" A amizade é um amor que nunca morre. "

– Mario Quintana

Ele queria ter um encontro comigo ? Sério? Eu ainda estava procurando vestígios de brincadeira em sua voz, mas não tinha nada. Ele havia falado a verdade.

– Sabe, a viagem me parece uma boa opção agora.- Eu disse fugindo do assunto. Era incrível como eu havia ganhado dois britânicos que estão a fim de mim de uma hora para a outra, quando a menos de uma semana nem eu gostava de mim mesma.

– Não, claro. Me desculpe Caroline, eu não queria que interpretasse desse jeito.- Ele parecia desesperado, tentando achar alguma desculpa mirabolante para cobrir a vergonha que tinha sido ser rejeitado.

– Tudo bem, bom a viajem não me parece uma má idéia agora.- Eu digo quebrando o gelo que havia se formado entre a gente.

– Claro, então eu pensei que talvez você pudesse convidar alguém para ir junto, por que sei lá talvez eu possa ser um estripador ou um assassino pronto pra te matar.- Ele brincou.- É que sei lá, ir a uma viagem sozinha com seu psicólogo não me parece algo legal e nem normal, pelo menos se tiver um amigo seu junto eu vou me sentir melhor e acho que você também vai.

– Ta certo, acho que o Stefan vai adorar uma boa viagem, mas eu ainda não sei , onde Chris vai ficar ?- Essa era uma questão delicada eu precisava de férias para botar tudo no lugar, talvez assim eu acabasse me concentrando mais em tornar tudo mais fácil para Chris, eu sei que não vai, mas se pelo menos eu puder passar a idéia de que ele estava bem , fosse tudo bem mais fácil. Porém ele virava um empecilho na viagem se Stefan fosse comigo, com quem eu iria deixar-lo enquanto estivermos fora ?

– Aposto que suas amigas não vão se incomodar em cuidar dele por uns três dias.- Ele sorri sapeca. E bem esse era o único jeito de ir a viagem, então eu já deveria estar preparando um discurso para quando for contar pra Elena e Bonnie.

– Você tem razão vou ligar pra elas depois.- Eu digo pra ele.

E assim segue a consulta, comigo desabafando com ele enquanto com os olhos atentos e as mãos rápidas ele anotava tudo, enquanto tínhamos um diálogo sobre a minha vida de merda. O tempo passou mais rápido do que eu esperava e logo depois Enzo já estava me pedindo pra levantar.

– Caroline.- Ele me chamou, quando eu estava quase na porta.

– Sim.- Respondi.

– Eu já ia esquecendo, aqui está a sua receita.- Ele me estendeu dois papeis , e eu franzi o cenho, mas fui pegar as folhas, e eram exatamente o que eu pensava. Receitas de remédios. Tinha dois no máximo. – Por favor, não confunda os remédios, esse é pra noite e esse pro dia, são remédios anti-depressivos, mas eu quero que fique bem ciente que eles vão te dar bastante sono.

– Que maravilha, tudo o que eu mais quero no momento é dormir.- Eu brinquei enquanto tentava ler o que ele havia escrito, não era uma letra tão ilegível igual de um médico, mas também não era tão fácil de se entender.

– A isso é bom, aposto que nem um elefante vai conseguir te acordar de noite.- Ele diz me conduzindo até a porta.

– Hum... Isso me parece tão bom.- Eu digo entorpecida pelo cheiro delicioso de café que vinha da copinha.

– E é mesmo. Bem quando você decidir se vai poder ir ou não na viagem, você pode me ligar.- Ele me entregou um cartãozinho com o número de seu celular escrito atrás de caneta azul.Eu sorrio. Era o segundo número de telefone de um inglês que eu conseguia,e isso me parecia uma incrível coincidência.

– Tudo bem, tchau Enzo.

– Tchau Caroline.- E assim eu saio da sala, e Enzo chama seu próximo paciente. Stefan estava enfiado com a cara em uma revista, mas eu podia ver que ele só estava com medo das velhinhas que quase babavam por ele, elas estavam tão vidradas que eu não sabia se tinham morrido ou se só estavam sendo velhas pervertidas, e imaginando Stef sem roupa.

