White Is The New Black escrita por Vitor Matheus, Chery Melo


Capítulo 10
Sempre a Verdade, Seja Ela Boa ou Ruim


Notas iniciais do capítulo

QUAAAAASE QUE ESSE CAPÍTULO NÃO SAÍA HOJE! Tive bloqueio criativo e não consegui pensar em nada de bom pra escrever nesse penúltimo episódio da temporada (vou explicar isso nas notas finais, FOCO LÁ), mas eis que aos 45 do segundo tempo a Carolina [best leitora EEEEVEEERRRRR] me ajuda a fluir umas ideias aí e aqui estamos!

Caramba, penúltimo episódio da temporada. Já faz mais de 1 ano (!) que postamos o primeiro capítulo e depois de muitas idas e vindas, estamos encerrando um ciclo. Agradeço a todos que comentaram e deixaram seus favoritos, porque isso significa muito tanto pra mim como pra Chery Melo. Agradecemos de coração!

Agora, sem mais delongas, boa leitura!



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— Finn, telefone pra você — Tina adentra meu quarto e já entrega meu telefone celular.

— Querida Tina, hoje é meu dia de alta e ainda não sei por que não peguei no meu telefone antes — revirei os olhos ao ver sua carranca do tipo “me obedece, menino” e coloquei o aparelho em meu ouvido esquerdo — alô?

— Sou eu… estava pensando se depois de todos esses anos a gente podia se encontrar.

— Para discutir sobre tudo, eu entendo… dizem que o tempo cura tudo, mas eu não confio completamente nisso.

— Agora vem o refrão que a gente canta junto.

— Tá bem.

— ALÔ DO OUTRO LAAAAAADO! — Cantei ao mesmo passo em que o autor da outra voz fez o mesmo.

— OK, vamos parar com isso, Rory Flanagan — interrompi o momento, pronunciando seu nome e sobrenome.

— Soube que você vai sair do hospital hoje. FINALMENTE, HEIN! — Ele só faltou estourar meus tímpanos a quilômetros de distância.

— Sim, fui liberado agora há pouco… você sabe, meu sistema imunológico agora consegue fazer o trabalho dele — eu sorri de lado com a notícia boa que eu mesmo dei. Deus, isso é normal? — diz que você vem me ver na saída, por favor!

— Vou sim, só vou acertar minha saída definitiva da faculdade de Publicidade e Propaganda e vou com o Blaine direto pra esse hospital!

— Espera… vai largar a publicidade, amigo?

— Blaine me fez ver minha verdadeira vocação, meu caro Hudson…

— Hum, esse Anderson está definitivamente mexendo com todas as suas estruturas!

— Entrou na minha casa, na minha vida, mexeu com minhas estruturas, sarou minhas feridas… só não me ensinou a ter santidade, mas isso a gente deixa em off.

— PUTA MERDA, RORY! — Desatei a rir em pé mesmo, e só depois notei que Tina ainda estava ali, esperando que eu devolvesse o celular. Em vez disso, coloquei a ligação no viva voz — hey, Flanagan, conheça minha tão falada enfermeira, Tina Cohen-Chang.

— Hã? — Ela falou baixinho, como se não quisesse que meu amigo de universidade a ouvisse.

— Alô, moça! Finn me fala bastante da sua lerdeza!

— Se esse HIV não te matar, eu o farei — a asiática ergueu a mão pra bater no meu ombro, mas eu desviei e ri dela — eu não sou lerda!

— Pra derrubar um pote de sopa no chão depois de levar um grito da chefona Grey, tem que ser lerda mesmo — comentou Rory — relaxe, queridinha. Seu paciente aí é tão lerdo quanto qualquer outra pessoa.

— Hum, conta mais — ela roubou o telefone de minhas mãos e tirou do viva voz.

— Conversa particular com meu amigo sem a minha participação? É isso mesmo, Tina? — Arqueei as sobrancelhas.

— É isso mesmo, agora termina de arrumar suas coisas e desce pro refeitório depois — a enfermeira afastou o telefone da orelha pra me dizer isso.

— O que tem de tão interessante no refeitório?

— Além de comida? Alguém que você com certeza vai querer ver.

.::.

Desci para o refeitório do hospital e a primeira coisa que vi foi Noah Puckerman — o paciente que se apresentou comigo e outras pessoas naquele dia no auditório — sentado em uma das mesas, comendo um sanduíche natural e batendo os pés fervorosamente no chão.

