White Is The New Black escrita por Vitor Matheus, Chery Melo


Capítulo 9
Como o Ar, Você Pode Subir


Notas iniciais do capítulo

Primeiro: o título não tem nada a ver com ficar chapado. Já me perguntaram e eu quase morri de rir, mas deixei claro que não HAHAHAHAHA!
Segundo: é baseado na música Rise da Selena Gomez. Linda essa mulher.

BOM DIA, GENTE! Cá estou eu, na quarta-feira prometida, com o nono e antepenúltimo capítulo de WITNB. Tem cenas fofas, tem cenas bombásticas e tem coisa boa vindo aí! Preparados? Boa leitura!



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Pode-se dizer que a apresentação organizada por meu pai Will Schuester deu certo. Eu, Rachel, Santana, o próprio Will e a enfermeira Tina encontramos outros dois pacientes que tinham os dois requisitos necessários para cantar conosco: 1) conseguiam andar sem ter que pegar bombinha de ar a cada dez passos e 2) sabiam cantar e tocar alguma coisa. Seus nomes? Noah Puckerman e Mercedes Jones.

A história de como encontramos esses dois é meio engraçada. “Puck”, como costumam chamar o primeiro paciente, é fiel ao próprio machismo e só concordou em “rebaixar seu nível de masculinidade e se apresentar com outros pacientes sem autoestima” (palavras dele, não minhas) porque... definitivamente eu esqueci a razão dele ter aceitado. Dane-se. Enquanto isso, Tina procurou meu pai alegando não aguentar mais a paciente Mercedes, que tinha algum problema no sistema digestório (claramente não procurei saber), mas ainda achava que todo dia era dia de cantar alguma música para a enfermeira. “Deem um papel pra essa menina, só assim ela canta com motivo”, palavras da própria Tina.

E, no final das contas, nem fizemos uma grande apresentação. Doutora Grey temia pelo nosso sistema imunológico se fôssemos fazer um musical digno da Broadway, então – infelizmente – só nos permitiu ficar por cinco minutos no palco do auditório. E 5 minutos foram o suficiente para que nós sete subíssemos e recitássemos um belo discurso sobre empoderamento. Não necessariamente do tipo “sejam corruptos e governem o mundo a partir de bancos e partidos políticos”. Não esse tipo de empoderamento.

Segundo meu pai, deveríamos encorajar aqueles sem esperança a tratarem de encontrá-la. Aqueles que se sentiam impotentes diante de suas próprias situações, que tomassem coragem e fizessem algo a respeito. Aqueles que não tinham controle sobre o que faziam ou deixavam de fazer porque largaram seu próprio livre arbítrio, que tomassem as rédeas de suas próprias vidas antes que outros o fizessem. E aqueles que tinham motivos para querer a morte... que encontrassem algo que os fizessem continuar vivos.

E cantamos “What the World Needs Now”, se é o que você tanto se pergunta.

.::.

— Posso te assegurar que a Meredith quase chorou de emoção quando vocês finalizaram aquela performance — George falou baixo e próximo a mim, como se aquilo fosse segredo de estado — é sério.

— Eu tô bem aqui e te ouvindo muito bem, O'Malley — a própria médica se pronunciou, ao lado dele — você não vai escapar de uma advertência depois dessa.

— Ui, estou morrendo de medo dessa advertência — ironizou, voltando seus olhos ao prontuário em mãos — Finn, preciso que responda a algumas perguntas.

— Do tipo...?

— Se sente cansado neste exato momento? — George puxou uma caneta de seu bolso.

— Um pouco... minhas pernas doem, mas acho que é porque passei tempo demais em pé. Normal nesses casos, não é?

— Mais um efeito colateral do tratamento, não se preocupe — garantiu a Dra. Grey.

— Está com dor de cabeça? — Continuou o outro médico.

— Não.

— Dor na barriga?

— Na verdade, sim — ambos os doutores me olharam ao mesmo tempo — fazer o quê? Estou com fome!

— Não nos mate dessa forma, criatura!

