Péssima Escolha escrita por Black Wolf, White Owl


Capítulo 18
Capítulo Bônus


Notas iniciais do capítulo

Bom, gente… Em primeiro lugar: Olá!!!!; em segundo, já vou avisando que esse capítulo não é a continuação da história, mas sim uma pequena historinha sobre a infância das meninas, acho que devíamos a vocês uma explicação pelo motivo da Thaty pirar tanto quando chamada de "ridícula"
Porém, sem mais enrolações…
Boa leitura!



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Eu e a Thaty tinhamos 11 anos, tinhamos acabado de entrar no fundamental dois e ainda não nos conhecíamos. O Teddy, um ano acima, naturalmente. O grupinho das paticinhas populares da escola era composto pela Swift, pela Moore e por duas outras garotas, Katherine e Daisy, os demais ainda não estudavam conosco.
Eu logo me tornei amiga de uma menina chamada Lily. A Thaty sem demora, mostrou-se muito inteligente para a sua idade. E assim algumas semanas se passaram.

Um certo dia, perto da semana de provas, época em que os professores amavam nos encher de trabalhos, eu combinei com a Lily de terminar um em dupla que tínhamos que fazer, ela disse que estava com fome, então ela foi na lanchonete comprar alguma coisa e eu fui sozinha na biblioteca buscar algumas fontes de pesquisa e combinamos de nos encontrar no jardim para fazer, lá peguei a maior quantidade de livros sobre o assunto que pude. Estava passando por um corredorzinho entre duas estande, com as mãos lotadas por uma pilha enorme de livros, conferindo se ainda tinha mais algúm que eu podia pegar, até que senti um baque e cai no chão derrubando tudo que carregava, quando olhei em quem tinha esbarrado era uma das das minhas colegas, no caso a Thaty, apesar de ainda não saber.
– Nossa, me desculpe, eu deveria estar olhando para onde ando… - levantei, a estendendo a mão, para ajudá-la a fazer o mesmo
– Tudo bem, a culpa foi minha, eu também não estava olhando por onde ando - aceitou minha mão com um sorriso tímido e foi aí que eu notei que tinha uma quantidade de livros equivalentes aos meus ou até mais. Abaixamos para catá-los cada uma fazendo a sua pilha, eu bati os olhos em um dos seus livros e percebi uma coisa
– Alguns dos livros são do 7º ano? Por que você está com livro do 7º ano? Tem algum assunto nosso neles ou você está adiantando os assuntos?
– Nenhum dos dois, estou ajudando uma amiga e ela é do sétimo.
– Ah, entendi, bom… É muita gentileza da sua parte estudar um assunto que você nunca deu para ajudar uma amiga - falei gentil tentando ver se conseguia quebrar um pouco da sua timidez, ela não respondeu, apenas sorriu, como se tivesse tantos séculos que não ouvia um elogio, que aquilo parecia que era equivalente chamá-la de perfeita.