Ele quase pulou da sofá quando me viu, eu marquei a próxima consulta e ele acabou me puxando que nem um louco pra fora do lugar.

– Por favor em um futuro em que eu diga que quero te acompanhar na consulta, pelo amor de Deus me lembre dessa cena horrorosa em que eu fui assediado por velhinhas que tem a idade pra ser minha vó.- Ele disse ainda me puxando em direção do carro, o que vamos combinar é meio longe.

– Stef posso te perguntar uma coisa ?

– Claro, pode falar Car.

– Se eu te pedisse pra ir em uma viagem comigo e com Enzo você iria ?- Eu perguntei puxando Stef, para ele diminuir a porra do passo, eu estava ficando cansada.

– Antes de tudo, quem é Enzo ?- Os olhos verdes brilharam em curiosidade.

– O meu psicólogo talvez ?- Eu tentei ser engraçada, mas a única coisa que ganhei de Stefan foi um peteleco no braço.- Au! Seu bundão.- Eu xinguei.

– Bundão não deveria ser um insulto.- Ele disse e continuo.- Mas voltando ao assunto, depende muito do dia em que vamos, mas eu iria sim com você.

– Valeu Stef.- Dei um beijo na bochecha dele.

– De nada...- Ele sorriu travesso.- Bundona. – E saiu correndo que nem uma criança com sérios problemas mentais, e eu fui atrás porque de uma maneira mágica ele havia pegado minhas chaves. Stefan já tinha entrado no carro quando cheguei, então eu tive que ir no banco do passageiro.

Fomos direto buscar Chris. Klaus me viu e sorriu e eu apenas sorri de volta acenando. Chris e Stefan entraram correndo no carro e eu fui deixar os dois na porta do cinema.

– Se comporte com o tio Stefan.- Eu disse pra Chris, que me envolvia em seus bracinhos pequenos. E ele riu. Os cabelos quase dourados de Chris estavam ralinhos, mas mesmo assim ele continuava a sorrir, as vezes eu queria ser como ele. E foi ai que senti um cheiro estranho.- Que perfume é esse que você ta usando, bebê ?

– É colônia masculina mamãe, o tio Klaus me deixou usar, agora eu estou cheirando igual a um garoto grande.- Ele riu, e inspirei seu perfume preso em seu pescoço . Definitivamente não havia uma dúvida se quer, de que era o perfume de Klaus, mas ainda sim era o meu menininho que estava usando, e eu não queria que ele ficasse igual a um garoto grande, porque ele sempre seria o meu garotinho pequeno.

– Está cheiroso.- Eu digo sorrindo.

– Não é verdade ?- Ele pergunta.

– Aham. Eu te amo , vê se cuida do seu tio, em ?- Falei brincando, Ele me abraçou mais uma vez.

– Também te amo mamãe. Pode deixar que eu vou cuidar do tio Stef.- Ele me deu um beijo e entra no cinema com Stefan, que acenou pra mim antes de seguir o pequeno garotinho que o puxava para dentro.

Fui de carro até em casa, o que era quase atravessar a cidade inteira, e sei que não é seguro, mas durante a minha viagem liguei pra Elena e Bonnie pedindo as duas para irem em casa. Já finalmente em casa eu liguei pra pizzaria e pedi duas pizzas grandes, e minhas amigas fazendo jus a fama das duas de serem super atrasadas, chegaram quinze minutos depois da pizza.

Eu mal abri a porta e as duas invadiram minha casa sem nem dizer oi, Bonnie pendurou o casaco marrom cheio de botões nos cabides, já Elena foi correndo até o sofá, se atirando nele parecendo até uma geléia toda espatifada.

– Me diga que a comida já chegou ?- Bonnie falou com um certo drama na voz, se jogando no sofá ao lado de Lena.- Por sua culpa eu nem jantei.- Ela reclamou.

– Ainda bem, porque se não eu teria comprado pizza á toa. – Deixo as duas ali e vou até a cozinha pegar as pizzas, enquanto isso Elena foi buscar travesseiros e uma coberta grande, já bonnie me ajudou a preparar um suco.