— Desculpe, mas fatos são fatos — retruquei, arqueando uma das sobrancelhas — e contra fatos não há argumentos. Preciso de comida pra reabastecer esse tanquinho aqui.

— O único tanquinho que existe aqui é aquele lá na lavanderia do hospital, Hudson — Dr. O'Malley desatou a rir depois da própria piada — eu sou um gênio!

— Você é um idiota, isso sim, agora me dá essa ficha — uma briga teria se instaurado se Tina não entrasse abruptamente no quarto — o que você quer?

— Tem visita pro Finn Hudson — a coitada da asiática se assustou com a grosseria, mas respondeu normalmente como se não tivesse ouvido aquilo — e não é ninguém que tenha vindo aqui antes.

— Ué, quem é, então? — Perguntei, me sentando na cama.

— Deita de volta, tem que descansar — Meredith me empurrou de volta, e eu a encarei como um filhinho malcriado observa sua mãe dar punições.

— Uma garota loira chamada Danielle.

Agora fodeu tudo, pensei. É a filha da mãe que me passou essa doença.

— Preciso que todos saiam agora — me pronunciei, e voltei meu olhar para Tina — e deixe-a entrar.

Os três nem ousaram discutir, mesmo que eu parecesse um paciente abusado. Mas se ela veio, é porque queria conversar sobre o acontecido. Afinal, para que mais ela viria? Para me ameaçar de morte caso eu contasse a alguém que ela tinha o HIV e me passou naquela noite? Até porque nem adiantava mais me ameaçar, porque passar dias e dias no hospital perdendo toda uma vida acadêmica é cem vezes pior que morrer. Só não digo “mil vezes pior” porque aqui tenho Rachel Berry.

Meus pensamentos foram deixados de lado quando a própria Dani colocou a cabeça para dentro do quarto e bateu à porta.

— Posso mesmo entrar?

— Vai me matar?

— Não.

— Me ameaçar de morte?

— Definitivamente não.

— Então pode entrar.

Ela timidamente entrou em meu quarto e puxou uma cadeira para se sentar ao meu lado. Dava pra notar facilmente a vergonha estampada em seu rosto, depois de tanto tempo tendo de lidar com a culpa por ter me passado uma doença tão grave.

É, eu sabia reconhecer um drama só olhando para o rosto das pessoas.

— Como você está?

— Como você acha que estou? — Rebati.

— Finn, eu juro que não sabia que tinha AIDS naquela época — parecia que ela ia começar um discurso, então não a interrompi — e o pior é que eu era uma vadia tão vadia que não consegui descobrir quem me passou o vírus HIV... um dia antes de eu te encontrar naquela festa, passei mal num jantar em família e até fui a um médico de plantão, mas ele simplesmente me deu um remédio qualquer e me deu alta. Eu juro, não sabia que a coisa ia piorar tanto de lá pra cá — continuei com minha cara de seriedade — e quando correram os boatos pela faculdade de que você tinha contraído AIDS, eu fui fazer o teste porque... admito, achei que você poderia ter me passado a doença. Mas aí eu fiz uns exames mais detalhados e vi que já tinha desde antes daquela festa.

— Também achei que você não soubesse o que tinha, já que não me procurou antes — tentei não parecer rude.

— Eu realmente sinto muito pelo que te causei, Finn — seu olhar penetrou minhas defesas altamente preparadas para aquele momento — se houver algo que eu possa fazer para você não me odiar...

— Algumas coisas simplesmente acontecem para nos pôr em prova quanto ao que acreditamos ser “vida” — respondi, e logo pensei em algo — na verdade, você pode fazer algo, sim.

— Sério? E o que seria?

— Quero que você saia daqui e busque tratamento para o vírus HIV, porque mesmo que seus sintomas tenham adormecido, podem voltar a qualquer momento e eu não me sentiria muito bem se soubesse que você também está sofrendo com isso — aconselhei, e tratei de emendar meu outro pedido — e uma última coisa: saia daquela faculdade. Ela é governada por uma reitora cruel e que tem preconceitos até o último fio de cabelo, e não daremos a ela o gostinho de nos ver ainda por lá e deixar que ela nos provoque. Entendeu?