Terminamos de catar o resto dos livros ainda no chão e levantamos, cada uma com a sua pilha
– Bem… Acho que para mim já chega, deve estar bom de livros, vou falar com a bibliotecária, tchau - falei com um sorriso
– Na verdade, acho que também não vou pegar mais nenhum livro - falou conferindo a pilha que tinha nas mãos
– Então vem comigo - falei já indo em direção a bancada da bibliotecária, quando cheguei e pus os livros sobre a superfície, percebi que ela vinha logo atrás de mim e fez o mesmo. A bibliotecária contou todos os nossos livros, e acredite isso demorou um pouco, o suficiente para começarmos um assunto
– Então… Eu te falei para que vou usar os meus livros. E você? Para que precisa disso tudo? - perguntou
– Eu e a minha amiga vamos fazer agora aquele trabalho em dupla de ciências…
– Ah, fiz o meu semana passada
– Quem foi a sua dubla?
– Alicia Zury
– Sério? Vocês são amigas? - perguntei, tentando alongar a conversa
– Na verdade, mal nos falamos, só fiz com ela, porque o professor não deixou fazer sozinha e ela também não tinha dupla
– Ah - falei simplesmente, a bibliotecária tinha acabado de contar todos os livros, me deu um papelzinho, depois um para ela, pegamos as pilhas de livros e saímos
– Para onde você está indo? - perguntou, quando já estávamos no corredor, parecendo estranhamente menos tímida
– Eu combinei de encontrar a minha amiga nos jardins
–Sério? Eu também estou indo para lá
– Bom, então vamos juntas…
– Ok - falou com um sorrizinho e fomos
– É… Desculpe, mas seu nome é Jasmine, não é? - perguntou transparecendo novamente a sua timidez
– Pode me chamar de Jessie - falei sorrindo - E você é a Na… Na…
– Natasha - completou
– Ah, não acho que você tenha cara de Natasha… Será que eu poderia te chamar de… Ham… Vamos ver… - pensei um pouco - Thaty? - completei entusiasmada
– Pode - respondeu com um sorriso
– Bom, então, THATY, quem é a sua amiga do 7º ano, pode ser que eu conheça…
– São amigas, na verdade, são a Helen Swift, Ashley Moore, Katherine Murphy e Daisy Carter
– Ah, já ouvi falar, sim, são colegas do meu irmão.
– Quem é o seu irmão?
– Theodore Black.
– Ah, já conheci, outro dia as meninas me apresentaram.
– E o que achou?
– Parece ser legal, na verdade não falei muito com ele.
– Você não é de falar muito, não é?
– Depende da situação.
– Entendi - falei com uma risadinha - Bom, chegamos - falei quando entramos no jardim - Lá está a Lily - a avistei a sombra de uma árvore - Você não gostaria que eu as apresentasse?
– Adoraria, mas terá que ficar para outro dia, já estou atrasa para encontrar minhas amigas.
– Está certo, espero que no falemos logo…
– Eu também, ok, tchau… - falou indo para o lado oposto ao qual se encontrava a Lily, levando a sua pesada pilha de livros e eu fui com a minha até ela.