Sentamos nós três no sofá uma do lado da outra, com a pizza e o suco na mesinha em nossa frente. As pernas de Bon estavam esticadas em cima do meu colo, enquanto riamos uma da outra. Eu esperei as duas contarem sobre o que fizeram nos últimos dias, e nada especial, fora rapidinhas mal sucedidas no balcão da cozinha, e o filho perguntando de onde os bebes vem.

– E eu tive que jogar a culpa na cegonha, porque eu não iria explicar todo o processo de fazer um bebe para uma criança de sete anos.- Bonnie disse. Ben era uma fofura o único filho até agora da minha amiga, eu não fazia idéia se ele se parecia mais com Bonnie ou com Jeremy, na verdade ele é uma mistura perfeita dos dois, a pele clara idêntica a de Jeremy, embora os cabelos negros cheios de cachinhos fossem de Bon, a boca era fina e rosada e ele tinha uma longa camada de cílios, na verdade os cílios naturais de Ben eram até maiores do que os meus lotados de rìmel.

– Elena tem sorte de estar bem longe de ter essa conversa.- Eu digo e todas nós mergulhamos em um silêncio, até Elena se lembrar de uma coisa que a fez endireitar a postura na mesma hora.

– Você ainda não nos contou sobre o seu encontro Care.- Um sorriso malicioso brilhou nos lábios de Elena,e as duas se encararam sorrindo igualmente cúmplices.

– Conta tudo Caroline Forbes.- Bonnie exigiu com um sorriso enorme.

– Ta bem, foi incrível ,ele me levou em uma pizzaria, e nos conversamos. Na hora de ir embora nós compramos sorvete, eu peguei o de sempre e- Eu iria como sempre contar exatamente tudo o que aconteceu, mas as minhas amigas não eram os seres mais pacientes do mundo, então logo interromperam a minha narração do encontro perfeito.

– Fala logo!- Elena me apressou.

– Não enrola Caroline.- Bonnie esbravejou.

– Ta bem, ta bem.Bom ele acabou não gostando do sorvete que escolheu, e eu não queira dividir o meu. Ai ele perguntou,que se ele me desse um beijo se eu iria dividir o meu sorvete com ele.- Eu falei, e as meninas estavam quase a beira do surto.

– Deus! Me diga que você dividiu o sorvete com ele, Caroline ?- Elena estava neurótica,e Bonnie estava ainda pior.

– Porra! Dividia a boca, dividia o corpo, dividia tudo com aquele ser humano delicioso, Caroline.- Bonnie gritou comigo sorrindo safada e eu belisquei o braço dela, tecnicamente falando ele era meu, não dela, então ela não deveria falar assim dele.

– Só me diga que você beijou ele ?- Elena pediu quase suplicando.

– Sim, eu beijei ele. – E assim que eu disse com um pouco de vergonha,eu quase perdi minha audição com os gritos de Elena e Bonnie.

– Você o que ?!- Elena saltou do sofá pra fazer uma dançinha da vitória, sendo acompanha por uma música inventada por Bonnie falando da minha desencalhação.

– Você finalmente desencalhou amiga.- Bonnie gritou animada.

– Mas tem um problema.- Eu disse, e na mesma hora Elena parou de dançar, jogando uma almofada na minha cara. E Bonnie bateu no meu braço.

– Caroline, porque você foi estragar o encontro? – Bonnie perguntou transbordando de raiva, enquanto Elena vinha pro meu lado emburrada.

– Eu não estraguei nada. Não é isso.- Eu digo e vejo as duas confusas.

– Então o que foi ?- É Elena perguntando dessa vez.

– O meu psicólogo...

– O senhor britânico gostoso ? Eu te digo amiga, a última coisa que faria trancada naquela sala com ele seria me consultar.- Elena sorri maliciosa mordendo o lábio inferior.

– Eu vi ele ontem, meu Deus que gostosura.- Bonnie comentou.- Meninas, se eu fosse a Car eu deixava ele me relaxar de todas as formar possíveis.- Bonnie sorriu maliciosa. As minhas amigas eram oficialmente pervertidas de primeira.

