Além da compreensão escrita por AngelSPN


Capítulo 2
Capítulo II - Ensina-me


Notas iniciais do capítulo

Como prometido aí está o segundo capítulo. E esse capítulo vai dedicado a minha primeira leitora e escritora VickPadacklesMorrison. Valeu por comentar!



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Sam puxava vigorosamente a areia com as mãos cobrindo uma caixinha de madeira no meio de uma encruzilhada. Perdera as contas de quantas vezes fizera esse mesmo ritual. E todos demônios negaram seu pedido e foram mortos.

O sangue misturava-se na terra e em suas unhas. Na outra mão a garrafa de vodka estava quase vazia. Os olhos do jovem Winchester estavammarcados por profundas olheiras sombreadas, a boca ressequida e esbranquiçada o deixavam com um ar de doente. Talvez estivesse mesmo doente. Os gritos de dor do irmão, as garras do cão do inferno rasgando a pele de Dean, e a vadia da Lilith sorrindo estavam gravadas a ferro em sua mente. Sam levantou-se passando a mão suja e machucada na calça jeans e tomando mais um gole da vodka direto do gargalo da garrafa, que esvaziou em seguida ao próximo gole.

—Merda! — o moreno gritou atirando a garrafa longe, quase acertando um homem de terno e sem gravata que o olhava.

— Wow!! Quase me acertou Winchester! — os olhos do homem tornaram-se vermelhos e Sam sorriu. Um sorriso desgostoso e irônico.

— Não perderia muita coisa, demônio! — Sam passou a mão pelo espesso cabelo, a ira era visível no semblante pálido do jovem.

— É. Tem razão. Nunca gostei de vodka— disse com um sorriso torto — Então porque me chamou? Ah, claro. Imagino que queira fazer um pacto e trazer seu irmão querido de volta a vida. Estou errado? —o demônio percebeu o quanto o moreno controlava-se para não esfaqueá-lo, a criatura olhava-ozombeteiramente, analisando cada detalhe das mudanças de suas feições.

— Exato. Traga ele de volta. Não quero um ano, não quero nada. Traga-o e pegue minha alma, aqui e agora. Não vou revidar. Nem trapacear, acordo simples e claro — o moreno falou caminhando vagarosamente ao redor do homem.

A criatura sorriu. Fixou os olhos na faca que Sam empunhava. O moreno percebendo o que o demônio queria, pegou a faca e cravou na frente de uma bancada, próximo a uma enorme figueira centenária. Talvez ali fosse encontro para festas e divertimento para as pessoas que ali freqüentavam o lugar. Mas para Sam, era apenas mais uma encruzilhada.

— Humm... assim está melhor. Quase não vim. Ouvi dizer que muitos dos meus irmãos morreram em suas mãos quando você os chamou. Não quero ter o mesmo destino, se é que me entende — o homem de terno preto e de barba para ser feita, colocou ambas as mãos em cima da mesa pendendo o corpo para frente encarando Sam.

— E não terá, se fizer o que peço — Sam imitou-o ficando cara a cara com o ser demoníaco de olhos vermelhos.

— Ah, qual é Sam. Tem certeza que é isso que realmente quer? Ficar preso a seu irmão outra vez? Ouvindo seu blá..blá..blá de herói e paquerador solitário? Pense bem, peça qualquer outra coisa... se bem que se você vai morrer aqui e agora... é um jeito de se livrar de Dean também, não é? — aquele tom irônico deu lugar a outro tipo de som.

O demônio não viu quando e nem como a faca foi parar em uma de suas mãos prendendo-a na mesa. Os olhos arregalaram-se e a boca escancarou de ódio e dor.

— Miserável! Terei o prazer de vê-lo sofrer, agoniar e se acabar nesse mundo — o hálito pútrido alcançou as narinas de Sam, mas isso não o incomodou. Apenas uma coisa lhe interessava nessa vida.

— Faça o pacto maldito! Faça-o, agora! — Sam agora girava a faca causando muita dor no maldito de olhos vermelhos.

— NÃO! NUNCA! Pode me matar, me esfolar vivo que essa morte sempre será melhor do que encarar Lilith. Ela o quer onde sempre o quis. Não há salvação para seu irmão. Ele está fadado a isso, é seu destino! Agora me mate de uma vez! Não me importo nem um pouco! Uma hora dessas volto. Sempre voltamos — a criatura sorria em meio à dor e a fisionomia do Winchester a sua frente. A esperança morrendo, dando lugar a completa obscuridade. Era latente o que o moreno guardava em seu peito.

A criatura deixou o sorriso morrer ao avistar uma silhueta feminina detrás do winchester.

— Você? Sua cadela! Lilith arrancará sua pele lentamente, sabe disso não é Ruby? — o homem falava com a voz arrastada e voltou a encarar Sam — A propósito, nossa rainha deve estar esfolando seu lindo irmãozinho neste momento. E quer saber? Ele grita, grita apenas uma palavra, e sabe qual é? Você sabe não é Sam? Ou devo chamá-lo de SAMMY!