Na manhã seguinte, eu e a Lily ficamos conversando no jardim e quando ouvimos o sinal tocar, seguimos para a sala. Entramos e o professor ainda não tinha chegado, até que eu avistei uma certa garota de cabeça baixa lendo distraída um livro enorme, no canto a esquerda discretamente posta não muito a frente nem muito atrás. Olhei para a Lily e ela me encarava indagativa
– Vem - falei simplesmente indo até ela - Thaty… - a chamei, fazendo-a erguer a cabeça com o susto
– Jessie?
– Bem, como o prometido, vim te apresentar a Lily. Bom, Lily, essa é a Thaty. Thaty, Lily
– Muito prazer - acenou a Lily com um sorriso - Ham… Thaty?
– Natasha - falou sorrindo de volta
– Ou seja… Thaty - falei como se fosse óbvio, ambas riram, já iamos começar um assunto, mas o professor chegou, então nós duas fomos para o nosso lugar do outro lado da sala.
Depois das aulas e no intervalo tentamos falar com ela, mas assim que o sinal tocava e o professor liberava, ela saia e, simplesmente, sumia, só reaparecia quando o sinal voltava a tocar. Durante a semana, conseguimos falar um pouco com ela, enquanto esperávamos a chegada dos professores, e até que poderia se dizer que estava começando a surgir resquícios de uma amizade.
Na sexta, coincidiu de sentarmos nós três juntas, tivemos como última aula a de geografia, o professor era incrível, super engraçado, e apesar de meio maluco, muito bonzinho. Ele contou tantas piadas e explicou o assunto com tanta palhaçada e de um modo tão descontraído que a aula passou em um piscar de olhos. Como o professor era nosso amigo, conversamos um pouco com ele antes de sairmos. Ele, como muitos ultimamente, se surpreendeu por ouvir a voz da Thaty e, para ser ainda mais fantástico, animada e falando tanto quanto a gente. Saímos conversando e rindo, descemos as escadas distraídas. Estávamos andando pelos corredores quando o celular da Lily, que estava em sua mão, apitou
– Ih, minha mãe - falou lendo alguma coisa na tela - Tenho que ir, garotas - falou nos dando um abraço rápido - Nos vemos na segunda, tchau - e saiu correndo corredor acima
– Ah não… - falei olhando para o meu celular
– O que foi? Sua mãe também chegou? - perguntou a Thaty abismada
– Não, acabei de me tocar que já se passou 12 minutos desde que o sinal tocou e você ainda não sumiu. É agora que você vai ter que sair correndo? - perguntei
– Quer saber? - falou olhando no relógio - Não, não vou sair correndo dessa vez - falou com um sorrizinho
– Sério? - falei me fingindo de chocada - Meus Deuses! Fechem as janelas e protejam os telhados, porque vai chover granizo - disse irônica
– Chata! - retrucou rindo me dando um leve empurrão no meu ombro, eu a mostrei minha língua num gesto super infantil e nós caímos na gargalhada
Sentamos num banco perto dos armários, pomos nossas coisas, sua mochila carregada e a pilha de livros para variar, ao lado e conversamos um pouco, com direito a muitos risos. Até que…
– Nath! - ouvi uma voizinha enjoada e nos viramos, a Swift e o seu grupinho vinha até nós - Oi, Nath. Eu estou te procurando a séculos! Preciso que você me ajude numa coisa! O que você está fazendo com essa daí? Vem, vem ficar com a gente… - falou
– Mas… - começou, porém a Swift a encarou com um olhar ameaçador, o que a fez hesitar - Quero dizer… Está bem, eu já vou.
– Sabe… Você não deveria andar com esse tipo de gente, quando pode andar conosco
– O quê?! - falei indignada
– "Esse tipo de gente"? A Jessie, na verdade, é muito legal sabiam? - a Thaty me interrompeu
– "Jessie", é? - me encarou se achando superior - Mas acontece que NÓS somos suas amigas e sendo assim deveria está com a gente, não com qualquer um outro.
– Mas eu fico o tempo todo com vocês… - a Thaty tentou se defender
– Do jeito que você fala até parece que não gosta de ser nossa amiga
– Não é isso, é claro que não, eu só estou dizendo que não é só porque eu sou amiga de vocês que eu não posso andar com nenhuma outra pessoa…
– Se você fosse nossa amiga de verdade, não dispensaria a nossa companhia - falou a Daisy Carter
– A Daisy tem razão. Ou você fica com a gente, ao invés dessa "gentinha" ou volta a ser só mais uma ridícula e pode nos esquecer, não precisa nunca mais falar com a gente - avisou a Moore
– Então a escolha é sua… Ou você vem com a gente ou você fica - falou a Swift e após um biquinho ridículo junto com um olhar superior, saiu andando ou melhor desfilando seguida pelo seu grupinho
– É… Eu vou ter que ir, Jessie… - falou jogando a mochila nas costas, pegando a pilha de livros e correndo para acompanhá-las