– Meu Deus, me deixem falar sem que comentem nada sexual sobre o meu psicólogo, que ele é gostoso eu já sei.- Digo e ganho a atenção das duas. – Bem ele me convidou, de uma maneira estranha, mas ele me convidou pra um encontro.- Eu disse e mais uma onda de gritos se faz presente na sala.

Elena sorriu perversa.- Ah, Caroline vai tomar sorvetinho com o psicólogo delicia.- E depois de falar isso, nós três caímos na risada.

– Aproveita e vê se ele vem junto com o pacote das consultas.- Bonnie disse e eu estava quase sem fôlego de tanto rir.

– Ai Deus, mas eu disse que não.- As duas param de rir e me deram um tapa no braço.

– Agora você perdeu o meu respeito.

– O que deu em você pra dizer não, pra aquele monte britânico de delicia ?- Bonnie perguntou.- Ah pêra ai, é por causa do outro monte britânico de delicia ?- Eu assenti.

–Mas isso nós leva para o motivo de ter chamado vocês aqui.- Pegamos nós três um pedaço de pizza. E depois tomei um gole do suco de limão, que desceu raspando pela minha garganta que ainda não estava totalmente curada da minha quase tentativa suicida.- Eu aceitei ir viajar com Enzo e Stefan, mas fiquem tranqüilas é coisa de três a quatro dias e eu queria saber se poderiam cuidar do Chris enquanto eu estiver fora ?- Elena engasgou com o suco, e eu bati em sua costa na esperança dela parar de torcir. Olhei pro lado e Bonnie parecia que estava tentando dissolver o que eu havia dito.

– Antes de tudo vamos adorar ficar com o Chris.- Elena falou com a voz arrastada.

– Care posso te pedir uma coisa amiga ?- Bonnie perguntou, e eu assenti.- Se você ver seu psicólogo nu, não se esqueça de mandar uma foto.- Eu bati no ombro dela, como Bonnie podia falar esse tipo de coisa ?

– É só uma viagem pra relaxar.- Falo na defensiva.

– Sei.- As duas respondem ao mesmo tempo.

–Não to mentindo, tanto que até o Stefan vai junto.

– Ok. Só não se esqueça da foto ta ?- Nós continuamos conversando até perto das nove, ai as duas me ajudaram arrumar a casa, e foram embora logo depois.

Stefan me ligou, e eu fui buscar os dois. Chris estava quase dormindo quando coloquei ele no carro, já Stefan estava trocando mensagens com a mãe. Levei Stef até a casa do irmão, ele estava ficando ali por um tempo, até que consiga uma casa definitiva pra morar na cidade, depois dirigi até minha casa, e ajudei meu Ken a colocar um de seus pijamas favoritos para depois o colocar para dormir, cobrindo ele com o cobertor mais quentinho que tinha.

Coloquei um pijama qualquer, e fui deitar, mas acabei sendo atrapalhada por um barulho no celular. Uma nova mensagem.

Oi :D

Olhei o número, e fiquei até surpresa quando vi quem era. Klaus estava me mandando mensagens agora ? Isso deveria ser marcado como um avanço em seja lá o que temos agora ? Eu deveria perguntar isso a ele ? Talvez, mas eu apenas respondi.

Oi Klaus, tudo bem ?

Ele me respondeu no mesmo minuto :

Cansado, mas bem e você ?

To ótima, você quer alguma coisa ?

Ele demorou um pouco, mas respondeu:

Só queria conversar com você mesmo.

Respondi:

Bem agora você está conversando :3

Eu gostaria mais se estivesse ouvindo sua voz, mas por hora me contento com as mensagens. Está cansada ?

Sorri com mensagem, e respondi rápido não querendo deixe-lo esperando :

Estou bem mais do que cansada,foi um dia difícil.

Ele responde :

Na verdade é uma vida difícil =/ Pois bem eu só queria dizer boa noite mesmo.

Sorrio enquanto responde:

Então diga

Boa noite Caroline

Boa noite Klaus.

Então acabei dormindo ainda segurando o celular, era a única forma de sentir que ele estava aqui comigo.