Transgressões escrita por Lucas C


Capítulo 13
Um Passado Se Revelando


Notas iniciais do capítulo

Oi gente! Aqui estou eu de novo. Achei que o capítulo ia sair mais rápido, mas eu não sabia bem como começá-lo e ainda acho estranho escrever no computador de outra pessoa...
Enfim, sem mais delongas... Capítulo novo para vocês!



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UM PASSADO SE REVELANDO

Kennedy se sentia um peixe fora d´água no meio de tanto luxo. A casa de Dona Salomé era imensa e trazia resquícios da arquitetura dos primórdios da cidade. Uma bela construção neocolonialista de encher os olhos.

Por dentro, o ambiente era ricamente decorado com obras de arte e móveis antigos e luxuosos. Kennedy ficou até sem jeito ao olhar os tênis surrados e a calça velha que ele estava usando. O contraste dele com o ambiente era notório.

Sem jeito, sentou no sofá da sala de estar esperando pela dona da casa como uma empregada tinha lhe sugerido. Sem saber o que fazer, ele passou a brincar com os dedos esperando o tempo passar.

– Olá, meu jovem. A que devo a honra de sua presença? – perguntou Salomé enquanto descia as escadas da casa.

Apesar da idade, ela parecia bem-disposta e saudável. Já devia passar dos oitenta anos, pele clara e enrugada, cabelos grisalhos cacheados na altura dos ombros e olhos azuis. Usava um vestido de seda azul, colar de pérolas e sapatos pretos.

– Boa tarde, dona Salomé, elegante como sempre – Kennedy disse beijando a mão da senhora com delicadeza.

– Parece que ainda existe um outro rapaz que se possa salvar na juventude de hoje – ela disse dando um tapa leve no ombro do garoto. – Mas tenho certeza que não veio até aqui só para me elogiar. O que eu posso lhe oferecer? – ela indagou enquanto sentava-se e pedia que o rapaz fizesse o mesmo.

“Ela é boa”, ele pensou. “Contar a verdade ou distorcer um pouquinho? ”. Uma dúvida tinha se instalado na mente do rapaz que rapidamente avaliou as possíveis consequências. Decidiu manter seu objetivo oculto por enquanto.

– Bem, tenho certeza que você ficou sabendo da recente morte da Dona Carlota Galvão e eu como um bom vizinho e amigo, acho um absurdo que a morte dela passe em vão. Por isso, estou recolhendo informações para fazer uma digna homenagem a esta querida senhora que nos deixa.

– Homenagem?! Parece que ela enganou você direitinho!

Kennedy não pode evitar a surpresa e incredulidade no rosto.

– Aquela mulher não tinha nada de digna ou querida. Era uma verdadeira serpente peçonhenta.

– Sério? Como assim?

– Ela até pode ter passado a morar num bairro tradicional e usa roupas comportadas e falar com modos, mas nunca me esquecerei do passado obscuro e vergonhoso que aquela mulher carrega.

Kennedy se inclinou mais para a frente mostrando total interesse.

– Carlota era uma meretriz. Ela podia negar o fato, mas todos sabiam o que ela era. Morava na casa de Madame Lili e fazia parte do grupo de moças imorais que moravam naquela casa de pecado e imoralidade. Muitos homens iam lá e comentavam dos prazeres que recebiam no casarão. Eu ouvia trechos da conversa de vez em quando, mas odeio esse tipo de assunto. Contudo me sinto no dever de lhe informar a verdade sobre tal mulher. Ela dizia que só limpava as coisas lá, mas ela e Elena eram as prostitutas mais caras da casa.

Os olhos de Kennedy se arregalaram.

– Sim! – exclamou para ter certeza que o garoto acreditava nela - E elas ficaram muitíssimo famosas na região, até que Elena se casou com um forasteiro cheio da grana e mudou-se para o centro e mudou completamente de vida. Parecia que era uma dama fina até que endoidou de vez na década de noventa não sei bem porquê. Acho que o falecimento do marido e a fuga da filha a afetou tanto que ela perdeu uns parafusos. – ela disse enquanto girava o indicador ao lado da têmpora.