Na segunda-feira, eu e a Lily ficamos conversando e, como sempre não vimos a Thaty até o sinal tocar, assim que o ouvimos, nós duas subimos até a nossa sala. Ela estava sentada no lado oposto de onde estava nossas mochilas, entretida com a cara enfiada em um livro, íamos até ela, mas o professor vinha logo atrás da gente então nos dirigimos para as nossas cadeiras. Senti olhos me acompanhando, me virei e vi que a Thaty me encarava. Assim que sentei, com a Lily atrás de mim, sorri para ela, porém ela logo fechou a cara e voltou para o livro, quando percebeu a presença do professor, fechou-o, guardou-o debaixo da cadeira e voltou sua total atenção para ele. Eu e a Lily nos encaramos confusas
– O que aconteceu? - perguntou ela a mim, apenas encolhi os ombros e me virei para a frente, também prestando toda a minha atenção no professor.
A aula inteira a Thaty não lançou um único olhar para nós, durante o resto do dia, a cada toque de sinal ela fazia de tudo para fugir ou evitar contato com a gente. Achamos super estranho, mas não podíamos fazer nada.

A semana se seguiu e percebemos que ela continuou nos ignorando, e o pior nem sabíamos o porquê.

Em um dia na hora da saída, a Lily tinha ido embora, eu fui ao banheiro e me dirigia ao jardim para esperar pela minha mãe, até que avistei a Thaty sentada em um dos bancos do corredores, para variar, lendo um enorme livro. Eu já ia até ela para saber o porquê desse milagre de ela não estar com as amiguinhas e aproveitar para ver se conseguia acabar com esse clima estranho que está entre nós ou pelo menos saber o motivo, porém antes de eu chegar nela me assustei com um grito
– Nathasha! - já identifiquei com sendo da Swift e virei, ela vinha andando em passos pesados, vinha de longe, mas dava para vê-la pois o corredor estava meio vazio, a Thaty levantou a cabeça assustada - Olhe isso aqui! - gritou ao chegar perto, sacudindo um papel em seu rosto
– O que é isso?
– "O que é isso?"? - falou sarcástica - Não reconhece? É o trabalho que você me entregou, olha a nota! B menos! - a Swift gritava com a Thaty que examinava o papel - É inaceitável! Eu tinha que tirar pelo menos B!!!
– É porque um dos assuntos não tinha no livro e eu não achei em lugar nenhum, provavelmente o professor deve ter falado sobre ele em sala… Eu te perguntei sobre ele, não está lembrada? E você falou que não tinha ideia. Então eu fiz o melhor que pude… - falou meio hesitante
– Pelo visto não foi o suficiente, não é mesmo? - tomou o papel de sua mão - E sobre você não achá-lo, e daí? Você tinha que ter procurado mais, sua ridícula, com certeza iria achar em algum lugar - brandiu
– Mas eu tentei…
– Não tem desculpas! Você esqueceu o quanto nos deve? Somos suas amigas e amigas fazem tudo que podem umas pelas outras… Já parou para pensar que sem nós você estaria nesse momento solitária em algum canto? - A Thaty encarou os seus olhos
– Você tem razão, não vai se repeti, me desculpe… - falou tímida, cheguei até a ver um brilho passar pelos seus olhos
– Tudo bem, como somos muito boas vamos te perdoar - falou a Moore desdenhosa
– Agora vem… Temos um trabalho para semana que vem sobre a democracia grega e a Kathy está precisando de nota em história, você vai ajudá-la, não vai?
– Claro - deu um sorrisinho de canto e saiu puxada por elas

A semana continuou e a Thaty insistiu em nos evitar, assim passaram-se mais uma semana, outra, e desse jeito completando um mês

