri lendo o bilhete, infelizmente não tinha como responder, eu não tinha uma caneta,e descer para o andar de baixo era a última coisa que iria fazer. Então me cobri com as cobertas e fiquei relendo o bilhete até pegar no sono.