Aquilo foi demais para o moreno. A imagem de seu irmão sendo torturado e gritando por ele, atingiu-o em cheio. As pernas pareciam não pertencer ao seu corpo e se não fosse por Ruby o demônio da encruzilhada teria dado fim ao sofrimento de Sam. A mulher agora ocupando um corpo de uma jovem de cabelos negros, retirou a faca agilmente do domínio do maldito perfurando o peito da criatura com várias investidas. O homem esbugalhou os olhos para o próprio peito, levantou o semblante olhando-a ameaçadoramente. No entanto, Ruby sentiu a energia do ser das trevas acenderem-se e desaparecer em um estrondo, o corpo agora jazia no chão inerte com os olhos abertos.

A morena correu de encontro a Sam. Apoiando-o em seus ombros o levando para onde estavam “hospedados”. Caminharam até o impala, o moreno o olhou com lágrimas nos olhos. Tudo lembrava Dean. O próprio carro exalava a Dean Winchester. Sam sentiu-se um nada, deixou-se levar por Ruby. Deixou o demônio da mulher dirigir o tão amado carro do irmão. Nada mais importava. Nada mais.

Ruby dirigiu por alguns quilômetros. Até chegarem ao destino. Estacionou o carro e correu para o lado do carona. Tentou ajudar o moreno a sair da letargia em que se encontrava. Como era bom tê-lo como um garotinho perdido...Era muito bom. Ela pensava intimamente.

Sam deixou-se levar como um robô para dentro da casa. Essa era uma velha casa abandonada, boa parte dela estava deteriorada e prestes a desabar, exceto uma outra parte que não havia sido castigada pelo fogo de anos atrás.

Ruby acomodou o jovem em cima da cama improvisada, ao contrário do que pensava, a mulher sentiu que Sam estava preparado para seguir o que lhe era destinado. O moreno retomara o autocontrole e ouvira com seriedade as palavras saírem dos lábios da mulher.

—Sam. Não consigo vê-lo dessa forma. Irá morrer a qualquer momento — a mulher viu-o dando de ombros, como se mais nada lhe importasse — É sério Sammy...

— É SAM! — o moreno bradou energicamente.

— Que seja — disse a mulher aconchegando-se entre as pernas do caçador e incitando-o a um beijo.

Sam exalou o perfume dela, era agradável. Inebriante. E antes que caísse na tentação e levado pelo álcool, segurou-a rispidamente pelos ombros e com a mão espalmada empurrou-a de encontro a parede de madeira que cedeu com o impacto.

— O que você quer de mim, demônio? Meu irmão está morto por causa de sua existência! A menos que tenha uma forma de trazê-lo de volta me fale ou suma daqui antes que eu dê cabo de sua maldita existência — a mulher sentiu um frio tão gélido e obscuro sendo emanado por aquele homem.

Era hora de por em prática tudo o que havia planejado até o momento.

—Não posso trazer Dean de volta, depois desses meses... você já deve ter percebido que é impossível — ela viu a face do moreno ficar distorcida e completou com outra proposta.

— Mas posso lhe dar o direito da vingança, posso lhe oferecer a cabeça de Lilith— a mulher falou passando delicadamente sua mão sobre o rosto de Sam, fitando-o diretamente em seus olhos brilhantes.

Ruby viu o brilho demoníaco nos olhos de Sam por segundos, sentiu a pressão das mãos do caçador ruir sob seu corpo. O efeito desejado estava surtindo. Ruby controlou-se por não sorrir.

—Estou ouvindo — foram apenas essas palavras emitidas de uma voz rouca e olhar penetrante.

—Você sabe que possui um dom. Um dom deixado pelo Azazel e... — ela foi interrompida por uma risada descontrolada e raivosa.

—Ah... meus poderes? — o moreno falou a palavra gesticulando com os dedos em aspas — Sumiram quando o demônio do olho amarelo morreu e... — Ruby balançou a cabeça sorrindo.

—Você não os perdeu. Apenas estão adormecidos. Sam tento te dizer isso há tempos. Treinar seu lado obscuro, esse lado adormecido. Não será fácil, você terá que fazer coisas as quais não se sentirá orgulhoso, tanto que... — Sam agarrou a mulher pelos cabelos trazendo-a para bem próximo de seu rosto.

—Ensina-me!— o rapaz ofegava estava a ponto de explodir a qualquer instante naquele casebre abandonado.

Ruby sorriu. Estava certa. Sam estava pronto.


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Notas finais do capítulo

Infelizmente as coisas vão ficando cada vez mais sombrias ao nosso amado Sammy. Não posso culpá-lo a morte de Dean foi muito forte e abalou severamente as estruturas de Sam. Vamos ver no que vai dar. Beijos e até a próxima semana!