Numa quinta-feira, estávamos na aula de música sentados, faltavam poucos minutos para tocar o sinal anunciando o intervalo. Enquanto um grupinho, o que me incluía, cantava, outro batuca, uns realmente tocavam instrumentos, mas nunca deixando de ter um leve tom de baderna. Ao completar 10:40, o sinal soou. O professor anunciou:
– Bom… Pessoal, estão liberados, foi ótimo, até semana que vem… - o professor Sherman era um amor, todos adoravam ele. Os alunos foram saindo, ele se despediu de quem ainda estava na sala e saiu, quando o tumulto na porta diminuiu, eu saí, também. Eu e a Lily conversávamos e ríamos enquanto caminhávamos até as escadas, porém no meio do corredor parei e senti falta de algo, avaliei meus braços e percebi que faltava… Minha mochila
– Ah, não. Esqueci minha mochila na sala de música
– Sua mochila? Quem esquece a mochila?
– Eu. Temos que voltar e pegá-la
– Sério? Eu estou morrendo de fome… - resmongou a Lily
– Tudo bem, pode ir descendo, eu te alcanço
– Certo, então nos vemos lá embaixo
– Ok - falei me virando e voltando corredor acima até a sala de música
Quando cheguei, me deparei com a porta entreaberta e eu escutei um som meio baixinho saindo por ela, o corredor a essa hora já estava deserto, fui me inclinando devagarinho para olhar pela porta, quando olhei para dentro da sala, estranhei, a Thaty estava no palanque da sala mexendo no aparelho de som. Quando se virou notei que estava com um microfone na mão, que estava desligado, percebi pois a luzinha estava vermelha, estranhei mais ainda.
A música começou a tocar e era "Lego House" uma das minhas favoritas, sorri, ela ergueu a cabeça e encarou as cadeiras vazias como se fossem um belo público. Começou a cantar junto com a música, ainda com o microfone desligado, cantou a primeira parte e percebi que sua voz, apesar de baixa e tímida, era linda. Quando ela terminou a primeira parte, eu entrei, o que ela nem notou por ainda estar encarando as cadeiras
– Oi… Thaty… - falei e ela levou um susto, congelando onde estava
– Jessie? - engoliu em seco, sua voz quase abafada pela música
– O que você está fazendo?
– É… Na-na-nada… Eu só estava… - olhou para o aparelho de som - Ham… Besteira - foi até ele e abaixou o volume até o mínimo, depois ficou me encarando
– Você canta muito bem - falei com um sorriso
– O quê? Você viu quando eu estava…?
– Vi e eu adoro essa música
– Eu também, é uma das minhas preferidas - falou meio tímida
– Então, por que você parou? - sorri, caminhei até o aparelho de som, peguei um outro microfone que estava sobre ele e aumentei, novamente, o volume, já estava em outra música - Bem, vamos voltar - apertei o botão de voltar e a música começou de novo.
Durante a introdução eu liguei o meu microfone e fiz o mesmo com o da Thaty, apesar de abaixar o volume da caixa de som, que foi ligada. Eu comecei a cantar junto com a música, mas a Thaty se recusou a fazer o mesmo, porém eu não parei de encará-la e quando chegou o refrão, ela não aguentou e me acompanhou cantando. Nos animamos, logo esquecemos que estávamos numa escola e parecia que achávamos estar em um show, com uma plateia de verdade, cantávamos e riamos.
Mas quando a música terminou, ouvimos a porta se escancarando e passos, nos viramos e era o grupinho da Swift
– Nath… Te procuramos pelo colégio inteiro, já estávamos preocupadas - falou com a vozinha enjoada - O que você está fazendo? E por que estava aqui até essa hora? - a Thaty ficou calada, percebi que com o susto ela tinha derrubado o microfone
– Era você cantando? - perguntou a Moore, a Thaty apenas assentiu tímida
– Nossa que coisa idiota e que música horrorosa - acrescentou a Swift
– Eu gosto… - falou baixinho
– Não seja ridícula, essa música é uma porcaria! - falou a Carter
– Eu não acho e ela também não acha, além do mais, na minha opinião a Thaty canta super bem - falei
– Então você deve ser surda e que negócio é esse de "Thaty"? Que coisa brega - falou a Moore e o resto do grupinho deu risadinhas
– Vamos, vem, Nath, pare com essa idiotice… Pegue suas coisas, estamos te esperando lá fora - falou a Swift encarando a Thaty ameaçadora e me olhando com superioridade, saindo pela porta acompanhada das outras
– Jessie, eu tenho que…
– Por que você anda com essas idiotas? - a interrompi - Elas só sabem te pôr para baixo
– Elas são minhas amigas, só estão sendo sinceras comigo… - falou de cabeça baixa pegando as coisas
– Amigas?!
– Tchau, Jessie… Eu tenho que ir…
– Espera! - parou e me encarou - Você não vai sumir de novo, não é? - ela olhou para mim, deu um sorriso sincero como se dissesse que não e, simplesmente, saiu.

