Quando o Rei de Bloemen foi aos seus aposentos, encontrou um envelope estranho em sua mesa. Pegou-o. Ele era dourado, bem cuidado e a caligrafia, conhecida. Era um envelope da casa real e quem o havia deixado era sua filha. Abriu-o e tirou um papel. Logo desdobrou-o e pôs-se a ler.

Amado Pai,

Sinto muito, mas não posso me casar com o Príncipe Richard. Tentei convencer-me do contrário, contudo, falhei miseravelmente. Peço para que me perdoe, rogo-lhe por tua misericórdia, pois não conseguirei cumprir esse meu dever real.

Dói-me profundamente escrever esta carta, quero que saibas disso e não penses que não respeito suas ordens, apesar de não obedecer-lhe essa única vez. O senhor é um ótimo rei e, tenho certeza que encontrará algum sucessor melhor que eu. Não estou pronta para ser Rainha.

Meu coração está apertado. Juro que tentei reprimir este sentimento que Mamãe um dia afirmou não existir. O amor. Desde menina, pergunto-me todas as noites se tal sentimento existia entre vós. Nunca soube a resposta, mas tinha a certeza de que compreendiam seu significado e consequências, pois não é possível que alguém passe sua vida inteira sem tomar conhecimento de tal emoção.

Sei que quando leres esta carta ficará furioso. Mas por favor, Papai, eu lhe imploro que me entenda ao menos uma vez na vida. Não posso cumprir com esse único compromisso. O Reino de Bloemen é rico e próspero, não necessita da união com um reino vizinho, que sofre de grandes necessidades. Esse casamento, ou melhor, tratado político, só trará desgraça ao nosso povo, que é feliz e vive bem. Não é isso o mais importante? O bem estar de nossa população?

Então por favor, Pai. Eu encontrei o amor e tentei explicar para ele que isso não existia na nobreza. Todavia, como disse antes, falhei miseravelmente e ele, o amor, convenceu-me de que não era necessário o laço com o Reino de Lángok.

Não posso esperar que me compreenda, então quando receberes esta carta, não estarei no Reino para descobrir se sua reação será o oposto da qual eu espero. Caso seja, mande-me uma carta, por meio de algum animal meu. Eles saberão onde me encontro.

Amo-te Pai e sempre amarei.

De sua filha,

Genevieve

— Eu também te amo, filha. — o Rei murmurou ao terminar de ler a carta.

Ele estava furioso.