Além da compreensão escrita por AngelSPN


Capítulo 1
Capítulo I - Fugindo novamente


Notas iniciais do capítulo

Boa noite amigos leitores. Estou de volta para atormentá-los com meus devaneios, loucuras e propostas de histórias envolvendo nossos adoráveis Winchester. Já fazem um bom tempo depois que escrevi Meia noite e para quem estava esperando a continuação da trajetória dos irmãos, aqui está!"Além da compreensão" decidi escrevê-la enquanto jogava o jogo Beyond Two Souls, a história de Jodie uma garota com poderes sobrenatural não podia ficar de fora da vida desses irmãos. No entanto usarei elementos que lembrem o jogo, mas com personagens próprios. Quem jogou e conhece a história logo entenderá, quem ainda não conhece terá o prazer de conhecer e quem sabe se interessar? Puxa falei demais, espero que gostem!



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A garota olhou mais uma última vez para seu quarto. E de uma coisa ela estava certa, não sentiria saudades. Ajustou a mochila desbotada em seu ombro e bateu a porta. O som chamou a atenção de um rapaz sardento perto de seus dezoito anos. Ele estava sentado nos degraus de uma longa escadaria de ferro, lendo um livro sobre a ditadura militar.

Ao reconhecer quem estava saindo do quarto 302, o rapaz largou o livro e direcionou seu olhar para a garota de jaqueta de couro e calças jeans rasgada no joelho esquerdo.

—Melanie?! Parece que vai se mandar estrada a fora — o garoto ruivo falou passando a mão pelo nariz.

— Hã... foi mal Eddie, mas estou realmente precisando de umas “férias” — a garota gesticulou com os dedos curvando-os em forma de aspas — não conte para ninguém, tá!

O jovem balançou a cabeça tristemente. Ele gostava de Melanie, talvez fosse a única garota que conhecera que o entendia de verdade.

— Pode deixar, Melanie. Te darei cobertura — assentiu o rapaz cabisbaixo.

— Obrigada Eddie. Ficamos te devendo essa. Não fique assim, prometo dar notícias — a jovem curvou-se depositando um beijo na face do tímido ruivo, que demonstrava claramente sua tristeza ao vê-la partindo.

— O que Thomas acha disso? — perguntou o rapaz inebriado com o contato dos lábios quentes da garota em sua face, levando os dedos automaticamente ao rosto.

— Ele aprova. É como eu. Não gostamos de ficar num mesmo lugar por muito tempo. Afinal não queremos chamar a atenção sobre nós — Melanie começara a descer os degraus lentamente.

— É tudo minha culpa. Se não fosse pelo o que aconteceu naquele dia... — a jovem colocou o dedo nos lábios de Eddie, interrompendo a trajetória da conversa.

— Um dia iria acontecer Eddie. Não foi sua culpa. Eu e Thomas sempre corremos riscos. É inevitável às vezes. Um dia a humanidade irá entender isso. Assim como você entendeu. Agora temos que ir. Adeus meu amigo!

O vento soprou os cabelos negros de Melanie e espalhou o aroma do seu perfume pelo ar. Eddie segurou o livro apertando-o fortemente. E deixou as lágrimas brotarem em seus olhos e com esforço segurou-as até não avistar mais sua amiga fugitiva.

Eddie fechou os olhos lembrando pela centésima vez o que Melanie e Thomas fizeram por ele. As imagens estavam muito nítidas e assombrosamente vivas.

O garoto levantou os olhos lacrimosos ao céu nublado e neles viu passar aquele mesmo filme.

Flashback on.

“Corre Eddie!”

“Melanie? Eles vão me matar!”

“Nós não deixaremos, confie em mim!”

Vultos eram apenas sombras que Eddie podia ver. Sombras essas com garras afiadas que haviam rasgado sua perna esquerda. Eddie jamais acreditara no sobrenatural, no entanto acontecera com ele. Acontecera com sua família.

Eddie estava chegando em casa ao ouvir os gritos de sua irmã mais velha. Débora gritava em crescente desespero e dor. Sem importar-se com nada o rapaz adentrou a porta da varanda sem perceber a poça de sangue na entrada e um corpo atirado logo adiante.

“Débora!!! Onde você está?!”

“Fuja, Eddie! Corra! Ahhhhhhhhhhhhh.....”

“Mana!!!!”

Eddie alcançara o quarto de Débora a tempo de vê-la suspensa no ar e sair “voando” de encontro as vidraças que separavam o quarto da sala de estar.

O rapaz jamais se esqueceria daqueles olhos caramelos o encarando, tentando de todas as formas de alertá-lo de algo sobrenatural.

Eddie correu até a irmã sem importar-se com o apelo dela para que ele fugisse e muito menos com os estilhaços de vidros que cortavam seus pés cobertos apenas por chinelo de borracha preto.