Na sexta, fiquei meio receosa, depois do sinal, eu e a Lily já estávamos na sala conversando, a Thaty ainda não tinha chegado, quero dizer, a mochila dela estava no lugar de sempre mas eu ainda não tinha tido sinal dela, quando o professor entrou a Thaty vinha logo atrás, sentou-se e ao ver que eu a encarava virou-se para mim, eu a lancei um sorrisinho de lado e ela me devolveu um grande sorriso.
A aula se passou e assim que o sinal tocou, o professor se levantou, pois já tinha arrumado suas coisas enquanto copiávamos o assunto que estava no quadro, despediu-se e saiu. Estava distraída acompanhando com os olhos a multidão se empurrando para sair da sala, quando a Lily me cutucou, pediu que eu tirasse uma duvida dela sobre o assunto, a expliquei e enquanto ela repetia para confirmar que tinha entendido mesmo, a Thaty se aproximou
– Oi, meninas - falou com um sorriso
– Ué! Você está falando de novo com a gente agora? - questionou a Lily
– É, desculpem por eu ter me afastado, foi uma bobagem aí...
– Ah sei, um bobagem tipo aquele grupinho de "eu sou melhor que todo mundo" te obrigar?
– Lily! - a repreendi
– Não, tudo bem - falou a Thaty - Na verdade, foram elas que me aconselharam, sim, mas eu percebi que foi uma besteira ter feito isso.
– O que houve? A pirainha mor falou que você poderia voltar a falar conosco? - a Lily nunca foi muito fã do grupinho da Swift e quando nos tocamos que elas foram o motivo da Thaty parar de falar com a gente, suspeito que esse desprezo possa ter aumentado
– Ok, ok, eu mereço isso… Mas eu percebi que elas são minhas amigas, porém vocês também são, isso se me perdoarem, então não vou largar nenhuma, só porque as outras não gostam - sorriu
– Nossa… E por um acaso… As suas amiguinhas já estão sabendo dessa sua rebeldia? - questionou
– Para falar a verdade não, mas pretendo falar com elas, se elas implicarem de novo.
– Ok, mas você tem que admitir, Lily, isso já é um grande avanço. - falei
– É verdade.
– Então vocês me desculpam? - eu e a Lily nos entreolhamos, logo sorrisos nasceram em nossos lábios
– É claro que desculpamos. - ela falou por nós duas, a Thaty sorriu e, após um gritinho nos puxou para um abraço.
A Thaty não começou a passar o tempo todo conosco, mas, assim como antes, nos pequenos intervalos entre as aulas, e saia menos apressada para encontrar as outras "amigas", porém pelo menos com a gente, a Thaty parecia bem mais extrovertida e leve, eu podia até arriscar achar que ela, ao poucos, estava se desprendendo das correntes da Swift.