— Esperando por alguma coisa, Puckerman?

— Não “alguma coisa”, e sim um “alguém” — sua voz também me pareceu nervosa.

— Hum — fiz uma careta de segundas intenções — depois vou procurar saber mais dessa história!

— Vai te catar, Finn, você tem coisa mais importante pra fazer — fez um gesto com a cabeça, indicando para uma outra mesa mais atrás.

Estranhei o gesto de Noah, mas continuei andando até que vi alguém que eu certamente não esperava ver por ali.

Holly Holiday-Schuester.

— Oi, Finny.

Foram suas duas primeiras palavras ao me ver se aproximando da mesa onde se encontrava. Minhas mãos tremeram de nervosismo… afinal, não era todo dia que a mulher que você considerava como mãe te abandonava após a descoberta do vírus HIV em seu corpo e muito tempo depois essa mesma mulher retornava para ter uma conversa contigo, certo? Certo.

— Hey, Holly — chamei-a pelo nome, e não por algum apelido que inventei para ela em tanto tempo de convivência. Sentei-me na ponta da mesa oposta e joguei meus braços nesta — como vai?

— Pra ser sincera? Não muito bem — a loira à minha frente coçou a testa — os membros da igreja descobriram sobre a sua… o seu… problema — apontou para mim com desprezo — e começaram a me olhar estranho nas últimas semanas… como se a culpa fosse minha. Mas não é, e por mais que eu diga isso a eles, até agora não acreditam em mim.

Continuei encarando-a, sem dar sinais de que a interromperia.

— Minha convivência com o Will também tem andado mal das pernas — não sei o porquê, mas parecia que ela nem queria estar ali falando comigo e só estava me contando essas coisas pra me atualizar da situação de sua vidinha — a coragem dele em te apoiar mesmo depois disso tudo é impressionante e eu aprecio isso, de verdade… mas agora é como se eu fosse uma completa estranha dentro daquela casa. Mal nos falamos, e quando o fazemos, é só pra discutir e discutir. É uma merda — inspirou e expirou fundo — enfim, queria que você soubesse disso tudo mesmo.

— Primeiro: a coragem do Will em me apoiar é algo que todos deveriam ter, inclusive você que parece estar aqui contra a própria vontade… ou é impressão minha? — Holly engoliu em seco depois do que ouviu — Segundo: ainda não sei por que você veio me contar tudo isso.

— Está bem, vou ser direta… vim te pedir perdão, Finn — ela passou suas mãos por cima das minhas — eu não devia ter te tratado daquela maneira. Não pensei no que você poderia sentir com o peso das minhas ações, e ainda por cima me afastei de você no momento que você mais precisou. Eu sinto muito. Desculpe.

Franzi as sobrancelhas como quem não acredita muito na outra pessoa. A verdade é que eu não achava que Holly estava sendo sincera ao dizer tais palavras. Ela não se sentia bem nem mesmo em esta ali! Quem me garantiria que ela estava sendo honesta ao admitir suas falhas?

Foi aí que eu olhei para um flash de luz que vinha de trás dela. Inclinei a cabeça levemente e vi a prova definitiva de que a Holiday estava mentindo bem na minha cara. Era uma câmera de vídeo. Algum cara profissional nisso estava filmando todo o momento.

Eu estava sendo enganado pela faceta de atriz da minha própria mãe adotiva. Mas se ela estava jogando assim, eu também jogaria. Então fingi que não havia visto nada e abri um sorriso.

— Posso pensar por alguns dias? Sabe, todo aquele drama contigo naquela época ainda pesa bastante pra mim e eu preciso tirar um tempo pra pensar se consigo te perdoar por aquilo.

— Eu espero o tempo que for preciso, querido — ela continuou com as mãos em cima das minhas, e forçou um sorriso para atuar como se entendesse minha posição.

Eu também continuei sorrindo, mas por dentro já corroía um ódio daquela mulher do tipo “vou esfregar tua cara no asfalto e te mandar pra uma reconstrução facial porque tu tá precisando trocar essa máscara, sua ridícula de mãe adotiva que finge se importar comigo”.

— Preciso ir agora, mas por favor, pense bem nisso — Holly se levantou e seguiu caminho até a saída, com o camera man em seu encalço.