— Entendi, capitão — bateu continência, me fazendo rir daquilo — espero que você melhore.

— Também espero isso — falei com confiança em meu tom de voz.

Eu comecei a acreditar que realmente havia esperança de viver uma vida normal. Que eu conseguiria sair dessa. Teria ajudas pelo meio do caminho? Claro. Mas eu sairia. E provaria ao mundo que é possível se reerguer, subir na vida. Como o ar.

.::.

— Finn, eu só vou perguntar uma vez — Rachel adentra meu quarto justamente quando saio do banho (obrigado, banheiros que ficam nos quartos dos pacientes, melhoram minha vida) com uma toalha enrolada em minha cintura — deixa, eu pergunto depois — fez menção de ir embora assim que viu a situação, mas eu corri e bati a porta antes que ela a abrisse.

— Não me diga que não é uma visão do paraíso...

— Só se for o paraíso dos homens com gordura extra no estômago — ela levou seu dedo à minha barriga, e eu sorri de leve pra disfarçar que aquilo fazia cócegas internas — hum, então temos um homem que sente cócegas...

— Nem venha, você não vai querer ver o que tem aqui embaixo dessa toalha — falei, já correndo de volta ao banheiro e me trancando para vestir aquela típica roupa de paciente que fica deitado na cama o dia todo.

E só saí dali quando estava devidamente vestido para proteger Rachel de traumas futuros.

— Poxa, até que aquele visual não estava tão ruim comparado a esse — seu comentário me fez arquear as sobrancelhas (já faço isso demais, não é mesmo?) e ela rapidamente ficou parecendo um pimentão vermelho — foi o impulso, desculpinha.

— Não tem pra quê se desculpar... afinal, somos mais do que apenas amigos agora, certo?

— Certo — surge uma expressão de convicção em seu rosto — então... o que somos?

— Definitivamente não nos encaixamos na categoria de amigos coloridos — ri enquanto me sentava na cama e ela fazia o mesmo junto a mim — tive uma ideia.

— Que seria...?

— Olha pra mim — ela se virou de frente para mim após eu dizer tais palavras — Rachel Barbra Berry, você gostaria de se tornar minha única e oficial namorada?

Seus olhos marejaram, e ela bem que tentou esconder a emoção, mas eu jogo seu cabelo para trás, revelando as poucas mas significativas lágrimas saltando de suas órbitas.

— Aceita?

— Claro que aceito!

Vou poupar vocês dessa parte onde trocamos beijos apaixonados e eu descrevo a sensação de voar para o céu junto ao ar que sobe para as nuvens… e voltemos à história.

— Ainda vai me perguntar o que ia perguntar quando entrou aqui? — Questionei, já tendo-a com a cabeça deitada em meu ombro direito.

— Depois dessa declaração toda, não é mais necessário.

— Tá, então deixe-me adivinhar: você viu a Dani entrar aqui e tá morrendo de curiosidade pra saber quem era ela e o que fazia aqui — deduzi, deixando-a assustada porque no final das contas era isso mesmo.

— Como sabia?

— Porque eu te conheço, Little Rach… e porque a Tina me contou depois.

— Fofoqueira, vou dar uns tapas nela depois!

— Adoro quando você tem esses ataques de ciúmes.

— Mas eu nunca dei ataque de ciúmes antes.

— Então esse será o primeiro de muitos.

— Está me chamando de escandalosa? — Recebi um soco de leve da baixinha, e como consequência a abraço mais forte.

— Não. É bom te ver defendendo o que é seu.

POV Rory Flanagan

— Mãe, por favor, deixa eu terminar de falar — tentei, pela décima vez, interromper o surto dela via telefone, e finalmente obtive sucesso — não se preocupe, já dei entrada na secretaria pra sair dessa universidade. Mãe, está tudo bem… mãe, eu não voltarei a ver a reitora July de novo.