Isso até que funcionou bem por um tempo, digamos uma semana e meia, mas em uma terça-feira, minha mãe teve que nos deixar cedo no colégio, aconteceu alguma emergência no seu trabalho. Quando eu e o Teddy chegamos, a escola já estava aberta, mas estava praticamente deserta. Subi para a minha sala, ao entrar me deparei com uma única pessoa, a Thaty, escondida atrás de um enorme livro para variar
– Bom dia, senhorita - falei e ela abaixou o livro
– Ah… Bom dia, Jessie - sorriu
– O que você está fazendo aqui a essa hora?
– Sempre chego cedo.
– Ah… E cadê as suas "amiguinhas"?
– Não chegaram ainda, mas que milagre foi esse de você chegar tão cedo?
– Minha mãe teve alguma emergência no trabalho.
– Entendi... - falou, mas dando uma olhadinha rápida no seu livro
– Hey, Thaty, vamos ficar um pouco lá embaixo conversando, veremos se eu consigo tirar você um pouco desses livrinhos - ela riu
– Ok, vamos - fechou o livro, deixou sobre a carteira, quase a desequilibrando ao levantar
Descemos, fomos para o parquinho infantil, sentamos nos balanços e ficamos um bom tempo conversando e rindo, falando besteira e contando histórias, relembramos alguns livros ou filmes interessantes, discutindo os que ambas conheciam e contando os que só uma das duas tinha visto, mal percebemos o tempo passar, até que ouvimos uma voz conhecida
– Hey, Nath - nos viramos e claro que era a Swift que segurava uma casquinha de morango e caminhava furiosa até nós - Já não dissemos para você parar de andar com essa garota? - olhou superior para mim - Agora vem, tem um trabalho que eu tinha esquecido de fazer e preciso de você... - pegou no pulso da Thaty e a puxou, fazendo-a levantar
– Não.
– O que você disse? - a Swift se virou indignada
– Que não. Eu, no momento, estou conversando com a minha amiga, Jessie, e não posso ajudar vocês agora, quando der, até posso ir lá, mas no momento não dá.
– Como é? - questionou a Moore - Ei, olha aqui, garota, não passamos esse tempo todo te aturando para no final você dar uma de rebeldezinha e não nos ajudar mais com os nossos trabalhos!
– Como é que é? É ser "rebeldezinha" expressar a minha opinião de vez em quando e não só seguir suas ordens? Somos amigas, ok, mas eu também posso andar com outras pessoas…
– Amigas?! - falou dando uma risadinha desdenhosa - Você acha mesmo que gostamos de você?! - rosnou a Swift e dando uma lambidinha no seu sorvete
– Como assim? - chocou-se a Thaty
– Só não somos o tipo de garotas que faz essas besteiradas toda, para isso tem idiotas feito você…
– O quê? Mas vocês disseram que eram minhas amigas e que amigas se ajudavam.
– Você acha mesmo que alguém iria querer ser amiga de uma idiota feito você? Se enxerga, você é muito ridícula. - percebi que os olhos da Thaty começaram a se encherem d'água
– Mas…
– Que coisa patética. Achou mesmo que éramos suas amigas? Você é muito ingênua, devia melhorar um pouco seu censo de realidade, imagine se garotas como nós iríamos realmente gostar de uma coisa feito você… - lágrimas começaram a escorreram pelo rosto da Thaty - Ai, não, agora vai chorar! Ô, bebezona, você é só uma máquina de informações e conhecimento, e pode se acostumar com o que fizemos, porque do jeito que você é, muita gente vai só querer te usar assim como nós. Então, deveria nos agradecer, digamos que nós abrimos seus olhos… De nada, tá? - falou irônica dando mais uma lambida no seu sorvete
A Thaty pareceu fazer de tudo para conter o seu acesso de soluços, ela olhou para o chão com o olhar perdido tentando segurar as lágrimas que insistiam em cair, mas ao erguer novamente seus olhos e voltar para o rosto da Swift e vê-la olhando-a com superioridade e frieza, não se aguentou e saiu correndo com grossas lágrimas escorrendo pelas bochechas.
– Não acha que você pegou pesado com ela? - perguntei acompanhando-a correr para o jardinzinho dos fundos
– Não. E quem é você para estar se metendo? - questionou a Swift esnobe
– Só acho que você exagerou um pouquinho, tanto é que fez ela chorar…
– Eu não disse nenhuma mentira, disse? Não tenho culpa se ela é uma nerd, boba e idiota, ela que exagerou e como eu disse, está provando ser ridícula. Além do mais… - me analisou de cima a baixo - Eu não lembro de ter pedido a opinião de nenhuma pirralha sem graça… Se você se importa tanto com ela, vai até lá fazer ela parar com o drama… - falou com uma vozinha enjoada, dando mais uma lambidinha no sorvete