“S..saia...aa..saia”

A jovem sem forças tentava empurrar o irmão caçula. Mas ele agarrou-se a ela em prantos. Suas órbitas giravam tentando encontrar uma explicação, tentando enxergar o que se sucedia. Tentando combater algo que não via. Algo ao qual não acreditava existir.

“Não vou deixar você aqui...”

O pranto tomava conta de seu corpo com espasmos ainda maiores em intervalos curtos. Sentiu o coração querer saltar-lhe do peito ao estreitar os olhos e encontrar o rubro olhar da “coisa” que movia-se aceleradamente em sua direção e a da irmã.

Eddie queria cerrar os olhos e esperar o ataque final. O ataque que ceifaria a sua vida e a da irmã. Débora sentiu o aperto do jovem em seu corpo, queria poder tirar o caçula dali. No entanto não tinha forças para empurrá-lo e reconfortou sua cabeça no peito dele. Sentindo todo o corpo dele vibrar.

O espectro tinha forma de uma gigantesca e grotesca criatura, com garras compridas e extremamente afiadas, capazes de repartir os dois irmãos com apenas um tapa.

Eddie beijou os cabelos ensangüentados da irmã mais velha. E com uma coragem que não sabia que possuía encarou seu algoz uma ultima vez.

Um vento forte acompanhado de estilhaços de vidro chegou até a criatura que sentiu os cacos de vidro sobre seu dorso, interrompendo o ataque letal aos irmãos.

Eddie correu o olhar para a garota que literalmente voara de encontro a janela. Seria um anjo? Pensara o jovem. E como por pura magia a criatura gritou horrendamente e foi sugada por um vórtice que se abrira. O rapaz não entendera nada. Apenas a fitava quando ela chamou por um tal de Thomas. E feito isso dirigiu seu olhar ao garoto que continuava apertando a irmã em seus braços.

“Vocês estão bem?”

A jovem perguntara acostumada com a apatia das pessoas ao se depararem com o mundo sobrenatural e com ela.

“Si...sim..quer..quero dizer...nã...não. Minha irmã está muito ferida e perdera muito sangue e...Meu Deus! O que aconteceu?”

O garoto estava entrando em um estado perigoso, que beirava a loucura por respostas e medo.

“ Afaste-se. Vamos ajudá-la”

Eddie relutou, mas ao sentir o corpo da irmã desfalecido em seus braços. Afastou-se chorando copiosamente.

“Não deixe ela morrer, por favor, por favor!”

A garota desconhecida colocou suas mãos sobre o corpo da jovem que ainda respirava muito fracamente. Eddie acompanhava cada detalhe e ouviu-a solicitando a ajuda de Thomas para socorrer Débora. Nesse instante dois orbes azuis e brilhosos se formaram nos pontos críticos dos ferimentos da jovem caída no chão empapado de sangue. Esses orbes azuis reluziram e um zumbido se fazia quando eles quase se encostavam.

Eddie limpava as lágrimas que teimavam em embaralhar sua visão.

“Estaria sonhando?”

Ele pensava ao assistir fascinado, as feridas da irmã cicatrizar como por encanto. Minutos depois a misteriosa garota levantou-se. Estava abatida e cansada. Via-se que ela lutava com esses seres malignos a muito tempo e estava habituada a situações como essas.

Débora grunhiu, estava recobrando a consciência.

“O...obrigado...muito obrigado! Você é um anjo?”

Eddie agradecia ajoelhado perante a moça a sua frente.

“Não. Não sou um anjo. Muito menos o Thomas aqui. Peço que não espalhe o que aconteceu aqui. Não diga que me viu. Fale o que quiser, mas evite mencionar o que fizemos aqui.”

“Cla..claro. Mas Thomas...”

“É complicado. Um dia quem sabe você entenderá. Temos que ir, infelizmente somos procurados pelo FBI, devido ao que você acabara de presenciar”

“Você é uma fugitiva?”

Pergunta idiota é claro, pensou o rapaz sardento.

Ela apenas anuiu com a cabeça. Sentia afeição pelo rapaz. Explicara-se demais era hora de voltar a fugir.

“Eu..eu posso escondê-la. Posso dar cobertura... se quiser é claro. A propósito meu nome é Eddie e essa é minha irmã Débora”

O rapaz dizia euforicamente, vendo a irmã abrir os olhos e sorrir-lhe.

“ Sou Melanie e bem... o Thomas já lhe apresentei”

“Ah..sim..sim... muito prazer”

Flashback off

Eddie jamais esqueceria do que aquela garota e seu amigo fizeram por ele, por sua família. Sabia que a hora da partida chegaria. Cedo ou tarde ela iria embora. Mas ele lembraria daqueles dias de outono, onde descobrira com Melanie o mundo sobrenatural que existia, e que ele nunca imaginava sequer existir.

Era lamentável que tenha sido seguido. E posto Melanie na mira dos federais novamente.


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Notas finais do capítulo

Então hunters leitores? O que acharam do início? Vou tentar postar toda quinta feira, então espero pelos comentários viu? Um grande abraço e feliz 2015 para todos!