– Mas, e Carlota? Ela se mudou também?

– Não. Ela nunca se casou ou teve filhos. Continuou no casarão até a morte da Madame Lili e depois disso se mudou para a cidade vivendo não sei bem de quê. Talvez ela tinha economias acumuladas.

– Esse... Casarão? Ainda existe?

– Eu não sei. Talvez não. Nunca ouvi falar mais daquele inferninho e espero que realmente não exista mais. Espero que não se desvie do caminho, rapaz.

Kennedy aquiesceu.

– Agora eu devo me ausentar. Necessito fazer umas visitas ainda hoje. – ela disse e esperou a reação do rapaz.

– Ah sim! – ele falou depois que notou a intenção da idosa – Eu já estava mesmo de saída.

Salomé o acompanhou até a porta e ele se despediu com um abraço caloroso e um beijo na bochecha.

Kennedy caminhou de volta para a casa sem saber o que fazer em seguida. Ficou tão chocado com as informações sobre Carlota que nem se tocou que esquecera de perguntar sobre Elvis. Mas aquelas informações já pareciam boas o suficiente. Em uma simples conversa tinha descoberto muito mais do que estava tentando há duas semanas.

O sentimento que invadia o seu peito era estranho. Ele de certa forma se sentia com raiva da falecida vizinha por não ter lhe contado a verdade sobre o passado e por atuar de maneira dissimulada, mas por outro como ele poderia julgar alguém como Dona Carlota. Como poderia ele esperar que ela lhe contasse seu passado? Será que ela não desejava com todas as forças esquecer os dias dela de juventude? Atormentado por tantos sentimentos, Kennedy se sentiu mal e foi logo para a sua casa. Não queria ficar na rua por mais nenhum momento. Ainda mais depois do que a irmã de Serena havia lhe dito.

E se ela estivesse certa? E se ele realmente corresse perigo? Seria prudente estar caminhando àquela hora da noite desacompanhado. Com medo do que poderia vir, ele apressou o passo e passou a olhar para trás constantemente. As poucas pessoas na rua não estranhariam seus movimentos. Quem nunca teve medo de ser assaltado enquanto andava sozinho por uma rua mal iluminada?

Até que Kennedy foi ao chão. Sentiu um forte impacto no peito e as costas e a cabeça baterem no chão.

– Oh Deus! Me desculpe! – ouviu uma voz de tenor dizer.

De repente uma mão estava atrás de sua nuca e outra segurava sua mão. Levou um tempo até entender o que estava acontecendo.

– Eu te machuquei? Peço perdão.

O rosto de pele bronzeada e cabelos castanhos era familiar, mas ele não sabia exatamente de onde o reconhecia.

– Não, está tudo bem – Kennedy fez esforço para se levantar logo sem depender da ajuda do desconhecido. Pelo menos, ele pedira desculpas pelo encontrão.

– Eu sou muito desatento e nem te vi passando.

– Não. A culpa é minha por não estar olhando para frente – Kennedy tomou a culpa para si.

– Acho que é um empate então – o belo rapaz disse dando um sorriso sincero.

– Não foi nada. Até mais – Kennedy seguiu seu caminho. Sua casa já estava próxima.

– Até logo! – o rapaz acenou e ficou olhando o garoto se afastar.

Só depois que chegou em casa e viu Jessika conversando com o irmão na escada de casa foi que o cérebro de Kennedy associou quem era o rapaz do encontrão que lhe parecia tão familiar. Aquele era o mesmo que havia beijado Jessika na festa.

Antes que arranjasse mais problemas com a vizinha, ele decidiu encarar a bronca da mãe por ter demorado demais.


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Notas finais do capítulo

Não sei se ficou bom, mas tá aí...

Obrigado a todo mundo que continua comentando na história. O apoio de vocês significa muito para mim. Provavelmente eu já teria desistido se não fosse por vocês. Muito obrigado, seus lindos! Beijos de luz

Qualquer elogio, crítica, comentário, curiosidade, sugestão... Pode mandar nos comentários! Respondo todos com o maior prazer

Beijão!