– Eu vou, sim - respondi - Mas antes… - peguei a casquinha da sua mão e quebrei-a em sua cabeça, melando todo seu cabelo de sorvete de morango, ela abriu a boca indignada e pôs a mão na cabeça para ter certeza se eu realmente tive essa ousadia - Isso foi por todos os insultos e isso por ter feito ela chorar… - pus as mãos nos seus ombros e a empurrei fazendo-a cair na areia do parquinho (Vamos parar por aí, afinal elas são só crianças, muito novas para violência), ela toda coberta de sorvete e areia, me lançou um olhar rancoroso, suas amigas não sabiam o que fazer, eu, simplesmente, dei um sorrizinho, uma picadela e sai na direção em que a Thaty foi.
Ao chegar nos fundos da escola, procurei um pouco e encontrei-a num canteirinho, atrás de uma pequena árvore, de cabeça baixa abraçada aos joelhos
– Oi… - falei me aproximando, fazendo-a se assustar e erguer a cabeça - Você está bem? - perguntei gentil e ela assentiu tímida, contrariando as grossas lágrimas que escorriam pelo seu rosto - Posso me sentar, aqui, com você? - ela confirmou com a cabeça evitando me olhar diretamente nos olhos - Olha… Não fica triste pelo que aquela garota disse...
– Tudo bem, mas eu já deveria estar acostumada, não é? - falou enxugando as lágrimas
– Acostumada? Ninguém deve se acostumar a ser maltratada!
– Você, provavelmente, está me achando uma boba agora, não é? - lágrimas voltaram a brotar - Você tentou me avisar tantas vezes e eu não ouvi. Ok, vai lá pode dizer que me avisou…
– Eu não vou dizer isso…
– Nossa, elas têm razão eu sou muito ridícula…
– Elas não têm razão nenhuma, ninguém tem o direito de fazer o que elas fizeram. Olha para mim… - falei pois ela tinha a cabeça baixa - Me promete uma coisa… A partir de hoje, você não vai deixar mais ninguém te chamar assim…
– Eu prometo.
– Ótimo - sorri - Mas, então… Quer dizer que a senhorita é muito inteligente, não é? Não sabia disso, acho que vou começar a usá-la também… - ela deu um sorrizinho de canto, mas percebi que ainda não conseguia conter as lágrimas
Ficamos conversando um pouquinho, tentei animá-la, mas admito que não sou uma boa consoladora, levamos um susto com o som da folhagem se mexendo
– Jessie…? - era o Teddy– Jessie, eu estava te procurando, é verdade que você jogou sorvete na Helen?
– Jogou? - perguntou a Thaty surpresa
– Um pouquinho...?
– Um monte de gente está falando nisso - comentou
– Ah, que besteira - falei e a Thaty deu um sorrisinho
– E você é…? - perguntou o Teddy olhando para a Thaty
– Ah, sim… Teddy, essa é a Thaty e , Thaty, esse é o meu irmão Teddy
– Muito prazer - falou tímida
– O prazer é… Espera já nos conhecemos, não? - questionou tentando ver o rosto que ela tentava esconder
– Ah, sim, é verdade - falou confirmando com a cabeça, mas ele estranhou o fato dela não querer mostrar o rosto, então abaixou para tentar encará-la
– Você está triste? - perguntou, ela negou com a cabeça - Por que, então, você está chorando? - ela sacudiu os ombros - Olha… Eu não sei por que você está chateada, mas toma uma bala… - falou bondoso, tirando uma bala do bolso e estendendo para ela
A Thaty ergueu os olhos e encarou os seus lindos olhos azuis e pegou a bala de sua mão
– Obrigada. - disse sorrindo tímida, retribuindo o grande sorriso dele


No ano seguinte o Fred entrou no colégio e logo o Teddy virou amigo dele, no final do ano, o pai da Lily teve que se mudar a trabalho e ela foi junto para o outro lado do país e com isso, infelizmente, acabamos perdendo o contato. Um ano depois o Logan entrou e, para a nossa infelicidade, a Mandy veio junto, eles até namoraram por um tempo, mas ela "começou" a ficar grudenta e possessiva, implicava com os amigos e reclamava de tudo, até que finalmente ele percebeu que ela é uma chata e terminou, alguns meses depois, ele começou a namorar com a Maya, que apesar de já estudar lá, nunca tinhamos nos falado antes. Quando eu estava no 9º ano e o Teddy no 1º, a Sam e o Luke entraram, apesar da conhecidencia, eles ainda não se conheciam. No 2º ano deles, por algum castigo do mundo, a Grey também entrou, ao decorrer desses anos as outras duas da manada sumiram e eu não quero nem saber onde foram parar, só agradeço por ter me livrado pelo menos de duas. Mas, enfim, foi assim que se formou a nossa trupe…


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Notas finais do capítulo

Bem, é isso…
Esperamos que tenham gostado, espero as opiniões nos comentários!
E até a próxima!



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