Legal, ele nem se preocupou em ser discreto! Eu teria descoberto o plano de todo jeito.

Já estava de saída para voltar ao meu quarto e pegar minhas (poucas) coisas quando uma baixinha Rachel Barbra Berry se colocou entre o espaço “eu e a porta do refeitório”.

— Alô, Finn Christopher Hudson.

— Olá, dama — respondi, entrelaçando os dedos das minhas mãos aos dedos dela — o que quer comigo justo no dia da minha liberação?

— Um primeiro encontro.

— Mas nós já somos namorados!

— Isso não me impediu de organizar um pequeno lanche numa mesa reservada só pra nós dois lá no fundo do refeitório.

 

.::.

— Espera, deixa eu ver se entendi — Rachel jogou uma mecha de seus cabelos para trás — você doou esperma para uma clínica dessa cidade quando tinha 18 anos porque tinha medo de broxar na época ideal pra se ter filhos?

— Vai repetir isso quantas vezes, Berry? Você sabe, não é algo do que eu possa me orgulhar muito! — Fiz menção de enterrar meu rosto entre minhas mãos em sinal de vergonha, pra ver se ela se tocava do mico que eu paguei revelando isso.

— Desculpe, mas é que é um fato meio difícil de acreditar — levou as mãos à boca para conter uma risada histérica que eu sei que ela soltaria — mas imagine só, Finny, se nós nos casarmos um dia e meu problema não me permitir ter filhos com facilidade e o seu HIV não nos permitir ter um filho porque não dá pra eu conviver com duas doenças letais ao mesmo tempo… eu poderia ter acompanhamento médico e ter um filho seu sem problema algum!

— Calma, querida, ainda estamos naquela fase de curtirmos um ao outro — estendi a mão direita para que ela a segurasse — mas sim, eu adoraria que isso fosse possível no futuro… porque eu nunca me arrependeria de ter um filho contigo, Little Rach. Você é incrível, sabia?

— Hum, não é a primeira vez que me elogiam — vi suas bochechas ruborizarem — mas é a primeira vez que me dizem coisas bonitas de forma sincera…

— Como assim? Pensei que você se acostumasse a ouvir de todo mundo o quanto você é maravilhosa! Que injustiça — fiz cara de desconfiança e ouço sua risada contagiante mais uma vez.

— Olha, Finn, eu não tenho palavras pra descrever o quanto você é importante na minha vida, de verdade — respondeu, ainda me encarando nos olhos — mas nem sempre tudo foi rosas comigo e você sabe mais ou menos sobre isso. As pessoas não se incomodaram em me elogiar verdadeiramente desde… acho que desde sempre — seu rosto tomou uma feição séria — mesmo antes do câncer, quando eu era muito boa nos esportes, todos só me olhavam e puxavam meu saco pra me incentivar a vencer cada vez mais os obstáculos. Acho que só meu irmão Jesse me ajudava de verdade. Pra você ver como nem meus pais eram honestos comigo…

— Hey — puxei minha cadeira para ficar lado a lado com a baixinha — você tem a mim agora. Eu sou completamente honesto e verdadeiro contigo, e quando eu digo que você é perfeita para mim e que eu não me importo com seus defeitos e fraquezas, eu digo a verdade pura — enxugo uma lágrima teimosa que saíra de seu olho esquerdo — em suma, acho que já estou pronto pra dizer uma coisinha.

— E o que seria?

— Rachel Berry, eu amo você.

Ela me olhou nos olhos mais uma vez. Sorriu, pôs as mãos em meu rosto e declarou:

— Eu também amo você, Finny. — Selamos um beijo ali mesmo, e depois de nos separarmos, ela voltou a falar. — E é por isso que eu trouxe meu violão. Quer cantar comigo?

— Mas é claro.

E então a baixinha pegou seus fones de ouvido, colocou um dos lados em minha orelha esquerda e selecionou em seu celular o playback de “Over and Over Again”, do Nathan Sykes com a Ariana Grande.