Antes que se perguntem, não, ela não descobriu sobre o esporro que eu dei na Cassandra. Se eu contasse que fiz isso, que fui preso e solto sob fiança do meu ficante, ela não só viria até aqui como me daria uma bela surra. Então tive essa brilhante ideia de vazar na imprensa o ato preconceituoso cometido pela reitora. Além de me dar um motivo para minha mãe arranjar outra universidade para mim, meu segredo estaria a salvo.

— Mande lembranças ao seu amigo injustiçado, e diga a ele que não está sozinho nessa jornada!

— Mãe, ele não é gay, só tem AIDS — revirei os olhos.

— Não é a mesma coisa?

— Caramba, mãe, não é a mesma coisa! Já se passou o tempo que o vírus HIV só era contraído por esses caras, agora ninguém está totalmente imune a essa doença — explico mais uma vez depois de tantos anos esclarecendo a verdade sobre esse boato para minha progenitora — preciso arrumar minhas coisas para ir, mãe.

Alguém bateu à porta e eu fui abri-la com o telefone entre meu ombro esquerdo e meu ouvido. Era Blaine, e ele estava prestes a se inclinar para me dar um beijo quando eu estendo meu braço livre para marcar distância.

— Quem é, querido?

— Aquele amigo que ofereceu a república dele pra eu ficar por uns tempos enquanto não arranjo um apartamento próprio, lembra que eu te falei? — Respondi, para fazê-la lembrar do dia anterior, quando contei a ela uma mentira que tecnicamente não deixa de ser verdade.

Blaine me convidou para dividir um apartamento no centro da cidade enquanto nossas vidas não se ajeitavam — ele também optou por debandar da universidade após o escândalo de Cassandra — e ele também prometeu me arranjar um emprego digno para que eu o ajudasse a pagar as contas. Contei tudo isso pra minha mãe, menos a parte em que estamos tendo um lance.

É, um lance. Porque eu não sei bem o que estamos tendo.

— Passa o telefone pra ele — mamãe poderosa pediu, eu obedeci na hora e passei o telefone pro Blaine, mas não sem antes sussurrar um “vê lá o que vai falar, projeto de feminista”.

— E aí, senhora Flanagan! Como vai? Ah, que nada, é só um favor que estou retribuindo ao seu filho! Você sabe, fui eu quem denunciei a reitora graças ao incentivo do Rory — meia verdade. Eu o obriguei a vazar tudo só pra 1) meu nome não ser mencionado no artigo e 2) me livrar daquela faculdade — sim, eu vi quando ela fez todo o caso com o Finn Hudson e fiquei tentado a contar tudo, senhora Flanagan… posso te chamar de Marilyn, então? — OPA, PERAÍ, TÁ INVADINDO A INTIMIDADE DA MINHA MÃE EM MENOS DE UM MINUTO?

Eu até teria continuado meu surto e dado uma voadora no Anderson, se ele não tivesse aberto um sorriso. Puta merda, o sorriso mais lindo que eu já tinha visto em toda a minha vida de merda. O sorriso que me faria pular da ponte se ele pedisse, sem pensar duas vezes. O sorriso que me faria contar tudo aos meus pais sobre minha sexualidade, também sem pensar duas, três ou quatro vezes.

Eu me sentia eu mesmo quando estava com Blaine Anderson. E que isso dure para sempre.


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Notas finais do capítulo

A cena da apresentação ficaria muito longa, por isso a resumi. E o que foi Dani aparecendo pra acertar as contas com Finny? Gostaram da conclusão dessa história? FINCHEL ACONTECENDO BEM NAS NOSSAS CARAS! AMOR DEMAIS! E o enredo do Rory? Vocês estão gostando desse destaque individual do personagem?
Por favor, deixem seus comentários. Fico muito feliz com eles, de verdade :)

Na próxima quarta tem o PENÚLTIMO capítulo da fanfic! E aviso: Chery Melo vai retornar para escrever O FINAL da história #BOMBA #CACETE #TIRO #FINALE



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