Finn:

Do jeito que você sorri

Do jeito como você olha

Você me atrai

Como ninguém

Desde o primeiro 'oi'

Sim, isso foi tudo o que precisou

E certamente

Nós tínhamos um ao outro

E eu não vou te deixar

Sempre serei verdadeiro

Um mais um, dois para sempre

Várias vezes

Então nem pense que eu preciso de mais

Eu tenho a pessoa certa pela qual eu vivo

Ninguém mais vai servir

Estou te dizendo

Apenas coloque seu coração em minhas mãos

Prometo que não vai ficar partido

Nunca vamos esquecer este momento

Vai permanecer revigorado

Pois eu vou te amar

Várias vezes

Várias vezes

Rachel:

Do calor da noite

Para o raiar do dia

Vou mantê-lo seguro

E abraçá-lo para sempre

E as faíscas vão voar

Nunca vão desaparecer

Pois cada dia fica melhor

E eu não vou te deixar

Sempre serei verdadeira

Um mais um, dois para sempre

Várias vezes

Finn e Rachel:

Então nem pense que eu preciso de mais

Eu tenho a pessoa certa pela qual eu vivo

Ninguém mais vai servir

Estou te dizendo

 

Apenas coloque seu coração em minhas mãos

Prometo que não vai ficar partido

Nunca vamos esquecer este momento

Vai permanecer revigorado

Pois eu vou te amar

Várias vezes

Várias vezes

.::.

— FINN HUDSON, CARALHO, ACORDA! — Santana Lopez só faltou me espancar com um martelo pra me fazer acordar naquela madrugada.

Como eu definitivamente precisei sair da universidade, Will ainda morava com a Holly (Deus sabe por que) e Blaine estava ocupado demais pegando meu amigo Rory pra me arranjar um cantinho naquele apartamento que Deus o deu, fui convidado — na verdade, obrigado mesmo — a passar um tempo morando no apê da minha priminha querida. Não era tão ruim, só no dia da faxina que eu era obrigado a limpar as coisas junto a ela, mas isso é o de menos.

O que importa agora é saber pra quê diabos eu estava sendo acordado.

— QUÊ QUE É, PORRA? — Respondi gritando, da mesma forma que ela fez antes.

— A gente precisa voltar ao hospital agora — só então vi suor saindo de sua testa. Com certeza algo sério havia acontecido pra ela estar tão nervosa — e antes que você pergunte, não, ninguém morreu… até agora.

— Até agora? — Reduzi o tom da minha voz.

— Houve uma piora repentina no estado de saúde da Berry — a latina notou o suor pingando de seu corpo e tratou de limpar com o lençol no qual eu estava enrolado (ainda bem que a casa é dela ou eu dava uns catiripapos nela) — não sei direito o que houve, Finn, foi o Noah Puckerman quem me telefonou e…

— Espera. O Puck ligou pra você avisando da Rach? — Fiz cara de “que porra é essa?”, mas depois me toquei da gravidade da notícia recebida — Espera… é a Rachel que tá em perigo de vida?

— É, idiota, foi isso que eu falei nos últimos segundos! Que é, ainda está acordando?

— Já acordei e já vou trocar de roupa — me levantei em um surto de rapidez, quase jogando minha prima contra a parede (literalmente) — porque nós vamos para lá agora mesmo!


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Notas finais do capítulo

EITA, PORRA, CACETE, CARAMBA, MEU DEUS DO CÉU! O que acharam desse PENÚLTIMO episódio? Teve Rory falando com Tina, teve Holly tentando passar a perna no Finn, teve Finchel pra dedéu e ainda teve OPS RACHEL TÁ COM QUADRO GRAVE DE SAÚDE QUÊ QUE É ISSO MERMÃO? Como essa história vai acabar? Não percam o episódio FINAL DA TEMPORADA de #WITNB, que em vez de sair na próxima quarta-feira, sairá em 3 de fevereiro PORQUE SOMOS MAUS!

PS. Vai sair nesse dia porque aí também teremos a estreia definitiva da minha nova história original, O Curioso Caso de Daniel Boone, cujo prólogo já está disponível e você pode ver indo ao meu perfil ;)
PS. Eu falei "final da TEMPORADA" porque, de fato, 'WHITE IS THE NEW BLACK' ESTÁ RENOVADA PRA TEMPORADA DOIS, GALERA! E eu, em conjunto com a Chery [que vai postar a Season Finale], decidimos que a fanfic será uma antologia ao estilo Scream Queens: temporadas com personagens novos e histórias diferentes. Se preparem que o tiro vai ser fatal!



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